Usuário(a):Aacj03/História do Metrô do Rio de Janeiro

História editar

Antecedentes editar

O primeiro projeto para o metrô carioca que se conhece foi concebido no início da década de 1930, por uma comissão especial criada para analisar a situação dos transportes coletivos no então Distrito Federal.

Em um breve artigo de quatro páginas publicado na primeira edição da Revista Municipal de Engenharia, em julho de 1932,[1] a comissão mostra como a eletrificação das linhas de bonde permitiu um grande crescimento populacional em regiões mais afastadas da área central da cidade, e como o próprio sistema de bondes já não dava conta de transportar tanta gente.

Para sanar o problema, a comissão propõe a construção de uma linha principal de metrô, com 20 estações, ligando Botafogo ao Maracanã e passando pelo Centro, num trajeto bastante parecido com a atual Linha 1.

Outros projetos surgiram nas décadas seguintes, como o Plano Metroviário da Cia. Carris de Bondes – Light em 1947. O projeto que sairia do papel só seria feito em 1968, por uma equipe de especialistas alemães, com as obras começando na década de 1970.

Anos 70 editar

 
Trem do metrô do Rio em 1979.

As obras do trecho inicial Metrô Rio duraram 9 anos. Em 5 de março de 1979, iniciaram-se as operações do Metrô do Rio de Janeiro. Àquela altura o sistema, com extensão de 4,3 km, era composto apenas pela Linha 1, então com 5 estações: Praça Onze, Central, Presidente Vargas, Cinelândia e Glória.[2]

Apesar do horário de funcionamento reduzido, de 9h às 15h, nos primeiros 10 dias de operação o sistema trasportou mais de 500 mil pessoas, com uma média diária de quase 600 mil passageiros. A estação mais movimentada era a Cinelândia, que respondia por cerca de um terço do movimento.[2]

 
Estação Cinelândia, uma das cinco que fazem parte do primeiro trecho do metrô fluminense

Nos primeiros meses o metrô funcionou com 4 trens com 4 vagões cada, em intervalos médios de 8 minutos. A operação, restrita aos dias úteis, foi ampliada para o sábado e para até as 23 horas a partir de dezembro do mesmo ano.[2]

Anos 80 editar

Em 1980 foi inaugurada a primeira expansão da malha. A Estação Estácio prolongou o sistema rumo ao norte, enquanto a Estação Uruguaiana - Engenheiro Fernando MacDowell foi construída em uma região onde o metrô já passava, a fim de aliviar as demais estações da região central da cidade.[2]

As duas novas estações e o horário ampliado no final do ano anterior fizeram com que o sistema começasse a apresentar superlotação, obrigando o metrô a ampliar o número de vagões em cada composição de 4 para 6.[2]

No início do ano seguinte, em janeiro de 1981 a maior e mais movimentada estação do sistema foi concluída e aberta ao público. A Estação Carioca recebe atualmente cerca de 80 mil passageiros por dia.[2]

Também foi concluída a primeira ampliação da malha rumo à Zona Sul: as estações Catete, Morro Azul (hoje rebatizada de Flamengo) e Botafogo.[2]

Em novembro do mesmo ano a Linha 2 foi inaugurada, levando o metrô da Estação Estácio, no Centro, para a Zona Norte. O primeiro trecho da segunda linha era composto pelas estações São Cristóvão e Maracanã, situada em frente ao lendário estádio de futebol. [2]

 
Um vagão antigo do Metrô Rio, do primeiro lote de trens com as cores próximas das originais, fabricados pela Mafersa. Este carro de interior bege e laranja possuía todos os bancos laranjas, exceto os destinados a idosos, gestantes e pessoas com crianças de colo, que eram pintados de verde. Mais tarde a cor dos bancos especiais foi padronizada como laranja em todos os vagões.

