Linhares (Espírito Santo)

município do Estado do Espírito Santo

Linhares é um município brasileiro no litoral do estado do Espírito Santo, Região Sudeste do país. Localiza-se a norte da capital do estado, distando desta cerca de 130 km. Ocupa uma área de 3 496,263 km², sendo que 39 km² estão em perímetro urbano. Sua população em 2021 era de 179 755 habitantes, posicionando-se então como o sexto município mais populoso do Espírito Santo.

Linhares
  Município do Brasil  
Do topo, em sentido horário: Igrejinha Velha; antigo casarão da Família Calmon; Pontal do Ipiranga; Projeto TAMAR em Regência; Ilha do Imperador na Lagoa Juparanã; Reserva Natural de Linhares; Cachoeira D'Angeli; perímetro urbano de Linhares; Lagoa do Meio.
Do topo, em sentido horário: Igrejinha Velha; antigo casarão da Família Calmon; Pontal do Ipiranga; Projeto TAMAR em Regência; Ilha do Imperador na Lagoa Juparanã; Reserva Natural de Linhares; Cachoeira D'Angeli; perímetro urbano de Linhares; Lagoa do Meio.
Do topo, em sentido horário: Igrejinha Velha; antigo casarão da Família Calmon; Pontal do Ipiranga; Projeto TAMAR em Regência; Ilha do Imperador na Lagoa Juparanã; Reserva Natural de Linhares; Cachoeira D'Angeli; perímetro urbano de Linhares; Lagoa do Meio.
Símbolos
Bandeira de Linhares
Bandeira
Brasão de armas de Linhares
Brasão de armas
Hino
Gentílico linharense[1]
Localização
Localização de Linhares no Espírito Santo
Localização de Linhares no Espírito Santo
Localização de Linhares no Espírito Santo
Linhares está localizado em: Brasil
Linhares
Localização de Linhares no Brasil
Mapa
Mapa de Linhares
Coordenadas 19° 23' 27" S 40° 04' 19" O
País Brasil
Unidade federativa Espírito Santo
Municípios limítrofes São Mateus, Jaguaré, Sooretama, Rio Bananal, Governador Lindenberg, Marilândia, Colatina, João Neiva e Aracruz
Distância até a capital 130 km[2]
História
Fundação 22 de agosto de 1800 (223 anos)[3]
Emancipação abril de 1833 (190 anos)[4]
Administração
Distritos
Prefeito(a) Bruno Marianelli (Republicanos, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total [1] 3 496,263 km²
 • Área urbana (Embrapa/2015) [8] 39,103 km²
População total (estatísticas IBGE/2021) [1] 179 755 hab.
 • Posição ES: 6º
Densidade 51,4 hab./km²
Clima tropical quente úmido (Aw)[6][7]
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010) [9] 0,724 alto
PIB (IBGE/2019) [10] R$ 6 348 137,79 mil
PIB per capita (IBGE/2019[10]) R$ 36 577,10
Sítio www.linhares.es.gov.br (Prefeitura)
www.linhares.es.leg.br (Câmara)

História editar

Origens editar

A vigilância ao tráfico de ouro através do rio Doce deu origem ao Povoado de Coutins, onde, em 1800, foi implantado o quartel militar, com o mesmo nome, que fazia a proteção da navegação do rio Doce. Os índios do grupo botocudo, nação tapuia ou gê, primeiros donos das terras, resistiam tenazmente a qualquer colonização branca na área, até que sucumbiram diante do poderio das armas às suas, sendo que os colonizadores os dizimaram totalmente.

O primeiro povoado foi inteiramente destruído por ataques dos índios botocudos. E em 1809, outro povoado foi levantado no mesmo lugar, recebendo o nome de Linhares, em homenagem a Dom Rodrigo de Sousa Coutinho, o conde de Linhares. O povoado ficava situado num platô em forma de meia-lua, às margens do rio Doce. No leste e no oeste do povoado ficavam situados dois quartéis militares para avisar a população de prováveis ataques dos indígenas: Um quartel estava situado onde hoje é o Bairro Aviso (daí o nome). O outro, localizava-se nas proximidades de onde fica hoje o Colégio Estadual.

