Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro

(Redirecionado de COMPERJ)
COMPERJ - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
História
Nome(s) Alternativo(s)

Polo GasLub Itaboraí

Antigo Comperj
Período de construção
2006 - presente
Status
Em construção
Uso

Processamento de gás natural (em construção)

Produção de combustíveis e lubrificantes (projeto)
Administração
Proprietário
Localização
Localização
Coordenadas
Mapa

O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ) é um empreendimento da área de abastecimento da Petrobras. Localizado no município de Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro, representa um investimento da ordem de 8,4 bilhões de dólares estadunidenses[1], sendo o maior empreendimento único da estatal e um dos maiores do mundo no setor.

Orçado inicialmente em US$ 6,1 bilhões, deveria ter ficar pronto em 2011. Em 2017, a obra já estava orçada em US$ 30 bilhões. Para que fosse concluído, o custo estimado seria de US$ 47 bilhões. Isso representa um acréscimo da ordem de 8 vezes, em dólares americanos, segundo o TCU.[2]

O projeto foi modificado e atualmente se chama Polo GasLub Itaboraí, onde está sendo construída uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), que receberá o gás natural da Bacia de Santos através do gasoduto Rota 3. A unidade terá capacidade para escoar e processar diariamente 21 milhões de metros cúbicos de gás do pré-sal.[3]

O empreendimento editar

Em junho de 2006, o então presidente Lula participou de uma cerimônia de lançamento da pedra fundamental do Comperj, depois, visitou Itaboraí, onde a refinaria seria construída.[2][4]

Inicialmente, contemplaria a construção de uma unidade de refino com capacidade de processamento de 165 mil barris de petróleo por dia, ideia já descartada,[5] e a utilização do petróleo pesado do Campo de Marlim, localizado na Bacia de Campos. Além da unidade de refino, seriam construídas uma unidade de petroquímicos básicos de primeira geração (eteno, benzeno, p-xileno e propeno) e seis unidades de petroquímicos de segunda geração. As principais resinas termoplásticas a serem produzidas pelas unidades de petroquímicos de segunda geração serão polipropileno (850 mil toneladas/ano), polietileno (800 mil toneladas/ano) e politereftalato de etileno (600 mil toneladas/ano).

Ainda fazem parte do projeto o Centro de Integração de São Gonçalo, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que realizaria a qualificação de cerca de 30 mil profissionais nos 11 municípios situados na área de influência do empreendimento; a base logística também em São Gonçalo e o duto de fornecimento de petróleo.[6]

Localização editar

A planta produtiva do complexo será erguida nos municípios de Itaboraí (unidades de petroquímicos) e São Gonçalo (Central de Escoamento de Produtos Líquidos), na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Foram fatores determinantes na escolha da região o posicionamento logístico – a proximidade do Porto de Itaguaí, dos terminais de Angra dos Reis, das ilhas d’Água e Redonda e do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro – e a proximidade com demandantes de produtos da segunda geração, além das sinergias com a Refinaria de Duque de Caxias e com as plantas da Rio Polímeros, Suzano e Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras.

Área de influência editar

 
Localização do complexo e municípios da área de influência direta e estendida

A Região de Influência Direta congrega sete municípios: Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Rio Bonito, São Gonçalo e Tanguá).

A Região de Influência Ampliada é formada pelos sete municípios da Região de Influência Direta mais os municípios de Casimiro de Abreu, Duque de Caxias, Maricá, Niterói, Nova Friburgo, Petrópolis, Rio de Janeiro, Saquarema, Silva Jardim, Teresópolis, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti.[7]

Polo econômico editar

Empresas de terceira geração que serão atraídas pelo complexo irão transformar os produtos petroquímicos de segunda geração em bens de consumo, tais como: componentes para as indústrias automobilística e de eletrodomésticos, materiais cirúrgicos, embalagens, tintas, ceras, dentre outros. De acordo com estudos[8] realizados a pedido da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - FIRJAN foram elaborados dois cenários de atração de empresas de 3ª Geração. No cenário conservador estima-se em 362 o número de empresas se instalando na área de influência do empreendimento com uma geração de 15 mil novos empregos diretos nestas indústrias. Já no cenário otimista estima-se em 724 novas indústrias do setor de material plástico no estado gerando 31 mil empregos diretos nestas indústrias.[7]

