The Godfather

filme de 1972 realizado por Francis Ford Coppola
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The Godfather (bra: O Poderoso Chefão; prt: O Padrinho[3]) é um filme norte-americano de 1972 produzido pela Paramount Pictures, dirigido por Francis Ford Coppola e baseado no livro homônimo de Mario Puzo.[4]

The Godfather
The Godfather
Cartaz de divulgação
No Brasil O Poderoso Chefão
Em Portugal O Padrinho
 Estados Unidos
1972 •  cor •  175 min 
Direção Francis Ford Coppola
Produção Albert S. Ruddy
Roteiro Mario Puzo
Francis Ford Coppola
Baseado em The Godfather, de Mario Puzo
Elenco Marlon Brando
Al Pacino
James Caan
Richard Castellano
Robert Duvall
Sterling Hayden
John Marley
Richard Conte
Diane Keaton
Gênero crime
drama
Música Nino Rota
Cinematografia Gordon Willis
Edição William Reynolds
Peter Zinner[1]
Distribuição Paramount Pictures
Lançamento
  • 15 de março de 1972 (1972-03-15) (Estados Unidos)
  • 24 de março de 1972 (1972-03-24) (Brasil)
Idioma inglês
italiano
Orçamento US$ 6,5 milhões[2]
Receita US$ 245,066,411
Cronologia
The Godfather: Part II (1974)

É estrelado por Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Richard Castellano, Robert Duvall, Sterling Hayden, John Marley, Richard Conte e Diane Keaton. O enredo se baseia na história da família mafiosa Corleone, de 1945 a 1955. Teve duas sequências: The Godfather: Part II, em 1974; e The Godfather: Part III em 1990.[5]

Teve dez indicações ao Oscar, vencendo nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado (Coppola e Puzo) e Melhor Ator (Brando). Também é considerado "culturalmente, historicamente e esteticamente significante" e selecionado pela Biblioteca do Congresso para ser preservado no National Film Registry. O American Film Institute apontou-o como o melhor filme de gângster de todos os tempos e o segundo melhor filme da história na Lista dos melhores filmes estadunidenses.

Em 2014 foi eleito o melhor filme da história pela revista Hollywood Reporter, enquanto O mágico de Oz, Cidadão Kane e Um Sonho de Liberdade ficaram em segundo, terceiro e quarto lugar, respectivamente.[6]

EnredoEditar

O filme conta a história de Don Vito Corleone, um imigrante italiano que ascendeu no crime, e sua família, que usam de violência para coagir pessoas, além de contarem com uma rede de criminosos e agentes públicos corruptos para proteger seus negócios.

Existem outras famílias, nome dado a organizações criminosas chefiadas por italianos, que têm entre si uma frágil paz, que é quebrada frequentemente quando interesses se cruzam.

Com a saúde enfraquecida após um atentato contra sua vida, o patriarca precisa decidir quem o sucederá no comando dos negócios.[7]

ElencoEditar

Ator Papel
Marlon Brando Don Vito Corleone
Al Pacino Michael Corleone
Robert Duvall Thomas "Tom" Hagen
Diane Keaton Katherine "Kay" Adams
James Caan Santino "Sonny" Corleone
John Cazale Frederico "Fredo" Corleone
Richard Castellano Peter Clemenza
Talia Shire Constanzia "Connie" Corleone
Abe Vigoda Salvatore "Sal" Tessio
Al Lettieri Virgil "O Turco" Sollozzo
Gianni Russo Carlo Rizzi
Sterling Hayden Capitão Mark McCluskey
Lenny Montana Luca Brasi
Richard Conte Don Emilio Barzini
Al Martino Johnny Fontane
John Marley Jack Woltz
Alex Rocco Moe Greene
Morgana King Carmela "Mama" Corleone
Salvatore Corsitto Amerigo Bonasera
Corrado Gaipa Don Tommasino
Franco Citti Calò
Angelo Infanti Fabrizio
Johnny Martino Paulie Gatto
Victor Rendina Don Philip Tattaglia
Tony Giorgio Bruno Tattaglia
Simonetta Stefanelli Apollonia Vitelli-Corleone
Louis Guss Don Zaluchi
Tom Rosqui Rocco Lampone
Joe Spinell Willi Cicci
Richard Bright Albert "Al" Neri
Julie Gregg Sandra Corleone
Jeannie Linero Lucy Mancini

