Rocinha
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A Rocinha é uma favela localizada na Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no Brasil. Destaca-se por ser a maior favela do país,[a] contando com cerca de 69 mil habitantes, segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 e cerca de 100 mil habitantes, segundo Censo das Favelas, realizado pelo governo fluminense.[7][8] A região passou a ser considerada um bairro e foi delimitada pela Lei Nº 1 995 de 18 de junho de 1993, com alterações nos limites dos bairros da Gávea, Vidigal e São Conrado.[9] O nome advém de uma fazenda, uma "roça" que, na década de 1920, foi tomada pela expansão da mancha urbana. Em 1927, a região foi loteada por Castro Guidas & Cia. A Rocinha foi crescendo sem nenhuma regularização dos terrenos. Em 1970, a favela possuía 130 mil habitantes segundo o IBGE, sendo apelidada como a maior comunidade sul-americana.[10]
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Bairro do Brasil | ||
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Localização | ||
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Distrito | Zona Sul | |
História | ||
Criado em | 18 de junho de 1993 | |
Características geográficas | ||
Área total | 143,72 ha (em 2003) | |
População total | 69 356 (em 2 010)[1] hab. | |
• IDH | 0,732 (em 2000)[2] | |
Outras informações | ||
Domicílios | 24 543 (em 2010) | |
Limites | Gávea, São Conrado e Vidigal[3] | |
Subprefeitura | Zona Sul |
Se localiza entre os bairros da Gávea, São Conrado (dois dos bairros com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) mais alto da cidade) e Vidigal.[3] A proximidade entre as residências de classe alta dos dois primeiros bairros e as de classe baixa da Rocinha marca um profundo contraste urbano na paisagem da região, o que é, frequentemente, citado como um símbolo da desigualdade social do Brasil. Seu índice de desenvolvimento humano (IDH) no ano 2000 era de 0,732, o 120º colocado entre 126 regiões analisadas no município do Rio de Janeiro.[2]
História Editar
Origem Editar
A comunidade teve origem na divisão em chácaras da antiga Fazenda Quebra-cangalha, produtora de café. Adquiridas por imigrantes portugueses e espanhóis, tornaram-se, por volta da década de 1930, um centro fornecedor de hortaliças para a feira da Praça Santos Dumont, na Gávea, que abastecia a Zona Sul da cidade. Aos moradores mais curiosos sobre a origem dos produtos, os vendedores informavam que provinham de uma "rocinha" instalada no alto do bairro da Gávea.[11]
As grandes glebas em que as terras foram divididas eram, na maior parte, pertencentes aos portugueses da Companhia Castro Guidão. As do bairro Barcelos eram pertencentes à Companhia Cristo Redentor. O Laboriaux pertencia a uma companhia francesa. Nesta época, alguns guardas sanitários foram instalados para controlar uma infestação de mosquitos que estavam causando febre amarela na Barra da Tijuca.
Expansão Editar
Em 1938, a Estrada da Gávea foi asfaltada, tornando-se o local onde ocorria o "circuito da baratinha". Na década de 1940, acelerou-se o processo de ocupação por pessoas que acreditavam serem aquelas terras públicas, isto é, sem dono. A partir da década de 1950, houve um aumento de migração de nordestinos para o Rio de Janeiro, direcionando-se em parte para a Rocinha. Nas décadas de 1960 e de 1970, registrou-se um novo surto de expansão, agora devido aos projetos de abertura dos túneis Rebouças e Dois Irmãos, que contribuíram para uma maior oferta de empregos na região.
O descaso do governo para com a comunidade, a falta de infraestrutura, a construção de barracos de papelão, a degradação de áreas verdes, o crescimento desordenado, a distribuição de água através de bicas, entre outros problemas, provocou grande indignação, reivindicações e abaixo-assinados da população, que se organizou, engajando-se em muitos protestos em prol da comunidade. O bairro é um dos principais focos de tuberculose do país, apresentando uma taxa de incidência da doença de 372 casos por 100 000 habitantes. Esta taxa é 11 vezes maior que a média do país. A alta concentração da doença no bairro apresenta várias causas, comoː as ruas estreitas, que dificultam a penetração de luz solar e a ventilação nas casas; a elevada densidade populacional; a pobreza; e a falta de saneamento básico. Todos esses elementos estimulam a proliferação da bactéria causadora da doença.[12]
Consolidação Editar
A partir da década de 1970, a comunidade obteve os primeiros progressos, resultado das reivindicações ao poder público, como a implantação de creches, escolas, jornal local, passarela, canalização de valas, agência de correios, etc. O primeiro posto de saúde foi criado em 1982, com muito esforço dos moradores, através da iniciativa do padre local, que ofertou, à comunidade, um presente de natal.[carece de fontes] Os moradores mobilizaram-se para promover a canalização do valão e, por conseguinte, criou-se o posto de saúde. Nesse processo, algumas famílias que habitavam o valão foram deslocadas para o Laboriaux, no qual havia 75 casas construídas pela prefeitura, sendo que duas destas foram unidas para a instalação da Creche Yacira Frasão.
