Rodrigo Mudrovitsch

Rodrigo Mudrovitsch é um jurista e advogado brasileiro formado pela Universidade de Brasília. Foi eleito para o cargo de juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos em 2021 para o período de 2022 a 2027.

Rodrigo Mudrovitsch
Rodrigo Mudrovitsch
Juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos
Período 2022 até 2027
Dados pessoais
Alma mater Universidade de Brasília

Carreira editar

Formação e advocacia editar

Rodrigo Mudrovitsch graduou-se em Direito pela Universidade de Brasília, onde concluiu também o mestrado em Direito Constitucional. Depois, pela USP, formou-se doutor em Direito do Estado.[1]

Como advogado, Mudrovitsch representou clientes renomados, como os empresários Eike Batista, Jacob Barata Filho e Eraí Maggi, do setor da soja. Seu escritório cresceu consideravelmente durante a operação Lava Jato, quando chegou a ter 10 clientes investigados, entre eles os senadores petistas Lindberg Farias e Gleisi Hoffman e a empresa Odebretch.[2][3]

Teve longa relação acadêmica e profissional com Gilmar Mendes, ministro do STF, que foi seu orientador de mestrado em 2013. Posteriormente, atuou como advogado do ministro e foi contratado como professor no Instituto Brasiliense de Direito Público, que pertence a Gilmar Mendes. A relação suscitou críticas quando Mudrovitsch representou a Aprosoja Brasil, associação ruralista, em processo que tramitava no STF.[4][5]

Atualmente é listado entre os docentes do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), lecionando em um curso sobre Direito Penal Econômico.[6]

Na Câmara dos Deputados do Brasil, é Secretário-Geral da Comissão de Juristas responsável pela elaboração do anteprojeto da lei que sistematiza as normas de processo constitucional.[7] Também participou da Comissão de Juristas para elaboração de anteprojeto da nova Lei de Responsabilidade Administrativa.[8]

Mudrovitsch foi nomeado para integrar a comissão de juristas destinada à revisão e atualização do Código Civil brasileiro.[9] Criada pelo Senado em setembro de 2023, a comissão é presidida pelo ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, e conta com 34 membros. O trabalho da comissão é dividido em áreas, que são distribuídas entre os juristas. A Rodrigo Mudrovitsch, coube a relatoria da Parte Geral do novo Código Civil.[10]

Corte Interamericana de Direitos Humanos editar

Em dezembro de 2020, Rodrigo Mudrovitsch foi indicado por Jair Bolsonaro para ocupar assento na Corte Interamericana de Direitos Humanos. A indicação foi recebida com reservas por entidades de direitos humanos devido à falta de experiência do jurista com o tema. Especialistas internacionais do Painel Independente, que chegaram a entrevistar o candidato, avaliaram que seus conhecimentos sobre direito internacional público e direitos humanos não estavam demonstrados. Por outro lado, a candidatura recebeu diversas manifestações de apoio no Brasil, incluindo entidades de juristas, o ex-presidente do Senado David Alcolumbre e o presidente da OAB Felipe Santa Cruz. Durante sua campanha, Mudrovitsch participou de comitivas internacionais com o então presidente Jair Bolsonaro e com seu vice, Hamilton Mourão, contando com o apoio do Itamaraty.[5][3]

No dia 12 de novembro de 2021, foi eleito, aos 36 anos, em Assembleia da OEA, com 19 de 24 votos favoráveis, para um mandato de 6 anos na Corte IDH.[11][12]

Desde então, participou do julgamento de dezenas de casos e proferiu votos apartados, individuais ou em conjunto com outros juízes, em julgados relevantes da Corte Interamericana sobre os mais variados temas, como a proteção da liberdade de expressão (casos Moya Chacón vs. Costa Rica[13] e Baraona Bray vs. Chile),[14] a afirmação dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais (casos Guevara Díaz vs. Costa Rica[15] e Benites Cabrera vs. Peru),[16] a garantia da independência judicial (caso Aguinaga Aillón vs. Equador),[17] a inviolabilidade do domicílio (caso Valencia Campos vs. Bolívia),[18] o combate à violência contra a mulher (caso Angulo Losada vs. Bolívia)[19] e a proteção dos direitos à igualdade e à não discriminação em relação a estrangeiros (caso Hendrix vs Guatemala).[20]