Um mês depois foi aberta na Linha 1 a estação Largo do Machado, no bairro do Catete, outra região por onde o metrô já passava mas que não dispunha de estação. Em 1982 foram inauguradas ainda as estações Afonso Pena, São Francisco Xavier e Saens Peña, todas na região da Tijuca.[2]

No ano seguinte, com o objetivo de permitir a conclusão de alongamento da Linha 2, ela passou a funcionar em horário reduzido, de 6h às 14h. Desse horário até as 20h o serviço foi substituído por um sistema de ônibus gratuitos entre as estações Estácio e Maracanã.[2]

Ainda em 1983 foram inauguradas as estações Maria da Graça, Del Castilho (hoje rebatizada de Nova América/Del Castilho), Inhaúma e Irajá. Havia baldeação em Maria da Graça. Como no momento do início da operação comercial o trecho não estava totalmente concluído, foi implantado o chamado "Pré-Metro", um sistema de trens não articulados que levavam os passageiros até a estação Maracanã, onde embarcavam no metrô propriamente dito.[2]

O trecho funcionou com Pré-metrô até 1984 quando passou a funcionar completamente. Cinco trens faziam viagens com intervalos de cerca de 6 minutos.[2] As composições da Linha 2 na época eram pequenas, compostas por apenas dois vagões, e operavam sem ar-condicionado.

Após quase quatro anos sem novas estações, foi inaugurada em 1988 na Linha 2 a Estação Triagem, integrada com a estação de mesmo nome da SuperVia. Foi criado o cartão Bilhete Único RJ que poderia ser utilizado tanto no metrô quanto no trem, embora sem integração tarifária.[2]

Anos 90 editar

 
Mapa com previsão da Rede do Metrô do Rio de Janeiro em 1990.

Depois de mais 3 anos sem inaugurações foi aberta em 1991 a Estação Engenho da Rainha e, apenas 5 anos depois, em 1996, as estações Thomaz Coelho e Vicente de Carvalho. As três fazem parte do trecho da Linha 2 entre Nova América e Irajá, onde a linha passava mas não havia paradas.[2]

Em 1997 foi realizada pela primeira vez a operação especial de Carnaval. No mesmo ano o governo estadual realizou a concessão do sistema. Em 19 de dezembro daquele ano, na Bolsa de Valores do Rio, o Consórcio Opportrans, venceu a concorrência para operar a malha, através da empresa MetrôRio.[2][3]

 
Estação Colégio, uma das cinco estações da Linha 2 (verde) inauguradas em 1998

Em 1998, 16 anos após sua última expansão, a Linha 1 voltou a crescer, desta vez em direção à Zona Sul. Foi inaugurada a Estação Cardeal Arcoverde, no tradicional bairro de Copacabana, marcando o início do uso do metrô como um dos principais meios de acesso às praias cariocas.[2]

Entre agosto e setembro do mesmo ano a Linha 2 ganhou uma expansão de grandes proporções. Foram inauguradas as estações Colégio, Coelho Neto, Engenheiro Rubens Paiva, Acari/Fazenda Botafogo e Pavuna, esta última próxima ao limite entre o município do Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense.[2]

No ano de 1999 é realizada a primeira operação especial do reveillon.[3]

Anos 2000 editar

O início dos anos 2000 foi marcado pela integração do metrô com outros modais. Já no ano 2000 começou a funcionar o bilhete de integração tarifária do metrô com os trens da SuperVia. Dois anos depois, em 2002, começou a funcionar a extensão do sistema através de ônibus, o chamado Metrô na Superfície. Inicialmente os carros partiam da estação final do sistema, a Cardeal Arcoverde, até a Praça General Osório, no bairro de Ipanema.[3]

 
Veículo do Metrô na Superfície em frente a estação Ipanema/General Osório, extensão do metrô na Zona Sul

Em março de 2003 a Estação Siqueira Campos, a segunda no bairro de Copacabana, é concluída. A extensão Metrô na Superfície passa ter um novo traçado: sai agora da nova estação para o campus da PUC-Rio, no bairro da Gávea, passando por Ipanema e Leblon.[3]

Em 2004, cerca de 25 anos após o início de suas operações, o metrô carioca passa a funcionar também aos domingos. Até 2005 foi implantada ainda a Integração Expressa com a criação de 12 linhas de ônibus que partem de estações metroviárias rumo a bairros próximos não atendidos pelo metrô. Os sistema tem integração tarifária: o passageiro paga a passagem do metrô, R$3,50, e mais um adicional de R$1,05 pela extensão. Os bairros atendidos pelo sistema são Urca, São Cristóvão, Cajú, Cosme Velho, Vila Isabel, Andaraí, Usina, Grajaú, Muda e Cidade Universitária. Além disso o sistema também da acesso à Rodoviária Novo Rio.[3][4]

