Arquitetura eclética

estilo de arquitetura
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A expressão arquitetura eclética (AO 1945: arquitectura ecléctica) refere-se a um período de transição da arquitetura predominante desde meados do século XIX até as primeiras décadas do século XX.

A eclética Estação da Luz em São Paulo
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Em arquitetura, o ecleticismo é a mistura de estilos arquitetônicos do passado para a criação de uma nova linguagem arquitetônica. Apesar de que sempre há existido alguma mistura de estilos durante a história da arquitetura, a expressão "arquitetura eclética" é usada em referência aos estilos surgidos durante o século XIX que exibiam combinações de elementos que podiam vir da arquitetura clássica, medieval, renascentista, barroca e neoclássica. Assim, o ecletismo se desenvolveu ao mesmo tempo e em íntima relação com a chamada arquitetura historicista, que buscava reviver a arquitetura antiga e gerou os estilos "neos" (neogótico, neorromânico, neorrenascença, neobarroco, neoclássico etc.). Do ponto de vista técnico, a arquitetura eclética também se aproveitou dos novos avanços da engenharia do século XIX, como o que possibilitou construções com estruturas de ferro forjado.

Uma das grandes influências da arquitetura eclética foi a arquitetura praticada na Escola de Belas Artes (École des Beaux Arts) de Paris, então a cidade mais importante no campo das artes. O chamado estilo "Beaux-arts", muito ornamentado e imponente, que mesclava o renascimento, o barroco e o neoclassicismo, foi influência obrigatória por todo o mundo ocidental. Entre as realizações mais grandiosas da arquitetura acadêmica parisiense, contam-se a Ópera de Paris (1861-1875), de Charles Garnier; o Grand Palais (1897-1900); o Petit Palais (1896-1900); e a Gare d'Orsay (1898).

Além do uso e mistura de estilos estéticos históricos, a arquitetura eclética, de maneira geral, se caracterizou pela simetria, busca de grandiosidade, rigorosa hierarquização dos espaços internos e riqueza decorativa.

Variações do estilo eclético editar

Pode-se distinguir ao menos três correntes principais do ecletismo, em termos de princípios arquitetônicos: a da composição estilística, a do historicismo tipológico, e a dos pastiches compositivos.[1]

Quanto aos estilos, podem ser citados durante o proto-ecletismo, dois revivalismos, o neoclassicismo e o neogótico. Depois, durante o ecletismo propriamente dito, vieram o neogrego, neorromano, neorrenascimento, neobarroco, neogótico (enquanto estilo em si, não revivalismo), neorromânico, neoegípcio, neomourisco, neoindiano.[2] Outros estilos associados incluem o pitoresco (chalés, bangalôs),[3] o art nouveau e o neocolonial.[4]

No Brasil editar

 Ver artigo principal: Ecletismo no Brasil

No Brasil, a arquitetura eclética foi uma tendência dentro do chamado academicismo propagado pela Academia Imperial de Belas Artes e pela sua sucessora, a Escola Nacional de Belas Artes, ao longo do século XIX. Assim, o ensino arquitetônico acadêmico no Rio de Janeiro, que, inicialmente, privilegiou o neoclassicismo, mais tarde adotou o ecletismo de origem europeia. Em paralelo, surgiram instituições artísticas em outros lugares do Brasil também comprometidas com a arquitetura eclética, como o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Em São Paulo, o ecletismo arquitetônico teve, em Ramos de Azevedo, seu principal nome. Azevedo foi responsável pelos projetos do Theatro Municipal de São Paulo e da Pinacoteca do Estado.

No Recife, cidade que abriga importantes monumentos ecléticos, o arquiteto italiano Giácomo Palumbo e o francês Gustave Varin se destacaram.

Já em Porto Alegre, o ecletismo encontrou um grande representante na figura de Theodor Wiederspahn.

No estado de Minas Gerais, o ecletismo aparece também nos traços da edificação do Palácio da Liberdade, situado em Belo Horizonte. O espaço abriga várias obras de arte e é a atual sede do governo estadual, e faz parte do Circuito da Liberdade, considerado grande expoente da cultura brasileira.