Em 1819, foi feita, por ordem de Francisco Alberto Rubim, uma "Vista e Perspectiva do Povoado de Linhares", e nela, vê-se também a primeira igreja, construída sob o patrocínio de Rubim. O povoado foi construído em volta de uma praça quadrada (atual Praça 22 de Agosto), que guarda até hoje seu traçado original. Nessa praça que os índios dançavam e cantavam no passado.

Formação administrativa editar

Em abril de 1833, em execução a uma Provisão de Paço Imperial o povoado é elevado a condição de vila, sendo sede do município do mesmo nome - Linhares - sob a proteção de N. S. da Conceição. Provisão de Paço corresponde, hoje, a um decreto do Presidente da República. Em 22 de agosto do mesmo ano, realizou-se a primeira sessão solene da Câmara de Vereadores do município de Linhares, dando "início a sua vida político-administrativa". Nessa época, o Brasil era império, o Espírito Santo uma província, e era vila, a sede dos municípios; não existindo prefeito, os municípios eram administrados pela câmara de vereadores.

 
Vila de Linhares desenhada pelo imperador Dom Pedro II em 1860

Naquela época toda área da região era coberta pela Mata Atlântica, que aos poucos, e no decorrer de um século, foi devastada dando lugar a povoamentos, pastoreio e agricultura.

O território do município de Linhares abrangia os que são hoje os municípios de Linhares, Rio Bananal, Colatina, Baixo Guandu, Pancas, São Gabriel da Palha, Sooretama e partes de Ibiraçu, Santa Teresa e Itaguaçu.

No final do século XIX, a Vila de Linhares entrou em decadência e o povoado de Colatina, que pertencia ao município de Linhares, conheceu rápido crescimento graças à colonização italiana com o plantio de café e a inauguração dos trilhos da Estrada de Ferro Vitória - Minas. Assim, por decreto de 30 de dezembro de 1921, ficou criado o município de Colatina, englobando a vila e o antigo município de Linhares. Esse fato contribuiu mais ainda com a decadência de Linhares verificada durante os 22 anos seguintes.

Geografia editar

 
Ruínas da Ponte Getúlio Vargas sobre o rio Doce em Linhares

Situa-se a uma latitude 19º23'28" sul e a uma longitude 40º04'20" oeste, estando a uma altitude de 33 metros. Linhares é destaque mundial quando se fala em “água”. Apelidada de “cidade das águas”, a cidade norte capixaba é a cidade que mais possui lagoas na América Latina, chegando a marca de 90 lagoas, dentre elas a maior do Brasil, a lagoa Juparanã e a mais profunda do país, a lagoa das Palmas.[11]

Também na cidade é presente o rio Doce, onde tem o seu encontro com o oceano Atlântico. Além de muitos outros rios. A cidade também é a que mais possui praias em todo Espírito Santo, em um total de mais de 100 km de litoral. Destaca-se que somente em Linhares é presente 84% do total de toda água doce do Espírito Santo.

Clima editar

O clima da região pode ser classificado segundo a classificação climática de Köppen como tropical Aw, apresentando um verão chuvoso e quente e um inverno seco e ameno. O outono e a primavera são estações de transição entre o inverno e o verão e vice-versa. Na primavera começa a umidade do verão e o outono começa a secura do inverno.[7]

Devido à grande modificação da paisagem, principalmente no que concerne às matas, o clima está descaracterizado, havendo ligeira diminuição das precipitações nos meses de inverno, por causa da penetração das massas polares vindas do sul. Antigamente, a vegetação diminuía o ímpeto desta penetração e, agora, nota-se certo desequilíbrio na primavera e verão, quando são alternados os índices de maiores ou menores precipitações. Linhares foi inclusive incluída na Sudene por apresentar períodos consideráveis de estiagem, o que prejudica imensamente a pecuária e a agricultura.

