Sergio Guilherme Nunes Saraceni (Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1952) é músico, compositor, arranjador e produtor muito atuante no mercado de trilhas sonoras originais, de 1975 até 2014.

Sergio Saraceni
Nascimento 1 de novembro de 1952 (71 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Residência Petrópolis
Ocupação Produtor musical, arranjador, músico, compositor

Biografia editar

 

Em 1962, ainda menino, aos 9 anos, Saraceni conhece o compositor Antônio Carlos Jobim durante as gravações da trilha original do longa-metragem 'Porto das Caixas, dirigido por seu tio Paulo Cezar Saraceni. Este fato mudaria para sempre a sua vida, e Saraceni teria a partir daí a sua trajetória entrelaçada à música e a figura de Jobim, seu grande mentor e inspirador, tendo se tornado bons amigos e parceiros de intermináveis conversas nos bares de Ipanema e Leblon.

A partir dos 11 anos, sempre estimulado por seu pai e familiares estudou violão clássico com Jodacil Damaceno, piano com Manoel Correa do Lago e Clelia Ognibene, teoria com George Kiszely, orquestração e composição com Eunice Katunda, teoria e solfejo com Bohumil Med. Estudou orquestração com Francis Hime. Aos 19 anos de idade, obtém o primeiro lugar no vestibular para a escola de música Instituto Villa-Lobos-Fefierj (1971), atual UniRio. Ao mesmo tempo, ingressa no curso de Direito da Universidade do Estado da Guanabara, UEG, atual UERJ [1].

Trajetória profissional editar

Mudou-se para os Estados Unidos em 1972, cursando a cátedra de arranjo e composição na prestigiosa Berklee College of Music, em Boston (não graduado). Saraceni foi um dos primeiros brasileiros a chegar na escola que é considerada o mais renomado centro de estudos de jazz e musica popular do mundo.

 

De volta para o Brasil em 1975, atuou como professor, dando aulas de violão clássico, piano e teoria musical, tocando em pequenos conjuntos e acompanhando cantores populares como Nana Caymmi, Emílio Santiago, Beth Carvalho, entre outros.

Em 1977, assina a trilha sonora original do seu primeiro filme, no premiado Anchieta, José do Brasil, longa-metragem dirigido por seu tio Paulo Cezar Saraceni, trabalho executado pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, lançado em disco pelo selo Bandeirantes, de São Paulo.

A partir daí, deu início a uma longeva e bem sucedida carreira como compositor de filmes e trilhas para a televisão. Musicou mais de 40 longas-metragens, inúmeros documentários, tendo trabalhado com alguns dos mais importantes cineastas brasileiros. Colaborou com Radamés Gnattali na produção e gravação da trilha sonora do filme Eles não usam Black-Tie (1980), de Leon Hirszman. Prêmio de Melhor filme do júri no importante Festival de Veneza, na Itália, em 1982. Em 1997, decide encerrar a carreira de compositor de cinema.

Na televisão brasileira editar

Em 1978, após um breve estágio no departamento musical da TV Globo, ingressa como arranjador no antigo e famoso programa de auditório Globo de Ouro, aonde os cantores mais famosos das paradas de sucesso se apresentaram ao vivo, com coro e orquestra, ou pequenos conjuntos. Neste tempo, constrói uma sólida amizade, parceria profissional e convívio com o maestro Radamés Gnattali,' até sua morte em 1988, no Rio de Janeiro.

Em 1979, dá início a um trabalho pioneiro ao lado dos maestros Waltel Branco e Geraldo Vespar, escrevendo as primeiras composições para as novelas e séries de TV, trabalho esse que abriu um enorme caminho para a Rede Globo e outras emissoras, visando a criação de núcleos de composição de trilhas originais para as obras.

Até o início dos anos 80, não havia a inclusão de músicas originais compostas por músicos e compositores brasileiros, todos os programas de dramaturgia da TV Globo eram sonorizados até então com discos e trilhas sonoras americanas e europeias. Neste período a amizade e o convívio de Saraceni com Jobim e Radamés foi fortalecida.

 

Em sua trajetória na televisão, destacaram-se as composições e direção musical de Saraceni para as minisséries Anos Dourados (1985) e O Tempo e o Vento (1984) e em muitas novelas de sucesso, tais como, Vale Tudo - 1988, Roque Santeiro - 1985, entre dezenas de outros trabalhos.