 
Estação Botafogo

Atendendo a lei estadual lei 4.733/06 aprovada pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, no dia 24 de abril de 2006 o metrô passa adotar vagões exclusivos para as mulheres.Pintados da cor rosa, eles não podem ser utilizados pelos homens nos dias úteis das 6h às 9h e das 17h às 20h. Tem como objetivo evitar o assédio sexual.[5]

Em 2007 foi inaugurada a Estação Cantagalo, a terceira de Copacabana e duas novas extensões de ônibus foram criadas. A segunda linha do Metrô na Superfície, da Estação Botafogo à PUC-Rio passando pelos bairros de Humaitá e Jardim Botânico e a Barra Expresso, ligando a Estação Siqueira Campos à região da Barra da Tijuca, passando por Ipanema, Leblon e São Conrado. O Expresso tem tarifação semelhante a da Integração Expressa, enquanto o Metrô na Superfície cobra apenas a tarifa simples do metrô.[6][3]

Em dezembro naquele ano a concessão do sistema à empresa MetrôRio foi renovada por mais 20 anos. Como contrapartida a empresa teria que fazer uma série de investimentos que somariam cerca de R$1,5 bilhão para melhoria do sistema. Entre as medidas iniciais postas em prática ainda em 2008 esteve a mudança nos itinerários do Metrô na Superfície, para coincidência das paradas finais em um único terminal na PUC-Rio, além de modernização e conclusão dos sistemas de navegação. O projeto fazia parte do programa Metrô no Século XXI, que incluía ainda outra ações executadas pelo estado[7][3]

No último ano da década é concluída e inaugurada a Estação Ipanema/General Osório, terminal da Linha 1 e para ela são transferidas as extensões Metrô na Superfície e Barra Expresso que partiam da Siqueira Campos.[3]

Anos 2010 editar

Em 2010 é inaugurada a Linha 1A, prevista no projeto Metrô no Século XXI. A obra foi executada pela MetrôRio e inaugurada em novembro de 2010 sendo uma ligação entre as estações São Cristóvão, da Linha 2 e Central, com a construção de uma estação intermediária em frente a Prefeitura do Rio de Janeiro, a Estação Cidade Nova.[3]

 
Carro na estação Cidade Nova, que só funciona durante os dias úteis

Os trens da Linha 2 passaram, durante a semana, seguir pelo novo trecho, que não passa pela Estação Estácio, antiga ligação entre as duas linhas, e seguir pelos trilhos da Linha 1 até a Estação Botafogo, trecho de maior demanda de passageiros. Apenas nos fins de semanas é que o caminho antigo continua sendo usado, com baldeação entre as linhas em Estácio, e com a Cidade Nova inoperante.[8][3]

Em 2010 foram iniciadas as escavações da Linha 4. Feita através de uma Parceria Público-Privada a linha, que deve ser entregue até dezembro de 2015 para funcionar plenamente em 2016 ligará a Estação Ipanema/General Osório, atualmente terminal da Linha 1 à região da Barra da Tijuca, principal local a receber os jogos.[9]

Em 2011 foi iniciada a última obra prevista no programa, a construção da Estação Uruguai, novo terminal da Linha 1, no bairro da Tijuca. A construção ficou a cargo do Governo do Estado do Rio de Janeiro e utilizou túneis já existentes, em uma região chamada de "rabicho da Tijuca". Inaugurada em 15 de março de 2014. [10][11]

Ainda naquele ano, o governo estadual anunciou a construção da Linha 3, que seguirá inicialmente pelos municípios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A promessa inicial era que a nova linha fosse concluída até 2014, no entanto problemas nos projetos fizeram com que a construção sofresse sucessivos adiamentos e ainda não tenha sido começada. O contrato para o financiamento do projeto pelo Governo Federal foi assinado em setembro de 2013.[12][13][14]

Em abril de 2014 o Metrô Rio anunciou que estenderá o serviço metroviário até o bairro de Méier, e o governo do estado publicou o edital da construção da linha Gávea-Carioca do metrô, cujas obras são previstas para começar no início de 2017, após a da Linha 4 ter sido completamente concluída.

