Triplofusus giganteus

espécie de molusco

Triplofusus giganteus (nomeada, em inglês, Florida horse conch[1][2][4] ou simplesmente horse conch;[3][5][8][9] na tradução para o portuguêsː "concha cavalo";[10] em castelhano, caracol rojo ou chac pel;[11] durante o século XX cientificamente nomeada Pleuroploca gigantea)[2][4][12] é uma espécie de molusco gastrópode marinho predador[3][8] pertencente à família Fasciolariidae; classificada por Louis Charles Kiener, com o nome Fasciolaria gigantea, em 1840, no texto "Spécies général et iconographie des coquilles vivantes. Vol. 6. Famille des Canalifères. Deuxième partie. Genres Pyrule (Pyrula)".[6] É nativa do oeste do Atlântico Norte, em regiões do leste ao sul dos Estados Unidos, da Carolina do Norte até a Flórida e indo até o golfo do México, na península de Iucatã,[8] sendo esta considerada a maior concha de caramujo existente em sua área de distribuição geográfica[3][8] e um dos dois maiores gastrópodes do mundo;[2][9] apenas perdendo em tamanho para a espécie Syrinx aruana, do oceano Pacífico;[13] e por tal motivo sendo popular entre os colecionadores.[8] É a espécie-tipo e uma das duas espécies do seu gênero, juntamente com Triplofusus princeps (G. B. Sowerby I, 1825).[7]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaTriplofusus giganteus
A concha de T. giganteus; espécime coletado nas Antilhas e depositado na coleção do Museu de História Natural de Leiden.
A concha de T. giganteus; espécime coletado nas Antilhas e depositado na coleção do Museu de História Natural de Leiden.
Vista lateral da concha de T. giganteus, considerada a maior espécie de gastrópode das costas da América do Norte e de todo o oceano Atlântico; atingindo até 60 centímetros de comprimento.[1][2][3][4] O seu animal é alaranjado.[3][5]
Vista lateral da concha de T. giganteus, considerada a maior espécie de gastrópode das costas da América do Norte e de todo o oceano Atlântico; atingindo até 60 centímetros de comprimento.[1][2][3][4] O seu animal é alaranjado.[3][5]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Caenogastropoda
Ordem: Neogastropoda
Superfamília: Buccinoidea
Família: Fasciolariidae
Subfamília: Fasciolariinae[6]
Género: Triplofusus
Olsson & Harbison, 1953[7]
Espécie: T. giganteus
Nome binomial
Triplofusus giganteus
(Kiener, 1840)[6]
Ilustração com a vista inferior de uma concha do molusco T. giganteus, dotada de grande abertura e com seu perióstraco intacto. Retirada de Conchologia Iconica (1847), Vol. 4, Pl. V.
Distribuição geográfica
A região do golfo do México, até a península de Iucatã (no mapa), é um dos habitats da espécie T. giganteus; incluindo o leste dos Estados Unidos, da Flórida até a Carolina do Norte.[8]
A região do golfo do México, até a península de Iucatã (no mapa), é um dos habitats da espécie T. giganteus; incluindo o leste dos Estados Unidos, da Flórida até a Carolina do Norte.[8]
Sinónimos
Fasciolaria gigantea Kiener, 1840
Pleuroploca gigantea (Kiener, 1840)
Fasciolaria papillosa f. reevei Jonas, 1850
Fasciolaria reevei Jonas, 1850
Fasciolaria papillosa f. elongata Strebel, 1911
Fasciolaria papillosa juvenis Strebel, 1911
Triplofusus papillosus
(WoRMS)[6]

Descrição da concha e hábitos editar

Concha de coloração creme ou salmão até alaranjada, quando o animal é jovem;[4][8] angular, nodulosa e alongada, de espiral bem aparente e com a superfície de suas voltas estriada; apresentando dimensões de até 60 centímetros de comprimento.[1][2][3][4] O seu canal sifonal é destacado e ligeiramente curvo e seu lábio externo é fino. Columela e interior da abertura de coloração similar ao restante da concha que, em vida, se cobre de um perióstraco marrom.[4] Opérculo córneo, castanho enegrecido, em forma de folha. A superfície de sua concha pode estar incrustada por epibiontes.[14]

Esta espécie é encontrada desde a zona nerítica, da maré baixa, até a profundidade de 30 metros,[4] em fundos de areia e lama, em planícies com ervas marinhas. São moluscos predadores que se alimentam de outros moluscos, como as espécies Fasciolaria tulipa (tulip shell),[15][16] Sinistrofulgur perversum (lightning whelk)[15][17] e Aliger gigas (queen conch);[15][18] mas também podendo atacar outras espécies, incluindo Bivalvia,[3] e até mesmo indivíduos menores de sua própria espécie – em relação de canibalismo – e crustáceos Paguroidea;[8][15] usando seus enormes pés para envolver completamente a sua presa, antes da alimentação.[3][19]

