Ayn Rand
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Ayn Rand ( /aɪn rænd/);[1] nascida Alisa Zinov'yevna Rozenbaum, em russo: Алиса Зиновьевна Розенбаум; (São Petersburgo, 2 de fevereiro de 1905 — Nova Iorque, 6 de março de 1982) foi uma escritora, dramaturga, roteirista e filósofa norte-americana de origem judaico-russa, mais conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado de Objetivismo, e por seus romances. Ela teve sua primeira peça produzida na Broadway em 1932.[2] Depois de dois primeiros romances que inicialmente não tiveram sucesso, ela alcançou fama com seu romance de 1943, The Fountainhead (A Nascente).[2] Em 1957, Rand publicou seu trabalho mais conhecido, o romance Atlas Shrugged (A Revolta de Atlas).[2] Posteriormente, ela se voltou para a não-ficção para promover sua filosofia, publicando seus próprios periódicos e lançando várias coleções de ensaios até sua morte em 1982.[2]
Ayn Rand | |
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Nome completo | Alisa Zinovyevna Rosenbaum Алиса Зиновьевна Розенбаум |
Pseudônimo(s) | Ayn Rand |
Nascimento | 2 de fevereiro de 1905 São Petersburgo, Império Russo |
Morte | 6 de março de 1982 (77 anos) Nova Iorque, Estados Unidos |
Nacionalidade | russa |
Cidadania | russa norte-americana |
Etnia | Judia russa |
Cônjuge | Frank O'Connor (1929–1979, sua morte) |
Ocupação | Escritora, filósofa |
Principais trabalhos | The Fountainhead Atlas Shrugged |
Prêmios | Prêmio Prometheus |
Gênero literário | Filosofia |
Escola/tradição | Universidade Estatal de São Petersburgo |
Religião | Ateísmo |
Assinatura | |
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Rand defendeu a razão como o único meio de adquirir conhecimento e rejeitou a fé e a religião. Ela apoiou o egoísmo racional e ético e rejeitou o altruísmo. Na política, ela condenou a iniciação da força como imoral[3] e se opôs ao coletivismo e ao estatismo, bem como ao anarquismo, em vez disso apoiando o capitalismo laissez-faire, que definiu como o sistema baseado no reconhecimento dos direitos individuais, incluindo os direitos de propriedade.[4] Na arte, Rand promoveu o realismo romântico. Ela criticava fortemente a maioria dos filósofos e tradições filosóficas conhecidas por ela, com exceção de Aristóteles, Tomás de Aquino e liberais clássicos.[5]
Críticos literários receberam a ficção de Rand com críticas misturadas,[6] tendo a academia ignorado em um primeiro momento sua filosofia, muito embora o interesse acadêmico tenha aumentado nas últimas décadas.[7][8][9] O movimento objetivista tenta espalhar suas ideias, tanto para o público quanto em contextos acadêmicos.[10] Ela tem sido uma influência significativa entre libertários, liberais clássicos e conservadores americanos.[11]
VidaEditar
Juventude na Rússia e início dos estudosEditar
Alissa Zinovievna Rosenbaum nasceu em São Petersburgo no dia 2 de fevereiro de 1905 (20 de janeiro do calendário juliano) em uma família judaica de agnósticos de classe média, composta por três filhos, dos quais ela é era a mais velha.[12] Seu pai, Zinovy Zacharovich Rosenbaum, farmacêutico , nasceu em Brestlitovsk em 18 de novembro de 1869, enquanto sua mãe, Anna Borisovna Kaplan, nasceu em São Petersburgo em 15 de outubro de 1880.[13]
Desde a juventude, Rand se mostrou muito interessada em literatura e cinema, escrevendo seus primeiros romances e roteiros por volta dos sete anos de idade. Aos nove anos, ela decidiu se tornar escritora. Ela foi influenciada particularmente por Walter Scott e Alexandre Dumas e entusiasmou-se com o romantismo. Uma de suas maiores influências da época foi o livro The Mysterious Valley (1915) do romancista francês Maurice Champagne, cujo personagem principal – um homem heróico e virtuoso - marcou a imaginação de Rand. Este modelo de personagem é encontrado em todo o seu trabalho e, em particular, no personagem principal de Atlas Shrugged, John Galt.[14] Aos treze anos, descobriu aquele que se tornou seu autor favorito: Victor Hugo. Na faculdade , ela se revelou brilhante em matemática. Em 1912, sua família mudou-se para Nevsky Prospect, localizada no distrito de Znamenskaya. A jovem Alissa (Rand) participou de sua primeira exposição, dedicada a imagens de filmes, em 1913.
