Núcleos Coloniais em São Paulo

Esta é uma relação dos núcleos coloniais criados no estado de São Paulo, a descrição e a forma como eles foram implantados.[1][2][3][4]

Dados estatísticos (São Paulo)
População

População atual (2024)
Comparativa populações (1920-2022)
2022 · 2021 · 2020 · 2019 · 2018 · 2017 · 2016
2010 · 2007 · 2000 · 1996 · 1991 · 1985 · 1980
1978 · 1970 · 1966 · 1960 · 1958 · 1950 · 1946
1940 · 1937 · 1934 · 1929 · 1925 · 1920 · 1916
1910 · 1900 · 1890 · 1886 · 1872

Área territorial

Área territorial atual (2022)
2010 · 2001 · 1993 · 1981 · 1964 · 1959 · 1953
1948 · 1944 · 1938 · 1937 · 1930 · 1929 · 1920
1911 · 1901

Núcleos Coloniais do Estado de São Paulo (1896).

Implantação dos núcleos

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A política de implantação de núcleos coloniais desenvolveu-se de forma gradual durante o último decênio do Império no estado de São Paulo, submetendo-se a variações no decorrer do tempo conforme os períodos políticos vigentes:[5]

  • Em 1854 foi criada a Repartição Geral de Terras Públicas, órgão que na época cuidava do estabelecimento dos núcleos coloniais e seu desenvolvimento.
  • Em 1867 foi aprovado o primeiro regulamento a estabelecer normas para a criação dos núcleos coloniais. É importante notar que os primeiros núcleos foram criados em locais de difícil acesso, dificultando o escoamento para os produtos.
  • Em 1871 foi fundada a Associação Auxiliadora de Colonização e Imigração, responsável pela instalação dos imigrantes em regiões mais acessíveis.
  • Em março de 1884 foi criada uma lei que estabelecia o fornecimento de fundos para o subsídio à imigração, autorizando o governo provincial a estabelecer até cinco núcleos coloniais nos principais distritos agrícolas, sempre próximos às estradas de ferro.
  • Em 1892 é criada a Repartição de Terras, Colonização e Imigração a fim de validar títulos, fiscalizar e alienar terras públicas.
  • Entre os anos de 1904 e 1908 também foram criados núcleos coloniais mediante o auxílio de iniciativa particular.

Entre os anos de 1885 e 1911 foram criados 25 núcleos coloniais no estado de São Paulo, período em que ocorreram várias mudanças na política de formação desses núcleos, que proporcionaram o estabelecimento de imigrantes e, consequentemente, mão-de-obra para as fazendas de café.

A ida a um Núcleo Colonial era uma das possibilidades acenadas ao imigrante na ocasião de sua chegada a São Paulo. Uma vez recepcionados na Hospedaria dos Imigrantes, os recém-chegados podiam escolher a qual núcleo seriam destinados e, geralmente, preenchiam um requerimento para a aquisição de um lote de terra. Outros requerimentos relativos aos imigrantes eram pedidos de passagem gratuita para família, de auxílio para comprar telhas ou animais, de extensão de prazo para pagamento do lote, etc.[5]