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1970 a menor temperatura registrada em Linhares ocorreu nos dias 1 de junho de 1979 e 11 de agosto de 1997, ambos com mínima de 10 °C, enquanto a maior atingiu 39,1 °C em 25 de fevereiro de 2006. O maior acumulado de precipitação em 24 horas alcançou 200,7 milímetros (mm) em 20 de novembro de 2001. Desde outubro de 2006, a rajada de vento mais forte alcançou 21,9 m/s (78,8 km/h) em 11 de fevereiro de 2020 e o menor índice de umidade relativa do ar (URA) foi de 9%, na tarde de 18 de maio de 2022.[12][13]

Dados climatológicos para Linhares
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 38,2 39,1 38 37,4 35,8 35,3 34,6 33,6 38,5 37,3 37,6 38,8 39,1
Temperatura máxima média (°C) 31,4 31,9 31,6 30,5 28,7 27,6 27 27,4 27,8 28,9 29,2 30,5 29,4
Temperatura média compensada (°C) 26,2 26,3 26,1 25 22,9 21,8 21,1 21,5 22,4 23,9 24,6 25,8 24
Temperatura mínima média (°C) 22,8 22,6 22,4 21,2 19,1 17,5 16,9 17 18,4 20,1 21,3 22,3 20,1
Temperatura mínima recorde (°C) 17,5 18,4 18 14,6 11,2 10 10,1 10 10,2 12,4 15 15,4 10
Precipitação (mm) 156,2 103,9 147,1 106,1 57,7 43,4 49,4 34,5 63,8 95,3 221,1 188,7 1 267,2
Dias com precipitação (≥ 1 mm) 13 10 12 9 8 7 7 6 9 10 13 12 116
Umidade relativa compensada (%) 82,8 81,4 83 83,7 83,6 85 84,8 82 81,9 81,5 83,7 83 83
Horas de sol 203,7 198,5 197,8 193 204,1 188,9 189,2 192 144,2 153,5 143 174,4 2 182,3
Fonte: INMET (normal climatológica de 1981-2010;[14] recordes de temperatura: 1970-presente)[12][13]

Subdivisões editar

Distritos [15]
  • Bagueira
  • Chapadão das Palminhas
  • Chapadão do 15
  • Desengano
  • Farias
  • Guaxe
  • Japira
  • Linhares (sede)
  • Pontal do Ipiranga
  • Povoação
  • Regência
  • São Rafael
Bairros
  • Vila Izabel
  • Canivete
  • Betânia
  • Santa Cruz
  • Jocafe I
  • Jocafe II
  • Planalto
  • Movelar
  • Nova Esperança
  • Linhares V
  • Boa Vista
  • Gaivotas
  • São José
  • Palmital
  • Lagoa do Meio
  • Jardim Laguna
  • José Rodrigues Maciel
  • Novo Horizonte
  • Interlagos
  • Shell
  • Araça
  • Aviso
  • Residencial Rio Doce
  • Alphaville
  • Três Barras
  • Juparanã
  • Nossa Senhora da Conceição
  • Colina
  • Centro
  • Olaria
  • Bebedouro
  • Rio Quartel

Economia editar

 
Lagoa Juparanã
 
Praia de Povoação

Linhares é o 3º. maior produtor de café do Brasil e o maior do Espírito Santo em levantamento de 2018, segundo o IBGE. O município produziu mais de 42 mil toneladas deste mesmo produto, tendo um aumento de 128% em relação aos anos anteriores tendo a maior colheita do município dos últimos 26 anos. A cidade ficou atrás apenas dos municípios mineiros de Patrocínio (82,8 mt) e Três Pontas (43,3 mt).

O município também destaca-se por ser o maior produtor de mamão do estado (como o Espírito Santo é o maior produtor do Brasil, que é o maior exportador de papaia do mundo, então Linhares está entre os maiores exportadores desse fruto para o mundo). Além disso, Linhares destaca-se por sua indústria moveleira, pela produção de álcool, pela produção de cacau, pela produção de confecções e pela produção de petróleo e gás natural. Em Linhares, situa-se a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), uma das maiores unidades de tratamento de gás do país. Ultimamente, a cidade tem recebido grandes investimentos de infraestrutura, devido aos recursos provindos da exploração de petróleo e gás. Isto tem atraído diversas empresas e modificado a economia que, até a década de 1990, tinha forte ligação à atividade agrícola. Linhares tem crescido acima da média estadual e nacional, tanto economicamente quanto populacionalmente. Segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Linhares é a 2ª cidade mais populosa do interior do estado do Espírito Santo, com 169 048 habitantes (IBGE - 2017). Até 2020, a expectativa é de que a população salte para aproximadamente 200 000 habitantes. Devido ao rápido crescimento e desenvolvimento, a cidade tem expandido seu setor imobiliário, que tinham foco voltado somente para a região metropolitana (Grande Vitória). A construção de diversos hotéis e edifícios tem modificado aos poucos o skyline da cidade e, além disso, diversos loteamentos residenciais estão sendo construídos na cidade. A cidade conta com alguns hipermercados e um shopping center, com lojas de grandes marcas, além de cinema e praça de alimentação.

