Nota: Para outros significados, veja Valência (desambiguação).

Valência (em castelhano: Valencia, AFI/baˈlenθja/; em valenciano e oficialmente: València, AFI/vaˈlensia/) é um município da Espanha, capital da província homónima e da Comunidade Valenciana. É a cidade mais populosa da sua comunidade autónoma e a terceira mais populosa da Espanha. O município tem 134,65 km² de área e em 2021 tinha 789 744 habitantes (densidade: 5 865,2 hab./km²).[1] Em 2014, a área metropolitana tinha 1 542 233 habitantes.[2]

Espanha Valência

València • Valencia

 
  Município  
Símbolos
Bandeira de Valência
Bandeira
Brasão de armas de Valência
Brasão de armas
Gentílico valenciano, -a
valencià, -ana (ca);
Localização
Localização do município de Valência na Comunidade Valenciana
Localização do município de Valência na Comunidade Valenciana
Localização do município de Valência na Comunidade Valenciana
Valência está localizado em: Espanha
Valência
Localização de Valência na Espanha
Coordenadas 39° 28' N 0° 22' 30" O
País Espanha
Comunidade autónoma Comunidade Valenciana
Província Valência
Comarca Cidade de Valência
História
Fundação 138 a.C. (2 161 anos)
Alcaide Joan Ribó (2015, Coalició Compromís)
Características geográficas
Área total 134,65 km²
População total (2021) [1] 789 744 hab.
 • População metropolitana 1 542 233
Densidade 5 865,2 hab./km²
Altitude 15 m
Código postal 46000
Prefixo telefónico 96
Código do INE 46250
Outras informações
Orago São Vicente de Saragoça

Nossa Senhora dos Desamparados

Principais festividades Fallas (19 de março)
Website www.valencia.es

Situa-se na costa do Mediterrâneo, no leste do país. É uma cidade muito antiga, sendo referenciada já no século II a.C., e foi fundada em 138 a.C. Com uma longa história, diversos museus, tradições populares como as Fallas e a proximidade do Mediterrâneo, é uma das cidades mais conhecidas e visitadas na Espanha.

História editar

Topónimo editar

O topónimo da cidade deriva do latim Valentia Edetanorum, cujo significado se traduz em "Valor (ou Força) na terra dos Edetanos".[3] Atribuído com a fundação da colónia, segue a tradição já verificada em Itália, no século II a.C., da atribuição de topónimos alegóricos de virtude militar.[4] Os árabes denominaram-na مدينة التراب (Madīna at-Turab, "Cidade da Areia") devido à sua localização na margem do Rio Túria, enquanto que reservaram o termo بلنسية (Balansīa) para a Taifa de Valência. Porém, durante o reinado de Abd al-Aziz a cidade já tinha reivindicado para si o nome de Balansīa,[5] que passaria a ser Valência, València em valenciano, após a conquista por Jaime I de Aragão.

Em 2016, o município concordou por unanimidade na recuperação de um decreto municipal não oficializado datado de 1996, através do qual a única denominação oficial da cidade é aquela em valenciano, València.[6] Esta mudança teve lugar após várias consultas a instituições governamentais, como a Academia Valenciana da Língua.

Ao longo da história, a cidade recebeu diversas alcunhas, como a de Cidade das mil torres,[7] durante os séculos XVII e XVIII, ou a de Capital do Túria. Também foi conhecida como Valencia del Cid.[8]

Em português, a adaptação do topónimo castelhano, à semelhança de outras cidades homónimas, foi-se popularizando, caindo em desuso o exónimo original, Valença, que para ser distinguida das restantes se acompanhava pelo sufixo «de Aragão».[9][10]

Da fundação romana ao reino cristão-visigodo (séc. I a.C.–VI d.C.) editar

Em 138 a.C., Valência foi fundada, sob o nome de Valentia Edetanorum, pelos romanos, à época em que era cônsul Décimo Júnio Bruto Galaico. É, por isso, uma das mais antigas cidades da Espanha actual. Em meados do século I d.C. ocorria na cidade um considerável crescimento urbano, motivado pela existência de um porto, e já começava a formar-se uma primitiva comunidade cristã no início do século IV. No século V surgiram as primeiras ondas invasivas dos povos germânicos (especialmente dos visigodos), e os edifícios romanos adaptam-se progressivamente a uma cidade cristã.