Obras editar

Início das obras editar

A Petrobras iniciou, em 31 de Março de 2008, as obras de terraplenagem do COMPERJ. Com custo aproximado de R$ 820 milhões, as obras devem movimentar 45 milhões de metros cúbicos de material, o equivalente, segundo o diretor Paulo Roberto Costa, a 12 estádios do Maracanã lotados de terra. A primeira fase de obras deve se estender até o fim do primeiro semestre de 2009, gerando mais de 2 mil empregos diretos.[6]

O início da fase de operação do COMPERJ estava previsto para 2014 e estimava-se o faturamento anual de US$ 5,8 bilhões com participação de 62% de Petroquímicos Básicos e 38% de Petroquímicos Associados.[7]

Paralisação das obras editar

Após a ampliação da Operação Lava Jato, que levou à prisão alguns diretores da Petrobras, as obras foram paralisadas em 2015, com a Petrobras priorizando outros investimentos de sua carteira, aparentemente não levando em consideração a continuidade das obras, pelo menos em curto e médio espaço de tempo.[5]

Após a parada das obras, algumas pequenas empresas subcontratadas da Petrobras ou de suas contratadas, faliram ou fecharam suas portas e muitos investimentos realizados na região (construção de prédios, hotel, lojas e outros comércios), estão com pouquíssimas atividades. Os preços de imóveis, produtos e serviços, que haviam sido superinflacionados, caíram, voltando a valores normais de mercado.[9]

Retomada editar

Em 2017 iniciou-se uma rodada de licitações para empresas estrangeiras retomarem as obras.[10] Em outubro de 2018, a Petrobras anunciou um acordo com a China National Offshore Oil Corporation, subsidiária da petroleira chinesa CNPC,[11] para atuar em parceria na conclusão de uma refinaria do COMPERJ, em Itaboraí (RJ), e na revitalização do campo de Marlim. Segundo comunicado, a estatal brasileira desenvolveria, junto com a CNPC, estudos sobre a viabilidade técnica e os custos e benefícios do negócio e depois formar uma join venture, onde a Petrobras terá participação de 80% e a CNPC 20%.[12] O estudo estava previsto para ser concluído em setembro de 2019, porém ainda está em andamento. Em novembro de 2019, a Toyo Setal ganhou uma licitação para obras do COMPERJ, com prazo de conclusão de 18 meses e previsão de 5 mil novos empregos gerados.[13]

Em dezembro de 2019, a Petrobras e a chinesa CNPC encerraram negociações sobre a possibilidade de construir uma refinaria no Comperj. As empresas concluíram que o projeto não seria economicamente viável. A Petrobras calculou em US$ 2,3 bilhões o custo para concluir a refinaria. O empreendimento estava com mais de 80% das obras executadas e já havia absorvido investimentos de mais de US$ 13 bilhões. [14][15]

Em julho de 2022, a Petrobras abriu uma consulta formal ao mercado, para avaliar o interesse de empresas em adquirir terrenos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O empresa possuía 2,1 km² disponíveis para potencial negociação em uma área total terraplanada com cerca de 3 km². [14][16]

Polo Gaslub editar

Atualmente, encontra-se em construção o projeto Polo Gaslub, o qual deverá abrigar a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), que receberá gás vindo do polígono do pré-sal da Bacia de Santos, por meio de um gasoduto Rota 3, com cerca de 355 quilômetros de extensão.

