Samarra (em árabe: سَامَرَّاء‎; romaniz.:Sāmarrā) é uma cidade no Iraque. Ela está localizada na margem oriental do rio Tigre, na província de Saladino, a 125 quilômetros ao norte de Bagdá.

Samarra

Sāmarrā • سَامَرَّاء‎

  Cidade  
Grande Mesquita de Samarra, com seu famoso minarete espiral
Grande Mesquita de Samarra, com seu famoso minarete espiral
Grande Mesquita de Samarra, com seu famoso minarete espiral
Localização
Samarra está localizado em: Iraque
Samarra
Localização de Samarra
Coordenadas 34° 11' 54" N 43° 52' 27" E
País Iraque
Província Saladino
Características geográficas
 • População estimada (2003) 348 700
Cidade arqueológica de Samarra 

O Grande Minarete de Samarra

Critérios (ii)(iii)(iv)
Referência 276 en fr es
País Iraque
Histórico de inscrição
Inscrição 2007 (em perigo:2007)

Nome usado na lista do Património Mundial

Escritores muçulmanos medievais acreditavam que o nome "Samarra" deriva da frase árabe "Sarra man ra’a" (em árabe: سر من رأى), que pode ser traduzida como "uma alegria a todos que a veem". Quando a cidade entrou em declínio, o nome teria mudado para "Sa'a man ra’a" (em árabe: ساء من رأى), "Uma tristeza a todos que a veem"). Com o tempo, os dois nomes se fundiram na forma atual "Samarra" (em árabe: سامَرّاء).

Em 2007, a UNESCO classificou o sítio arqueológico da Cidade arqueológica de Samarra como Patrimônio Mundial da Humanidade.[1][2] A Grande Mesquita do século IX e o seu Grande Minarete espiralado estão entre os numerosos monumentos do sítio, 80% dos quais permanecem sem ser escavados.[3][4]

História editar

Cidade antiga editar

Os restos da antiga Samarra foram escavados pela primeira vez entre 1911 e 1914 pelo arqueólogo alemão Ernst Herzfeld. Desde 1946, os diários, cartas, relatórios não publicados da escavação e fotografias estão preservados na Galeria de Arte Freer, em Washington, D.C., nos Estados Unidos.

Embora o sítio arqueológico coberto por ruínas de tijolos seja enorme, o local foi ocupado de maneira esparsa nos tempos antigos, com exceção da calcolítica Cultura de Samarra (ca. 5500–4800 a.C.) identificada no rico sítio de Tell Sawwan, onde evidências de irrigação - incluindo cultivo do linho - confirma a presença de uma próspera cultura gregária com uma estrutura social bastante organizada. Esta cultura é conhecida principalmente por sua fina olaria, decorada em fundo queimado com figuras estilizadas de animais, pássaros e desenhos geométricos. Este tipo de olaria, amplamente exportado, um dos primeiros estilos relativamente uniformes e distribuídos por todo o Antigo Oriente Médio, foi reconhecido primeiramente em Samarra. A Cultura de Samarra foi a precursora da cultura mesopotâmica do período ubaida.

Antigos topônimos para Samarra relatados pelo Samarra Archaeological Survey são o grego Suma (Ptolemeu V.19; Zósimo III, 30), latim Sumere, um forte mencionado durante a retirada do exército de Juliano, o Apóstata em 364 d.C. (Amiano Marcelino XXV, 6, 4) e o siríaco Sumra (Hoffmann, Auszüge, 188; Miguel, o Sírio, III, 88), onde aparece como um vilarejo.

A possibilidade de uma população maior surgiu a partir da abertura do Qatul al-Kisrawi, a extensão norte do canal de Naravã, que desvia água do Tigre na região de Samarra, atribuído por Iacute de Hama (Mu`jam, no capítulo "Qatul") ao Cosroes I (r. 531–578). Para celebrar o final deste projeto, uma torre comemorativa (atual Burje Alcaim) foi construída na enseada sul e um palácio com um "paraíso" (uma reserva de caça cercada) na enseada norte (atual Nahr al-Rasasi) perto de al-Daur. Um canal suplementar, o Qatul Abi al-Jund, escavado pelo califa abássida Harune Arraxide, teve a sua finalização comemorada com a construção de uma cidade planejada na forma de um octógono regular (atual Husn al-Qadisiyya), chamada "al-Mubarak" e abandonada, incompleta, em 796.

