A Partilha

filme de 2001 dirigido por Daniel Filho
 Nota: Se procura pela peça teatral, veja A Partilha (teatro).

A Partilha é um filme de comédia dramática brasileiro de 2001, dirigido por Daniel Filho e escrito por João Emanuel Carneiro, baseado na peça teatral homônima de Miguel Falabella. É estrelado por Glória Pires, Andréa Beltrão, Lília Cabral e Paloma Duarte e conta a história de quatro irmãs que se reúnem após a morte da mãe dela para discutir sobre a divisão de bens da família. O elenco secundário é composto por Marcello Antony, Herson Capri, Fernanda Rodrigues, Guta Stresser, Thiago Fragoso e Chica Xavier.[2]

A Partilha
The Inheritance (EN)
A Partilha
Pôster oficial do filme.
 Brasil
2001 •  cor •  96 min 
Género comédia dramática
Direção Daniel Filho
Produção
  • Valeria Costa Amorim
  • Daniel Filho
Roteiro João Emanuel Carneiro
Elenco
Música
Cinematografia Félix Monti
Direção de arte Daniel Flaksman
Edição Felipe Lacerda
Companhia(s) produtora(s) Lereby Produções
Globo Filmes
Distribuição Columbia TrisTar
Lançamento 8 de junho de 2001[1]
Idioma português
Orçamento R$ 3.000.000,00
Receita R$ 8.797.925,00

A Partilha foi lançado no Brasil a partir de 8 de junho de 2001 pela Columbia TrisTar.[3] O filme foi recebido, em geral, com críticas mistas que apontaram problemas no roteiro mas elogiaram o desempenho em conjunto das quatro atrizes protagonistas.[4] Foi um sucesso comercial no ano de estreia levando mais de um milhão de pessoas aos cinemas, tendo uma receita de mais de R$ 8,5 milhões, superando seu orçamento de R$ 3 milhões.[5]

O filme recebeu duas indicações na primeira cerimônia de entrega da Academia Brasileira de Cinema do prêmio Grande Otelo, ambas de Melhor Atriz para Andréa Beltrão e Glória Pires. No 7° Prêmio Guarani de Cinema, Glória Pires venceu a categoria de Melhor Atriz por seu desempenho no filme, que ainda recebeu mais três nomeações, incluindo de Melhor Atriz Coadjuvante (Paloma Duarte) e Melhor Roteiro Adaptado.[6]

Sinopse editar

Após muito tempo afastadas, quatro irmãs se reencontram durante o enterro da mãe, para fazer um levantamento dos bens da família e rediscutir suas próprias vidas. As divergências são inevitáveis, pois elas seguiram caminhos muito diferentes: Selma, a irmã mais conservadora, está casada com um militar e leva uma vida disciplinada na Tijuca; Regina, é liberada, esotérica, não costuma se reprimir e tem uma visão "alto astral" da vida; Lúcia abandonou um casamento convencional e o filho para viver um grande amor em Paris; e Laura, a caçula, revela-se uma intelectual sisuda e surpreende as irmãs com suas atitudes, sobretudo quando se assume homossexual. Durante o encontro, elas discutem e brigam mas, ao mesmo tempo, relembram os bons tempos passados e descobrem muitas novidades sobre elas mesmas. Ao lado de Bá Toinha, a empregada da família, elas vivem intensamente suas afinidades, seus problemas e suas diferenças.

Elenco editar

Intérprete Personagem
Glória Pires Selma da Costa
Andréa Beltrão Regina da Costa
Lília Cabral Lúcia da Costa
Paloma Duarte Laura da Costa
Marcello Antony Bruno Diegues
Herson Capri Luis Fernando Vieira
Fernanda Rodrigues Simone da Costa Vieira
Chica Xavier Bá Toinha
Guta Stresser Célia
Thiago Fragoso Maurício da Costa Cabral
Dênis Carvalho Carlos Cabral
Bianca Castanho Angela
Lui Mendes Tonelada
Cassiano Carneiro Empresário do Tonelada
Cininha de Paula Comissaria da alfandega

Produção editar

O filme é baseado na peça de teatro A Partilha, escrita por Miguel Falabella e montada originalmente em 1990.[3] A peça foi um sucesso de público e crítica. Pouco tempo após sua estreia, o diretor Daniel Filho comprou os direitos de adaptação da trama para um projeto futuro no cinema.[7] Ao longo de quase uma década, Daniel mexeu no projeto diversas vezes e até pensou em desistir. Ele conta que o que o fez continuar montando o filme foi ter ouvido de Bruno Barreto que, se Daniel não realizasse o projeto, ele mesmo o faria. Curiosamente, o mesmo ocorreu com os dois com Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), sucesso dirigido por Barreto.[7]

O roteiro preservou muitos aspectos da estrutura textual da peça de 1990 e foi escrito também por Miguel Falabella em conjunto com João Emanuel Carneiro e Mark Haskell Smith. As atrizes da montagem original (Natália do Vale, Arlete Salles, Susana Vieira e Thereza Piffer) não participaram do filme. Glória Pires foi a primeira atriz a ser pensada pelo diretor para o papel de Selma que logo aceitou participar do projeto.[7] Após alguns testes, Lília Cabral, Paloma Duarte e Andréa Beltrão foram as escolhidas para interpretar as demais protagonistas.

