Eleições estaduais em Minas Gerais em 1960

As eleições estaduais em Minas Gerais em 1960 aconteceram em 3 de outubro como parte das eleições gerais em nove estados cujos governadores exerciam um mandato de cinco anos.[1] No presente caso foram eleitos o governador Magalhães Pinto, o vice-governador Clóvis Salgado da Gama e o senador Nogueira da Gama.[nota 1][nota 2]

1958 Brasil 1962
Eleições estaduais em  Minas Gerais em 1960
3 de outubro de 1960
(Turno único)
Candidato Magalhães Pinto Tancredo Neves
Partido UDN PSD
Natural de Santo Antônio do Monte, MG São João del-Rei, MG
Vice Ver abaixo Ver abaixo
Votos 760.427 680.539
Porcentagem 50,68% 45,35%
Candidato mais votado por município (485):
  Magalhães Pinto (290)
  Tancredo Neves (194)
  José Ribeiro Pena (1)

Titular
Bias Fortes
PSD

Nascido em Santo Antônio do Monte, o advogado Magalhães Pinto viveu em Formiga e Juiz de Fora até o ingresso no Banco do Estado de Minas Gerais antes de trabalhar junto ao Banco Real no Rio de Janeiro. Presidente da Associação Comercial de Minas Gerais e da Federação de Comércio de Minas Gerais, fez incursões no ramo da siderurgia e assumiu a presidência do Sindicato Nacional dos Exportadores de Ferro e Metais Básicos. Formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, assinou o Manifesto dos Mineiros em oposição ao Estado Novo.[2] Por retaliação foi afastado das atividades que exercia e em 1944 fundou o Banco Nacional.[3] Membro fundador da UDN, elegeu-se deputado federal em 1945 e sob a condição de constituinte assinou a Carta Magna de 1946. Durante a passagem de Milton Campos pelo governo mineiro após as eleições de 1947 foi secretário de Fazenda. Reeleito deputado federal em 1950, 1954 e 1958, assumiu a presidência nacional da UDN no ano seguinte e em 1960 foi eleito governador de Minas Gerais. O mandato de Magalhães Pinto à frente do Executivo mineiro foi marcado pela sua participação na queda do presidente João Goulart e a subsequente instauração do Regime Militar de 1964, o qual apoiou.[3][4][5][nota 3]

Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o médico Clóvis Salgado da Gama nasceu em Leopoldina. Após sua graduação voltou à cidade natal como fundador do jornal Nova Fase. Membro da Aliança Liberal, apoiou Getúlio Vargas à presidência da República, mas em solidariedade ao ex-presidente Artur Bernardes, seu correligionário no Partido Republicano Mineiro, fixou-se na oposição à Era Vargas após a Revolução de 1930. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lecionou também na Universidade de Minas Gerais, onde dirigiu o Hospital das Clínicas. Organizador da Cruz Vermelha em solo mineiro em 1942, filiou-se ao PR nos estertores do Estado Novo e em 1950 elegeu-se vice-governador na chapa de Juscelino Kubitschek. Em 31 de março de 1955 assumiu o governo quando o titular renunciou. Eleito presidente naquele mesmo ano, Kubitschek nomeou Clóvis Salgado da Gama seu ministro da Educação, cargo do qual se afastou para disputar um segundo mandato de vice-governador de Minas Gerais, cargo para o qual foi eleito em 1960.[6]

Por fim houve a convocação de eleições para senador mediante o falecimento de Lima Guimarães.[7] Neste caso o vitorioso foi o advogado Nogueira da Gama. Nascido em Cataguases, formou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi procurador interino no Rio de Janeiro. Após prestar serviços advocatícios ao Banco do Brasil, foi chefe de gabinete de Osvaldo Aranha no Ministério da Fazenda durante o segundo governo Getúlio Vargas. Jornalista e professor, trabalhou em órgãos como a Caixa de Mobilização Bancária e o Conselho Nacional do Petróleo. Eleito deputado federal via PTB em 1954 e 1958, obteve uma vaga de senador em 1960.[8][9]