Investimentos em redes hoteleiras vêm mudando o cenário de Linhares nos últimos anos. A cidade vem recebendo nas últimas décadas um elevado número de construções de prédios e condomínios para moradias por toda a cidade, fazendo a cidade sem igual no norte do estado.

Estrutura urbana editar

Transporte aéreo editar

Por Linhares ser uma das principais cidades fora da capital no Espírito Santo e uma das que mais cresce no estado, o governo federal escolheu a cidade, em julho de 2016, para investimentos aéreos no pequeno aeroporto municipal. [carece de fontes?]

O aeroporto deu início às reformas em 2018 e tem como data de inauguração da nova pista prevista para o final de 2019. Possivelmente, contará com voos de carga e voos comerciais diários com destinos inicialmente para Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já com interesses de aéreas como Azul e Gol. [carece de fontes?]

Transporte coletivo editar

A Viação Joana D´Arc é a única empresa que faz as linhas entre o Centro e diversos bairros da cidade, distribuídas em 49 linhas municipais gerenciadas pela prefeitura da cidade e uma linha intermunicipal gerenciada pelo DER-ES (a linha 200 - Linhares x Sooretama). Em 2015. após uma licitação referente ao transporte coletivo da cidade, a empresa vencedora foi novamente a Viação Joana D'Arc, sendo estipulado que a empresa deve ter 25% de sua frota com ar-condicionado (sem alteração no preço da passagem) até o final do ano de 2015, além de localização via GPS de todos os ônibus através de aplicativos.[16] Linhares conta ainda com a empresa Unimar Transportes, que faz diversas linhas entre o centro de Linhares e os distritos da zona rural e as praias do município, e passou fazer itinerários urbanos em 2018, operando a linha do bairro Residencial Rio Doce, localizada na saída para Pontal do Ipiranga.

Aplicativos móveis editar

Linhares dispõe também de transporte de passageiros por aplicativos.

Cultura e lazer editar

Acontece em Linhares na primeira semana de junho a festa de Caboclo Bernardo, herói que salvou 128 marinheiros de um naufrágio na foz do rio Doce, no final do século XIX. Convergem para a Vila de Regência todos os anos tradicionais bandas de Congo do estado com o intuito de prestar homenagens ao herói. [carece de fontes?]

Grupos folclóricos:

  • Banda de Congo de Pedrolândia;
  • Banda de Congo São Benedito, de Regência;
  • Banda de Congo São Benedito, de Povoação;
  • Banda de Congo do Guaxe;
  • Grupo de Folia de Reis de Povoação;
  • Grupo de Folia de Reis de Bebedouro;
  • Grupo de Folia de Reis de Linhares V;
  • Grupo Musical Lira 8 de Dezembro.

Turismo editar

 
Lagoa Monsarás, à esquerda, e Praia de Povoação, à direita.
 
Farol do Rio Doce, no distrito de Regência.

Está localizada no município de Linhares um dos maiores resquícios da Mata Atlântica do Brasil, contando com a Floresta Nacional de Goytacazes, a Reserva Biológica de Comboios, a Reserva Biológica de Sooretama, além da Reserva Natural Vale (maior reserva particular de Mata Atlântica do país). Esta última é o único local onde ainda é encontrada uma árvore rara da Mata Atlântica, a Buchenavia pabstii, em extinção.[17] Devido à sua topografia extremamente plana, Linhares tem 69 lagoas, algumas de grande porte, como a lagoa Juparanã, com 26 km de extensão por até 5,5 km de largura. As lagoas oferecem um importante atrativo turístico, sendo visitadas por milhares de pessoas constantemente.[18]

Linhares é de fácil acesso, pela proximidade da capital (Vitória), dotada de porto e aeroporto.