Em 2010, o bairro ganhou uma passarela de pedestres, a Passarela da Rocinha, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e que liga a favela ao complexo esportivo, situado no outro lado da autoestrada Lagoa-Barra.[13]
No dia 13 de novembro de 2011, a Rocinha foi cenário de uma grande operação conduzida pelas Forças Armadas do Brasil e pelas polícias do estado. O objetivo foi a retomada do território das mãos dos traficantes de drogas, visando a preparar o terreno para a futura instalação da vigésima oitava Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da cidade.[14] Em 20 de setembro de 2012, a comunidade passou a ser atendida pela 28° UPP com o efetivo de 700 policiais. A comunidade possui 80 câmeras de vigilância para ajudar os policiais na segurança da comunidade.
Cerco militar em 2017 Editar
Em 17 de setembro de 2017, 60 bandidos ligados ao traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, invadiram a comunidade e juntaram-se a outros. O objetivo da ação era retomar o domínio dos pontos de venda de drogas sob o comando de Rogério Avelino, o Rogério 157, o então chefe do tráfico na Rocinha.[15] No dia 22 de setembro de 2017, as Forças Armadas realizaram um cerco à comunidade após dias de tiroteios. Para a realização do cerco, foram mobilizados 950 homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, além de dezenas de blindados e de helicópteros. Outros três batalhões do Exército, que somavam 3 mil homens, ficaram de prontidão caso a situação se agravasse.[16] As Forças Armadas ficaram no entorno da Rocinha em apoio às operações feitas pelas polícias Civil e Militar.
Em 27 de setembro de 2017, o prefeito Marcelo Crivella, em reunião com secretários e com forças policiais, anunciou um conjunto de obras na Rocinha. Segundo Crivella, o financiamento das ações, orçadas em R$ 15 milhões, seria feito com o dinheiro arrecadado pelo município com a renovação do contrato de patrocínio do Itaú ao serviço de aluguel de bicicletas da cidade, o Bike Rio.[17] As ações tiveram início no dia 28 e envolviam, dentre outros serviços: a reforma de quadras esportivas; a substituição de lâmpadas apagadas nos postes; o fechamento de buracos nas casas provocados por tiros; a reabertura da Biblioteca Parque, da Escola de Música da Rocinha e do Centro Lúdica; e a instalação de uma Nave do Conhecimento.[18] No dia 28, o então ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou a retirada das Forças Armadas da comunidade. No dia seguinte, as tropas que atuaram no cerco à Rocinha deixaram a favela. Ao fim do cerco, foram apreendidos 25 fuzis, 14 granadas, 7 bombas de fabricação caseira e 125 carregadores de armas, enquanto que 24 suspeitos foram presos, nenhum deles considerado chefe do tráfico.[19]
Infraestrutura Editar
Transportes Editar
A Rocinha é margeada pela Autoestrada Lagoa-Barra, via que liga os bairros da Gávea e da Barra da Tijuca. Pela via, circulam diversas linhas de ônibus e de vans, que permitem que o morador vá para outros pontos da cidade. Já dentro da comunidade, circulam kombis e moto-táxis, que auxiliam no deslocamentos de quem sai e de quem volta para casa. A Estrada da Gávea, que corta a Rocinha, é a principal via no interior da comunidade, tendo início em São Conrado e estendendo-se até a Gávea.[carece de fontes]
A favela conta com uma estação do Metrô do Rio de Janeiro nas proximidades, a Estação São Conrado, inaugurada em 2016 e que atende a Linha 4. Desde o dia 9 de outubro de 2017, existe uma integração tarifária entre vans legalizadas e o MetrôRio, possibilitando que moradores da Rocinha e do Vidigal paguem um preço mais baixo para utilizar os dois modais de transporte. A integração é feita nas estações Jardim de Alah e São Conrado, enquanto que pelo menos 66 vans, identificadas com uma faixa amarela na lateral, estão autorizadas a fazer a integração com o metrô.[20] O benefício é concedido ao passageiro que possui um cartão RioCard, devendo a integração ser realizada em um intervalo máximo de duas horas e meia. Atualmente,[quando?] a tarifa de integração é de R$ 5,55.[21][22]