Resultado da eleição para governador editar

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 1.500.577 votos nominais (86,82%), 157.992 votos em branco (9,14%) e 69.886 votos nulos (4,04%) resultando no comparecimento de 1.728.455 eleitores.[1][nota 4]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Magalhães Pinto
UDN
Ver abaixo
-
-
UDN, PRT, PL
760.427
50,68%
Tancredo Neves
PSD
Ver abaixo
-
-
PSD, PR, PTB, PSB
680.539
45,35%
José Ribeiro Pena
PSP
Ver abaixo
-
-
PSP, PDC, PST
59.611
3,97%
  Eleito

Resultado da eleição para vice-governador editar

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 1.137.412 votos nominais.[1][nota 5]

Candidatos a vice-governador
Candidatos a governador do estado Número Coligação Votação Percentual
Clóvis Salgado da Gama
PR
Ver acima
-
-
PR, PST
500.830
44,03%
San Tiago Dantas
PTB
Ver acima
-
-
PTB (sem coligação)
304.395
26,76%
José Maria Alkimim
PDC
Ver acima
-
-
PDC (sem coligação)
198.028
17,41%
Nelson Thibau
PRT
Ver acima
-
-
PRT (sem coligação)
134.159
11,80%
  Eleito

Resultado da eleição para senador editar

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 1.013.412 votos nominais.[1][nota 5]

Candidatos a senador da República
Primeiro suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Nogueira da Gama
PTB
Ver abaixo
-
-
PTB (sem coligação)
402.005
39,67%
Darci Bessone
PDC
Ver abaixo
-
-
PDC (sem coligação)
244.920
24,17%
Dilermando Cruz
PR
Ver abaixo
-
-
PR (sem coligação)
171.874
16,96%
Lúcio Rennó
PST
Ver abaixo
-
-
PST (sem coligação)
122.872
12,12%
Pedro Gomes de Oliveira
PRT
Ver abaixo
-
-
PRT (sem coligação)
71.741
7,08%
  Eleito

Resultado da eleição para suplente de senador editar

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 517.490 votos nominais.[1][nota 5]

Primeiro suplente de senador
Candidatos a senador da República Número Coligação Votação Percentual
Castelar Guimarães
PTB
Ver acima
-
-
PTB (sem coligação)
309.761
59,86%
Teófilo Pires
PR
Ver acima
-
-
PR (sem coligação)
154.192
29,80%
Acácio Correia Dollabela
PRT
Ver acima
-
-
PRT (sem coligação)
53.537
10,34%
  Eleito

Notas

  1. A saber: Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
  2. Os governadores eleitos em 1947 terminariam seus mandatos no mesmo dia que o presidente Eurico Gaspar Dutra e a partir de então os estados acima fixaram em cinco anos o mandato de seus governadores na ausência de uma vedação constitucional, e assim as eleições ocorriam a cada lustro sendo que Goiás e a recém-criada Guanabara aderiram à regra do quinquênio em 1960.
  3. No que concerne a este artigo esclarecemos o seguinte: as casas bancárias onde Magalhães Pinto receberam denominação contemporânea, mas à época o "Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais" e o "Banco da Lavoura de Minas Gerais" eram antecessores, respectivamente, do Banco do Estado de Minas Gerais e do Banco Real.
  4. Ao todo compareceram às urnas 1.728.455 eleitores (80,35%) enquanto 422.828 se abstiveram (19,65%) totalizando 2.151.283 eleitores inscritos.
  5. a b c Apesar da mixórdia, a composição das coligações segue o exposto nas fontes consultadas.

Referências

  1. a b c d e «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 22 de novembro de 2017 
  2. «CPDOC – A Era Vargas: dos anos 20 a 1945. Manifesto dos Mineiros». Consultado em 22 de novembro de 2017 
  3. a b «CPDOC – A trajetória política de João Goulart: biografia de Magalhães Pinto». Consultado em 22 de novembro de 2017 
  4. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Magalhães Pinto». Consultado em 22 de novembro de 2017 
  5. «Senado Federal do Brasil: senador Magalhães Pinto». Consultado em 22 de novembro de 2017 
  6. «CPDOC – O Governo de Juscelino Kubitschek: biografia de Clóvis Salgado da Gama». Consultado em 23 de novembro de 2017 
  7. Morreu Lima Guimarães (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 20/05/1960. Primeiro caderno, p. 09. Página visitada em 23 de novembro de 2017.
  8. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Nogueira da Gama». Consultado em 23 de novembro de 2017 
  9. «Senado Federal do Brasil: senador Nogueira da Gama». Consultado em 23 de novembro de 2017