João de França Castro e Moura

padre português

João de França Castro e Moura (São Cosme, Gondomar, 19 de Março de 1804 - Paço Episcopal, , Porto, 16 de Outubro de 1868) foi um eclesiástico português, Bispo de Pequim e Bispo do Porto.

João de França Castro e Moura
Bispo da Igreja Católica
Bispo do Porto
Info/Prelado da Igreja Católica
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese do Porto
Nomeação 22 de abril de 1862
Predecessor Dom António Bernardo da Fonseca Moniz
Sucessor Dom Américo Cardeal Ferreira dos Santos Silva
Mandato 1862 - 1868
Ordenação e nomeação
Nomeação episcopal 22 de abril de 1862
Ordenação episcopal 6 de julho de 1862
Igreja do Loreto
por Innocenzo Cardeal Ferrieri
Dados pessoais
Nascimento São Cosme (Gondomar)
19 de março de 1804
Morte Porto
16 de outubro de 1868 (64 anos)
Nacionalidade português
Progenitores Mãe: Rosa de França Castro e Moura
Pai: António João de França
Funções exercidas -Administrador Apostólico de Pequim (1840-1846)
dados em catholic-hierarchy.org
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia editar

Família editar

D. João de França Castro e Moura era filho de António João de França e de sua mulher e prima-irmã Rosa de França Castro e Moura, lavradores do lugar da Azenha, em São Cosme de Gondomar, irmã de João Bernardo de França Pereira de Castro, nascido em São Pedro de Pedroso a 27 de Maio de 1790, Cavaleiro da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa a 8 de Fevereiro de 1840, e de Bárbara Margarida Amália de França Pereira de Castro, nascida em São Pedro de Pedroso a 13 de Janeiro de 1786, casada com seu primo Manuel Joaquim de Castro, terceiro filho varão, nascido em São Salvador de Grijó a 14 de Janeiro de 1776, grande lavrador proprietário, do qual teve seis filhos e cinco filhas, um dos quais António Alexandrino Pereira de Castro, nascido em São Salvador de Grijó a 29 de Fevereiro de 1812 e falecido no Porto a 6 de Junho de 1877, Medalha da Real Efígie do Senhor Rei D. Miguel I de Portugal a 8 de Julho de 1830, quando ainda aluno do 3.° ano de Direito, Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Secretário da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, proprietário, Senhor da Casa dos Cónegos e das Casas e Quintas do Monte Grande e da Serpente em Vilar de Andorinho, casado com Maria Isabel Tavares Barbosa Carneiro, nascida na Rua da Fábrica do Tabaco, Porto a 10 de Maio de 1817 e falecida no Porto a 13 de Julho de 1895, filha de Custódio Monteiro Barbosa Carneiro e de sua mulher Maria Nunes Tavares, Senhores da Quinta de Moeiro, nos Carvalhos, da qual teve três filhas e um filho.[1] Uma das filhas, D. Ana Alexandrina Barbosa Carneiro de Castro, tornou-se com seu marido António Pereira Cardoso Mendes de Campos, Barão e Baronesa do Candal, Vila Nova de Gaia.