Distribuição geográfica editar

Triplofusus giganteus ocorre no oeste do Atlântico Norte, em regiões do leste ao sul dos Estados Unidos, da Carolina do Norte até a Flórida e indo até o golfo do México, na península de Iucatã.[8]

Uso humano editar

Esta espécie é declarada a concha que oficialmente representa o estado da Flórida, desde o ano de 1969.[15][20] Grandes conchas eram frequentemente usadas pelos antigos povos ameríndios como recipientes para bebidas, ferramentas de marcenaria e martelos. Na arte da civilização maia clássica, tais conchas podiam ser usadas como depósito de tinta para escribas e também como instrumento de sopro,[5] como um búzio.[21]

Conservação e longevidade editar

Estudo publicado por G.S. Herbert et al., em abril de 2022, afirma que Triplofusus giganteus está em declínio populacional na região sudeste dos Estados Unidos por ter sido intensamente explorada por colecionadores de conchas e negociantes de souvenirs; constatando que sua longevidade máxima pode ser avaliada em 16 anos de idade para o maior espécime capturado, que apresentava 60.6 centímetros de comprimento total, e que suas fêmeas amadurecem relativamente tarde para a desova, indicando que as coletas de indivíduos menores podem ser prejudiciais para a espécie.[22]

Ligações externas editar

Referências

  1. a b c ZIM, Herbert S.; INGLE, Lester (1955). A Golden Guide: Seashores. A Guide to Animals and Plants along the Beaches (em inglês). New York: Golden Press. p. 133. 160 páginas 
  2. a b c d e REHDER, Harald A. (1990). The World of Natureː Seashells (em inglês). New York: Gallery Books. p. 26. 64 páginas. ISBN 0-8317-9578-6 
  3. a b c d e f g h Leal, José H. (20 de setembro de 2019). «Mighty, the Horse Conch» (em inglês). Bailey-Matthews National Shell Museum. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  4. a b c d e f g ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 182. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  5. a b c Conrad, Jim (1 de março de 2015). «HORSE CONCH» (em inglês). Backyard Nature with Jim Conrad. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  6. a b c d «Triplofusus giganteus» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  7. a b «Triplofusus» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  8. a b c d e f g h i Love, Cassandra (12 de dezembro de 2018). «Photo Ark: Horse Conch» (em inglês). National Geographic. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021. Arquivado do original em 2 de setembro de 2021 
  9. a b Slapcinsky, John. «HORSE CONCH» (em inglês). Florida Museum of Natural History. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  10. «Concha-cavalo: um dos maiores gastrópodes do mundo». TopBiologia. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  11. WARD, C. Herb (2017). Habitats and Biota of the Gulf of Mexico: Before the Deepwater Horizon Oil Spill. Volume 1: Water Quality, Sediments, Sediment Contaminants, Oil and Gas Seeps, Coastal Habitats, Offshore Plankton and Benthos, and Shellfish (em inglês). New York: SpringerOpen - Google Books. p. 775. 868 páginas. ISBN 978-1-4939-3445-4. Consultado em 8 de julho de 2022 
  12. FERRARIO, Marco (1992). Guia del Coleccionista de Conchas (em espanhol). Barcelona, Espanha: Editorial de Vecchi. p. 133. 220 páginas. ISBN 84-315-1972-X 
  13. «Syrinx - the world's largest snail» (em inglês). Queensland Museum. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021. Arquivado do original em 17 de janeiro de 2021 
  14. Jacobson, Pauline Walsh. «Florida Horse Conch, Triplofusus giganteus» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  15. a b c d e «FLORIDA HORSE CONCH» (em inglês). South Florida Paddle LLC. 24 de março de 2014. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  16. «Fasciolaria tulipa» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  17. «Sinistrofulgur perversum» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  18. «Aliger gigas» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  19. BBC Earth (20 de fevereiro de 2017). «Giant Horse Conch & Burglar Hermit Crabs - Blue Planet - BBC Earth» (em inglês). YouTube. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021. An amazing Giant Sea Snail makes a meal of a smaller Tulip Snail and it is not long before a group of eager Hermit Crabs seize the opportunity to grab a new home. 
  20. «State Shell» (em inglês). Florida Department of State - MyFlorida.com. 1 páginas. Consultado em 1 de setembro de 2021 
  21. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 296-297. 1838 páginas 
  22. Herbert, Gregory S.; Geiger, Stephen P.; Hesterberg, Stephen G.; Seiden, Nicole; Rogers, Jaime A.; Harke, Ryan M.; Šala, Martin; West, Kaydee J.; Goddard, Ethan A. (6 de abril de 2022). «Age and growth of one of the world's largest carnivorous gastropods, the Florida Horse Conch, Triplofusus giganteus (Kiener, 1840), a target of unregulated, intense harvest» (em inglês). PLOS ONE. 1 páginas. Consultado em 18 de dezembro de 2022. Growth curves for these shells, extrapolated out to the length of the record size shell (606 mm linear shell length) predict a maximum age of just 16 years.