Relação dos núcleos

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Ano Nome Sede Município atual
1828 Santo Amaro   São Paulo
1829 Itapecerica   Itapecerica da Serra
1861 Pariquera-Açu Pariquera-Açu   Pariquera-Açu
1862 Cananéia   Cananéia
1877 Glória   São Paulo
1877 Santana   São Paulo
1877 São Bernardo   São Bernardo do Campo
1877 São Caetano   São Caetano do Sul
1885 Canas Canas   Canas
1885 Cascalho Cascalho   Cordeirópolis
1887 Barão de Jundiaí Bairro Colônia   Jundiaí
1887 Boa Vista   Jacareí
1887 Bom Sucesso   Sorocaba
1887 Ribeirão Pires   Ribeirão Pires
1887 Rodrigo Silva   Porto Feliz
1887 Senador Antonio Prado Bairro Ipiranga   Ribeirão Preto
1889 Sabaúna Sabaúna   Mogi das Cruzes
1890 Quiririm Quiririm   Taubaté
1892 Piagui   Guaratinguetá
1897 Campos Salles Cosmópolis   Cosmópolis
  Artur Nogueira
1905 Nova Odessa Nova Odessa   Nova Odessa
1905 Dr. Jorge Tibiriçá Corumbataí e Ferraz   Corumbataí
  Rio Claro
1907 Conselheiro Gavião Peixoto Gavião Peixoto e Nova Pauliceia   Gavião Peixoto
1907 Nova Europa Nova Europa   Nova Europa
1907 Conde do Pinhal   Ubatuba
1908 Bandeirantes   São José do Barreiro
1910 Monção Iaras   Iaras
1910 Nova Veneza Nova Veneza   Sumaré
1911 Conde do Parnaíba Tujuguaba   Conchal
1911 Visconde de Indaiatuba Conchal   Conchal
1911 Martinho Prado Júnior Martinho Prado Júnior   Mogi Guaçu
1930 Barão de Antonina Barão de Antonina   Barão de Antonina
1933 Juquiá   Juquiá
1933 Alecrim   Pedro de Toledo
1933 Itanhaém   Itanhaém
1933 Prainha   Miracatu
1933 São Miguel Arcanjo   São Miguel Arcanjo

Descrição dos núcleos

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Pariquera-Açu

No sul do estado em 1861 formou-se o Núcleo Colonial Pariquera-Açu, dando origem a atual cidade homônima. Embora de origem antiga, esta colônia só passou a receber imigrantes de forma considerável a partir da última década do século XIX. Em 1900 o núcleo contava com 1.771 colonos. Eles se dedicavam ao plantio sobretudo de produtos como milho, batata doce, batata inglesa e arroz[6][7][8].

 
Planta do Núcleo Colonial Pariquera-Açú.

São Bernardo

O Núcleo Colonial São Bernardo foi instalado em 1877 em terras da atual cidade de São Bernardo do Campo[9][7].

 
Planta do Núcleo Colonial São Bernardo.

São Caetano

O Núcleo Colonial São Caetano foi instalado em 1877 em terras da atual cidade de São Caetano do Sul, numa antiga fazenda de beneditinos próxima às linhas da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Foi formado inicialmente por 28 famílias da região de Vitório-Vêneto[10].

Canas

O Núcleo Colonial Canas foi o primeiro de caráter oficial no Vale do Paraíba, à época localizado entre Lorena e Cachoeira Paulista. Formado em 1885 por 309 pessoas, sendo 112 italianos, dedicava-se à produção de cana-de-açúcar para o Engenho Central de Lorena[11][12].

Cascalho

O Núcleo Colonial Cascalho foi criado em 1885, à época em território do município de Limeira, sendo a sede do núcleo o atual Bairro Cascalho em Cordeirópolis. A grande maioria dos colonos eram imigrantes italianos[13][14][12].

 
Planta do Núcleo Colonial Cascalho.

Senador Antônio Prado

Foi implantado em 31 de julho de 1887 na cidade de Ribeirão Preto o Núcleo Colonial Senador Antônio Prado, o único na região. Mesmo tendo durado pouco (em 1893 o núcleo foi emancipado, sendo incorporado ao município), foi nele que se formaram alguns importantes bairros do município, como o Ipiranga e os Campos Elíseos. Os italianos eram metade dos colonos, sendo 96 de 183 pessoas. Dedicavam-se ao plantio de milho, arroz, feijão e também criavam animais[15][16][12].

Sabaúna

Em Mogi das Cruzes no ano de 1889 uma família de tiroleses formou o Núcleo Colonial Sabaúna. Em 1900, o núcleo já contava com 1.337 pessoas, sendo os espanhóis o maior contingente de estrangeiros. Assim como na maioria dos núcleos coloniais, os colonos dedicavam-se a uma variedade de cultivos, como milho, arroz e batata doce[6][7].

