Miracema

município do estado do Rio de Janeiro, no Brasil
 Nota: Não confundir com Miracema do Tocantins.

Miracema é um município localizado na Região Noroeste Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, no Brasil.

Miracema
  Município do Brasil  
Capela de Santo Antônio em Miracema no século XIX
Capela de Santo Antônio em Miracema no século XIX
Capela de Santo Antônio em Miracema no século XIX
Símbolos
Bandeira de Miracema
Bandeira
Brasão de armas de Miracema
Brasão de armas
Hino
Gentílico miracemense
Localização
Localização de Miracema no Rio de Janeiro
Localização de Miracema no Rio de Janeiro
Localização de Miracema no Rio de Janeiro
Miracema está localizado em: Brasil
Miracema
Localização de Miracema no Brasil
Mapa
Mapa de Miracema
Coordenadas 21° 24' 43" S 42° 11' 49" O
País Brasil
Unidade federativa Rio de Janeiro
Municípios limítrofes Laje do Muriaé, Itaperuna, São José de Ubá, Santo Antônio de Pádua, Barão de Monte Alto (MG) e Palma (MG)
Distância até a capital 271 km
História
Fundação 3 de maio de 1936 (87 anos)
Administração
Prefeito(a) Clóvis Tostes de Barros (Solidariedade, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total [1] 303,353 km²
População total (Censo IBGE/2010[2]) 26 829 hab.
Densidade 88,4 hab./km²
Clima tropical (Aw)
Altitude 137 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2000[3]) 0,733 alto
 • Posição RJ 72º
PIB (IBGE/2008[4]) R$ 208 612,804 mil
PIB per capita (IBGE/2008[4]) R$ 7 764,36

História editar

A região era habitada até o século XIX por índios puris.[5] O início da colonização de origem portuguesa do território do município de Miracema é atribuída aos esforços de Ermelinda Rodrigues Pereira, primitiva proprietária das terras que constituem o distrito sede. Segundo a tradição, por volta de 1846, a referida senhora mandou erigir, no local onde atualmente existe a praça que tem seu nome, uma capela dedicada ao culto de Santo Antônio.

Era intenção de dona Ermelinda transformar suas propriedades em bens de uma paróquia, que pretendia entregar, mais tarde, a um de seus filhos, de nome Manoel, que concluíra seus estudos em um seminário de Mariana. Prosseguindo com seu intento, a referida senhora doou 25 alqueires de terra, dos dois mil que possuía, para a formação da futura freguesia de Santo Antônio, posteriormente Santo Antônio dos Brotos. Deve-se, a mudança de nome, ao fato de um dos sólidos esteios da capela construída por dona Ermelinda ter brotado, fato que a crendice popular atribuiu a um milagre, acrescentando, ao nome do padroeiro Santo Antônio, a designação de "dos Brotos".

O crescimento da povoação motivou, em 26 de janeiro de 1880, a criação do Distrito Policial de Santo Antônio dos Brotos.

Em 9 de setembro de 1881, foi criado o distrito de paz e, em 13 de abril de 1883, atendendo à solicitação da comunidade através da Câmara de Pádua, o governo provincial resolveu mudar a denominação de Santo Antônio dos Brotos para Miracema, termo originário da língua tupi-guarani: ybira (pau, madeira); cema (brotar) e, em se tratando de eufonia da palavra, sugeriu Francisco Antunes Ferreira da Luz que se trocasse o Y por M. Em uma interpretação diversa, no entanto, o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro sustenta que "Miracema" se origina do tupi antigo pirásema, que significa "saída de peixe" (pirá, peixe e sema, saída).[6]

Em 1888 o campista Lourenço Maria de Almeida Batista tornou-se barão de Miracema, pelo decreto imperial de 19 de agosto de 1888. O nome escolhido, Miracema deve-se, provavelmente, ao fato de Lourenço de Almeida Batista ser da mesma região da qual fazia parte a localidade de Miracema - que na época era jurisdicionada por Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense da então província do Rio de Janeiro.[7][8]

Geografia editar

Miracema tem, como municípios limítrofes:

O município de Miracema situa-se a 21° 24'50" de latitude sul e 42º11'52" de longitude oeste.

