Lockheed SR-71 Blackbird
O Lockheed SR-71, é um avião de reconhecimento estratégico operado pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).
SR-71 Blackbird | |
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Um SR-71B de treino sobre Serra Nevada em 1994 | |
Descrição | |
Tipo / Missão | Aeronave estratégica de reconhecimento, com motores turbojato, bimotor monoplano |
País de origem | ![]() |
Fabricante | Lockheed |
Período de produção | 1964-? |
Quantidade produzida | 32 |
Desenvolvido de | Lockheed A-12 |
Primeiro voo em | 22 de dezembro de 1964 (58 anos) |
Introduzido em | 1966 |
Aposentado em | 1998 (USAF) 1999 (NASA) |
Variantes | SR-71B e SR-71C |
Tripulação | 2 - piloto e oficial de sistema de reconhecimento |
Carga útil | 1 600 kg (3 530 lb) |
Especificações (Modelo: SR-71A) | |
Dimensões | |
Comprimento | 32,74 m (107 ft) |
Envergadura | 16,94 m (55,6 ft) |
Altura | 5,64 m (18,5 ft) |
Área das asas | 170 m² (1 830 ft²) |
Alongamento | 1.7 |
Peso(s) | |
Peso vazio | 30 600 kg (67 500 lb) |
Peso carregado | 69 000 kg (152 000 lb) |
Peso máx. de decolagem | 78 000 kg (172 000 lb) |
Propulsão | |
Motor(es) | 2 x turbojatos de pós-combustão Pratt & Whitney J58-1 |
Força de empuxo (por motor) | 15 422 kgf (151 000 N) |
Performance | |
Velocidade máxima | 3 529 km/h (1 910 kn) |
Velocidade máx. em Mach | 3,3 Ma |
Alcance bélico | 5 400 km (3 360 mi) |
Alcance (MTOW) | 5 925 km (3 680 mi) |
Teto máximo | 25 900 m (85 000 ft) |
Razão de subida | 60 m/s |
Notas | |
Dados de: Lockheed SR-71 Blackbird[1][2] |
Foi construído pela empresa Lockheed Corporation em sua divisão de Desenvolvimento de Projetos Avançados (também conhecida como Skunk Works), tendo sido projetado pelo engenheiro aeroespacial Clarence L. “Kelly” Johnson.[2]
O SR-71 foi a mais recente variação de um conjunto de aviões que ficaram conhecidos como Blackbirds (A-12, YF-12, M-21 e SR-71).[2]
Diferentemente de seus antecessores, o SR-71 é maior, carregava mais combustível e possuía dois cockpits, o frontal para o piloto e o traseiro para o oficial de sistemas de reconhecimento.[3]
Nenhum dos 31 SR-71 fabricados foi abatido até à atualidade, tendo no entanto 12 unidades sido perdidas em acidentes.[2][4]
TecnologiaEditar
MotoresEditar
A propulsão do SR-71 consistia em dois motores turbojato Pratt & Whitney’s modelo JT11D-20 (J58) com pós-combustores.
Cada motor possuía um difusor de entrada de ar de geometria variável (cone móvel) e um complexo sistema de drenagem de ar que permitia o ar passar por fora da seção da turbina indo diretamente para o pós-combustor, atuando portanto como um motor híbrido turbo-ramjet.[2]
A máxima eficiência era alcançada nas velocidades acima de Mach 2,0 sendo que a velocidade de cruzeiro era de Mach 3,2 limitada primariamente pelas restrições de temperatura da estrutura.[2]
O combustível também era usado no sistema hidráulico do motor e como refrigerante do motor e de outros sistemas. Portanto tratava-se de um combustível especial, o JP-7 e o PWA 523E, que possuíam alta estabilidade térmica e não depositavam impurezas nos sistemas de passagem.[5]
Esse combustível possuía baixa pressão de vapor e um ponto de ignição tão alto que se um fósforo aceso fosse atirado em uma poça dele, era apagado. Para se iniciar a ignição era usado o elemento pirofórico trietilborano.[2][6]
FuselagemEditar
Devido à fricção com o ar, as temperaturas médias das superfícies externas variavam de aproximadamente 240 oC a 330 oC, sendo que algumas partes chegavam a 565 oC. Isso impedia o uso de alumínio como material estrutural. Dessa forma o material escolhido foi o titânio, 93% do peso estrutural era composto por ligas de titânio.[2][3]
Algumas partes como as bordas da fuselagem, estabilizadores verticais, cones das entradas de ar e cone da cauda eram feitos de materiais poliméricos compostos, que eram usados basicamente para reduzir a assinatura de radar.