Época muçulmana (séc. VIII–XIII) editar

A cidade desenvolveu-se com a ocupação dos árabes, que a conquistaram no ano de 718. Valência era governada por Agréscio quando foi sitiada pelos invasores. Tanto Agréscio, o defensor, como Tárique, o atacante, sabiam que a situação era complexa e negociaram uma capitulação vantajosa para os cristãos, obtendo, tal como sucederia 500 anos depois no sentido inverso, a entrega da cidade aos sitiantes. Todos os habitantes puderam continuar a viver nas suas casas, com direito à prática da sua religião e à sua organização jurídica e administrativa, desde que aceitassem a autoridade política e militar dos conquistadores e o pagamento de impostos.

Abd al-Allah, filho de Abd al-Raman I (primeiro emir de Córdova), instalou-se em Balansiya (nome de Valência em árabe), e exerce um governo autónomo na área de Valência. Este traz para a cidade a sua língua, religião e costumes, que convivem com a dos habitantes originais, os moçárabes, que eram herdeiros da cultura hispanovisigoda e tinham como religião o cristianismo e como língua o moçárabe.

Começou o reino da Taifa de Valência pelos descendentes de Almançor. Foi a época de máximo esplendor da cidade, onde se criaram sistemas de rega, se desenvolveu a agricultura e aumentou o comércio com as regiões cristãs.

Época da Coroa de Aragão (séc. XIII–XVIII) editar

  • Reconquista e os Furs
 Ver artigo principal: Conquista do Reino de Valência
 
Pendão da Conquista, içado quando Jaime I de Aragão entrou na cidade em 1238

Fazendo parte da conquista da taifa de Balansiya, em 1238 o rei da Coroa de Aragão, Jaime I, conquistou a cidade com a ajuda de tropas da Ordem de Calatrava. Realizou-se a divisão das terras como ficou testemunhado no Llibre del Repartiment.

Foi nessa época que se assistiu a um grande desenvolvimento das áreas comerciais e artesanais. Em 1251 criaram-se os Furs de Valência (els Furs) que anos depois se tornariam estendidos ao resto do Reino de Valência. Em 1348 a Peste Negra e sucessivas epidemias dizimaram a população da cidade enquanto estalava uma revolta popular contra os excessos do rei, a guerra da União.[11] Em 1356, foram construídas novas muralhas, ampliando a superfície da cidade. Em 1363 e 1364 a cidade repele por duas vezes o assalto das tropas castelhanas. Como prémio, o Rei Pedro, o Cerimonioso concede à cidade o título de "Duas vezes leal", que está representado pelos dois LL que ostenta o seu escudo.[12] Em 1391 os cristãos assaltam o bairro judaico, e obrigam os judeus a converter-se ao cristianismo. Em 1456 os árabes de Valência sofrem a mesma sorte. Valência foi capital de um dos dois Governos em que se dividia o reino: o de Valência e o de Orihuela.

  • Século de Ouro Valenciano
 Ver artigo principal: Século de Ouro Valenciano

No século XV, Valência atingiu o seu máximo esplendor com a actividade comercial e financeira, possibilitando um importante desenvolvimento urbanístico e cultural. Surgiram conventos, hospitais e jardins, dentro e fora da muralha. Nesta altura, foi construída em estilo gótico e dentro do recinto amuralhado La Lonja.

Esse período é conhecido como o Século de Ouro Valenciano. É acompanhado de um crescimento demográfico que colocou a cidade como a mais povoada na Coroa de Aragão. É reactivado o comércio com a criação da Taula de canvis, e com a construção da Lonja da Seda e dos Mercaderos (1482). Imprime-se em Valência Obres e trobes en lahors de la Verge Maria, o primeiro livro impresso em Espanha, em língua valenciana, e produz-se um auge quanto a obras escritas. Em 1502 é fundada a Universidade de Valência sob o nome de Estudi General.

