Eugênio de Araújo Sales GOMM (Acari, 8 de novembro de 1920Rio de Janeiro, 9 de julho de 2012) foi um cardeal brasileiro e arcebispo católico do Rio de Janeiro.

Eugênio de Araújo Sales
Cardeal da Santa Igreja Romana
Arcebispo emérito do Rio de Janeiro
Cardeal Protopresbítero
Eugênio Sales
Dom Eugênio de Araújo Cardeal Sales.

Título

San Gregorio VII
Atividade eclesiástica
Diocese Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Nomeação 13 de março de 1971
Predecessor Jaime Cardeal de Barros Câmara
Sucessor Eusébio Oscar Cardeal Scheid, S.C.I.
Mandato 1971 - 2001
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 21 de novembro de 1943
Catedral Antiga (Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação)
por Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas
Nomeação episcopal 1 de junho de 1954
Ordenação episcopal 15 de agosto de 1954
por José de Medeiros Delgado
Nomeado arcebispo 29 de outubro de 1968
Cardinalato
Criação 28 de abril de 1969
por Papa Paulo VI
Ordem Cardeal-presbítero
Título São Gregório VII
Brasão
Lema IMPENDAM ET SUPERIMPENDAR
gastar e me gastar
Dados pessoais
Nascimento Acari, RN
8 de novembro de 1920
Morte Rio de Janeiro, RJ
9 de julho de 2012 (91 anos)
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Josefa de Araújo Sales
Pai: Celso Dantas Sales
Funções exercidas -Bispo auxiliar de Natal (1954-1968)
-Arcebispo de Salvador (1968-1971)
Sepultado Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia

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O pequeno Eugênio, ao centro, com os pais e o irmão Sílvio

Filho de Celso Dantas Sales e Josefa de Araújo Sales (Teca) e irmão de Dom Heitor de Araújo Sales, nasceu no interior do Rio Grande do Norte, na Fazenda Catuana, foi batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, no município de Acari, no dia 28 de novembro de 1920. De família muito católica, era bisneto de Cândida Mercês da Conceição, uma das fundadoras do Apostolado da Oração na cidade de Acari.

Realizou seus primeiros estudos em Natal, inicialmente em uma escola particular, depois no Colégio Marista e finalmente ingressou, em 1931, no Seminário Menor. Realizou seus estudos de Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza, Ceará, no período de 1931 a 1943.

Foi ordenado sacerdote pelas mãos de Dom Marcolino Esmeraldo de Sousa Dantas, bispo de Natal, no dia 21 de novembro de 1943,dia da Padroeira da Cidade do Natal, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação - Catedral Metropolitana Antiga.

Ao longo de seus 91 anos de vida, em especial nos 58 anos de episcopado, 30 deles à frente da igreja no Rio de Janeiro, Dom Eugenio Sales, faleceu na noite de segunda-feira, teve um infarto em sua residência no bairro de Sumaré no Rio de Janeiro enquanto dormia no dia 9 de Julho de 2012.

Encontra-se sepultado na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.

 
Casa onde nasceu na Fazenda Catuana onde hoje funciona um abrigo de idosos

Episcopado

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Dom Eugênio Sales se reunindo com o Presidente da República, Emílio Médici em 1971.

No dia 1 de junho de 1954, aos 33 anos, foi nomeado bispo auxiliar de Natal pelo Papa Pio XII, recebendo a sé titular de Thibica.

Foi ordenado bispo no dia 15 de agosto de 1954, pelas mãos de Dom José de Medeiros Delgado, Dom Eliseu Simões Mendes e de Dom José Adelino Dantas.

Em 1962 foi designado administrador apostólico da Arquidiocese de Natal, função que exerceu até 1965, quando da nomeação de Dom Nivaldo Monte.

Em 1964 foi nomeado administrador apostólico da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, função na qual permaneceu até 29 de outubro de 1968, quando da sua nomeação a Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, pelo Papa Paulo VI.

Cardinalato

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Dom Eugênio em 1971.

No consistório do dia 28 de abril de 1969, presidido pelo Papa Paulo VI, Dom Eugênio de Araújo Sales foi nomeado cardeal, do título de São Gregório VII, do qual tomou posse solenemente no dia 30 de abril do mesmo ano. Neste consistório foi também nomeado cardeal o brasileiro Dom Vicente Scherer.