A cidade é cortada ao meio pela BR-101, a principal rodovia brasileira. Por ter sido planejada, a cidade possui ruas amplas e longas, bem pavimentadas. As quadras são regulares. A cidade, como todo o município, é plana, com pequenas colinas levemente onduladas. Cercada de florestas, o centro da cidade é visitado por pássaros silvestres e outros animais.

Devido aos seus recursos naturais e sua localização, a cidade está em pleno desenvolvimento. As praias (Pontal do Ipiranga, Povoação e Regência) atraem turistas por serem ótimas para a prática de surf, pesca oceânica e tranquilidade junto à natureza. O litoral de Linhares possui a principal unidade do Projeto TAMAR de preservação das tartarugas-marinhas do estado, localizado na Reserva Biológica de Comboios a sete quilômetros da Vila de Regência,[19] por ser um local de reprodução desses animais. O rio Doce, o maior do estado e um dos maiores da Região Sudeste, tem sua foz no município (Praia de Regência) e atravessa a cidade de Linhares. A foz do Rio Doce forma um espetáculo natural que atrai a visita de muitos turistas. Outro atrativo do litoral de Linhares é a Praia de Barra Seca, onde é praticado o naturismo. Na área próxima existe infraestrutura com pousadas para receber os visitantes.

Pontos turísticos editar

Igrejinha velha editar

 
Igrejinha Velha de Linhares

No ano de 1800, o governador da Capitania do Espírito Santo, Antônio Pires da Silva Pontes, subiu o rio Doce, a partir da sua foz. Iniciou-se então a difícil convivência entre os brancos e os índios botocudos (que chamavam o rio Doce de Vatu) que destruíram o primeiro povoado. [carece de fontes?]

Em 1809, o governador Manoel Vieira de Albuquerque Tovar fundou na região uma povoação sobre os escombros do antigo Quartel Coutins e deu-lhe o nome de Linhares, em homenagem a dom Rodrigo de Souza Coutinho, o conde de Linhares. O povoado ficava situado num platô em forma de meia-lua, às margens do rio Doce. No leste e no oeste do povoado ficavam situados dois quartéis militares para avisar a população de prováveis ataques dos indígenas: um quartel situava-se onde hoje é o Bairro Aviso (daí surgiu o nome). O outro localizava-se nas proximidades de onde se encontra o Colégio Estadual atualmente.

Um ano depois, o povoado foi elevado à categoria de paróquia. Em 1813, Linhares recebeu o padre Pedro do Rosário Ferreira.

Em setembro de 1817, foi iniciada a construção da primeira Igreja Católica de Linhares, que recebeu como padroeira Nossa Senhora da Conceição. À época, Linhares contava com 305 moradores.

A capitania do Espírito Santo foi governada entre os anos 1812 a 1819 por Francisco Alberto Rubim.

O governador Rubim foi parabenizado por D. João VI pelos esforços empreendidos em favor do desenvolvimento do Espírito Santo, como: a abertura de estradas, a expansão de lavouras, o incentivo à mineração e o melhoramento das condições de navegação. Rubim também levantou importantes construções no Espírito Santo, como: a Casa de Misericórdia e a reforma do Forte São João. Todas essas melhorias incentivaram a vinda de imigrantes.

Em 1819 é feita, por ordem de Francisco Alberto Rubim, uma “Vista e Perspectiva do Povoado de Linhares” e a construção da primeira igreja, patrocinada por Rubim. O povoado foi construído em volta de uma praça quadrada – atual Praça 22 de Agosto – que mantém até hoje o seu traçado original. Nessa local que os índios dançavam e cantavam no passado.

Em 1825, a Igreja quase foi destruída por um vendaval e os cupins acabaram com seus escombros em 1857.