  • Perda dos Furs

Em princípios do século XVIII, durante a Guerra de Sucessão Espanhola (Os Bourbon contra os Austriacistas), o Reino de Valência alinhou-se com o Arquiduque Carlos de Áustria. Depois da vitória dos Bourbon na batalha de Almansa, em 25 de abril de 1707, e como castigo, os furs de Valência foram derrogados, e introduziu-se o direito castelhano como lei básica mediante os Decretos da Nova Planta (ou do Novo Plano), promulgados por Filipe V. Deste modo o rei mudou a capital do reino para Orihuela como modo de ultrajar a cidade, e ordenou que se reunisse a Audiência com o Vice-Rei de Valência, o Cardeal Luis de Belluga, bispo de Cartagena. O Cardeal Belluga opôs-se à mudança de capital tendo em conta a proximidade de Orihuela como centro religioso, cultural e recentemente político em relação a Múrcia (capital de outro Vice-reino e de diocese). Tendo ainda em atenção o seu ódio por Orihuela a qual bombardeou e saqueou incessantemente durante a Guerra de Sucessão Espanhola, abandonou o Vice-Reino de Valência como meio de protestar junto do Rei Filipe V que finalmente devolveu o estatuto de capital a Valência.

Guerra da Independência Espanhola e Revolução Industrial (s. XIX) editar

Mais tarde são construídos nos arredores o mercado central, o mercado de Cólon e a Estação do Norte que constituíram a zona residencial da burguesia.

Valência no século XX editar

O início do século XX editar

O crescimento económico e demográfico resultantes dos movimentos migratórios estabelecidos no interior da província fez com que a cidade se expandisse, absorvendo pequenos núcleos de população, gerando distritos ocupados pelas classes média e operária. Nesta época são abertas amplas avenidas como a Gran Via de Fernando, o Católico, o Passeio do Mar e nesta altura surge também a zona residencial universitária.

 
Mercado Central de Valência

No início do século XX Valência era uma cidade industrializada. A seda desaparecera, mas havia produção de peles e couro, madeira, metalurgia e produtos alimentares, estes últimos com vertente exportadora, em particular de vinhos e citrinos. Predominava a pequena empresa, mas cada vez mais se inseria a mecanização e as grandes empresas. A melhor expressão desta dinâmica eram as exposições regionais, em particular a de 1909, feita junto à Albereda (Alameda), onde se mostravam os avanços da agricultura e da indústria. Entre os edifícios mais importantes da época destacam-se os de estilo modernista, como por exemplo a Estació del Nord (Estação do Norte) e os mercados Central e de

Os operários, em número crescente pela industrialização, começaram a organizar-se em demanda de melhores condições de vida. O partido republicano de Blasco Ibáñez recolheu os frutos destas reivindicações e obteve um enorme apoio popular, governando o concelho entre 1901 e 1923.

A primeira guerra mundial afectou muito a economia valenciana ao colapsar as exportações de citrinos. A instauração da ditadura de Primo de Rivera em 1923 travou durante alguns anos a conflitualidade social, mas não apagou a crescente radicalização política. O movimento operário foi consolidando a sua organização sindical, enquanto os sectores conservadores se aglutinavam em redor da Dreta Regional Valenciana (Direita Regional Valenciana).

A república (1931-1939) abriu a via democrática de participação e incrementou a politização dos cidadãos, especialmente com a subida da frente conservadora ao poder em 1933. Este clima marcou as eleições de 1936, ganhas pela Frente Popular, a qual propicia o fervor das classes populares. O levantamento militar de 18 de julho não triunfou em Valência. Durante meses houve um ambiente revolucionário, gradualmente neutralizado pelo governo. Em 1937 Valência, durante o conflito da Guerra Civil Espanhola, foi a capital da Espanha Republicana, até 1939. A marcha da contenda bélica aconselhou trasladar a capital da República para Valência em novembro de 1937: o governo instalou-se no paço de Benicarló, e os ministérios ocuparam vários paços. A cidade foi intensamente bombardeada por ar e por mar, o que trouxe a construção de mais de duzentos refúgios para proteger a população. Em 30 de março de 1939 Valência rendeu-se e as tropas nacionais fizeram a sua entrada.

