Frente do Mediterrâneo (Segunda Guerra Mundial)

Grande teatro de operações durante a Segunda Guerra Mundial

Durante a Segunda Guerra Mundial, a frente do mediterrâneo abrangeu a luta entre os Aliados e as forças do Eixo para conseguir o domínio do Mar Mediterrâneo e países limítrofes. Os combates esporádicos entre a Itália fascista de Benito Mussolini e a Luftwaffe alemã e os submarinos de Adolf Hitler contra a Marinha Real Britânica e a RAF (Força Aérea Real), caracterizaram a frente naval do Mediterrâneo. No sul da Europa, as fracassadas campanhas italianas nos Balcãs, motivaram uma reação alemã, que levou à subjugação das nações dos Balcãs. No norte da África os alemães do Afrika Korps e seus aliados italianos enfrentaram os britânicos pelo controle da Líbia e Egito. A guerra de partisans na Iugoslávia e na Grécia, a conquista aliada do norte da África e a subsequente invasão da Itália em 1943, completam este frente relativamente secundário da guerra.

Frente do Mediterrâneo
Segunda Guerra Mundial

Militares britânicos na Itália, em 1943.
Data 10 de junho de 1940 - 2 de maio de 1945
Local Territórios ao redor do Mar Mediterrâneo
(Norte de África, África Oriental e Europa meridional)
Desfecho Vitória dos Aliados.
Beligerantes
Aliados
 Reino Unido
Etiópia
Polônia
 Checoslováquia
França Livre
Reino da Grécia
(a partir de 1940)
Iugoslávia
(a partir de 1941)
 União Soviética
(a partir de 1941)
Estados Unidos
(a partir de 1941)
Brasil
(a partir de 1942)
Reino de Itália (1943-1945)
República Popular Socialista da Albânia (1944-1945)
Eixo
Alemanha Nazista
Reino de Itália
(1940-1943)
França de Vichy (1940-1942)
Reino da Hungria
(1940-1944)
Bulgária
(1941-1944)
República Social Italiana
(1943-1945)
Comandantes
Reino Unido Harold Alexander
Reino Unido Claude Auchinleck
Reino Unido Andrew Cunningham
Reino Unido Bernard Freyberg
Reino Unido Bernard Montgomery
Reino Unido Archibald Wavell
Reino Unido Henry Maitland Wilson
Estados Unidos Mark Wayne Clark
Estados Unidos Jacob Devers
Estados Unidos Dwight Eisenhower
Jean de Lattre de Tassigny
Philippe Leclerc de Hauteclocque
Alexander Papagos
Dušan Simović
Josip Broz Tito
Alemanha Nazista Hans-Jürgen von Arnim
Alemanha Nazista Johannes Blaskowitz
Alemanha Nazista Walther von Brauchitsch
Alemanha Nazista Albert Kesselring
Alemanha Nazista Walter Kuntze
Alemanha Nazista Wilhelm List
Alemanha Nazista Alexander Löhr
Alemanha Nazista Erwin Rommel
Alemanha Nazista Kurt Student
Alemanha Nazista Heinrich von Vietinghoff
Alemanha Nazista Maximilian von Weichs
François Darlan
Ugo Cavallero
Rodolfo Graziani
Giovanni Messe
Arturo Riccardi

Os combates travados na frente do Mediterrâneo, durante a Segunda Guerra Mundial, podem ser divididos em seis campanhas:

Os países que enviaram quantidades significativas de seus exércitos nesta frente foram: África do Sul, Alemanha, Austrália, Canadá, Croácia, Estados Unidos, França (França Livre e França de Vichy), Grã-Bretanha, Índia, Itália, Nova Zelândia e Polônia. Partidários e partisans na Grécia e Iugoslávia lutaram contra as tropas das forças do Eixo, em termos semelhantes aos de um exército organizado. Tropas do Brasil e outros países da Commonwealth também participaram, embora suas contribuições não tenham sido decisivas. Embora parte da luta tenha acontecido na Albânia, Argélia, Egito, Líbia, Marrocos e Tunísia, as tropas desses países não lutaram ou apoiaram de modo esporádico ou incontínuo.

Origem editar

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Itália juntou-se à Entente Cordiale contra a Alemanha, com a promessa da Grã-Bretanha de receberia as costas ocidentais dos Balcãs. Após a guerra, a Itália reivindicou sua dívida, mas recebeu apenas um pequeno território ao redor da cidade de Trieste. A Itália havia perdido quase meio milhão de homens na guerra e não tinha obtido qualquer benefício com isso. Um débil governo italiano, que não pôde enfrentar os veteranos de guerra que protestavam diariamente nas ruas, e uma grave crise econômica, converteram a Itália em um dos países mais atrasados ​​da Europa, incluindo o seu exército, um fator que trouxe problemas durante a segunda guerra mundial.