Em 1859, Francisco Ravara concluiu uma capela, onde, segundo indícios, dom Pedro II participou de uma missa, celebrada em 5 de fevereiro de 1860. Esta igreja, onde hoje é a igrejinha da Rua da Conceição, foi concluída em 1888, sob o nome de “Matriz de Pereira Carvalho”. Nos primórdios da cidade, diversos padres, frades e cônegos passaram pela região. Mas, apenas em 1944, Linhares ganhou um padre que passou a residir no local, o padre Aníbal Ademar Vieira da Cunha.

Questões políticas

Por volta do ano de 1840, Linhares fazia parte de um território tão extenso que encampava os atuais municípios de Colatina, Baixo Guandu, Pancas, São Gabriel da Palha e parte de Ibiraçu, Santa Tereza e Itaguaçu.

A vila, à época chamada “Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Linhares”, foi criada em 21 de agosto de 1833, sendo que a primeira sessão da Câmara de Vereadores aconteceu logo no dia seguinte. Nesta época, Linhares contava com 713 habitantes. Em 1841, Linhares perdeu a condição de vila e passa a pertencer a Colatina. Nestes cerca de 200 anos, Linhares recebeu pessoas ilustres como o Imperador dom Pedro II, em 1860, e o presidente Getúlio Vargas em 1954.

Em 1943, o governador Jones dos Santos Neves sanciona um decreto recriando o município de Linhares e nomeando o primeiro prefeito: Roberto Calmon.

Em 1947, o então prefeito Manoel Salustiano de Souza instituiu o dia 8 de dezembro como feriado municipal por se tratar o Dia da Padroeira. Em 18 de setembro de 1960, o cônego Henrique Zampereti, juntamente com o bispo dom João Baptista da Motta e Albuquerque, lança a pedra fundamental da Igreja Matriz de Linhares, dedicada a Nossa Senhora da Conceição.

 
Praça 22 de Agosto

Praça 22 de Agosto editar

O povoado de Linhares foi construído em volta de uma praça quadrada (atual Praça 22 de Agosto), que guarda até hoje seu traçado original.

A Praça 22 de Agosto fica no coração do circuito histórico de Linhares, em uma área de cerca de 20 mil metros quadrados, berço do processo de civilização do município. Foi ao redor dela, contam os historiadores, que o antigo povoado se desenvolveu, no início do século XIX. A praça mais tradicional do município de Linhares ficou fechada por um período para reforma e foi entregue a população em abril de 2011.

A principal novidade da nova praça fica por conta de uma biblioteca com um acervo de 23 mil livros. O espaço conta com sala de informática, sala para crianças, sala de projeção audiovisual e ambiente climatizado.

A praça também ganhou duas quadras para a prática de esportes como vôlei, handbol, basquete e futsal, além de outra exclusiva para tênis, com piso rápido, todas dotadas de arquibancadas. Há também na praça uma pista para caminhada, playground e espaço para jogos de mesa, como dominó, dama e baralho e uma academia popular aberta ao público.

As áreas verdes e a piscina, resgatam aspectos da velha praça e três esculturas, lembrando um índio, um homem branco e um negro, homenageiam as três raças que estiverem presentes no processo histórico de colonização. D. Pedro I, que em 1860 visitou a cidade, tendo marcado presença, inclusive, no local da praça, ganhou um busto, e uma cruz homenageia os 500 anos do Brasil.

Quem visita o local conta com acesso gratuito à internet, que estão instalados na praça. O espaço conta também com um palco uma concha acústica com 900 metros quadrados para apresentação de shows e outros eventos.

Antigo casarão da família Calmon editar

 
Antigo casarão da família Calmon

O casarão da família Calmon, situado na rua da Conceição, hoje considerado centro antigo da cidade, continua imponente naquela rua, como se desafiasse o tempo. Ao seu lado, de frente e atrás, muita coisa mudou. O velho casarão que pertence ainda à família Calmon, chegou a abrigar um imperador (D. Pedro II) bem como o presidente Getúlio Vargas, algumas semanas antes de seu suicídio.