Em março de 2017 é inaugurada a conexão direta entre os terminais Uruguai e Jardim Oceânico, eliminando a necessidade de transbordo de passageiros que embarcaram na Zona Norte e seguem viagem em direção à Barra na estação General Osório. Segundo a concessionária, isso elimina dez minutos da viagem. Encontra-se em estudo a ampliação da linha 2 até o terminal General Osório, que deve ser implementada ainda no segundo semestre do ano.[15]

A Linha 2 e o Lote 29 (Estácio - Carioca - Praça XV) editar

Desde os primeiros projetos do metropolitano carioca, a Linha 2 chegaria à Praça XV mas desde sua inauguração em 1981 a mesma só foi expandida na direção norte, enquanto o pouco que faltava na direção centro foi esquecido. Em 1989 houve uma tentativa de retomar a expansão para o centro, mas pouco foi feito após a Estação Estácio, e logo após a mesma a Linha 2 original contaria também com as estações Praça da Cruz Vermelha, Carioca e Praça XV.

Em 2015, um grupo de estudiosos sobre a história do metrô teve autorização para visitar a plataforma abandonada há quase 30 anos da estação Carioca, plataforma esta que serviria à linha 2. Dias depois, o então secretário de transportes da cidade confirmou que as obras do conhecido como lote 29 seriam enfim retomadas em 2017, finalmente concluindo a linha 2 conforme planejada décadas antes. Esse novo trecho conterá as estações Estácio (a estação voltaria a receber os trens da linha 2), Catumbi, Praça da Cruz Vermelha, Carioca e Praça XV.[16][17]

  1. «Os transportes collectivos no Districto Federal» (PDF) 1ª ed. Revista da Directoria de Engenharia: 17–20. Julho de 1932. Consultado em 16 de abril de 2018 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q «A Empresa - Sobre o metrô». MetrôRio. Consultado em 5 de fevereiro de 2014 
  3. a b c d e f g h i j «A Empresa - Concessão». MetrôRio. Consultado em 5 de fevereiro de 2014 
  4. «Integração Expressa». MetrôRio. Consultado em 7 de fevereiro de 2014 
  5. Carolina Monteiro (24 de março de 2010). «No Rio, vagão feminino é aprovado pelas usuárias». Jornal do Brasil. Consultado em 13 de fevereiro de 2014 
  6. «Expresso Barra». MetrôRio. Consultado em 7 de fevereiro de 2014 
  7. Concessão Metroviária do Rio de Janeiro S/A. «Resumo das Principais Premissas do "Metrô no Século XXI"» (PDF). Revista Ferroviária. Consultado em 7 de fevereiro de 2014 
  8. «Metrô Rio inaugura a estação Cidade Nova». R7. 1º de novembro de 2010. Consultado em 7 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 20 de setembro de 2016 
  9. «Tatuzão da Linha 4 do metrô no Rio começa a operar em Ipanema». Portal Terra. 23 de dezembro de 2013. Consultado em 15 de março de 2014 
  10. «Metrô antecipa inauguração da Estação Uruguai para março de 2014». Concessão Metroviária do Rio de Janeiro S/A. 5 de julho de 2013. Consultado em 15 de outubro de 2013 
  11. «Estação Uruguai: preparativos na reta final». MetrôRio. Consultado em 9 de fevereiro de 2014 
  12. «Governo do estado promete construir linha intermunicipal do metrô até 2014». O Globo. 6 de setembro de 2011. Consultado em 15 de outubro de 2013 
  13. «Linha 3 do metrô: obras devem começar em janeiro de 2013». O Globo. 25 de abril de 2012. Consultado em 15 de outubro de 2013 
  14. Amanda Raiter (7 de julho de 2013). «Agora é a vez da Linha 3 do metrô». O Dia. Consultado em 15 de outubro de 2013 
  15. «Metrô Rio elimina baldeação entre as linhas 1 e 4 a partir deste sábado». G1. Consultado em 25 de março de 2017 
  16. G1. «Obras de ampliação da linha 2 do metrô começam em 2017, diz governo». 18 de novembro de 2015. Consultado em 19 de Novembro de 2015 
  17. O Dia. «Rio tem uma estação fantasma do metrô pronta há mais de três décadas». 17 de novembro de 2015. Consultado em 19 de Novembro de 2015