Em outubro de 1922, Benito Mussolini marchou junto com cerca de 10 mil camisas negras até Roma, intimidando ao rei Victor Emanuel III, que o nomeou primeiro-ministro.

Imediatamente, Mussolini começou a procurar colônias no norte da África e dos Balcãs, entretanto, ciente de sua própria fraqueza econômica e militar, decidiu dar início a um período de rearmamento e de industrialização, que deveria estar concluído até 1945.

A chegada de Hitler ao poder na Alemanha, forçou uma corrida da Itália para ocupar novas colônias, conquistando a Etiópia em 1936 e a Albânia, em 1939. Mussolini, consciente de que não iria conseguir competir em uma futura guerra, manifestou a Hitler o seu desejo de manter a neutralidade da Itália.

A invasão da Polónia e a Batalha da França, vencidas pela Alemanha, mudaram a opinião de Mussolini, que decidiu declarar guerra aos Aliados em 20 de junho de 1940, lançando uma invasão ao sul da França, que fracassou. Este revés não perturbou o líder italiano, já que ele achava que era uma questão de semanas para que a Grã-Bretanha também caísse, e em seguida, todas as suas possessões coloniais seriam presas fáceis.

Apesar da Grâ Bretanha não ser tomada, o teatro europeu de operações se estabilizou e Mussolini voltou sua atenção para o Norte de África.

Consequências editar

Após a guerra, a economia arruinada semeou o descontentamento no Reino de Itália. O rei Victor Emanuel III caiu em descrédito, ao perder todas as colônias italianas que restavam na África, incluindo a Somália, apenas a Líbia permaneceu sob administração italiana, embora fosse claro que era apenas temporário. O rei abdicou em maio de 1946 em favor de seu filho Humberto II, mas ele governou apenas 33 dias, já que um referendo realizado em 12 de junho converteu a Itália em uma república. Em um tratado assinado em Paris em fevereiro de 1947, a Itália abriu mão de qualquer direito de possuir colônias em todo o mundo, também cedeu todas as ilhas do Mar Adriático que ficavam próximas aos Balcãs para a Iugoslávia, este país também recebeu a península de Ístria, a parte ocidental da atual Eslovénia e o porto de Fiume. A região ao norte de Ístria e Trieste foram colocadas sob administração internacional sob o nome de Território Livre de Trieste até 1952, quando a Itália recebeu parte do território correspondente à atual Província de Trieste e a Iugoslávia tomou o resto. As ilhas do Dodecaneso, sob o domínio italiano desde 1918, foram administradas pela Grã-Bretanha até 1947, quando foram anexados à Grécia sob fortes protestos da Turquia.

A Albânia conseguiu recuperar a sua autonomia e eventualmente se tornou um estado independente sob a liderança do ex-líder partisan Enver Hoxha. Durante a Guerra Fria, a Albânia conseguiu retirar-se do Pacto de Varsóvia sem que isso implicasse em uma aproximação ao bloco ocidental

Apesar de os comunistas do ELAS (do grego: Ellinikós Laikós Apeleftherotikós Stratós; Exército Popular de Libertação Nacional) terem controle sobre mais de 60% da Grécia, em 1944, sob pressão de Stalin e de outros grupos partisans, eles concordaram em formar um governo misto, que logo foi se afastando cada vez mais dos partidos comunistas. Incontentes por serem relegados para um segundo plano, o ELAS reuniu novamente cerca de 100 mil guerrilheiros e iniciou uma nova luta, desta vez contra o exército grego de 90 mil soldados (ver Guerra Civil da Grécia). A ajuda soviética esperado pelos membros da ELAS não foi obtida, já que Churchill e Stalin haviam chegado a um acordo em 1945 deixando a Grécia na zona de influência do bloco ocidental.[1] Sem o apoio soviético, o ELAS foi derrotado em 1949 e a Grécia entrou na OTAN.

Na mesma reunião onde Churchill e Stalin decidiram o destino da Grécia, o destino da Iugoslávia também foi modificado. Na verdade, foi determinado que a Grã-Bretanha e a União Soviética, compartilhassem o domínio político na Iugoslávia, no entanto, quando Tito venceu a eleição em novembro de 1945, proclamou uma nova constituição e logo se tornou ditador. As relações entre Tito e Stalin tensas sempre foram, em 1948, a Iugoslávia foi expulsa do Cominform, e em 1956 promoveu a criação do Movimento dos Países Não Alinhados.

A Líbia foi capaz de obter a sua independência em 1952, enquanto a Tunísia e Marrocos conseguiram em 1956. A Argélia era a mais valiosa das colônias para a França, por isso só depois da Guerra de Independência da Argélia, que este país ficou livre do domínio francês.

Enquanto o Egito era oficialmente independente desde 1922, a interferência contínua do Reino Unido nos assuntos egípcios não terminou até que Gamal Abdel Nasser tomou o poder em 1954.

Referências

  1. Irving, David (2002). The Trail of The Fox. Parforce UK Ltd.. pp. 378.