Uma característica deste avião é a existência de chines ao longo da fuselagem. Trata-se de uma extensão lateral (carenagem lateral) ao longo da parte frontal do corpo, no sentido longitudinal. Seu objetivo é prover estabilidade e sustentação adicionais.[2][6]
O Blackbird (pássaro negro) recebeu este nome em função de uma pintura preta de alta emissividade, que ajudava na irradiação do calor e consequentemente diminuía o estresse térmico sobre a fuselagem.[2][6]
VariaçõesEditar
Além do SR-71 A, foram construídas duas unidades do SR-71 B, que era uma versão de treinamento, onde o cockpit traseiro era mais elevado e servia ao instrutor, vide figura 1.[6]
Após um acidente em Janeiro de 1968, uma destas unidades foi substituída pelo SR-71 C, também uma versão de treinamento muito semelhante ao SR-71B.[2]
História operacionalEditar
O primeiro voo do SR-71 foi em 22 de Dezembro de 1964.[3][6]
A Força Aérea os retirou de operação em 1990, porém dois deles voltaram ao serviço em 1995 para serem novamente retirados em 1997.[6]
A NASA operou um SR-71 entre Julho de 1991 e Outubro de 1999, para propósitos de pesquisas, vide figuras 2 e 3.
Após 1999, todos os SR-71 remanescentes foram distribuídos para museus nos Estados Unidos e um no Reino Unido. O último voo de um SR-71 se deu em 9 de Outubro de 1999.[2][6]
Entre 1964 e 1967 foram construídos um total de 31 SR-71.[2][6]
Durante sua vida operacional, doze SR-71 foram perdidos em acidentes.[2][4]
Velocidade e altitudeEditar
Os Blackbirds são conhecidos pelas velocidades e altitudes alcançadas.
A velocidade máxima de cruzeiro projetada era de Mach 3,2, sendo que a velocidade máxima recomendada em operações normais era de Mach 3,17. Porém, se autorizado, a velocidade podia chegar até Mach 3,3, desde de que o limite de 427 oC para a temperatura de entrada do compressor não fosse excedida.[7]
De acordo com o manual, a altitude máxima do SR-71 era de 25,91 km (85 000 pés), a menos que uma altitude maior fosse especificamente autorizada.[8]
Em Julho de 1976, o recorde oficial de velocidade foi obtido na altitude de 25,93 km (85 069 pés), onde atingiu-se 3 529 km/h (Mach 3.3).[2][6][9]
Na culturaEditar
No livro de Frederick Forsyth, A Alternativa do Diabo, o personagem Adam Munro, descreve um voo entre os Estados Unidos e a Russia em um SR-71, com uma tentativa de interceptação por Migs 25-E.[10]
Referências
- ↑ Pace, Steve. Lockheed SR-71 Blackbird, p.110. Swindon, UK: Crowood Press, 2004. ISBN 1-86126-697-9.
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o Merlin, Peter W. (5–8 de janeiro de 2009). Design and Development of the Blackbird:Challenges and Lessons Learned. 47th AIAA Aerospace Sciences Meeting Including The New Horizons Forum and Aerospace Exposition. Orlando, Florida. pp. 1–38. Consultado em 31 de agosto de 2020
- ↑ a b c «Creating the Blackbird». Lockheed Martin. Consultado em 26 de dezembro de 2016
- ↑ a b «SR-71 Online - Blackbird Losses». sr71.org. Consultado em 28 de dezembro de 2016
- ↑ «Section 1 - Introduction». SR-71 Flight Manual (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 1-4
- ↑ a b c d e f g h i Juvenal Jorge (9 de dezembro de 2018). «Lockheed SR-71 Blackbird, exatos 17 anos depois». Autoentusiastas. Consultado em 31 de agosto de 2020
- ↑ «Section 5 - Maximum mach». SR-71 Flight Manual (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 5-8
- ↑ «Section 5 - Altitude». SR-71 Flight Manual (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 5-10
- ↑ Ernesto Klotzel (28 de julho de 2016). «A história do voo mais rápido de um jato com piloto». Aero Magazine. Consultado em 31 de agosto de 2020
- ↑ Forsyth, Frederick (1985). A Alternativa do Diabo. [S.l.]: Record
Ligações externasEditar
- SR-71 Online
- Manual de voo do SR-71 (em Inglês)
- Blackbird Spotting - Localização de todos os Blackbirds ainda existentes, com fotografias aéreas do Google Maps
- FlatOut. SR-71 Blackbird: como era pilotar o avião supersônico mais rápido da história a 4.300 km/h
Artigos relacionados: | |
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Desenvolvimento: | A-12 - YF-12 - M-21 |
Equivalência: | |
Série: | XB-68/SM-68 - RB-69 - XB-70 - SR-71 - XGAM-72 - SM-73 - SM-75 |
Listas relacionadas: | Lista de aviões - Lista de aviões militares |