Seu pai era sobrinho paterno e sua mãe era filha de João Bernardo de França, nascido em São Salvador de Grijó a 16 de Setembro de 1733, Familiar do Santo Ofício da Inquisição do Porto por Carta de Familiar de 7 de Janeiro de 1774, Almotacé do Couto de Grijó, grande proprietário e "rendeiro que lucra cada ano mais de 600 mil cruzados", e de sua segunda mulher Bárbara Maria de Jesus Pereira de Castro e Moura, nascida em Vilar de Andorinho a 10 de Janeiro de 1759; neta paterna de Jean Bernard Pourrocq, depois João Bernardo de França, natural de Béarn, França, Almotacé do Couto de Grijó (filho de Pierre Bernard Pourrocq e de sua mulher Jeanne de Peyré, naturais de e moradores em Asson, Bispado de Lescar, no Béarn, e, conforme testemunho do Cônsul de França no Porto em 1773, exarado no Processo de Habilitação a Familiar do Santo Ofício de seu filho, os Conselheiros do Rei de França Jean de Pargade, Lugar Tenente General do Senado da Cidade de Pau, e Monsenhor Marc-Antoine de Noé, Bispo de Lescar, Abade de Simoré e Barão de Benéjacq, certificaram que os Pourrocq eram família de Clérigos e letrados que serviram muitas vezes de Juízes e Deputados na Assembleia Geral da Província de Béarn, tendo ocupado os cargos de maior honra e tido sempre sepultura própria na sua Freguesia de Asson), e de sua mulher, casados na Sé do Porto a 17 de Junho de 1731, Natália Coelho da Silva (filha de António Alves da Silva e de sua mulher Isabel Coelho da Silva, casados em São Pedro de Pedroso a 26 de Novembro de 1695); e neta materna de Manuel João Jacques, nascido em Vilar de Andorinho a 12 de Agosto de 1713, e de sua mulher, casados em São Cristóvão de Mafamude a 17 de Maio de 1752, Ana de Jesus Tomé Pereira de Castro, baptizada em São Cristóvão de Mafamude a 20 de Novembro de 1726, Senhores da Casa e Quinta da Serpente em Vilar de Andorinho, ela irmã de Clemente José Pereira de Castro, Capitão, Familiar do Santo Ofício da Inquisição do Porto por Carta de Familiar de 2 de Maio de 1769, filha e filho de quatro de Manuel José Alves de Castro, nascido em São Pedro de Pedroso a 20 de Março de 1740 e apadrinhado por seu tio paterno António de Castro, e de sua mulher Faustina Maria de Santo António de Castro, que viveram de suas fazendas em Corveiros, Grijó - ela filha natural de Amaro Moreira de Castro, baptizado em São Sebastião de Grijó a 17 de Março de 1689, Licenciado, e de Mariana Pinto dos Santos, de alcunha a Peniche, neta paterna de Manuel Moreira de Queirós, falecido em Santa Maria Madalena de Vila Nova de Gaia a 4 de Dezembro de 1734, e de sua mulher, casados antes de 1685, Catarina de Castro, nascida em Corveiros, Grijó, e neta materna de Manuel João de Pinho (filho de José Pinto e de sua mulher, casados em São Cristóvão de Mafamude a 24 de Novembro de 1699, Maria de Pinho, e neto materno de João de Pinho e de sua mulher, casados em São Cristóvão de Mafamude a 1 de Junho de 1651, Jerónima Rodrigues) e de sua mulher Maria dos Santos, nascida em São Salvador de Perosinho, e ele filho de Domingos de Castro, que vivia a 29 de Setembro de 1794 quando, com sua filha Maria Pereira, apadrinhou seu neto paterno José, filho de José Alves ou Pereira de Castro e de sua mulher Bernarda Maria Ferreira, e de sua mulher, casados em São Pedro de Pedroso a 23 de Abril de 1736, Mariana Antónia Pereira, falecida em São Pedro de Pedroso a 5 de Novembro de 1759, filha de Manuel António Pereira, nascido em Sanfalhos, Pedroso, e de sua mulher Maria da Maia, neta paterna de Manuel Pereira Soares, nascido em Sanfalhos legitimado conjuntamente com mais seis irmãos consanguíneos e irmãs consanguíneas a 17 de Março de 1654, e de sua mulher Helena Maria Domingues, e bisneta por varonia de Manuel Pereira Soares, Cavaleiro da Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta com morada no Mosteiro de São Salvador de Grijó, falecido com Testamento, oriundo dos Pereira da Casa dos Condes da Feira, e de Antónia, nascida em Sanfalhos, solteira. Os de Castro e os Pereira eram afins dos de Castro Pereira futuros Condes de Fijô.[2]

Infância e juventude editar

Com nove anos, em Outubro de 1815, "foi entregue aos cuidados de seu tio materno, o Dr. José de França Castro e Moura, vigário geral de Penafiel, para sob seu cuidado estudar Humanidades".[3] Ambos residiram sucessivamente na mesma casa que, por esse motivo, ficou conhecida por Casa dos Cónegos, a qual foi demolida em Fevereiro de 1964 pela herdeira do primeiro possuidor estranho a esta família.

Em 1820, entrou para o seminário de Santo António no Porto, na Quinta do Prado. "O Bispo de então; D. João de Magalhães e Avelar conferiu-lhe Ordens Menores; e em 1823, destinando-se às Missões do Oriente, partiu para Lisboa, onde deu entrada no Convento de Rilhafoles, da Congregação da Missão e aí teve as primeiras preparações para Missionário até o dia 10 de Abril de 1825 em que partiu para Macau."[3]

China editar

Celebrou a sua primeira missa em Macau, no princípio do ano de 1830.