Em novembro de 2023, Mudrovitsch foi eleito vice-presidente da Corte. Seu mandato, assim como o da nova presidente, Nancy Hernández, vai de 1º de janeiro de 2024 até dezembro de 2025.[21]

Referências

  1. Popular, Redação Jornal O. (12 de novembro de 2021). «Advogado indicado por Bolsonaro é eleito juiz para Corte Interamericana de Direitos Humanos». O Popular. Consultado em 19 de julho de 2023 
  2. «Sofisticação da operação obriga advogados a mudarem estratégias». O Globo. 13 de março de 2016. Consultado em 19 de julho de 2023 
  3. a b «Amigo de Gilmar, brasileiro em Corte internacional defendeu Eike e Gleisi». noticias.uol.com.br. Consultado em 19 de julho de 2023 
  4. «Marco Temporal: advogado de Gilmar Mendes representa ruralistas no STF». noticias.uol.com.br. Consultado em 19 de julho de 2023 
  5. a b «Indicado por Bolsonaro à Corte Interamericana tem currículo reprovado em Direitos Humanos». CartaCapital. 9 de outubro de 2021. Consultado em 19 de julho de 2023 
  6. «Corpo Docente - IDP». Consultado em 4 de outubro de 2023 
  7. «Câmara cria comissão de juristas para avaliar legislação sobre processo constitucional». 26 de novembro de 2020. Consultado em 4 de outubro de 2023 
  8. «Juristas (Lei de Improbidade Administrativa)». Consultado em 4 de outubro de 2023 
  9. «Instalada comissão de juristas para atualizar o Código Civil». Agência Senado. 4 de setembro de 2023. Consultado em 13 de novembro de 2023 
  10. «Notas Taquigráficas - Senado Federal - 10:46». Senado Federal. 23 de outubro de 2023. Consultado em 13 de novembro de 2023 
  11. «Colunista da ConJur toma posse na Corte Interamericana de Direitos Humanos». Consultor Jurídico. 8 de fevereiro de 2022. Consultado em 19 de julho de 2023 
  12. «Rodrigo Mudrovitsch vence eleição para juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos». Valor Econômico. 12 de novembro de 2021. Consultado em 19 de julho de 2023 
  13. «Decisão da Corte IDH pode aumentar proteção à liberdade de imprensa no Brasil». 15 de setembro de 2022. Consultado em 25 de julho de 2023 
  14. «Corte IDH: Proteção penal da honra de funcionários públicos é incompatível com convenção». 7 de março de 2023 
  15. «Sentença da Corte IDH solidifica justiciabilidade de direitos econômicos e sociais». 16 de setembro de 2022. Consultado em 25 de julho de 2023 
  16. «Caso Benites Cabrera – afirmação de uma hermenêutica integral da Convenção Americana». 14 de fevereiro de 2023. Consultado em 25 de julho de 2023 
  17. «Corte IDH condena Equador por destituir arbitrariamente membro da Justiça Eleitoral». 24 de abril de 2023. Consultado em 25 de julho de 2023 
  18. «Corte IDH. Caso Valencia Campos y otros Vs. Bolivia. Excepción Preliminar, Fondo, Reparaciones y Costas». Corte IDH - Sentencias. 18 de outubro de 2023. Consultado em 15 de novembro de 2023 
  19. «Bolívia é condenada pela Corte IDH a mudar tipo penal para casos de violência sexual». 24 de janeiro de 2023. Consultado em 25 de julho de 2023 
  20. «Um stare (in)decisis interamericano no caso Hendrix vs Guatemala (2023)?». Jota. 7 de novembro de 2023. Consultado em 15 de novembro de 2023 
  21. «Rodrigo Mudrovitsch é eleito vice-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos». Jota. 29 de novembro de 2023. Consultado em 1 de dezembro de 2023