Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe

estação ferroviária em Cabeceiras de Basto, Portugal
(Redirecionado de Estação de Arco de Baúlhe)

A Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe é uma antiga interface da Linha do Tâmega, que servia a localidade de Arco de Baúlhe, no concelho de Cabeceiras de Basto, em Portugal. Foi inaugurada em 15 de Janeiro de 1949,[2] e encerrada em 1990.[3]

Arco de Baúlhe
Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe
antigo edifício da Estação de Arco de Baúlhe, em 2016
Administração: Infraestruturas de Portugal (norte)[1]
Linha(s): Linha do Tâmega (PK 51+464)
Altitude: 230 m (a.n.m)
Coordenadas: 41°28′56.15″N × 7°57′17.43″W

(=+41.48226;−7.95484)

Mapa

(mais mapas: 41° 28′ 56,15″ N, 7° 57′ 17,43″ O; IGeoE)
Município: border link=Cabeceiras de BastoCabeceiras de Basto
Inauguração: 15 de janeiro de 1949 (há 75 anos)
Encerramento: 1 de janeiro de 1990 (há 34 anos)
 Nota: Este artigo é sobre a estação terminal encerrada da Linha do Tâmega. Para a estação da Linha de Cascais, veja Estação Ferroviária de Paço de Arcos.
Perspetiva da estação de Arco de Baúlhe, em 2018.

Descrição editar

 
Fachada exterior da estação de Arco de Baúlhe, em 2016.

Localização e acessos editar

Situa-se na Rua da Estação da localidade nominal, distando três quartos de quilómetro do seu centro (Ig. S. Martinho).[4]

Infraestrutura editar

O edifício de passageiros situa-se do lado sul-sudoeste da via (lado direito do sentido descendente, para Livração).[5][6]

Núcleo Museológico editar

Nas antigas dependências da Estação, foi instalado[quando?] o Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe.[7] Manteve-se para este efeito o complexo ferroviário existente à época de uso corrente,[8] correspondendo aos últimos 400 m de via.[9]

História editar

 
Automotora tipo 9100 na década de 1980.
 Ver artigo principal: Linha do Tâmega § História

Planeamento, construção e inauguração editar

A construção da Linha do Tâmega iniciou-se em Março de 1905, tendo o primeiro lanço, entre Livração e Amarante, sido inaugurado a a 21 de Março de 1909.[10] A linha chegou ao Apeadeiro de Chapa em 22 de Novembro de 1926.[10]

No Plano Geral da Rede Ferroviária, aprovado pelo Decreto 18.190 de 28 de Março de 1930, estava prevista a continuação da Linha do Tâmega até entroncar na Linha do Corgo em direção a Chaves, passando por Arco de Baúlhe.[11] A partir desta estação, também devia partir a Linha do Ave, em direção a Fafe, que terminaria no Caniços, na Linha de Guimarães.[11] Ambos os lanços deveriam fazer parte da Transversal de Trás-os-Montes, um conjunto de linhas e ramais ligando entre si todas as linhas férreas de via estreita a Norte do Rio Douro.[12] Em 20 de Março de 1932, foi inaugurada a linha até à Estação Ferroviária de Celorico de Basto.[10] Em meados desse ano, a autarquia de Ribeira de Pena pediu que a linha fosse continuada até Arco de Baúlhe.[13]

Em 14 de Abril de 1934, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a abertura do concurso para este troço,[14][15] incluindo os acessos rodoviários à futura estação de Arco de Baúlhe.[16] Em 1938, este lanço estava em construção.[17] Porém, as obras foram condicionadas devido a problemas financeiros, tendo a circulação de comboios de passageiros sido suspensa nos princípios da década de 1940, quando a linha estava quase a chegar a Arco de Baúlhe.[18] Os trabalhos foram posteriormente retomados, encontrando-se muito adiantados em Novembro de 1948.[19]

 
Vias na antiga estação de Arco de Baúlhe, em 2016

O primeiro comboio, composto por uma locomotiva e quatro carruagens transportando os trabalhadores da linha, chegou a Arco de Baúlhe por volta das 15 horas de 15 de Novembro de 1948, sendo recebida na estação por uma multidão e uma banda de música.[20] A inauguração oficial da linha e a abertura à exploração deram-se no dia 15 de Janeiro de 1949, pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses,[2] tendo sido organizado um comboio especial para a cerimónia, transportando os convidados, incluindo o Ministro das Comunicações, Manuel Gomes de Araújo, o director-geral dos caminhos de ferro, Rogério Vasco Ramalho, e o director-geral da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, Roberto de Espregueira Mendes.[21] O comboio inaugural, rebocado pela locomotiva 207, chegou a Arco de Baúlhe por volta das 11 horas.[2] Foi recebido com grande júbilo pela população reunida na gare e por bandas de música, tendo sido lançados vários foguetes.[2] Na estação, realizou-se uma sessão solene, dirigida por Gomes de Araújo, e na qual discursaram o presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Albino Teixeira da Silva, do deputado Alberto da Cruz, e José Alberto dos Reis, em representação da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[2] Após o encerramento da sessão solene, foram condecorados seis funcionários da Companhia, e inaugurada uma feira de gado bovino, seguida do almoço.[2] Às 15 horas, o comboio saiu na direcção de Mondim de Basto, onde foi concluída a cerimónia de inauguração.[2] No mesmo dia, realizou-se o primeiro comboio regular entre Livração e Arco de Baúlhe.[2]

 
Vagões na antiga estação de Arco de Baúlhe, em 2016.