Miracema está à margem das Rodovias Estaduais RJ-116 e RJ-200. Através da RJ-116, o Município liga-se à BR 356, que se une à BR-101 em Campos dos Goitacazes e à BR-116 em Muriaé. Em direção ao sul, a RJ-116 liga Miracema a Santo Antônio de Pádua e Itaocara. A rodovia RJ-200 liga o município de Palma (a partir da divisa) ao distrito de Paraíso do Tobias.

Possui uma área de 396 quilômetros quadrados de extensão e altitude média de 137 metros acima do nível do mar (sede).

Relevo editar

O relevo é acidentado em toda sua extensão, destacando-se as seguintes elevações: Pontão de Santo Antônio, Pico do Morro Azul, Pico de Santa Maria, Pico Ricardo Simão, Pico do Gavião e as serras do Sossego, da Cascata, do Alto Caboré e a de Flores.

Hidrografia editar

A rede hidrográfica é representada por pequenas correntes fluviais, das quais se destacam: Ribeirão Santo Antônio e Ribeirão Bonito e os córregos Sobreiro; Água Limpa: Serra Nova, Liberdade, Barreirinho, Duas Barras, Pirineus etc. A bacia lacustre é formada pela Lagoa Preta e muitos açudes.

Clima editar

O clima é tropical, com a estação chuvosa no verão e a seca no inverno. A precipitação média anual está em torno de 1 200 mil̃ímetros de chuvas, sendo junho, julho, e agosto os meses mais secos (média de 22,5 milímetros por mês) e novembro, dezembro e janeiro, os meses mais chuvosos (média de 266,5 milímetros por mês). As temperaturas são elevadas. Os meses mais quentes são dezembro, janeiro e fevereiro. Os meses mais frios são também os mais secos – junho, julho e agosto.

Solo editar

Os solos do município são do tipo latossolo alaranjado, podzólico vermelho – amarelo, hidromórficos e associação latossolo alaranjado podzólico.

Vegetação editar

Na vegetação, predominam plantas rasteiras. As áreas de matas (Mata Atlântica) estão reduzidas a 9% da área do município.

Subdivisão editar

O Município de Miracema é composto por três distritos:

  • 1° Distrito – Miracema (Sede)
  • 2º Distrito – Paraíso do Tobias
  • 3º Distrito – Venda das Flores
  • Povoado – Areias

Economia editar

Miracema, desde os seus primórdios até o fim do século XIX, contou com intensa vida econômica e social, verificando-se enorme surto progressista no século XIX, época em que suas lavouras de café, arroz, milho e feijão abarrotavam os mercados, aos quais chegavam em lombos de burros, via São Fidélis, e a partir de 1883, pela Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua – Ramal Miracema. Posteriormente, a ferrovia seria absorvida pela Estrada de Ferro Leopoldina, denominando-se como a Linha Campos a Miracema, já que passaria a ligar a localidade com o Centro de Campos dos Goytacazes.

Com sua emancipação político-administrativa, Miracema recuperou-se da derrocada do café e foi iniciada a cultura do algodão para abastecer a fábrica de tecidos São Martino. Concomitantemente, desenvolveu-se a cultura da cana-de-açúcar em ação conjunta com a Usina Santa Rosa. Foi crescendo a cultura do arroz irrigado, juntamente com a pecuária leiteira, que é a principal atividade rural do município atualmente. As culturas de milho, feijão e café são considerados de subsistência.

Entre 1830 e 1930, a região exportou, em café, valores superiores aos da exportação de ouro e diamantes de Minas Gerais. Graças ao preço do café na Europa, Miracema liderou a região em um processo de enriquecimento.

Para a fabulosa produção cafeeira do período, foi necessária uma enorme quantidade de mão de obra escrava.

Na década de 1930, o poder político do estado de São Paulo obrigou Getúlio Vargas a diminuir os cafezais do Rio de Janeiro, destruindo todas as lavouras existentes em Miracema. O café fornecia 80% dos recursos do município.

Nas décadas de 1960 e 1970, seus canaviais tradicionais submergiram diante da revolução verde, ocorrendo uma diminuição sensível da renda do município.