Na época, a cidade de São Petersburgo foi um dos focos de agitação revolucionária na Rússia czarista. No início da revolução de fevereiro, Rand apoiou a ação de Kerensky, mas com a chegada dos bolcheviques ao poder em outubro de 1917, e o confisco da farmácia de seu pai pelo governo revolucionário, sua família foi obrigada a fugir para Crimeia. Os Rosenbaum estabeleceram-se em Yevpatoria até o distrito ser invadido pelos revolucionários em 1921.[15] A partir deste dia, Rand tomou um ódio profundo pelos comunistas, sentimento que permeou todos os seus futuros escritos. Ela queimou seu diário onde costumava escrever reflexões e críticas sobre os revolucionários.
No dia 30 de junho de 1921, Rand se formou na Yevpatoria High School. No ano seguinte, a família Rosenbaum retornou a Petrogrado.[16] Alissa, então com dezesseis anos, começou a estudar história e filosofia na Universidade Estatal de São Petersburgo, onde descobriu as obras de Edmond Rostand, Friedrich von Schiller, Aristóteles e Fiodor Dostoiévski. Seus estudos lhe deram acesso, em suas próprias palavras, a uma "cultura milenar", através da qual ela passou a considerar prejudicial a influência das idéias comunistas na Rússia. Nos últimos anos de URSS, ela foi forçada a integrar a propaganda comunista, e foi durante essa época em que ela formulou a base de sua crítica aos sistemas coletivistas.
Em 13 de outubro de 1924, Alissa se graduou e entrou no Instituto Estadual de Artes Cinematográficas.[17] Ela estudou história e política americana e também descobriu o cinema norte-americano, incluindo westerns, além de toda a cultura dos Estados Unidos. Ela se tornou uma admiradora da sociedade americana e seus valores individualistas e otimistas. Percebendo que ela não poderia realizar seu sonho de escrever romances na URSS por causa da censura comunista, ela mudou-se para os Estados Unidos.[15] Em 1925 , ela publicou um panfleto sobre a atriz de cinema Pola Negri, em Moscou e Leningrado, e em 1926 um pequeno ensaio intitulado Hollywood: American Movie City.
Vida nos Estados UnidosEditar
Alcançou a fama com seu romance The Fountainhead (que foi lançado no Brasil com o título de A Nascente, e deu origem a um filme homónimo conhecido no Brasil por Vontade Indômita), publicado em 1943. Em 1957 lançou seu melhor e mais conhecido trabalho, o romance filosófico Atlas Shrugged (no Brasil, Quem É John Galt?, inicialmente lançado em 1987 e, posteriormente, relançado em 2010 como A Revolta de Atlas).
Sua filosofia e sua ficção enfatizam, sobretudo, suas noções de individualismo, autossustentação e capitalismo. Seus romances preconizam o individualismo filosófico e a livre iniciativa econômica.[18]
FilosofiaEditar
O Objetivismo, filosofia desenvolvida por Ayn Rand, abarca os campos da epistemologia, metafísica, ética, política e estética. Ele foi primeiramente expresso por meio de romances como The Fountainhead e Atlas Shrugged e, posteriormente, em ensaios sobre cada um dos campos mencionados. Mais tarde, o filósofo Leonard Peikoff, a quem Ayn Rand se referiu como seu herdeiro intelectual, expôs o sistema objetivista em toda sua estrutura lógica em seu ensaio Objetivismo: A Filosofia de Ayn Rand.
O objetivismo argumenta que:
- A realidade existe independentemente da mente do observador ("realidade objetiva");
- Os indivíduos estão em contato com essa realidade através da percepção de seus sentidos que permitem a formação de conceitos seguindo um processo lógico indutivo e dedutivo;
- A intenção moral da existência é a busca da felicidade ou "egoísmo racional";
- O único sistema social compatível com esse objetivo moral é o laissez-faire capitalista;
- O papel da arte na vida humana é transformar uma ideia metafísica em uma reprodução seletiva da realidade, em uma forma física que pode ser entendida e gerar uma resposta emocional.
