Zacarias (comediante)

ator brasileiro

Mauro Faccio Gonçalves (Sete Lagoas, 18 de janeiro de 1934Rio de Janeiro, 18 de março de 1990) foi um ator, humorista, cantor e locutor de rádio brasileiro. Ele é mais conhecido por seu personagem e alter-ego Zacarias, com qual integrou o célebre grupo humorístico Os Trapalhões.

Zacarias
Zacarias em fotografia de 29/12/1986. Foto de Marcelo Régua, da Agência O Globo.
Nome completo Mauro Faccio Gonçalves
Outros nomes Zaca
Baixinho
Mineirinho de Sete Lagoas
Zacaria (a partir de 1988)[1]
Nascimento 18 de janeiro de 1934
Sete Lagoas, MG
Morte 18 de março de 1990 (56 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Estatura 1,60 m
Cônjuge Selma Lopes (c. 1958–73)
Filho(a)(s) 1
Ocupação ator, humorista, cantor e locutor
Período de atividade 1955–1990
Principais trabalhos Os Trapalhões
Religião espiritismo
Causa da morte insuficiência respiratória

Em 1988, Mauro alterou o nome de seu personagem para Zacaria. Segundo o mesmo, a opção de excluir a letra S, foi um pedido de seu guia espiritual, que disse que traria mais fama ao personagem, além de não difamar o Profeta Zacarias, já que muitas crianças, devido ao nome do personagem, confundiam o profeta com o trapalhão.[1]

BiografiaEditar

Mauro nasceu em uma família humilde com onze irmãos em Sete Lagoas, cidade do interior de Minas Gerais. Antes de se tornar famoso, foi vendedor de sapatos e trabalhou em uma fábrica de café,[2] onde seu pai já trabalhava. Era filho de Mariano Gonçalves e Virgínia Faccio.

Mauro estudou no Colégio Diocesano Dom Silvério de Sete Lagoas. Começou a carreira no rádio em 1955, na Rádio Cultura de Sete Lagoas, em um programa humorístico chamado Em Babozal Era Assim. No ano seguinte, formou-se técnico em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio de Sete Lagoas. Através do humor, logo tornou-se conhecido pela incrível habilidade de trocar de vozes, criando vários tipos completamente diferentes, e de imitar animais com rara perfeição.

CarreiraEditar

Mudou-se para Belo Horizonte em 1957, onde tentou estudar Arquitetura, trabalhando ao mesmo tempo como bancário. Porém, dificuldades financeiras o impediram de iniciar o curso. Na capital mineira, Mauro trabalhou na Rádio Inconfidência, fazendo três programas, sendo que o que mais o marcou como comediante foi Arte Final. Logo veio o reconhecimento: foi considerado o melhor comediante do rádio de 1960 a 1963. Ainda em Belo Horizonte, fez sua estreia na televisão, na TV Itacolomi, no programa Tribunal de Calouros.

Em 1963, recebeu uma proposta para trabalhar na TV Excelsior do Rio de Janeiro, a convite de Wilton Tupinambá Franco. Apesar da timidez, que inicialmente o impedia de trabalhar na televisão, Mauro estreou em um programa de calouros, onde criou cinco personagens, incluindo o Garçom Moranguinho, fazendo grande sucesso inspirado num garçom da terra natal dele. Mais tarde, foi para a Rede Record, para fazer parte do elenco de A Praça da Alegria e Os Insociáveis.[3] Sua participação no programa fez com que Renato Aragão o convidasse para ser efetivado no grupo "Os Trapalhões". Mauro foi o último a integrar o grupo, do qual já faziam parte Didi, Dedé e Mussum, completando assim a formação do quarteto em 1976.

Além do personagem Zacarias, Mauro Gonçalves também era a voz que interagia com o personagem Aparício, interpretado por Renato Aragão, e fez um filme com Roberto Machado, intitulado Deu A Louca Nas Mulheres. Em 1970, foi premiado pela sua interpretação na peça "A Dama do Camarote". Permaneceu no grupo "Os Trapalhões" até 1990, ano em que faleceu. Seu último filme foi Uma Escola Atrapalhada, onde fazia uma participação ao lado dos outros Trapalhões.

O Trapalhão ZacariasEditar

Zacarias era um tímido e ingênuo mineirinho, que vestia-se e comportava-se de modo infantil. Devido a isso, o personagem caiu nas graças das crianças brasileiras que passaram a adorá-lo. Mauro que era calvo, usava uma peruca para compor o personagem e pintava os dentes, já que Zaca era banguelo. Com uma voz esganiçada e um riso inconfundível, o personagem entrava em desespero caso alguém (geralmente Didi) arrancasse sua peruca. O personagem também usava muitos suspensórios e roupas coloridas, o que o deixava ainda mais próximo das crianças.