Lazer Editar
Em 2023, a empresa Hurb (antigo Hotel Urbano) revitalizou uma quadra esportiva com piso certificado pela Federação Internacional de Basquete (FIBA).[23][24] A ação foi parte de uma corrida beneficente onde o valor das inscrições seria convertido em cestas básicas.[25][26]
Ver também Editar
Notas
- ↑ De acordo com dados preliminares do Censo 2022, a favela Sol Nascente, no Distrito Federal ultrapassou a Rocinha em número de habitantes, ficando em segundo lugar em número de domicílios.[4][5][6]
Referências
- ↑ «Dados». Consultado em 25 de março de 2012. Arquivado do original em 2 de setembro de 2013
- ↑ a b Tabela 1172 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH), por ordem de IDH, segundo os bairros ou grupo de bairros - 2000
- ↑ a b Bairros do Rio
- ↑ «Favela de Brasília ultrapassa Rocinha como a maior do Brasil, aponta IBGE». Valor Investe. 18 de março de 2023. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Sol Nascente: Censo 2022 em uma das maiores favelas do país». IBGE. 24 de outubro de 2022. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Sol Nascente, no DF, se torna a maior favela do Brasil, segundo prévia do Censo 2022». G1. 17 de março de 2023. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Rocinha: maior favela do país». O Globo. 17 de setembro de 2017. Consultado em 22 de julho de 2022
- ↑ «Rocinha: de fazenda a maior favela do Rio de Janeiro». MultiRio. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Criação do bairro». Consultado em 25 de março de 2012. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ «Rocinha, um exemplo de evolução» (PDF)
- ↑ MARTINS, Eduardo. O que Canudos tem a ver com favela? in: História Viva, ano II, n° 23, p. 11.
- ↑ «Tuberculose na Rocinha expõe o Brasil que estacionou no século XIX». El País Brasil. 12 de setembro de 2015. Consultado em 12 de maio de 2016
- ↑ «Passarela feita por Niemeyer para a Rocinha é inaugurada». G1. 27 de junho de 2010. Consultado em 12 de maio de 2016
- ↑ «Invasão da Rocinha terá 2 mil homens, aparato bélico e horário marcado: 5h». Estadão. 11 de novembro de 2011. Consultado em 14 de junho de 2023. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2011
- ↑ Capucci, Renata (18 de setembro de 2017). «PM do RJ faz operação na Rocinha após confronto entre traficantes». Jornal Hoje. Consultado em 4 de novembro de 2017
- ↑ «Após cerco na Rocinha, Forças Armadas põem três mil homens de prontidão». O Estado de S. Paulo. 22 de setembro de 2017. Consultado em 4 de novembro de 2017
- ↑ «Crivella anuncia R$ 15 milhões em obras na Rocinha». Veja. 27 de setembro de 2017. Consultado em 4 de novembro de 2017
- ↑ Nascimento, Rafael (28 de setembro de 2017). «Prefeitura inicia melhorias na Rocinha». O Dia. Consultado em 4 de novembro de 2017
- ↑ Peixoto, Ari (29 de setembro de 2017). «Homens das Forças Armadas começam a deixar a Rocinha». Jornal Hoje. Consultado em 4 de novembro de 2017
- ↑ «Integração de vans com metrô na Rocinha e Vidigal começa com tarifa de R$ 5 na segunda-feira». Extra. 6 de outubro de 2017. Consultado em 4 de novembro de 2017
- ↑ «Integração de vans e metrô começa neste segunda, na Rocinha». G1. 9 de outubro de 2017. Consultado em 4 de novembro de 2017
- ↑ «Meios e Tarifas». MetrôRio. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Corrida Subida da Rocinha». sports.hurb.com. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Quadra poliesportiva na Rocinha é revitalizada». O Dia. 19 de março de 2023. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Subida da Rocinha levará corredores à comunidade». O Globo. 20 de março de 2023. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ «Hurb dá calote até de cesta básica em corrida beneficente na Rocinha: meio milhão». O Globo. 14 de junho de 2023. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ Dados