"Minha filosofia, em essência, é o conceito do homem como um ser heróico, com sua própria felicidade como a meta moral de sua vida, com a realização produtiva como sua atividade mais nobre, e a razão somente, seu absoluto".[19]
Obras selecionadasEditar
FicçãoEditar
- Night of January 16th (1934) ISBN 0-452-26486-3
- We the Living (1936) ISBN 0-451-18784-9
- Anthem (1938) ISBN 0-451-19113-7
- The Fountainhead (1943) ISBN 0-451-19115-3
- Atlas Shrugged (1957) ISBN 0-451-19114-5
Não-ficçãoEditar
- For the New Intellectual (1961) ISBN 0-451-16308-7
- The Virtue of Selfishnes (com Nathaniel Branden) (1964) ISBN 0-451-16393-1
- Capitalism: The Unknown Ideal (com Nathaniel Branden, Alan Greenspan e Robert Hessen) (1966) ISBN 0-451-14795-2
- Introduction to Objectivist Epistemology (1967) ISBN 0-452-01030-6
- The Romantic Manifesto (1969) ISBN 0-451-14916-5
- Return of the Primitive: The Anti-Industrial Revolution (1971) ISBN 0-452-01184-1
- Philosophy: Who Needs It editado postumamente por Leonard Peikoff (1982) ISBN 0-451-13893-7
Influência em outras mídiasEditar
MúsicaEditar
- Neil Peart, baterista da banda canadense Rush, influenciado pelos livros da escritora e o objetivismo, faz inúmeras referências na faixa Anthem, do álbum Fly by Night, e 2112, do álbum do mesmo nome.
Jogos eletrônicosEditar
- Na série de games BioShock o personagem Andrew Ryan, magnata fundador da cidade submarina de Rapture, é uma referência explícita à escritora dentro do enredo do jogo. A partir da formação do nome, até a filosofia pessoal do personagem, como a tentativa de utopia na criação da cidade no fundo do mar, invariavelmente comparada com a obra Atlas Shrugged.[20]
QuadrinhosEditar
- A enigmática Layla de X-factor (Marvel) aparece lendo o Atlas Shrugged durante os eventos da Guerra Civil
Ver tambémEditar
Referências
- ↑ (Branden 1986, p. 71; Gladstein 1999, p. 9
- ↑ a b c d HICKS, STEPHEN. «Breve relato da vida de Ayn Rand». Objetivismo - A Filosofia de Ayn Rand. objetivismo.com.br. Consultado em 20 de fevereiro de 2019
- ↑ Barry 1987, p. 122; Peikoff 1991, pp. 309–314; Sciabarra 1995, p. 298; Gotthelf 2000, p. 91; Gladstein 2009, p. 46
- ↑ Gotthelf 2000, pp. 91–92; Peikoff 1991, pp. 379–380
- ↑ O'Neill 1977, pp. 18–20; Sciabarra 1995, pp. 12, 118
- ↑ Gladstein 1999, pp. 117–119
- ↑ Cohen 2001
- ↑ Marcus 2009
- ↑ Badhwar & Long 2010
- ↑ Sciabarra 1995, pp. 1–2
- ↑ Burns 2009, p. 4; Gladstein 2009, pp. 107–108, 124
- ↑ (em inglês) Pour plus de précisions sur le Saint-Pétersbourg d'Ayn Rand, avec des photographies des lieux actuels, voir « Ayn Rand Sites in Saint Petersburg ».
- ↑ (em inglês) Biographie chronologique d'Ayn Rand, Ayn Rand Institute.
- ↑ , .
- ↑ a b , .
- ↑ , , p. 14-20.
- ↑ , , p. 14-20.
- ↑ Atlas Society: Objectivism
- ↑ La Grève, Sur l'auteur.
- ↑ «BioShock's critique of Ayn Rand & Objectivism». Giant Bomb (em inglês). Consultado em 1 de fevereiro de 2021
Ligações externasEditar
- «Ayn Rand Institute» (em inglês). www.aynrand.org
- «Ayn Rand Lexicon» (em inglês). www.aynrandlexicon.com
- «The Ayn Rand Society» (em inglês). www.aynrandsociety.org
- «The Objective Standard» (em inglês). www.theobjectivestandard.com
- «The Objectivism Reference Center» (em inglês). www.noblesoul.com
- «Leonard Peikoff» (em inglês). www.peikoff.com
- «Biografia de Ayn Rand e Bases do Objetivismo». www.mortesubita.org
- «Ayn Rand Brasil»
- «ObjetivismoBR»
- Capitalism & Commerce - Ayn Rand's Philosophy of Objectivism. Por Edward W.Younkin.
- Obras de Ayn Rand na Open Library