Português brasileiro
- O fonema /S/, presente apenas na coda silábica e representando qualquer som sibilante não-africado em tal posição, assume vários fones surdos e sonoros de acordo com a situação, que inclui as posições alveolar simples, alveolar apical retraído ("alveolar retroflexo"), alveolar laminal palatalizado, palato-alveolar laminal e alvéolo-palatal laminal (além de alvéolo-palatal dorsal entre falantes nativos de, por exemplo, línguas japonesa, coreana e chinesa), além de em formas coloquiais vernaculares da língua, poder haver debucalização para [h, ɦ] e deleção.
Nenhuma delas é completamente dominante em nenhum país lusófono e é um erro dizer que a pronúncia alveolar simples é dominante por completo na fala do Brasil, e portanto atenção deve ser dada. Ao transcrevê-la no caso de vocábulos e nomes no português brasileiro que não remetem a dialeto nenhum, deve-se usar alveolar [s, z] ao transcrevê-la antes de sons bilabiais (/b/, /p/, /m/), labiodentais (/f/, /v/), velares (/k/, /g/), róticos e uma pausa (nas citadas situações, a palatalização semicompleta é pontual e presente em poucos sotaques, como o carioca, o florianopolitano e o beleense, entretanto nestes, embora fones alveolares sejam ausentes ou próximos disso, também pode ocorrer debucalização ou deletamento, especialmente entre homens, jovens e a população menos escolarizada), enquanto usa-se pós-alveolar [ʃ, ʒ] antes de sons denti-alveolares (/t/, /d/, /l/, /n/), pós-alveolares ([tʃ], [dʒ]) ou palatalizados ([nj ~ nʲi] → [ɲ ~ ɲi], [lj] → [ʎ], da mesma maneira [ki], [gi], [mi]), forma usada principalmente pelos dialetos fluminense (~25 milhões, incluindo-se sotaques como os de Florianópolis, Distrito Federal, litoral norte paulista, mineiro da Zona da Mata e capixaba), baiano (~6-10 milhões), nordestino (~50 milhões) e nortista (~10 milhões).
Nos dialetos nordestino, recifense, sulista e florianopolitano usa-se de forma limitada, e não por todos os falantes, os fonemas pós-alveolares [tʃ] e [dʒ] antes do som de i em sílabas "de", "di", "te" e "ti", mas em seu lugar se usam sons dentialveolares assim como na língua castelhana (apenas nos dialetos nordestino e recifense) ou completamente alveolares como na língua inglesa (no caso de todos os dialetos, mas particularmente sulista e floriapolitano), mas a palatalização das pausas coronais é um fenômeno linguístico pertinente ao Brasil inteiro pelo que se deve dar preferência a transcrições que usem a mesma.
Referências
- ↑ a b c Na maior parte da língua portuguesa, mas de forma mais atenciosa no norte e no centro de Portugal, /b/, /d/ e /ɡ/ são lenizados para fricativas do mesmo ponto de articulação ([β], [ð], e [ɣ], respetivamente), exceto após uma pausa ou uma vogal nasal (ou na sílaba tônica no caso do Brasil), onde são oclusivas [b, d, ɡ], não diferentes dos "b", "d" e "g" do inglês e do francês. (Mateus & d'Andrade 2000:11).
- ↑ No galego e nos sotaques nortenhos do português europeu, /v/ não se dividiu de /b/ ([b ~ β]). Tal ocorre também em zonas rurais do Brasil, mas é um fenômeno de registros ostracizados da língua e pontual.
- ↑ a b Para a maioria dos falantes do português brasileiro /d, t/ são africadas para [dʒʲ, tʃʲ] quando antecedem vogais anteriores altas /i, ĩ/. Esse fenômeno pode ser completo, como excepcionalmente em todo o dialeto fluminense com exceção do sotaque de Florianópolis, ou recente, como em alguns sotaques sulistas e nordestinos.
- ↑ a b c d e No galego, as consoantes nasais e laterais só se contrastam quando antecedem vogais. Antes de consoantes, são assimiladas para o ponto de articulação da consoante. Em final de palavras são ou /ŋ/ ou /l/.
- ↑ No português europeu, o /l/ no final das sílabas é velarizado para [ɫ]. Para a maioria dos brasileiros, estes foram semivocalizados para [w] nas codas silábicas.
- ↑ a b A consoante rótica representada como /ʁ/ possui consideráveis variações, sendo pronunciada como [x], [h], [χ], [ʁ], etc., no Brasil; e como [ʁ], [ʀ], [r], etc., em Portugal; e como [r] na Galiza.
- ↑ Alofone de /s/ em galego.
- ↑ Em alguns dialetos galego /ɡ/ é faringealizado [ħ] ou glotalizado [h] em um processo fonológico conhecido como gheada.
- ↑ a b c d e As cinco vogais mais altas /ɐ, e, i, o, u/, podem assimilar a nasalização da consoante seguinte.
- ↑ No dialeto de Lisboa, /e/ funde-se com /ɐ/ quando esta antecede sons palatais (e.g. abelha, venho, jeito).
- ↑ Algumas vogais pós-tônicas em conjugações verbais constranstam com hiatos, como em eu rio [ˈew ˈʁi.u] e ele riu [ˈelɨ ˈʁiw]; e algumas vogais pós-tônicas alternam com semivogais, como em frio [ˈfɾi.u ~ ˈfɾiw].