ProduçãoEditar

Coppola e a ParamountEditar

Francis Ford Coppola não era a primeira escolha para dirigir o filme. O diretor Sergio Leone foi convidado, porém recusou para fazer uma de suas obras-primas, Once Upon a Time in America.[8] O filme também foi oferecido a Peter Bogdanovich e Costa-Gavras, porém eles também recusaram. De acordo com Roger Evans, chefe da Paramount Pictures na época, Coppola inicialmente também não queria o trabalho por temer que a máfia e a violência ficassem glorificadas, e assim manchassem seus antepassados sicilianos. Por outro lado, Evans queira um ítalo-americano dirigindo porque em sua pesquisa mostrou que os filmes sobre a máfia anteriores foram dirigidos por americanos e não rederam muito dinheiro. Quando Coppola chegou à ideia de que o filme podia ser uma metáfora para o capitalismo americano, ele decidiu aceitar o trabalho. Na época, Coppola já havia dirigido oito filmes e vencido um Oscar de Melhor Roteiro Original em 1971 por Patton.[9] Coppola estava em dívida com a Warner Bros. em um valor de 400 000 dólares após os estouros no orçamento do filme THX 1138, de George Lucas que Coppola produziu. Lucas o convenceu a dirigir The Godfather.[10][11]

Houve grandes discussões entre a Paramount e Coppola, com ele sendo quase despedido em várias ocasiões. A Paramount afirma que o ceticismo se deu devido ao começo difícil da produção, embora Coppola afirme que as primeiras semanas foram muito boas. O estúdio achou que ele não conseguiria seguir o cronograma e gastava muito dinheiro com coisas desnecessárias. Dois grandes produtores tentaram convencer outro diretor a assumir o lugar de Coppola. Mesmo com toda a pressão, ele foi capaz de defender suas decisões e se manter no emprego.[12]

A Paramount estava com problemas financeiros na época e desesperadamente estavam procurando por um "grande sucesso", isso explica a pressão que Coppola estava sofrendo durante a produção. Eles queriam que The Godfather fosse atrativo para o grande público e ameaçaram Coppola para fazer um filme mais emocionante. Ele adicionou algumas cenas mais violentas para deixar o estúdio mais feliz. A cena em que Connie quebra os pratos de sua casa após descobrir que seu marido a está traindo é um exemplo.[2]

Escolha do elencoEditar

As escolhas de Coppola para o elenco não foram populares com os executivos da Paramount, principalmente Marlon Brando como Vito Corleone. Os dois primeiros candidatos de Coppola para o papel eram Brando e Laurence Olivier, porém o agente de Olivier recusou dizendo "Lorde Olivier não está trabalhando. Ele está muito doente. Ele vai morrer logo e não está interessado." (Olivier viveu por mais 18 anos). A Paramount, que queria Ernest Borgnine, proibiu Coppola de escalar Brando, citando dificuldades com ele em filmes recentes. Um executivo propôs Danny Thomas, já que Don Corleone era um "homem de família". Em certo ponto o presidente da Paramount disse que Brando nunca iria aparecer no filme. Depois de suplicar aos executivos, Coppola recebeu permissão para escalar Brando apenas se ele recebesse um salário menor, fizesse um teste e prometesse que não iria causar atrasos na produção. Coppola escalou Brando e não Borgnine com base do teste, que também foi aceito pelos líderes da Paramount. Brando venceu um Oscar por sua performance, que ele se recusou a aceitar.[13]

