João de França Castro e Moura
João de França Castro e Moura (Gondomar, São Cosme, 19 de Março de 1804 - Porto, Sé, Paço Episcopal, 16 de Outubro de 1868) foi um eclesiástico Português, Bispo de Pequim e do Porto.
BiografiaEditar
D. João de França Castro e Moura era filho de António João de França e de sua mulher e prima Rosa de França Castro e Moura, lavradores do lugar da Azenha em São Cosme de Gondomar. Com nove anos (Outubro de 1815) "foi entregue aos cuidados de seu tio materno, o Dr. José de França de Castro e Moura, vigário-geral de Penafiel, para sob seu cuidado estudar Humanidades.".[1]
Em 1820 entrou para o seminário de Santo António no Porto, Quinta do Prado. "O Bispo de então; D. João de Magalhães e Avelar conferiu-lhe Ordens Menores; e em 1823, destinando-se às Missões do Oriente, partiu para Lisboa, onde deu entrada no Convento de Rilhafoles, da Congregação da Missão e aí teve as primeiras preparações para Missionário até o dia 10 de Abril de 1825 em que partiu para Macau[1] ".
ChinaEditar
Celebrou sua primeira missa em Macau, no princípio do ano de 1830.
Em Agosto desse mesmo ano parte para a China, e a província de Fokien, mas "vítima das perseguições dos naturais, tem de fugir para Chang-Hai[2]". Depois passou á diocese de Nanquim, onde foi investido pelo Bispo desta diocese, D. Caetano Pereira Pires, no cargo de vigário geral.
Doente, de paludismo, recebeu ordem para restirar-se para a Diocese de Pequim, em Novembro de 1833. Quando em 2 de Novembro de 1838 morre D. Caetano Pereira Pires, Bispo de Nanquim, mas também administrador apostólico da Diocese de Pequim, D. João de França fica a governar esta Diocese. Na época os bispos portugueses do ultamar não eram sagrados, estando interrumpidas as relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé. Em 1840 esta última nomeou D. João "Bispo de Claudiópolis in partibus infidelium, na Arménia Menor, e Administrator apostólico da dita diocese de Pequim". D. João não aceitou esta nomeação, o Governo Português não a sancionando.[3]
Bispo de PequimEditar
Em Novembro de 1841, estando restabelecidas as relações entre Portugal e o Vaticano, D. Maria II apresentou D. João da França, Bispo de Pequim. Mas a nomeação para Bispo de Claudiópolis continuavoa, até que em 28 de Abril de 1846 um Breve pontifício lhe foi expedido, onde estava declarado que, "se á data da recepção dele não estivesse sagrado Bispo de Claudiópolis, cessaca a sua jurisdição na diocese de Pekim. Saíu então D. João desta diocese em 14 de Julho de 1847, e chegou a Macau em Agosto, "depois de ter permanecido no Império chinês dezassete anos. E com ele terminou o exercício do nosso direito do Padroado na diocese de Pekim.[3] "
TimorEditar
Em Novembro de 1850 parte "evangelizar os bárbaros da Ilha de Timor", mas com pouco sucesso, voltando a Portugal, e chegando a Lisboa em 1° de Abril de 1853. Em Julho de 1857 passa a viver em Campanhã, na Quinta do Pinheiro, onde se encontra o seminário dos meninos Desamparados.[4]
Bispo do PortoEditar
Em 27 de Fevereiro de 1862 é nomeado Bispo do Porto.[5]
EM 29 de Junho de 1867 encontra-se em Roma para a celebração do décimo-oitavo cententário do martírio dos S. Pedro e Paulo, sendo agraciado pelo Papa com o título de Prelado assistente ao Sólio pontifício.[6]
Falece em 16 de Outubro de 1868.
Obras escritasEditar
D. João era grande bibliófilo, e tinha uma grande biblioteca, com muitos livros chineses. Fez publicar por Ernesto Chardron e Bartolomeu H. de Morais, um manuscrito que possuía do Grande Diccionario portuguez ou Thesouro da lingua portugueza, em cinco volumes, de Fr. Domingos Vieira. Também escreveua Obra seguinte que se encontrava manuscrita na biblioteca Municipal do porto, em 1936 :
- Breve Relação da propagação da religião christã na China desde o Século XVI até nossos dias.
Notas e referências
- ↑ a b Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar. Livraria Avis, Porto. 1979. (fac simile da edição de 1934 : Imprensa moderna, L.da, rua da fábrica, 80. Porto).volume III p. 110
- ↑ Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 111
- ↑ a b Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 112
- ↑ Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 112-113
- ↑ Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 114
- ↑ Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 118
FontesEditar
- Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar. Livraria Avis, Porto. 1979. (fac simile da edição de 1934 : Imprensa moderna, L.da, rua da fábrica, 80. Porto).volume III p. 110-120.
Precedido por Caetano Pires Pereira |
Bispo de Pequim 1841 - 1847 |
Sucedido por Joseph-Martial Mouly |
Precedido por António Bernardo da Fonseca Moniz |
Bispo do Porto 1862 - 1968 |
Sucedido por Américo Ferreira dos Santos Silva |