Durante a cerimónia de inauguração, José Alberto dos Reis defendeu a construção de uma linha férrea entre Arco de Baúlhe a Fafe, conhecida como Linha do Basto, que não foi incluída no Plano Geral.[2] O jornalista Guerra Maio também apoiou a ligação a Fafe, uma vez que melhoraria as comunicações entre o Porto e Cabeceiras de Basto, e criticou a planeada continuação até à Linha do Corgo, devido não só ao péssimo traçado que seria necessário para chegar a Vila Pouca de Aguiar ou Pedras Salgadas, mas também porque aquela zona já estava servida pela própria Linha do Corgo.[22] Desvalorizou igualmente a planeada Linha do Vale do Ave, uma vez que o seu traçado ficaria em grande parte paralelo às das Linhas de Guimarães e Braga.[22]

No Diário do Governo n.º 45, II Série, de 24 de Fevereiro de 1949, foi publicado um diploma que aprovou o processo de expropriação de uma parcela de terreno junto à estação, para a construção de uma placa de dez metros.[23] O edifício da estação foi construído no estilo tradicional português.[24]

Sinalética da Ecopista do Tâmega, na estação de Arco de Baúlhe..

Declínio e encerramento editar

Alegando reduzido movimento,[25] a empresa Caminhos de Ferro Portugueses encerrou o lanço entre Arco de Baúlhe e Amarante em 2 de Janeiro de 1990, como parte de um programa de reestruturação.[26]

Em 2013 passou a integrar a Ecopista do Tâmega. Esta estação encontra-se em excelente estado de conservação e apresenta linhas e uma ligação ferroviária ao museu.[carece de fontes?]

Ver também editar

Referências

  1. Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  2. a b c d e f g h i «Novos melhoramentos ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1467). 1 de Fevereiro de 1949. p. 123-129. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  3. REIS et al, 2006:150
  4. OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal (41,48190; −7,95423 → 41,48010; −7,96125)». Consultado em 20 de julho de 2023 : 730 m: desnível acumulado de +61−4 m
  5. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  6. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  7. «Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe». Fundação Museu Nacional Ferroviário. Consultado em 2 de Dezembro de 2014 
  8. Sinalização da estação de Arco de Baúlhe” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1979
  9. «Cálculo de distância pedonal (41,48303; −7,95596 → 41,48138; −7,95168)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 20 de julho de 2023 : 407 m: desnível acumulado de +4−3 m
  10. a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 2 de Dezembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  11. a b PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Paços do Governo da República. Publicado no Diário do Govêrno n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
  12. SOUSA, José Fernando de; ESTEVES, Raul (1 de Março de 1935). «O Problema da Defesa Nacional» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1133). p. 101-103. Consultado em 18 de Maio de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  13. «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1238). 16 de Julho de 1939. p. 345. Consultado em 5 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  14. «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1111). 1 de Abril de 1934. p. 187. Consultado em 4 de Julho de 2010 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  15. «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1112). 16 de Abril de 1934. p. 220-223. Consultado em 17 de Julho de 2010 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  16. «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1111). 1 de Abril de 1934. p. 193-196. Consultado em 5 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  17. «Direcção Geral de Caminhos de Ferro: Relatório de 1938» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1245). 1 de Novembro de 1939. p. 379-480. Consultado em 5 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  18. SOUSA, Fernando de (16 de Setembro de 1941). «Comunicações em Trás-os-Montes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. p. 463-464. Consultado em 15 de Janeiro de 2023 
  19. «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1461). 1 de Novembro de 1948. p. 616. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  20. «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1463). 1 de Dezembro de 1948. p. 644. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  21. «Novos Melhoramentos nos Caminhos de Ferro Portugueses» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1466). 16 de Janeiro de 1949. p. 107. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  22. a b MAIO, José da Guerra (16 de Março de 1949). «Reflexões sobre as novas linhas de Portalegre e do Tâmega» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1470). p. 181-182. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  23. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1470). 16 de Março de 1949. p. 224-227. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  24. NUNES, José de Sousa (16 de Junho de 1949). «A Via e Obras nos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1476). p. 418-422. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  25. «Linha do Tâmega: Crónica de uma ferrovia de "vida estreita"». O Basto. 3 de Março de 2014. Consultado em 21 de Novembro de 2014. Arquivado do original em 28 de Fevereiro de 2017 
  26. «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 22 de Dezembro de 2020 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares 

Bibliografia editar

  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
 
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Ligações externas editar

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