 
O "Palau de la Generalitat"

As cheias de 1957 e a década de 1960 editar

Devido ao facto de o Rio Túria ter inundado a cidade em 1957, foi decidido desviar o curso do mesmo para que tal evento não voltasse a suceder. O grande espaço que o rio antigamente ocupava, foi preenchido com espaços verdes e campos de jogos. De facto, este espaço é considerado o maior jardim urbano que existe em toda a Espanha.

Com a ditadura proibiram-se os partidos políticos e iniciou-se uma severa repressão ideológica, encabeçada pela igreja. A fraqueza económica provocou uma profunda crise e o não abastecimento dos mercados: os racionamentos e o açambarcamento impuseram-se durante mais de uma década. Os franquistas silenciaram as catastróficas consequências da revolta de 1949, com dezenas de mortes, mas não puderam fazer o mesmo com a ainda mais trágica "grande cheia de Valência", em 1957, quando o rio Túria transbordou, causando a morte de muitos valencianos (81 oficialmente, o número real não se sabe). Para evitar novas catástrofes, anos depois o rio foi desviado por uma nova via (Pla Sud). O percurso velho do Túria foi abandonado durante anos. Os alcaides franquistas propuseram fazer uma auto-estrada, opção que finalmente se descartou (graças ao advento da democracia e aos protestos locais), abrindo passo ao seu uso como parque municipal (ver Jardim do Túria). No início da década de 1960 começou a recuperação económica e Valência vive um espectacular crescimento demográfico devido à imigração e à execução de importantes obras urbanísticas e de infraestruturas.

O período da democracia editar

Com a chegada da democracia a Espanha, Valência constituiu-se como capital da Comunidade Valenciana com Conselho Pré-autonómico de 1977 e recebeu um certo grau de autogoverno. Porém, a noite de 23 de fevereiro de 1981 trouxe uma tentativa golpista que, desde Valência, encabeçou Milans del Bosch, fracassada. A democracia propiciou a recuperação da língua e a cultura valenciana, ainda que não se possa evitar certa crispação social ao redor dos símbolos (isto é conhecido como a Batalha de Valência).

O estatuto pôs-se em marcha em 1982 e em Valência instalou-se a Generalitat Valenciana e todos os órgãos de governo da Comunidade. Durante os primeiros 25 anos de democracia, Valência mudou significativamente. Destacam-se como obras emblemáticas o Jardim do Túria (ajardinamento do antigo percurso do Túria), o Palau da Música ou o de Congressos de Valência, o Metropolitano de Valência, e a nova Ciutat de les Arts i de les Ciències (Cidade das Artes e das Ciências), de Santiago Calatrava, entre outras obras modernas e que chamam muitos visitantes à cidade.

Geografia editar

A cidade de Valência está localizada na costa mediterrânica da Península Ibérica, na grande planície aluvial formada pelos rios Turia e Júcar, que se situa perto da cidade, que fica algo afastada das montanhas. A região de El Puig fica cerca de 12 km a norte da cidade e um pouco mais longe fica a Serra Calderona, que é o pulmão verde da Comunidade Valenciana.

A cidade antiga está nas margens do Turia, a cerca de 4 km do Mar Mediterrâneo, onde antes havia apenas o chamado Grau de València, uma zona perto do porto que está agora ligada à cidade e faz parte do bairro conhecido como Poblats Marítims (Aldeias Marítimas). A razão pela qual a cidade foi fundada longe da costa prende-se com o facto de na época romana ainda aí estar um pântano e a costa ser baixa e arenosa, como em quase todos os golfos de Valência. A sul da cidade fica a zona húmida Albufera e o Parque Natural da Albufera, que inclui um lago de água doce separado do mar por uma restinga de areia, que nutre muitos aquíferos.

Clima editar

Valência possui um clima mediterrâneo típico. É caracterizada por um clima ameno, com temperatura média anual superior a 18 °C. Os verões são quentes e os invernos a temperatura é amena. Durante o inverno a temperatura não costuma baixar dos 2 °C. Chuvas de verão são mínimas ou modestas devido ao intenso calor vindo do Saara.