Na cidade do Rio de Janeiro, um grande exemplar da arquitetura eclética era o Palácio Monroe. Este era a antiga sede do Senado Federal, que foi demolida na década de 70, durante a ditadura militar.

Galeria da arquitetura eclética brasileira editar

Em Portugal editar

 Ver artigo principal: Ecletismo em Portugal

A segunda metade do século XIX em Portugal é caracterizada por um período de grande desenvolvimento econômico e de franca melhoria das condições de vida. Com o impulso de Fontes Pereira de Melo e o fontismo, as ultimas décadas do século assistem à execução de grandes infraestruturas, como a rede de caminhos-de-ferro e as comunicações, tentando recuperar do atraso imposto pelas invasões francesas e posterior guerras liberais.

É o ambiente propício ao desenvolvimento do ecletismo e da arquitectura do ferro, a par do ainda presente romantismo. As novas classes privilegiadas e o ambiente burguês que se vive em Portugal propiciam o desenvolvimento da arquitectura historicista, para ostentação pessoal, em simultâneo com a moderna arquitectura do ferro nos grandes espaços como as estações de caminho-de-ferro, mercados e salas de exposição.

Após um ciclo de grande estabilidade, inicia-se, com a questão do mapa cor-de-rosa, nova fase de instabilidade onde se sucedem os governos em regime de rotativismo, a ditadura de João Franco, o regicídio, implantação da república e primeira guerra mundial. Nesta fase, assiste-se à curiosa justaposição de tendências. O século XX tem início ainda com o neoclassicismo, nas obras do Palácio de São Bento – actual Assembleia da República; e o romantismo, na construção da Quinta da Regaleira. Ambos, na fase final, a par do ecletismo, das grandes edificações em ferro, mas já com sinais de uma arte nova confusa e das primeiras tentativas de modernizar a arquitetura. Em Portugal, o ecletismo segue a grande corrente internacional. Como é, também, uma época de grandes fortunas burguesas, torna-se o estilo mais utilizado por esta classe social, como forma de ostentação econômica. Existem numerosos exemplos por todo o país, mas são de destacar Lisboa, Porto e Estoril/Cascais/Sintra.

Galeria editar

Europa editar

Américas editar

África editar

Extremo Oriente editar

Ver também editar

Referências

  1. PATETTA, 1987, p. 14-15.
  2. COLIN, 2010.
  3. CAMPOS, 2008; AMOROSO, 2009.
  4. LEMOS, 1987.

Bibliografia editar

  • AMOROSO, Maria Rita Silveira de Paula. Arquitetura campestre na obra de Ramos de Azevedo. A arquitetura rural campineira: a Fazenda São Vicente em Campinas. 2009. 296 p. Dissertação (Mestrado em Urbanismo) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2009. link.
  • CAMPOS, Eudes. Chalés paulistanos. An. mus. paul., São Paulo, v. 16, n. 1, p. 47-108, 2008. link.
  • COLIN, Silvio. Ecletismo na arquitetura I. Coisas da Arquitetura, 28/09/2010a. link.
  • ______. Ecletismo na arquitetura II. Coisas da Arquitetura, 28/09/2010b. link.
  • ______. Ecletismo na arquitetura III. Coisas da Arquitetura, 28/09/2010c. link.
  • ______. Ecletismo na arquitetura IV. Coisas da Arquitetura, 18/11/2010d. link.
  • FABRIS, Annateresa. Arquitetura eclética no Brasil: o cenário da modernização. An. mus. paul., São Paulo, v. 1, n. 1, p. 131-143, 1993 link.
  • LEMOS, Carlos. Ecletismo em São Paulo. In: FABRIS, Annateresa. Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo: Ed. USP/Nobel, 1987. p. 68-103. [Cf. ALMEIDA, 2012, p. 16-17.]
  • PATETTA, Luciano. Considerações sobre o ecletismo na Europa. In: FABRIS, Anatereza. Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo: Nobel/Ed. da USP, 1987. pp. 8-27. link.
 
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