 
Planta do Núcleo Colonial Sabaúna.

Quiririm

O Núcleo Colonial Quiririm foi formado em 1890 por famílias do Vêneto em uma região formada por várzeas, no município de Taubaté. Em 1892 era composto por 424 pessoas, sendo 69 famílias italianas, num total de 193 colonos. Os italianos se dedicavam principalmente ao plantio do arroz nas várzeas, atividade que muitos já exerciam na terra natal, também encorajados pelo governo como alternativa à cultura do café, já em decadência no município. Na colônia funcionavam algumas associações mantidas pela comunidade italiana da cidade, mas o núcleo também contou com uma associação própria, a Societá Beneficente Unione de Quiririm[11][12].

 
Planta do Núcleo Colonial Quiririm.

Piaguí

O Núcleo Colonial Piaguí foi implantado em Guaratinguetá no ano de 1892, por iniciativa do então deputado Rodrigues Alves. Os primeiros colonos formavam 91 famílias, sendo 33 italianas. Os colonos produziam, entre outras coisas, feijão, milho, batata doce e cana-de-açúcar[11][7].

Campos Salles

Pelo Decreto nº 502-A de 04/12/1897 foi criado o Núcleo Colonial Campos Salles, nas terras da Fazenda Funil, municípios de Campinas, Mogi Mirim e Limeira[17][18].

 
Planta do Núcleo Colonial Campos Salles.

Nova Odessa

Pelo Decreto nº 1.286 de 23/05/1905 foi criado na Fazenda Pombal, município de Campinas, o Núcleo Colonial Nova Odessa, exclusivamente destinado para imigrantes russos[19].

As propriedades que originaram a formação do núcleo colonial foram, além da Fazenda Pombal, a Fazenda Velha, comprada poucos meses depois da primeira, e o "Engenho Velho" da antiga Fazenda São Francisco. Entre 1909 e 1911 outras propriedades foram compradas pelo governo para fazerem parte do núcleo colonial, sendo elas as fazendas Pinheiro, Paraíso e Sertãozinho. Cada uma dessas fazendas passou a ser uma das seis seções do Núcleo Colonial Nova Odessa.

Os primeiros colonos eram imigrantes judeus ucranianos, mas como não se adaptaram abandonaram o empreendimento. Mais tarde foram contatados colonos da Letônia, que ocuparam definitivamente as terras.

 
Planta do Núcleo Colonial Nova Odessa.

Dr. Jorge Tibiriçá

Pelo Decreto nº 1.324 de 23/10/1905 foi criado na Fazenda São José do Corumbataí, município de Rio Claro, o Núcleo Colonial Jorge Tibiriçá[20].

 
Planta do Núcleo Colonial Jorge Tibiriçá.

Núcleos do Cambuí

Pelo Decreto nº 1.432 de 12/01/1907 foram criados na Sesmaria do Cambuí, na época pertencente aos municípios de Araraquara, Matão e Ibitinga, os núcleos coloniais Nova Europa, Nova Pauliceia e Conselheiro Gavião Peixoto[21]. Pouco tempo depois, em 1909, o núcleo colonial Nova Pauliceia foi anexado ao de Gavião Peixoto[22].

O Núcleo Colonial Nova Europa foi um dos núcleos com forte presença alemã. Contava com 357 colonos alemães em 1913, sendo estes, ao lados dos russos, as principais nacionalidades presentes.

 
Planta do Núcleos Coloniais do Cambuí.

Bandeirantes

O Núcleo Colonial Bandeirantes foi formado em 1908 em São José do Barreiro por famílias alemãs e austríacas. Já no começo da década de 20, o núcleo apresentava um decréscimo acentuado no número de colonos estrangeiros, que rumavam para as cidades vizinhas ou outras colônias. Porém, os alemães (assim como os austríacos) foram de grande representação até 1918, atingindo o ápice em 1913[23].