O orçamento do filme, estimado pela Globo Filmes, foi de R$ 3 milhões. Destes, conforme o então Ministério da Cultura do Brasil, a Lereby Filmes, produtora de Daniel Filho, teve autorização para captar cerca de R$ 4,3 milhões por meio de leis de renúncia fiscal, entretanto conseguiu efetivamente apenas R$ 1.198.365,71.[7]

Com coprodução entre Globo Filmes, Lereby Produções e Columbia Tristar,[8] as filmagens de A Partilha foram concluídas em cinco semanas, entre os meses de novembro e dezembro de 2000.[carece de fontes?] A direção musical é assinada por Nelson Motta e a trilha sonora é de Ed Motta.[8]

Lançamento editar

O filme foi lançado diretamente no circuito comercial no Brasil em 8 de junho de 2001 com 144 cópias distribuídas por todas as regiões do país.[7]

Recepção editar

Bilheteria editar

De acordo com dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), da Ancine, o filme teve um público estimado em 1.449.411 espectadores ao longo de sua exibição nos cinemas gerando uma receita de R$ 8.797.925,00, sendo considerado um sucesso comercial e um dos filmes brasileiros mais vistos em 2001.[5]

Resposta dos críticos editar

O filme foi recebido com avaliações mistas entre os críticos especializados. No geral, sofreu críticas em relação ao roteiro por apresentar abordagens ultrapassadas sobre temas como religião e orientação sexual.[4] Escrevendo para o website Cine Set, Camila Henriques disse: "A Partilha tenta pintar um retrato honesto das relações familiares e de tudo o que as cerca, principalmente na forma com que aborda o machismo do personagem de Herson Capri – como não comemorar os xingamentos que Regina finalmente despeja a ele? No fim das contas, a 'dramédia' dirigida por Daniel Filho carrega os resquícios teatrais da obra de Miguel Falabella, mas tem o apoio de quatro grandes atrizes para fazer algo além a partir de um roteiro nem tão complexo assim. E que bom seria se todo drama familiar tivesse uma trégua ao som de Dancin’ Days."[4]

Prêmios e indicações editar

Ano Associações Categoria Nomeações Resultado
2001 Prêmio Qualidade Brasil - RJ Melhor Atriz em Cinema Andréa Beltrão (empate com Cássia Kis) Venceu
2002 Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Melhor Atriz Andréa Beltrão Indicado
Glória Pires Indicado
Miami Brazilian Film Festival Melhor Filme do Júri Popular Daniel Filho Venceu
Melhor Roteiro Daniel Filho, Miguel Falabella e Mark Haskell Smith Venceu
Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro[6] Melhor Atriz Glória Pires Venceu
Melhor Atriz Coadjuvante Paloma Duarte Indicado
Melhor Roteiro Adaptado João Emanuel Carneiro, Daniel Filho e Mark Haskell Smith Indicado
Melhor Música Nelson Motta Indicado

Ver também editar

Referências

  1. «A Partilha estréia em 50 salas do país». Estadão. 7 de junho de 2001. Consultado em 28 de maio de 2015 
  2. «Sessão Brasil: Andréa Beltrão, Lilia Cabral e Gloria Pires fazem 'A Partilha'». redeglobo.globo.com. Consultado em 2 de março de 2022 
  3. a b «Folha de S.Paulo - "A Partilha" ganha versão em película - 07/06/2001». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 2 de março de 2022 
  4. a b c «Advogado de Defesa - 'A Partilha': entre tropeços, um singelo retrato de família». Cine Set. 19 de julho de 2017. Consultado em 2 de março de 2022 
  5. a b «Cinema | Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual». oca.ancine.gov.br. Consultado em 2 de setembro de 2021 
  6. a b «7º Prêmio Guarani :: Premiados de 2001». Consultado em 2 de março de 2022 
  7. a b c d e «Folha Online - Ilustrada - "A Partilha", produção global, se espalha pelo Brasil - 08/06/2001». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 2 de março de 2022 
  8. a b «A Partilha». Globo Filmes. Consultado em 2 de março de 2022 

Ligações externas editar