Em Agosto desse mesmo ano, parte para a China, e a Província de Fokien, mas, "vítima das perseguições dos naturais, tem de fugir para Chang-Hai[4]". Depois, passou à Diocese de Nanquim, onde foi investido pelo Bispo desta Diocese, D. Caetano Pereira Pires, no cargo de Vigário Geral.

Doente, de paludismo, recebeu ordem para retirar-se para a Diocese de Pequim, em Novembro de 1833. Quando, em 2 de Novembro de 1838, morre D. Caetano Pereira Pires, Bispo de Nanquim, mas também Administrador Apostólico da Diocese de Pequim, D. João de França Castro e Moura fica a governar esta Diocese. Na época, os Bispos Portugueses do Ultramar não eram sagrados, estando interrompidas as relações diplomáticas entre Portugal e os Estados Pontifícios e a Santa Sé. Em 1840, esta última nomeou D. João "Bispo de Claudiópolis in partibus infidelium, na Arménia Menor, e administrator apostólico da dita diocese de Pequim". D. João não aceitou esta nomeação, o Governo Português não a sancionando.[5]

Bispo de Pequim editar

Em Novembro de 1841, estando reestabelecidas as relações entre Portugal e a Santa Sé, D. Maria II de Portugal apresentou D. João de França Castro e Moura Bispo de Pequim. Mas a nomeação para Bispo de Claudiópolis continuava, até que, em 28 de Abril de 1846, um Breve pontifício lhe foi expedido, onde estava declarado que, "se á data da recepção dele não estivesse sagrado Bispo de Claudiópolis, cessava a sua jurisdição na diocese de Pekim". Saíu então D. João desta diocese em 14 de Julho de 1847, e chegou a Macau em Agosto, "depois de ter permanecido no Império Chinês dezassete anos. E, com ele, terminou o exercício do nosso direito do Padroado na diocese de Pekim."[5]

Timor editar

Em Novembro de 1850, parte para "evangelizar os bárbaros da ilha de Timor", mas com pouco sucesso, voltando a Portugal, chegando a Lisboa em 1 de Abril de 1853. Em Julho de 1857, passa a viver em Campanhã, na Quinta do Pinheiro, onde se encontra o seminário dos Meninos Desamparados.[6]

Bispo do Porto editar

Em 27 de Fevereiro de 1862, é nomeado Bispo do Porto e Par do Reino.[7]

Em 29 de Junho de 1867, encontra-se em Roma para a celebração do décimo-oitavo cententário do Martírio de São Pedro e São Paulo, sendo agraciado pelo Papa Pio IX com o título de Prelado Assistente ao Sólio Pontifício.[8]

Obras escritas editar

D. João era grande bibliófilo, e tinha uma grande biblioteca, com muitos livros chineses. Fez publicar por Ernesto Chardron e Bartolomeu H. de Morais, um manuscrito que possuía do Grande Diccionario Portuguez ou Thesouro da Lingua Portugueza, em cinco volumes, de Frei Domingos Vieira. Também escreveu a obra seguinte, que se encontrava manuscrita na Biblioteca Municipal do Porto, em 1936:

  • Breve Relação da propagação da religião christã na China desde o século XVI até aos nossos dias

Notas e referências

  1. Cunha, Fernando de Castro Pereira Mouzinho de Albuquerque e (1995). Instrumentário Genealógico - Linhagens Milenárias. Lisboa: [s.n.] pp. 461–462 
  2. Cunha, Fernando de Castro Pereira Mouzinho de Albuquerque e (1995). Instrumentário Genealógico - Linhagens Milenárias. Lisboa: [s.n.] pp. 462 e 467–469 
  3. a b Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar. Livraria Avis, Porto. 1979. (fac simile da edição de 1934 : Imprensa moderna, L.da, rua da fábrica, 80. Porto). volume III p. 110
  4. Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 111
  5. a b Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 112
  6. Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 112-113
  7. Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 114
  8. Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar ibidem p. 118

Fontes editar

  • Camilo de Oliveira : O concelho de Gondomar. Livraria Avis, Porto. 1979. (fac simile da edição de 1934 : Imprensa moderna, L.da, rua da fábrica, 80. Porto).volume III p. 110-120.

Precedido por
Caetano Pires Pereira
 
Bispo de Pequim

1841 - 1847
Sucedido por
Joseph-Martial Mouly
Precedido por
António Bernardo da Fonseca Moniz
 
Bispo do Porto

1862 - 1868
Sucedido por
Américo Ferreira dos Santos Silva