A unidade terá capacidade para escoar e processar mais 21 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, incrementando da oferta de gás para o mercado brasileiro e reduzindo a dependência às importações de GNL.[17][18]

As obras foram paralisadas em junho de 2022 pela empresa contratada para realizar a obra. Em março de 2023, a Petrobras assinou contrato com a empresa Toyo Setal Empreendimentos para conclusão das obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), com previsão de conclusão para 2024.[17][19]

Em dezembro de 2022, a Petrobras aprovou o projeto de engenharia das unidades de produção de combustíveis e lubrificantes no Polo Gaslub, integrado à refinaria Reduc, em Duque de Caxias (RJ). Também é analisada a possibilidade de construção de uma termelétrica. [20][21][16]

Referências

  1. Estudo Decisão Rio 2010-2012. FIRJAN
  2. a b «Comperj: má gestão, corrupção e prejuízo de 47 bilhões de reais». VEJA. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  3. «Polo GasLub Itaboraí | Petrobras». petrobras.com.br. Consultado em 16 de abril de 2023 
  4. «Petrobras e governo do Rio tentam dar novo destino ao Comperj reabrindo polo industrial de Itaboraí». Folha de S.Paulo. 10 de setembro de 2021. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  5. a b «A saga do Comperj: do complexo petroquímico à empreitada fundiária da Petrobras». agência epbr. 19 de julho de 2022. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  6. a b «Polo Petroquímico do Rio tem investimentos iniciais de US$ 8,4 bilhões». Agência de Notícias Brasil-Árabe. 31 de Março de 2008. Consultado em 5 de outubro de 2020 
  7. a b c Britto, Jorge; Guanziroli, Carlos E.; Oliveira, Daniel Ribeiro de; Machado, Caroline Cabral; Nogueira, Fernanda da Costa (2017). «GRANDES PROJETOS, MERCADO DE TRABALHO E CONDIÇÕES DE RENDA E POBREZA DE REGIÕES IMPACTADAS: UMA ANÁLISE DO COMPLEXO PETROQUÍMICO DO RIO DE JANEIRO (COMPERJ)º». ESTUDIOS ECONÓMICOS (68): 3–38. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  8. COMPERJ - Potencial de desenvolvimento produtivo. Maio de 2008.
  9. «Obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro continuam paralisadas - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  10. «Petrobras convida só estrangeiros para licitação de obras no Comperj». G1 
  11. «Mesmo com obras paradas, Comperj consome R$ 2,7 bilhões da Petrobrás». Estadão. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  12. «Definimos com a CNPC o modelo de negócios para Parceria Estratégica no Comperj e no Cluster de Marlim». Petrobras. Consultado em 2 de dezembro de 2019 
  13. Oliveira, Renato (10 de outubro de 2019). «Comperj terá 5 mil empregos em obras que a Toyo Setal acaba de assinar com a Petrobras. Enviem seus currículos agora!». Click Petróleo e Gás. Consultado em 2 de dezembro de 2019 
  14. a b «A saga do Comperj: do complexo petroquímico à empreitada fundiária da Petrobras». agência epbr. 19 de julho de 2022. Consultado em 15 de abril de 2023 
  15. «Petrobras e CNPC concluem que construção de refinaria no Comperj não é viável». www.bol.uol.com.br. Consultado em 15 de abril de 2023 
  16. a b Salles, Stéfano. «Petrobras busca investidores para o Polo GasLub em Itaboraí, no Rio de Janeiro». CNN Brasil. Consultado em 15 de abril de 2023 
  17. a b «Petrobras assina contrato e retoma obras de unidade de processamento de gás em Itaboraí». ADVFN News. Consultado em 15 de abril de 2023 
  18. Salles, Stéfano. «Metade do gás natural brasileiro é reinjetada em poços de petróleo, diz ANP». CNN Brasil. Consultado em 15 de abril de 2023 
  19. «Petrobras reavalia data de início das operações do Rota 3». agência epbr. 12 de julho de 2022. Consultado em 15 de abril de 2023 
  20. «Petrobras define projeto de engenharia para Polo Gaslub, em Itaboraí». agência epbr. 26 de dezembro de 2022. Consultado em 15 de abril de 2023 
  21. Salles, Stéfano. «Obra de gasoduto que tornaria país autossuficiente em gás é paralisada, diz Petrobras». CNN Brasil. Consultado em 15 de abril de 2023