Em 1993, a convite do diretor Nilton Travesso, transferiu-se da TV Globo para o SBT para um novo projeto de criar um centro de produção de música original para dramaturgia, algo inédito naquela emissora. Permaneceu no SBT até 1995 quando deixa seu cargo de diretor musical. Ao sair, prossegue nas suas atividades como compositor e produtor de trilhas sonoras para cinema e publicidade. Em 1995, a convite de Cecília Conde, dá aulas de orquestração (1995/1996) no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro.

Em 1997, a convite do diretor musical Aluísio Didier, assume as funções de produtor musical responsável pelas trilhas sonoras do canal Globonews. Em 1999, retorna ao núcleo de dramaturgia da TV Globo, como produtor, arranjador e compositor.

Ao longo de sua carreira na televisão e no cinema Sergio Saraceni trabalhou com alguns dos mais importantes diretores de televisão e cinema do país, tais como Roberto Talma, Walter Avancini, Paulo Ubiratan, Denise Saraceni, Roberto Farias, Dennis Carvalho, Jorge Fernando, Ricardo Waddington, Nilton Travesso, Daniel Filho, Paulo Cezar Saraceni, Nelson Pereira dos Santos, Carlos Manga, Paulo Thiago, Fábio Barreto, Paulo José, dentre muitos outros.

Premiações editar

Sergio Saraceni participou dos mais importantes festivais do cinema brasileiro[2] (premiado cinco vezes), nos anos 80 e 90, em Gramado também em Brasília[3][4] e recebeu premiações nos canais de televisão por onde passou[5].

Em agosto de 2021, recebeu da Musimagem Brasil (Associação de Compositores de Música para Audiovisual) o Premio Remo Usai[6], pelo conjunto de seu trabalho em 40 anos como compositor de cinema e televisão. Outros nomes de relevância agraciados com o mesmo Premio estão Edino Krieger, Sérgio Ricardo, Waltel Branco e Geraldo Vespar.

Vida Pessoal editar

Encerra a sua carreira profissional em 2014, fixando residência em Petrópolis, região serrana no Rio de Janeiro, aonde vive em companhia de sua mulher Raquel, e próximo do seu filho Bruno e dos netos.

Carreira[7] editar

Como Compositor de Filmes editar

Ano Título Cineasta brasileiro
1986 Os Trapalhões e o Rei do Futebol Carlos Manga
1984 Águia na Cabeça Paulo Thiago
1988 Policarpo Quaresma
1985 O Rei do Rio Fábio Barreto
1984 Nunca Fomos tão Felizes Murilo Salles
1977 Anchieta, José do Brasil Paulo Cezar Saraceni
1982 Ao sul do meu corpo
1988 Natal da Portela
1999 O viajante
1982 Beijo na boca Paulo Sergio de Almeida
1988 Banana split
1986 Fulaninha David Neves
1980 Um Ladrão Nelson Pereira dos Santos
1982 Insônia
1983 Na Estrada da vida

Como compositor e diretor musical editar

Algumas trabalhos
Ano Programa
1984 O Tempo e o Vento Minissérie
1985 Anos Dourados Minissérie
Roque Santeiro Telenovela
1988 Vale Tudo Telenovela
2000 A Muralha Minissérie
O Cravo e a Rosa Telenovela
2003 Celebridade Telenovela
2004 Belíssima Telenovela
2010 Dalva & Herivelto Minissérie
Passione Telenovela
2012 Cheias de Charme[8] Telenovela

Referências

  1. https://dicionariompb.com.br/sergio-saraceni/biografia/
  2. Disner, Elton. «2020». 49° Festival de Cinema de Gramado. Consultado em 15 de junho de 2021 
  3. «Festival de Brasília». Wikipédia, a enciclopédia livre. 9 de abril de 2021. Consultado em 15 de junho de 2021 
  4. «31º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (1998)». Metrópoles. 16 de agosto de 2017. Consultado em 15 de junho de 2021 
  5. «Relembre os momentos importantes do Prêmio Globo Entretenimento». Melhores do Ano CGP. Consultado em 15 de junho de 2021 
  6. MEC, Antena (20 de agosto de 2021). «festival-musimagem-2021». radios.ebc.com.br. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  7. «sergio-saraceni». Consultado em 15 de junho de 2021 
  8. Oliveira, Paula (11 de novembro de 2016). «cheias-de-charme». gshow.com. gshow.globo.com. Consultado em 15 de junho de 2021