Outros impactos econômicos no município também foram sentidos no ano de 1970, como a desativação do trecho entre Miracema e Campelo (distrito de Santo Antônio de Pádua) da Linha Campos a Miracema da Estrada de Ferro Leopoldina, o que acabou afetando os escoamentos canavieiros e dos arrozais da região e também o transporte de passageiros. Com a desativação do trecho final da linha, a Leopoldina retirou os trilhos de Miracema logo em seguida e a antiga estação ferroviária passaria a abrigar a rodoviária da cidade.[9]

Por último, o arroz, que ainda segurava a economia, foi suplantado pela eficiência e tecnologia dos estados do Sul do Brasil na década de 1980.

Prefeitos do Município editar

  1. Mário Pinheiro Motta - 4 de maio de 1936 a 2 de agosto de 1936
  2. Marcelino de Barros Tostes - 3 de agosto de 1936 a 10 de outubro de 1937
  3. Nicolau Bruno - 11 de outubro de 1937 a 27 de novembro de 1937
  4. Altivo Mendes Linhares - 28 de novembro de 1937 a 11 de novembro de 1945
  5. Cibele Caldas Câmara Castro - 12 de novembro de 1945 a 21 de novembro de 1945
  6. José Sena e Silva - 22 de novembro de 1945 a 18 de fevereiro de 1946
  7. Melchíades Cardoso - 19 de fevereiro de 1946 a 3 de outubro de 1946
  8. José Naegle - 24 de outubro de 1946 a 3 de dezembro de 1946
  9. Homero de Araújo Padilha - 4 de dezembro de 1946 a 6 de março de 1947
  10. Melchíades Cardoso - 7 de março de 1947 a 10 de outubro de 1947
  11. Altivo Mendes Linhares - 11 de outubro de 1947 a 30 de outubro de 1951
  12. Plínio Bastos de Barros - 31 de outubro de 1951 a 11 de dezembro de 1954
  13. Odilon Barroso Botelho - 12 de dezembro de 1954 a 22 de dezembro de 1954
  14. Plínio Bastos de Barros - 23 de dezembro de 1954 a 30 de janeiro de 1955
  15. Moacyr Junqueira - 31 de outubro de 1955 a 30 de janeiro de 1959
  16. Altivo Mendes Linhares - 31 de janeiro de 1959 a 30 de janeiro de 1963
  17. Jamil Cardoso - 31 de janeiro de 1963 a 30 de janeiro de 1967
  18. José de Carvalho - 31 de janeiro de 1967 a 29 de outubro de 1970
  19. Salim Bou-Issa - 31 de janeiro de 1970 a 30 de novembro de 1971
  20. Nilo Rodrigues Lomba - 31 de janeiro de 1971 a 31 de janeiro de 1973
  21. Olavo Monteiro de Barros - 31 de janeiro de 1973 a 31 de janeiro de 1977
  22. Salim Bou-Issa - 1 de fevereiro de 1977 a 31 de março de 1983
  23. Ivany Samel - 1 de abril de 1983 a 31 de dezembro de 1988 -
  24. Jairo Barroso Tostes - 1 de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1992
  25. Ivany Samel - 1 de janeiro de 1993 a 31 de dezembro de 1996
  26. Gutemberg Medeiros Damasceno - 1 de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2000
  27. Gutemberg Medeiros Damasceno - 1 de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2004
  28. Carlos Roberto de Freitas Medeiros - 1 de janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2008
  29. Ivany Samel - 1 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012
  30. Juedyr Orsay Silva - 1 de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2016
  31. Clóvis Tostes de Barros - 1 de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2020
 
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Miracema

Referências

  1. IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  2. «Censo Populacional 2010». Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de novembro de 2010. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  4. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  5. O Dia. Disponível em http://odia.ig.com.br/odiaestado/2014-09-06/dono-de-fazenda-cria-museu-rural-no-centro-historico-de-miracema.html. Acesso em 12 de abril de 2016.
  6. NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 587, 593.
  7. «Dom Pedro II e Miracema». Miracema. Consultado em 30 de novembro de 2017 [ligação inativa]
  8. BARATA, Carlos Eduardo de Almeida. BUENO, Antônio Henrique Cunha. (1999–2001). «Almeida Batista». Dicionário das Famílias Brasileiras. Editora Ibero-América. Consultado em 30 de novembro de 2017 
  9. «Miracema -- Estações Ferroviárias do Estado do Rio de Janeiro». www.estacoesferroviarias.com.br. Consultado em 11 de setembro de 2020 

Ligações externas editar