Do Brasil de outrora, o projeto herdou os beirais curtos que não protegeu as paredes da ação das chuvas. O desenho proporcional da fachada (com o bloco mais alto no centro) e os balaústres rendilhados adornando os janelões mostra que o projeto fez muito sucesso no início do século passado, quando foi erguido por aqui. O legado português se faz notar ainda na moldura das janelas e nas cornijas (arremates dos beirais).

No período colonial, os colonizadores importaram as correntes estilísticas da Europa à colônia brasileira, adaptando às condições materiais e sócio-econômicas locais. Em Linhares não foi diferente e logo a construção ganhou fama pelo estilo renascentista.

Encontram-se no Brasil edifícios coloniais com traços arquitetônicos renascentistas, maneiristas, barrocos, rococós e neoclássicos, porém a transição entre os estilos se realizou de maneira progressiva ao longo dos séculos e a classificação dos períodos e estilos artísticos do Brasil colonial é motivo de debate entre os especialistas.

Projeto Linha Verde editar

 
Projeto Linha Verde Linhares localizado no bairro Palmital.

A Linha Verde é um dos principais cartões postais de Linhares, e está localizada na área central e urbana da cidade no bairro Lagoa do Meio, região de entreposto de pesca comunitária. O espaço é propício para o lazer da família, seu principal atrativo é a prática de atividades físicas, como caminhadas e cooper, passeios de bicicleta, e também piquenique já que na lagoa há um calçadão em seu entorno com uma extensa área verde. É visitada principalmente pelos próprios moradores que têm o privilégio de morar perto dessa beleza natural.

Várias pessoas tem o hábito de alimenta com pães, os peixes que existem na lagoa (é importante preservar, evitando jogar lixo na lagoa). A Linha Verde favorece a realização e programação de brincadeiras ao ar livre com as crianças. Próxima dos bairros Palmital, José Rodrigues Maciel, Jardim Laguna e BNH, a Linha Verde é um dos locais mais interessantes da cidade linharense.

Esportes editar

No futebol profissional, a cidade é representado pelo Linhares Futebol Clube. Atualmente, o Linhares atua na Série B do Campeonato Capixaba, porém promovido à Série A em 2020.[20] Os clubes linharenses conquistaram cinco vezes o Campeonato Capixaba da Série A, o extinto Linhares Esporte Clube foi campeão quatro vezes na década de 1990 e o Linhares Futebol Clube conquistou um título em 2007.

Os dois estádios que a cidade possuía com condições para receber partidas de futebol profissional foram demolidos para construção de supermercados: o Estádio Guilhermão e o Estádio Joaquim Calmon, demolidos em 2003 e 2018, respectivamente.[21]

Linhares destaca-se também por diversas categorias desportivas com ênfase para o handebol masculino e feminino, exportador de talentos para a seleção brasileira como o atleta revelação Vinícius Santos Teixeira.

Ver também editar

Referências

  1. a b c Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «Linhares». Consultado em 16 de setembro de 2022. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2022 
  2. Incaper 2020, p. 6
  3. A Gazeta (20 de agosto de 2021). «Linhares faz 221 anos com revista especial em A Gazeta». Consultado em 16 de setembro de 2022. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2022 
  4. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «História - Linhares». Consultado em 16 de setembro de 2022. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2022 
  5. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (9 de setembro de 2013). «Linhares - Unidades territoriais do nível Distrito». Consultado em 16 de setembro de 2022. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2022 
  6. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «Brasil - Climas». Biblioteca IBGE. Consultado em 16 de setembro de 2022. Arquivado do original em 12 de outubro de 2013 
  7. a b Incaper 2020, p. 17–18
  8. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). «Áreas Urbanas no Brasil em 2015». Consultado em 16 de setembro de 2022 
  9. Atlas do Desenvolvimento Humano (29 de julho de 2013). «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil» (PDF). Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Consultado em 26 de agosto de 2013. Arquivado do original (PDF) em 8 de julho de 2014 
  10. a b Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2019). «Produto Interno Bruto dos Municípios - 2019». Consultado em 16 de setembro de 2022. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2022 
  11. [1]
  12. a b Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). «Banco de dados meteorológicos». Consultado em 22 de outubro de 2020 
  13. a b INMET. «Estação: LINHARES (A614)». Consultado em 22 de outubro de 2020 
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Bibliografia editar

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