Antônio Pinto Nogueira Acioly
Antônio Pinto Nogueira Accioly (Icó, 11 de outubro de 1840 — Rio de Janeiro, 14 de abril de 1921) foi um político brasileiro, presidente e um dos mais influentes políticos do Ceará durante a República Velha. O oligarca governou o Ceará entre 1896 e 1912 com apoio do governo federal. Foi também maçom pertencente a loja Fraternidade Cearense.[1][2][3]
Antônio Pinto Nogueira Acioly | |
---|---|
Nascimento | 11 de outubro de 1840 Icó |
Morte | 14 de abril de 1921 Rio de Janeiro |
Cidadania | Brasil |
Filho(s) | Tomás Pompeu Pinto Accioli, José Pompeu Pinto Accioli, Hildebrando Accioli |
Alma mater | |
Ocupação | político, advogado |
Nascimento, origens familiares Editar
Filho do casal de primos portugueses José Pinto Nogueira, natural de Silvares (concelho de Lousada, Portugal) e Antônia Pinto (o sobrenome Accioli era de sua avó materna), era casado com Maria Teresa de Sousa, filha de Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o Senador Pompeu, que era um sacerdote católico, e de sua common-law wife, esposa consuetudinária, Felismina Carolina Filgueiras.[4][5][6]
Os pais, aparentados em Portugal, eram proprietários rurais em Icó (Ceará). O avô materno era português, José Pinto Coelho, natural de Silvares como o genro; fora o terceiro marido de Josefa Rosa Leonarda Accioly, batizada em Icó em 1758. Era Rosa Leonarda filha do cel. João Bento da Silva e Oliveira e de Jacinta Alexandrina de Moura Accioly, e por esta Jacinta, neta de Rosa Maria Pereira de Moura (filha de Filipe de Moura Achioli, alcaide-mor de Olinda e da prima D. Margarida Achioli) e de seu primo, o madeirense Jacinto de Freitas Achioli de Albuquerque.[3][7][8]
Formação, início da carreira política Editar
Formou-se em direito pelo Faculdade de Direito do Recife, em 1864, quando acrescentou o Accioly da avó materna a seu nome.
Nogueira Accioly - preferia escrever o nome com y - deveu ao sogro, o senador Pompeu, sua ascensão política. Sucede, ao fim do império, ao sogro na cadeira senatória, mas não chega a tomar posse devido à proclamação da república.
Sua grande oportunidade política se deu quando Bezerril Fontenelle assumiu o governo no quadriênio de 1892 a 1896, pois passou a ser vice-presidente do estado. Quando da sucessão de Bezerril Fontenele, este indicou Accioli para substituí-lo. Bezerril havia ganhado algum prestígio durante o seu governo, sendo Accioly eleito presidente do Ceará no quadriênio de 1896 a 1900.[9][10]
Primeiro governo Accioly Editar
Frustrando todas as expectativas do povo cearense, Accioly utiliza-se do poder para desenvolver a sua oligarquia. Tinha todo o apoio do governo federal e estadual, para os quais era considerado um homem honrado e íntegro. Assim manipulou a política de forma que favorecesse familiares e correligionários. Accioly não deu prioridade a setores responsáveis pelo desenvolvimento do estado. Preferiu voltar-se para a construção de obras onde pudesse tirar vantagem pessoal. Como exemplo podemos citar a construção de cinco pontes sobre o rio Pacotí, encomendadas à França através da Casa Boris Fréres. O dinheiro das pontes apareceu nas contas do Estado, mas as pontes nunca foram construídas. Não podemos esquecer de dizer que Boris era correligionário de Accioly.[11][12]
Durante a seca que assolou o estado em 1898 e 1900 a oligarquia acciolina fez vistas grossas ao sofrimento sertanejo. Além da fome, ocorreu no estado uma epidemia de varíola. Rodolfo Teófilo, opositor de Accioli, fabricava vacina contra a varíola, saia conscientizando o povo e aplicando-a em quem permitisse. O grupo acciolino perseguiu a Teófilo, alegando que ele assim agia para desmoralizar o governo.[13]
Terminando o seu quadriênio, Accioly foi substituído por Dr. Pedro Borges que a princípio quis voltar-se contra seu antecessor, mas acabou fazendo um acordo com ele. Acordo este que beneficiou a ambos. Borges governou o Ceará até 1904, com grande influência de Accioly. Durante o governo de Borges foi criada a Academia Livre de Direito do Ceará, feita com um único propósito: beneficiar os filhos de Accioly.[14][15][16]
Segundo governo Accioly Editar
A oposição continuou a sua luta para chegar ao poder. Mas ainda não foi dessa vez. Em 1908 Accioly é eleito novamente presidente do Ceará, do ano de 1908 a 1912 quando foi deposto. Muitos movimentos surgiram para derrubar Accioly do poder. O mais importante deles foi a Passeata das Crianças. Liderada por mulheres cearenses, cerca de seiscentas crianças, todas vestidas de branco, com laços verdes-amarelos e ostentando no pescoço um medalhão do coronel Marcos Franco Rabelo, desfilaram pelas ruas de Fortaleza, cantando e sendo olhadas por, mais ou menos, oito mil pessoas.[17][18][19][20]
O Babaquara, como era conhecido Accioly, enviou a polícia para combater o movimento. Esta agiu com rigor, tendo ocasionado a morte de várias pessoas. A reação de Accioly causou revolta no povo fortalezense que armou-se com o que pôde para tirar o Babaquara do poder. Accioly resolveu então renunciar. O responsável pelas negociações foi o coronel gaúcho José Faustino, seu genro. A oposição aceitou a renúncia de Accioly desde que se cumprissem algumas condições, como:
- Accioly jamais seria candidato ao governo do Ceará
- Se comprometeria a não aceitar qualquer ajuda do Governo Federal para recolocá-lo no governo do estado
- Deixaria de imediato o Palácio da Luz e se abrigaria no Quartel da Inspetoria do Ceará aguardando o primeiro navio que o levasse junto com a família para o Sul
- Deixaria dois reféns: José Accioly e Graccho Cardoso, tutelados, mas com livre trânsito
Exílio, morte do filho e morte de Nogueira Accioly Editar
Deposto, é embarcado com a família, às pressas, para o Rio, num navio de cabotagem. Numa das escalas, Antônio Clementino de Oliveira, jornalista que havia sofrido tentativa de assassinato no dia 12 de julho de 1904 a mando de Nogueira Accioly, invade o navio, acompanhado de seu filho Francisco Clementino de Oliveira, para se vingar e matar o ex governador. Após um tiroteio morre Antônio e o primogênito do ex governador, Antônio Pinto Nogueira Accioly Filho. Ainda assim, Nogueira Accioly chega ao Rio, onde viverá até a morte, em 14 de abril de 1921.