Vida pessoalEditar

Mauro foi casado durante 15 anos com a atriz e dubladora Selma Lopes, com quem teve uma única filha, Maria Laura Gonçalves.[4] Após a separação, os dois continuaram amigos, com Selma atuando ao seu lado em vários quadros dos Trapalhões. Ele também namorou a cantora Waleska entre 1980 e 1981.[5]

MorteEditar

Em dezembro de 1989, Mauro resolveu por conta própria iniciar um regime macrobiótico a base de remédios.[6] O humorista acabou perdendo vinte quilos, porém como consequência, seu organismo enfraqueceu chegando até a atingir seus pulmões.[6] Mauro acabou sendo internado por nove dias na Clínica São Vicente no Rio de Janeiro e faleceu em 18 de março de 1990, aos 56 anos, de insuficiência respiratória.[6][7][8] O humorista foi enterrado em sua cidade natal, em Sete Lagoas no Cemitério Parque Santa Helena.[9]

Durante muitos anos especulou-se que Mauro era bissexual e que havia falecido prematuramente vítima de AIDS; porém seus amigos e familiares sempre negaram o boato.[10][11]

FilmografiaEditar

Carreira soloEditar

Ano Título
1971 Tô na Tua, Ô Bicho
1973 O Fraco do Sexo Forte
1977 Deu a Louca nas Mulheres

Com Os TrapalhõesEditar

Prêmios e honrariasEditar

Em 1970 ganhou o prêmio de ator revelação com a peça A Dama do Camarote.[12] Em 1981 foi homenageado pelo cantor Caetano Veloso na canção "Jeito de Corpo". Em 1984, recebeu uma homenagem da Embrafilme, pelo 5° Festival Internacional de Cinema para a Infância e a Juventude de Tomar, em Portugal. Em 1988 recebeu a Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto. No mesmo ano foi eleito "Embaixador de Sete Lagoas" pela prefeitura da cidade, além de inaugurar o "Anfiteatro Mauro Faccio Gonçalves (Zacarias)" no casarão Nhô Quim Drummond, centro cultural da cidade. No bairro Jardim Guarujá, seu nome foi escolhido como nome de um colégio, a Escola Municipal de Primeiro Grau – Mauro Faccio Gonçalves.[13]

DiscografiaEditar

  • 1982 - Roda Roda Aleluia com Você Quero Brincar (Selo: Polygram / Mutalambô)
  • 1983 - Zacarias e Lucrécia: A Sensacional Dupla Da Televisão (Selo: Chantecler / Rosicler)

Referências

  1. a b webnode.com.br. «Trapalhão Zacarias». Consultado em 1 de outubro de 2022 
  2. A Turma do Didi - Trapalhadas renovadas Arquivado em 30 de junho de 2007, no Wayback Machine. Correio Braziliense, acessado em 19 de dezembro de 2008
  3. Personalidades - Zacarias Adoro Cinema Brasileiro, acessado em 19 de dezembro de 2008
  4. «Globo é processada por herdeira de "trapalhão"». Agência Estado. 18 de outubro de 2001. Consultado em 1 de outubro de 2022 
  5. «Waleska: "Zacarias foi um sonho que passou"». ''webnode.com.br. 9 de janeiro de 2011 
  6. a b c Folha de S. Paulo - Edição de 19 de março de 1990. Folha de S.Paulo. Página visitada em 19 de dezembro de 2014
  7. Veja, edição 1123, de 28 de março de 1990
  8. Em desabafo, família de Zacarias acusa Renato Aragão de abandono UOL, acessado em 27 de março de 2014
  9. “Zacarias” é enterrado em Minas, acessado em 29 de julho de 2014
  10. TV, Notícias da (2 de abril de 2017). «Família de Zacarias revela abandono e desentendimento entre Trapalhões». Notícias da TV. Consultado em 25 de dezembro de 2019 
  11. Assim, No Amazonas é. «Família do Trapalhão Zacarias revela causa da morte do comediante | No Amazonas é Assim». Consultado em 25 de dezembro de 2019 
  12. «Renato Aragão e Dedé Santana falam de Zacarias 25 anos após sua morte». Site EGO 
  13. «Zacarias - Títulos». webnode.com.br. Consultado em 1 de outubro de 2022 

Ligações externasEditar

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