Capital abássida editar

 
Mesquita de Alascari antes dos atentados
 Ver artigo principal: Anarquia em Samarra

Em 836, os soldados escravos turcos do Califado Abássida - conhecidos como gulans na época, antecessores dos mamelucos — agitaram a população de Bagdá, provocando revoltas. Por isso, o califa Almotácime resolveu mudar-se com a corte de Bagdá para a nova cidade de Samarra.

Neste período, o povoado original, pré-muçulmano, foi suplantado por uma nova cidade, fundada em 833. Samarra permaneceria a capital do Califado até 892, quando a corte, sob Almutadide, retornou para Bagdá. O sucessor de Almotácime, Aluatique, transformou a cidade num centro comercial, tendência que continuou sob o califado de Mutavaquil, que patrocinou a construção da Grande Mesquita de Samarra, com seu famoso minarete espiral (malwiyah), construído em 847. Ele também construiu parques e um palácio para seu filho Almutaz.

O patriarca nestoriano Sargis (r. 860–872) mudou a sede do patriarcado da Igreja do Oriente de Bagdá para Samarra e um - ou dois - de seus sucessores também possivelmente permaneceram ali, próximos da corte.[5] Após o período conhecido como "anarquia em Samarra", o califa Almutadide mudou-se com a corte novamente para Bagdá e Samarra entrou num longo período de declínio (que se acelerou após o século XIII, quando o traçado do Rio Tigre mudou).

Importância para os muçulmanos editar

É em Samarra que está a Mesquita de Alascari, que abriga os mausoléus de Ali Alhadi e Haçane Alascari, respectivamente o décimo e o décimo-primeiro imames xiitas, além do santuário de Mádi, o chamado "Imame Secreto", que é o décimo-segundo e o último imam dos xiitas duodecimanos. Este fato tornou o local um importante centro de peregrinação. Além disso, Hakimah Khatun e Narjis Khatun, parentas do profeta Maomé e dos imames xiistas, tidas em alta estima por muçulmanos xiitas e sunitas, estão enterradas lá, o que só aumenta o caráter sagrado do local para todos os muçulmanos.

Período contemporâneo editar

 
Mesquita de Alascari após o atentado de 2006; em 2007, um novo atentado destruiu os dois minaretes

Embora Samarra seja famosa por seus lugares sagrados para os xiitas, incluindo o túmulo de diversos imames, a cidade é majoritariamente sunita, o que foi origem de conflitos, principalmente após a Invasão do Iraque de 2003. Em 22 de fevereiro de 2006, a cúpula dourada da Mesquita de Alascari foi destruída num atentado, iniciando um período de revoltas e ataques retaliatórios por todo o país, causando centenas de mortes. Nenhuma organização assumiu a responsabilidade pelo ataque.

Em 13 de junho de 2007, insurgentes, supostamente membros da Alcaida, atacaram novamente a mesquita e destruíram os dois minaretes que ladeavam o domo destruído. Em 12 de julho de 2007, a torre do relógio foi explodida, sem fatalidades. O clérigo xiita Muqtada al-Sadr incitou demonstrações pacíficas e pediu três dias de luto. Ele afirmou que acreditava que nenhum árabe sunita poderia estar por trás do ataque. A mesquita e os minaretes estão fechados desde o atentado de 2006 e um estado de sítio por período indefinido vigora na cidade.[6][7]

Referências

  1. «Unesco names World Heritage sites». BBC News. 28 de junho de 2007. Consultado em 23 de maio de 2010 
  2. Unesco
  3. DN Notícias — Destruída a Mesquita de Samarra
  4. DN Notícias — UNESCO vai reconstuir o santuário de Samarra
  5. Mari, 80–1 (árabe), 71–2 (latim)
  6. Qassim Abdul-Zahra (13 de junho de 2007). «Iraqi police say famous shrine attacked». Associated Press 
  7. «Blast hits key Iraq Shia shrine». BBC. 13 de junho de 2007. Consultado em 21 de abril de 2012 
 
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