Nogueira Accioly era casado com Maria Teresa de Sousa Brasil, filha do Senador Pompeu, pai de:
- Tomás Pompeu Pinto Accioli
- José Pompeu Pinto Accioli, foi senador da República pelo Ceará
- Hildebrando Pompeu Pinto Accioli, embaixador,
- Olga Pompeu Pinto Accioly,
- Antônio Pinto Nogueira Accioly Filho,
- Branca Pompeu Pinto Accioly; mãe de Thomaz Pompeu Accioly Borges
- Benjamin Pompeu Pinto Accioly,
Referências
- ↑ «Antonio Pinto Nogueira Accioly». portal.ceara.pro.br (em inglês). Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ «antônio-pinto-nogueira-accioly - Anuário do Ceará». www.anuariodoceara.com.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ a b «Nogueira Accioly - Década de despotismo no governo do Ceará». www.fortalezanobre.com.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ «Nogueira Accioly, a oligarquia deposta pelo povo». www.fortalezaemfotos.com.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ «Antonio Pinto Nogueira Acciolly * 11 Setembro 1840 † 14 Abril 1921 - Rodovid PT». pt.rodovid.org. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ Carvalho, Elisandro (13 de julho de 2007). Araripe: "Lugar Onde Nasce O Dia". [S.l.]: Clube de Autores
- ↑ «:::[ DocPro ]:::». memoria.bn.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ Os herdeiros do poder. [S.l.]: Editora Revan. 1995. ISBN 9788571060814
- ↑ «Domínio Público - Detalhe da Obra». www.dominiopublico.gov.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ Soares, Martim (1912). O Babaquara: subsidios para a historia da oligarchia do Ceará. [S.l.]: publisher not identified
- ↑ Pereira, MAIA, Gabrielle Bessa (2011). «Modernidade e educação: (des)caminhos históricos e críticas a educação no governo Nogueira Accioly (1896-1912)»
- ↑ Silva, Alencar, Maria Emília da (2008). «À sombra das palavras: a oligarquia acciolina e a imprensa (1896-1912)»
- ↑ «As práticas políticas que definiram o século | Política | O POVO Online». www20.opovo.com.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ Marques, Rodrigo (6 de novembro de 2017). Antônio Sales. [S.l.]: Fundação Demócrito Rocha. ISBN 9788575298183
- ↑ «História do Ceará». www.casamil.ce.gov.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ «Conhecendo Fortaleza - Roteiro 5 - As casas de artes e literatura e a formação do ser sensível». www.anuariodefortaleza.com.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
- ↑ «Revolução cearense (1914) - História do Brasil». InfoEscola
- ↑ Farias,Airton, de (26 de janeiro de 2016). História do Ceará. [S.l.]: Armazém da cultura. ISBN 9788584920174
- ↑ Neto, Lira (11 de novembro de 2009). Padre Cícero: Poder, fé e guerra no sertão. [S.l.]: Companhia das Letras. ISBN 9788563397201
- ↑ «Crise na política dos governadores: o declínio dos Accioly no Ceará (1912-1914) |». caph.fflch.usp.br. Consultado em 15 de setembro de 2018
Bibliografia Editar
- F. A. de Araújo Lima, pesquisa documental sobre a família Nogueira Accioly.
- F. A. Doria, com Cássia Albuquerque e Fábio Arruda de Lima, Acciaiolis no Brasil, Rio (2009).
- J. Quinderê, Comendador Antônio Pinto Nogueira Accioly, Tipografia Minerva, Fortaleza (1950).
- Berenice Abreu, Intrépidos romeiros do progresso:maçons cearenses no império, Fortaleza: Museu do Ceará. 2009.
Ligações externas Editar
Ver também Editar
Precedido por Benjamin Liberato Barroso |
Presidente do Ceará 1892 |
Sucedido por Bezerril Fontenelle |
Precedido por Bezerril Fontenelle |
Presidente do Ceará 1896 — 1900 |
Sucedido por Pedro Augusto Borges |
Precedido por Bezerril Fontenelle |
Presidente do Ceará 1904 — 1912 dois mandatos |
Sucedido por Antônio Frederico de Carvalho Mota |