Bloqueio do Telegram no Brasil em 2023

 Nota: Para o bloqueio de 2022, veja Ordem de bloqueio do Telegram no Brasil em 2022.

Em 2023, o aplicativo de mensagens Telegram foi bloqueado no Brasil. O bloqueio obteve repercussão internacional.[1][2][3]

Antecedentes editar

Em 2022, o Telegram recebeu uma ordem de bloqueio do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi revogada dois dias depois sob a justificativa de que o aplicativo havia cumprido as determinações judiciais.[4]

No dia 13 de abril, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) já havia pedido para que as plataformas online indicassem o que fariam para combater conteúdos que incitem a violência. Wadih Damous, secretário do órgão, afirmou que o Telegram “tradicionalmente, é de difícil contato”, fala que foi reiterada pelo Ministro da Justiça Flávio Dino.[5][6] Em 20 de abril de 2023, a Polícia Federal do Brasil deu 24 horas para que o Telegram divulgasse todos os dados sobre grupos neonazistas da plataforma, depois que a investigação sobre o ataque a escolas em Aracruz, que deixou quatro mortos, descobriu a interação do assassino, de 16 anos, com grupos com conteúdos antissemitas no aplicativo. Caso contrário, o aplicativo seria suspenso.[7][8] No dia 21 de abril, o Telegram divulgou parte dos dados, mas não forneceu os números de telefone. Em razão disso, no dia 26 de abril, o juiz Wellington Lopes da Silva determinou a suspensão da plataforma e pediu para que as empresas de telefonia Vivo, Claro, Tim e Oi não permitissem o acesso ao app e que o aplicativo fosse removido da App Store e do Google Play. Além disso, foi ampliada a multa aplicada ao Telegram de 100 mil reais para 1 milhão por dia.[4][8][9] Na decisão, o juiz Wellington escreveu que "os fatos demonstrados pela autoridade policial revelam evidente propósito do Telegram de não cooperar com a investigação em curso (relativa a fato em tese criminoso do mais elevado interesse social)".[10]

Furo do bloqueio editar

Partidos como o Partido Liberal (PL) e o Partido dos Trabalhadores (PT), políticos como Carlos (Republicanos-RJ) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Arthur do Val (UNIÃO-SP) e Sergio Moro (UNIÃO-PR) e veículos de notícia, como CNN Brasil, O Antagonista, Sputnik Brasil, Metrópoles, Congresso em Foco e Gazeta do Povo continuaram utilizando seus canais após o bloqueio.[11]

Debloqueio editar

No dia 29 de abril, o juiz federal Flávio Lucas, da 2ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), suspendeu o bloqueio, mas manteve a multa, alegando que a ordem judicial não era razoável por afetar milhares de brasileiros.[12]

Resposta do Telegram editar

No dia 4 de maio, o Telegram respondeu que havia sim enviado os dados pedidos à Senacon sobre o combate a violência no dia 24 de abril, pois a empresa não havia sido incluída no primeiro pedido da secretaria no dia 13, sendo recebido apenas no dia 20. As informações foram encaminhadas no primeiro dia útil após o pedido. A Senacon respondeu que de fato havia cometido o erro, mas que "o Telegram possui um histórico comportamento de não cooperação com as autoridades brasileiras, dos diferentes Poderes da República, em temas sensíveis para a população". Também afirmou que a falta de representação no país dificultou o contato.[5]

Referências

  1. «Telegram suspenso no Brasil». ZAP Notícias. 27 de abril de 2023. Consultado em 29 de abril de 2023 
  2. «Brazil bans Telegram in latest stage of troubled relationship with app». Le Monde (em inglês). 27 de abril de 2023. Consultado em 29 de abril de 2023 
  3. Spigariol, André (26 de abril de 2023). «Brazilian Judge Bans Telegram App Amid School Attacks Inquiry». The New York Times (em inglês). Consultado em 29 de abril de 2023 
  4. a b «Quem executa o bloqueio do Telegram? Veja perguntas e respostas». G1. Consultado em 29 de abril de 2023 
  5. a b «Telegram rebate Dino e nega não ter enviado informações ao governo». CartaCapital. 4 de maio de 2023. Consultado em 5 de maio de 2023 
  6. «Ministério da Justiça reconhece equívoco sobre Telegram». TeleSíntese. 4 de maio de 2023. Consultado em 5 de maio de 2023 
  7. «Justiça intima Telegram e dá 24h para que entregue dados à PF, sob pena de ter o serviço suspenso no Brasil». G1. Consultado em 29 de abril de 2023 
  8. a b «Telegram não entrega dados completos à PF sobre neonazistas, e Justiça determina suspensão da plataforma no país». G1. Consultado em 29 de abril de 2023 
  9. «Telegram: por que o app foi bloqueado no Brasil? Entenda a decisão da Justiça». Exame. 27 de abril de 2023. Consultado em 29 de abril de 2023 
  10. «Telegram fora do ar? Entenda decisão que motivou bloqueio no país». Metrópoles. 27 de abril de 2023. Consultado em 29 de abril de 2023 
  11. «Bloqueio do Telegram é furado por políticos e por partidos». Poder360. 29 de abril de 2023. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023 
  12. «Telegram volta ao ar depois de ser suspenso pela Justiça». Poder360. 29 de abril de 2023. Consultado em 3 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de maio de 2023