Monção

O Núcleo Colonial Monção foi criado em 1910, à época em território do município de Águas de Santa Bárbara, dando origem a atual cidade de Iaras[24].

Nova Veneza

Pelo Decreto nº 1.933 de 14/09/1910 foi criado em Campinas o Núcleo Colonial Nova Veneza, constituído pelas fazendas Quilombo, Barreiro e São Bento[25].

 
Planta do Núcleo Colonial Nova Veneza.

Núcleos do Conchal

Pelo Decreto nº 2.020 de 28/03/1911 foram criados em Mogi Mirim os núcleos coloniais Conde de Parnaíba (constituído pelas fazendas Leme e Ferraz) e Visconde de Indaiatuba (constituído pelas fazendas Conchal e Nova Zelândia), e em Mogi Guaçu o núcleo colonial Martinho Prado Júnior (constituído pelas fazendas Barra e Campininha)[26].

 
Planta dos Núcleos Coloniais do Conchal.

Barão de Antonina

Pelo Decreto nº 4.740 de 16/07/1930 foi criado em Itaporanga o núcleo colonial Barão de Antonina nas terras denominadas Mata dos Índios[27].

 
Planta do Núcleo Colonial Barão de Antonina.

Ver também

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Referências

  1. «:: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO :: Relação dos Núcleos Coloniais». www.arquivoestado.sp.gov.br. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  2. «RELAÇÃO DAS COLÔNIAS, NÚCLEOS COLONIAIS E COLÔNIAS MILITARES DO ESTADO DE S. PAULO» (PDF). historia_demografica.tripod.com. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  3. «:: Arquivo Público do Estado de São Paulo :: Acervo :: Repositório Digital :: Mapas dos Núcleos Coloniais ::». www.arquivoestado.sp.gov.br. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  4. «Museu da Imigração do Estado de São Paulo - Mapas dos Núcleos Coloniais». www.inci.org.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  5. a b «:: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO :: Imigração em São Paulo». www.arquivoestado.sp.gov.br. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  6. a b «Relatório da Agricultura - Estado de São Paulo - 1900». Páginas 138-139. Arquivo Público do Estado de São Paulo. Consultado em 25 de fevereiro de 2021. Arquivado do original em 10 de janeiro de 2014 
  7. a b c d «Decreto n° 995, de 11/01/1902». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  8. «Decreto n° 1.422-A, de 19/12/1906». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  9. «Decreto n° 578, de 22/07/1898». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  10. [1]
  11. a b c DI LORENZO, A.L. - "Italianos em Taubaté: O Núcleo Colonial do Quiririm, 1890/1920". 2002. 65 folhas. Dissertação (Mestrado em História Econômica) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. 2002. Versão digitalizada
  12. a b c d «Decreto n° 225-A, de 30/12/1893». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  13. «130 anos da criação da legislação dos núcleos coloniais - Portal Cordero Virtual». cordeiropolis.corderovirtual.com.br. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  14. «Os 120 anos da emancipação de Cascalho - Portal Cordero Virtual». cordeiropolis.corderovirtual.com.br. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  15. [2]
  16. [3]
  17. «Decreto n° 502-A, de 04/12/1897». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  18. «Decreto n° 1.300, de 22/08/1905». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  19. «Decreto n° 1.286, de 23/05/1905». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  20. «Decreto n° 1.324, de 23/10/1905». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  21. «Decreto n° 1.432, de 12/01/1907». www.al.sp.gov.br. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  22. «Decreto n° 1.779, de 28/10/1909». www.al.sp.gov.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  23. http://www.seade.gov.br/produtos/bibliotecadigital/view/singlepage/index.php?pubcod=10011062&parte=1
  24. [4]
  25. «Decreto n° 1.933, de 14/09/1910». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  26. «Decreto n° 2.020, de 28/03/1911». www.al.sp.gov.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  27. «Decreto n° 4.740, de 16/07/1930». www.al.sp.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 

Ligações externas

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