O estúdio queria Robert Redford ou Ryan O'Neal como Michael Corleone, porém Coppola queria um desconhecido que se parecesse com um ítalo-americano, que foi Al Pacino.[2] Pacino não era conhecido na época, tendo aparecido em apenas dois filmes, e o estúdio não o considerava certo para o trabalho,[14] em parte por causa de sua altura. Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Warren Beatty, Martin Sheen e James Caan fizeram testes para o papel.[14] Em certo ponto, Caan era a primeira escolha para interpretar Michael, com Carmine Caridi escolhido para fazer Sonny. Pacino recebeu o papel após Coppola ameaçar sair da direção. O estúdio concordou em ter Pacino como Michael sob a condição de Caan interpretar Sonny e não Caridi. Coppola e Puzo mais tarde criaram um papel para Caridi nas sequências.[15]

Bruce Dern, Paul Newman e Steve McQueen foram considerados para fazer Tom Hagen que finalmente foi para Robert Duvall. Sylvester Stallone fez testes para Carlo Rizzi e Paulie Gatto, Anthony Perkins para Sonny e Mia Farrow para Kay. William Devane foi considerado para Moe Greene. Um então desconhecido Robert De Niro fez testes para Michael, Sonny, Carlo e Paulie. Ele mais tarde interpretou um jovem Vito Corleone em The Godfather: Part II, vencedo um Oscar de melhor ator coadjuvante.

Até certo ponto, o filme foi uma grande reunião familiar para Coppola. Carmine Coppola, seu pai, compôs músicas adicionais e apareceu no filme tocando um piano. Italia Coppola, sua mãe, foi uma figurante. Talia Shire, sua irmã, interpretou Connie Corleone. Sofia Coppola, sua filha, interpretou o filho récem-nascido de Connie e Carlo e seus filhos fizeram os filhos de Tom Hagen.[16]

FilmagensEditar

A filmagem principal ocorreu de 29 de março a 6 de agosto de 1971, totalizando 77 dias de filmagens, menos que os 83 originalmente planejados.

Um dos momentos mais chocantes do filme envolvia uma verdadeira cabeça decapitada de cavalo. Grupos de direitos dos animais protestaram contra a cena. Coppola disse que a cabeça do cavalo foi entregue a ele por uma companhia de ração para cachorro,[17] um cavalo não foi morto especificamente para o filme. A cena foi filmada em Port Washington, Nova York.

No livro, Jack Woltz, o produtor de cinema e dono do cavalo, é mostrado como um pedófilo, já que Tom Hagen vê uma jovem garota, provavelmente uma das estrelas de Woltz, chorando enquanto ele sai do quarto de Woltz. A cena foi cortada da versão final do filme, porém pode ser encontrada no DVD.

O tiro que Moe Greene leva através do olho foi inspirada pela morte do gângster Bugsy Siegel. Para fazer o efeito, os óculos do ator Alex Rocco tinham dois tubos escondidos nas armações. Um tinha sangue falso e o outro uma bala impulsionada por ar comprimido. Quando a arma foi disparada, o ar comprimido atirou a bala pelas lentes, quebrando-as por dentro. O outro tubo então soltou o sangue falso.

A cena do assassinato de McCluskey foi feita fazendo-se uma testa falsa e colocando-a no ator Sterling Hayden. Um buraco foi feito no centro, enchido com sangue falso, e coberto por próteses. Durante as filmagens um botão foi acionado e o buraco apareceu na cabeça de Hayden.