Dados climáticos para Valencia, 1981–2010
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Recorde alta °C (°F) 25.8
(78.4)
29.0
(84.2)
33.2
(91.8)
33.5
(92.3)
42.0
(107.6)
38.2
(100.8)
41.8
(107.2)
43.0
(109.4)
38.4
(101.1)
35.6
(96.1)
32.0
(89.6)
25.2
(77.4)
43.0
(109.4)
Média alta °C (°F) 16.4
(61.5)
17.1
(62.8)
19.3
(66.7)
20.8
(69.4)
23.4
(74.1)
27.1
(80.8)
29.7
(85.5)
30.2
(86.4)
27.9
(82.2)
24.3
(75.7)
19.8
(67.6)
17.0
(62.6)
22.8
(73)
Média diária °C (°F) 11.9
(53.4)
12.7
(54.9)
14.6
(58.3)
16.2
(61.2)
19.0
(66.2)
22.9
(73.2)
25.6
(78.1)
26.1
(79)
23.5
(74.3)
19.7
(67.5)
15.3
(59.5)
12.6
(54.7)
18.3
(64.9)
Média baixa °C (°F) 7.1
(44.8)
7.8
(46)
9.7
(49.5)
11.5
(52.7)
14.6
(58.3)
18.6
(65.5)
21.5
(70.7)
21.9
(71.4)
19.1
(66.4)
15.2
(59.4)
10.8
(51.4)
8.1
(46.6)
13.8
(56.8)
Recorde baixa °C (°F) −2.6
(27.3)
−1.2
(29.8)
1.2
(34.2)
3.0
(37.4)
6.0
(42.8)
10.6
(51.1)
16.0
(60.8)
16.2
(61.2)
11.6
(52.9)
6.3
(43.3)
1.6
(34.9)
−0.3
(31.5)
−2.6
(27.3)
Média precipitação mm (pol.) 37
(1.46)
36
(1.42)
33
(1.3)
38
(1.5)
39
(1.54)
22
(0.87)
8
(0.31)
20
(0.79)
70
(2.76)
77
(3.03)
47
(1.85)
48
(1.89)
475
(18.7)
Média de dias de precipitação (≥ 1 mm) 4.4 3.9 3.6 4.8 4.3 2.6 1.1 2.4 5.0 5.0 4.3 4.8 46.3
Média mensal horas de sol 171 171 215 234 259 276 315 288 235 202 167 155 2 696
Fonte: Agencia Estatal de Meteorología[13]

Demografia editar

 
Evolução demográfica de Valência (1900-2006)
Variação demográfica do município entre 1991 e 2008
1991 1996 2001 2008
752 909 746 683 738 441 810 064

A população recenseada no município em 2021 era de 789 744 habitantes[1] e em 2014 a área metropolitana tinha 1 542 233 habitantes.[2] A área metropolitana de Valência é formada principalmente por municípios situados na Horta de València; algumas destas localidades estão completamente urbanizadas continuamente com o núcleo urbano de Valência, como Mislata, enquanto o resto se situa numa primeira ou numa mais difusa segunda coroa metropolitana. Destacam-se pela população Torrent (75 131 hab. em 2008), Paterna (59 043 hab.), Mislata (43 336 hab.) e Burjasot (37 402 hab.).

Em 2008, cerca de 12,13% da população da cidade era de nacionalidade estrangeira, principalmente da América Latina (52,36% dos estrangeiros recenseados), seguido dos originários de outros países europeus (24,20%). As nacionalidades mais presentes na cidade depois da espanhola são a equatoriana (18 176 recenseados), a colombiana (10 097 recenseados) e a boliviana (8 121 recenseados).

 
O Jardí del Túria

Urbanismo editar

Jardins e parques editar

Valência, também conhecida como la ciudat de les flors (a cidade das flores), conta com muitos parques e zonas ajardinadas, por exemplo o Jardí Botànic, o Parc de l'Oest, os Jardins del Reial (mais conhecidos como Jardins de Vivers) e o Jardí de Túria (conhecido como el Rio) de mais de 6,5 km de espaços verdes. No entanto, só dispõe de 5,3 m² de área verde por habitante, uma das médias mais baixas das grandes cidades espanholas.[14] Cerca 90% das vias da cidade dispõem de áreas ajardinadas.