A cena de abertura do filme é um longo zoom saindo do rosto do personagem Bonasera e indo parar atrás de Vito Corleone. O zoom, que dura três minutos, foi feito com lentes controladas por computador criadas por Tony Karp.[18]

Prêmios e indicaçõesEditar

Oscar 1973 (EUA)[19]Editar

Ano Categoria Notas Resultado
1973 Melhor Filme Albert S. Ruddy Venceu
Melhor Diretor Francis Ford Coppola Indicado
Melhor Ator Marlon Brando Venceu
Melhor Ator Coadjuvante James Caan Indicado
Robert Duvall Indicado
Al Pacino Indicado
Melhor Roteiro Adaptado Mario Puzo e Francis Ford Coppola Venceu
Melhor Mixagem de Som Charles Grenzbach, Richard Portman e Christopher Newman Indicado
Melhor Figurino Anna Hill Johnstone Indicado
Melhor Edição William Reynolds e Peter Zinner Indicado
Melhor Trilha Sonora Nino Rota Substituído

BAFTA 1973 (Reino Unido)Editar

Ano Categoria Notas Resultado
1973 Melhor Ator Marlon Brando Indicado
Melhor Ator Coadjuvante Robert Duvall Indicado
Melhor Ator Revelação Al Pacino Indicado
Melhor Trilha Sonora Nino Rota Venceu
Melhor Figurino Anna Hill Johnstone Indicado

Globo de Ouro 1973 (EUA)Editar

Ano Categoria Notas Resultado
1973 Melhor Filme (Drama) Venceu
Melhor Diretor Francis Ford Coppola Venceu
Melhor Ator (Drama) Marlon Brando Venceu
Al Pacino Indicado
Melhor Ator Coadjuvante James Caan Indicado
Melhor Roteiro Mario Puzo e Francis Ford Coppola Venceu
Melhor Trilha Sonora Nino Rota Venceu

Grammy 1973 (EUA)Editar

Ano Categoria Notas Resultado
1973 Melhor Trilha Orquestrada de Mídia Visual Nino Rota Venceu

Prêmio David di Donatello 1973 (Itália)Editar

Ano Categoria Notas Resultado
1973 Melhor Filme Estrangeiro Venceu
Prêmio David de Atuação Al Pacino Venceu

Referências

  1. Marc Laub e Murray Solomon foram listados como editores não-creditados por algumas fontes; ver Allmovie, Production credits
  2. a b c The Godfather - The Coppola Restoration: comentários em áudio[carece de fontes?]
  3. «O Padrinho». SAPO Mag. Portugal: Altice Portugal. Consultado em 3 de julho de 2022 
  4. «Hollywood elege os 100 melhores filmes de todos os tempos». Exame. 24 de dezembro de 2021. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  5. «The Godfather (1972)» (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2019 
  6. «'O Poderoso Chefão' é eleito o melhor filme da história do cinema». Acervo. Consultado em 9 de janeiro de 2020 
  7. «Filme O Poderoso Chefão: resumo e análise». Cultura Genial. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  8. Frayling, Christopher (1981). «Spaghetti Western». Google. Books.google.co.nz 
  9. Lewis, John (1998). New American Cinema. [S.l.]: Duke University Press 
  10. Hearn, Lucas (2005). The Cinema of George Lucas. [S.l.]: Harry N. Abrams Inc. 
  11. «Francis Ford Coppola recusou convite para rodar 'O poderoso chefão'». Estado de Minas. 28 de março de 2022. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  12. «No cinquentenário de 'O poderoso chefão', Coppola conta como quase recusou o projeto». G1. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  13. «45 curiosidades de "O Poderoso Chefão", clássico do cinema que faz 45 anos». www.bol.uol.com.br. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  14. a b The Godfather - Documentário especial: A Look Inside[carece de fontes?]
  15. Seal, Mark (março de 2009). «The Godfather Wars». Vanity Fair (em inglês). Vanityfair.com 
  16. «Roberto Sadovski - 'O Poderoso Chefão': O melhor filme de todos os tempos completa 50 anos». www.uol.com.br. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  17. «Confira 10 curiosidades de bastidores e gravações de filmes clássicos». BOL Listas. 12 de setembro de 2018 
  18. «Doing the impossible - Part 1 - The Godfather». Artzen2 (em inglês). Artzen2.com. 24 de junho de 2007 
  19. «Awards Database» (em inglês). Oscars.org 

Ligações externasEditar