O Jardim de Túria, situado no leito do rio Túria foi construído quando se desviou o rio do seu curso natural, e se reutilizou o seu espaço como área lúdica de mais de 6,5 km de comprimento, e é o maior parque da cidade.

Cultura e sociedade editar

Festas editar

 
As Fallas

Em Valência realizam-se numerosas festas, algumas conhecidas fora do país.

As festas principais de Valência são as Fallas, em valenciano les falles, uma celebração com uma semana de duração, durante a qual se queimam figuras chamadas "fallas". Caracteriza-se pela colocação nas ruas de figuras ou esculturas, denominadas "fallas, tradicionalmente de madeira e cartão, embora hoje em dia se façam em geral de poliestireno e madeira. Estas figuras são colocadas antes do dia 15 de março pela manhã (a chamada "nit de la Plantà") queimando-se quatro dias depois, na noite do dia de Sant Josep à meia-noite ("nit de la Cremà").

 
Tarasca da procissão do dia de Corpus Christi
 
Cartaz do festival e feira da cidade de Valencia na Espanha em julho de 1913


Por ordem cronológica algumas as festas principais são:

Gastronomia editar

Na gastronomia tradicional da cidade (que segue a chamada dieta mediterrânica), encontramos cardápios ricos em arroz e legumes frescos, que vão de encontro com os costumes, a cultura e o meio ambiente da cidade. Predominam também produtos agrícolas e doces. Há também diversos pratos de peixes nativos. Por curiosidade, em Portugal o prato de paella é também chamado arroz à valenciana.

Bebidas

A bebida típica de Valência mais apreciada tanto por turistas como por nativos é a orchata (em castelhano horchata, em catalão ou valenciana orxata). É um dos destaques da gastronomia valenciana, elaborada a partir de chufas e não alcoólica. Entre os coquetéis destaca-se a Água de Valência composta principalmente de cava e suco de laranja.

Religião editar

A santa padroeira da cidade é a Virgem dos Desamparados, para a qual existe uma Basílica. Em julho de 2006, foi realizado em Valência o V Encontro Mundial das Famílias.

Eventos Internacionais editar

V Encontro Mundial das Famílias editar

O V Encontro Mundial das Famílias foi realizado em Valência, no início de julho de 2006, conforme decidido pelo Papa João Paulo II e posteriormente aprovado pelo seu sucessor Bento XVI. Esta reunião consistiu em muitos eventos, reuniões e conferências em torno do conceito e do conteúdo da família cristã. Algumas dessas atividades foram suspensas devido a um trágico acidente de metrô, que ocorreu dias antes da chegada de Bento XVI. Por essa razão, decidiu-se alterar alguns dos seus programas para realizar um ato de homenagem às vítimas na delegacia onde ocorreu a tragédia e na Basílica de Nossa Senhora dos Desamparados. O encontro foi encerrado pelo Papa, em 9 de julho.[15]

57 Congresso Internacional de Astronáutica (IAC 2006) editar

Durante o congresso realizado em Bremen, em outubro de 2003, em nome da Generalitat Valenciana, Universidade de Valência, a Universidade Politécnica de Valência e SENER. A nomeação de Valência foi hospedada pelo professor Victor Reglero, membro da Academia Internacional de Astronáutica. O evento decorreu de 2 a 6 de outubro de 2006, no Museu das Ciências Príncipe Felipe.

X Festival Internacional de Kitesurf "Cidade de Valência" (2007) editar

O Festival foi realizado no calçadão da cidade durante o mês de abril. Ofereceu performances incríveis para o público em um intenso programa de atividades de todos os tipos relacionados com o kitesurf.

Economia editar

Turismo editar

Anteriormente uma cidade industrial, Valência viu o rápido desenvolvimento que se iniciou em meados da década de 1990, ampliando suas possibilidades culturais e turísticas, que transformou em uma cidade vibrante, restaurando monumentos antigos, como as Torres antigas da cidade medieval (Serrano Torres e Quart Towers), como os mosteiros de San Miguel de los Reyes, que passou a dispor de uma biblioteca especializada e a praia Malvarrosa todo.

Outra característica interessante da cidade é o grande número de centros de convenções que possui, como a Feira de Valência (Feria de Valencia), o Palácio Conference (Palau de Congressos) e vários hotéis 5 estrelas.

A primeira competição da America's Cup teve lugar em junho e julho de 2005 e foram as principais atrações durante o verão de 2005. Segundo dados oficiais da comissão organizadora, cerca de 150 000 visitantes ancoraram no porto de Valência, diariamente, durante o período do evento, que se realizou em duas semanas.

Praias editar

  • La Malvarrosa[16]
  • Cabanyal
  • Pinedo
  • L'Arbre del Gos
  • El Saler
  • La Garrofera
  • La Devesa
  • Perellonet

Transportes editar

Aéreos editar

Valência é servida pelo Aeroporto de Valência (IATA: VLCICAO: LEVC), que fica em Manises, a 8 km do centro. Este aeroporto liga diariamente a cidade a outras cidades espanholas e europeias, além de ter voos para os Estados Unidos e norte de África. É a base da companhia Air Nostrum.

Marítimos editar

Valência é servida pelo Porto de Valência, que movimentou no ano de 2006 cerca de 47,3 milhões de toneladas de mercadorias, incluindo o Porto de Sagunto e o de Gandia.[17]

Metropolitano editar

 Ver artigo principal: Metropolitano de Valência
 
MetroValencia, estação Alameda, de Santiago Calatrava
 
Mapa do Metrô de Valência

A rede de metropolitano de Valência, designada "MetroValencia" é composta actualmente (2009) por três linhas de metropolitano e duas de elétrico. A rede está a ser ampliada com quatro linhas mais. Trata-se do meio de transporte na cidade que mais está a aumentar o número de passageiros nos últimos anos. A rede comunica a capital com a Área Metropolitana de Valência. As linhas são:

Linha Terminais Comprimento Estações Passageiros em 2008
 Linha 1 (Metropolitano de Valência (Espanha))
Llíria/Bétera - Torrent (Avinguda)/Villanueva de Castelló 98,159 km 59 20 650 928
 Linha 3 (Metropolitano de Valência (Espanha))
Rafelbuyol-Aeroport 24,691 km 26 27 306 347
 Linha 4 (Metropolitano de Valência (Espanha))
Mas del Rosari/Fira - Dr. Lluch/Lloma Llarga/Terramelar 15,921 km 33 4 506 164
 Linha 5 (Metropolitano de Valência (Espanha))
Marítim-Serreria - Aeroport/Torrent(Avinguda) 26,502 km 30 15 057 074
 Linha 6 (Metropolitano de Valência (Espanha))
Tossal del Rei - Marítim-Serrería 10,067 km 21 432 654
TOTAL (linhas de metropolitano e elétrico) 175,34 km 169 67 953 163

A Linha 2 - Nazaret-Museus está em construção.

Ferroviários editar

 
Estação do Norte de Valência

Valência conta com um núcleo próprio de transportes ferroviários para os arredores, as Cercanías. Este núcleo é composto por seis linhas que unem Valência a Gandía, Mogente, Utiel, Chirivella, Caudiel e Castelló de la Plana.

Desporto editar

Valência é sede de dois conhecidos clubes desportivos: o Valencia e o Levante.

Em 2007 e 2009, Valência acolheu a 32.ª e a 33.º edições da America's Cup, a mais prestigiada competição de vela do mundo.

No ciclismo, algumas chegadas de importantes etapas da Volta à Espanha são feitas anualmente em Valência.

O Circuito Urbano de Valência figura no calendário da Fórmula 1 desde a temporada de 2008, acolhendo o Grande Prémio da Europa.

Monumentos editar

Reflexo da sua história e das diferentes culturas que a ocupara, a cidade de Valência é ela mesma um museu a céu aberto, no seio da qual coabitam edifícios centenários e construções ultramodernas. Como monumentos e tópicos de interesse turístico destacam-se:

Museus editar

  • Cidade das Artes e das Ciências (artes e ciências)
  • Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM, arte moderna)
  • Museu De Belas Artes (belas artes)
  • Museu da Pré-história de Valência
  • Museu Fallero & Museu do Artista Fallero (Les Falles)
  • Museu Taurino (sobre touradas)
  • Museu do Arroz (sobre orizicultura)
  • Museu Valenciano da Ilustração e Modernismo (MUVIM, vários temas)
  • Almudín (várias exposições, ênfase em arte e arqueologia)
  • Museu do Line'Age Valenciano
  • Centro Arqueológico de L'Almoina

Cidades gêmeas editar

A primeira cidade com a qual se chegou a um acordo municipal para a geminação foi a cidade de Bolonha, em Itália, em 3 de outubro de 1978. Só dois meses depois, em 11 de dezembro, se chegou à geminação com a cidade alemã de Mogúncia.

A seguir seria a vez da cidade de Valencia, na Venezuela, em março de 1982; em maio do mesmo ano geminou-se com a cidade de Odessa, na Ucrânia. Depois foi com as cidades de Veracruz e Sacramento, no México e Estados Unidos, respectivamente.

Cidades geminadas com Valência
 

Ver também editar

Vista panorâmica da área do porto de Valência

Notas e referências

  1. a b c «Cifras oficiales de población resultantes de la revisión del Padrón municipal a 1 de enero» (ZIP). www.ine.es (em espanhol). Instituto Nacional de Estatística de Espanha. Consultado em 19 de abril de 2022 
  2. a b «Datos de padrón de habitantes» (em espanhol). Ayuntamiento de Valencia. www.valencia.es. Consultado em 29 de janeiro de 2016 
  3. «Toponimia». Gran Enciclopedia Temática de la Comunidad Valenciana (em espanhol). Ciencias. [S.l.]: Editorial Prensa Valenciana. 2009 
  4. «Valentia». Gran Enciclopedia Temática de la Comunidad Valenciana. Geografia. [S.l.]: Editorial Prensa Valenciana. 2009 
  5. Herrero, F. (10 de abril de 2007). «La "edad de oro" de Balansiya. lasprovincias.es». Las Provincias. Consultado em 21 de fevereiro de 2017 
  6. «EL PLENO DEL AYUNTAMIENTO APRUEBA POR UNANIMIDAD "VALÈNCIA" COMO TOPÓNIMO DE LA CIUDAD.». AYTO VALENCIA (em espanhol) 
  7. Levante-EMV. «Los últimos conventos - Levante-EMV». www.levante-emv.com. Consultado em 27 de novembro de 2017 
  8. Olmedo de Cerdá, Maria Francisca (2003). Callejeando por Valencia. [S.l.: s.n.] p. 10. ISBN 84-87398-72-3 
  9. POYARES, Pedro de (1667). Diccionario lusitanico-latino de nomes proprios de regioens; reinos; prouincias; cidades; villas; castellos; lugares; rios; mares; montes; fontes; ilhas; peninsulas; isthmos, etc. [S.l.]: Ioam da Costa 
  10. Argote, Jeronymo Contador de (1738). De antiquitatibus conventus Bracaraugustani, libri quatuor, vernaculo, latinque sermone conscripti, et augustissimo lusitanorum regi Joanni V. (em latim). [S.l.]: Typis Sylvianis 
  11. Història del País Valencià, Antoni Furió, página 104
  12. Història del País Valencià, Antoni Furió, página 112
  13. «Valores climatológicos normales». Agencia Estatal de Meteorología (em espanhol). Consultado em 29 de julho de 2021 
  14. Consumer.es Eroski (2007). Zonas verdes. Analizados 102 parques de 18 ciudades del país
  15. Viagem Apostólica a Valência
  16. Praias de Valência
  17. Dades a valenciaport.com Arquivado em 4 de agosto de 2007, no Wayback Machine. (em castelhano)

Ligações externas editar

 
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