No dia 13 de março de 1971, o Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo do Rio de Janeiro,[1] função que exerceu até 25 de julho de 2001, quando sua renúncia foi aceita pelo Papa João Paulo II.

Impendam et Superimpendar

Alusão à frase de São Paulo (2 Cor. 12, 15):

Ego autem libentissime impendam et superimpendar ipse pro animabus vestris. Si plus vos diligo, minus diligar?
Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado?

Atividade e contribuições

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Quando era arcebispo de Salvador, foi um dos criadores das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e da Campanha da Fraternidade. Enquanto esteve à frente do Arcebispado do Rio, ordenou 169 sacerdotes, um número recorde, frente às outras Arquidioceses e dioceses brasileiras.

Foi um dos primeiros bispos brasileiros a implantar o Diaconato Permanente, ministério clerical que pode ser concedido a homens casados, segundo a restauração do Concílio Vaticano II.

Sua vida apostólica foi marcada pela defesa da ortodoxia católica. Combateu com firmeza a esquerda católica, a Teologia da Libertação e o engajamento político das Comunidades Eclesiais de Base.[2]

Por outro lado, assumiu a defesa de refugiados políticos dos regimes militares latino-americanos entre 1976 e 1982. Montou uma rede de apoio a estes refugiados juntamente com a Cáritas brasileira e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que consistia em abrigá-los, inicialmente na Sede Episcopal (Palácio São Joaquim) e posteriormente em apartamentos alugados para tal finalidade. Além disto, financiou a estadia destes refugiados até conseguir-lhes asilo político em países europeus. Foram asiladas mais de quatro mil pessoas. Usou sua autoridade para este fim, inclusive enfrentando os militares por diversas vezes. Ao assumir tal tarefa, telefonou para o General Sílvio Frota e disse-lhe: "Frota, se você receber comunicação de que comunistas estão abrigados no Palácio São Joaquim, de que eu estou protegendo comunistas, saiba que é verdade, eu sou o responsável. Ponto final, ponto final". Também atuou junto aos militares na libertação de diversos acusados de subversão.[3]

Também recusou-se a celebrar missa pelo aniversário do Ato Institucional Número Cinco, pedida pelo General Abdon Sena, de Salvador.

Foi um dos brasileiros que mais ocupou cargos no Vaticano: foram 11 cargos nas congregações, conselhos e comissões.

Sua ação social abrangeu a criação de centros de atendimento a portadores de AIDS, a Pastoral Carcerária, um núcleo de formação de líderes na residência do Sumaré.

Em agosto de 1990, Dom Eugênio foi condecorado pelo presidente Fernando Collor com a Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[4]

 
Dom Eugênio, ao lado do irmão, na comemoração dos 50 anos de ordenação episcopal, em missa solene realizada na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia em Acari-RN.

Sua renúncia foi solicitada em 1997, quando já completara 75 anos. Mas por indulto especial do Papa João Paulo II, seu amigo pessoal, foi autorizado a permanecer à frente da arquidiocese até completar 80 anos. Sua aposentadoria foi finalmente aceita no dia 25 de julho de 2001, quando Dom Eusébio Oscar Scheid, então Arcebispo de Florianópolis, foi nomeado o seu sucessor. Dom Eugênio permaneceu de 25 de julho até 22 de setembro de 2001 como administrador apostólico do Rio, nomeado por João Paulo II.

Em 22 de setembro, na presença de grande número de bispos e sacerdotes, entregou o governo da arquidiocese, através da passagem do báculo a Dom Eusébio, até então não revestido da dignidade cardinalícia, que só viria a obter em 2003. Ainda permaneceu residindo no Rio de Janeiro, no Palácio Apostólico do Sumaré, e permaneceu em funções no Vaticano. Possuiu os títulos de Cardeal Protopresbítero (o mais antigo em idade e/ou nomeação entre os Cardeais Presbíteros) e Arcebispo Emérito (aposentado) da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Sucessão

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Na Arquidiocese de São Salvador da Bahia, Dom Eugênio de Araújo Sales foi o 23º Arcebispo, sucedendo a Dom Augusto Álvaro da Silva e teve como sucessor Dom Avelar Brandão Vilela.

Na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Eugênio foi o 5º arcebispo, tendo sucedido a Dom Jaime de Barros Câmara e como sucessor Dom Eusébio Oscar Scheid.

Ordenações

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Ordenações de presbíteros

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Ordenações episcopais

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Foi o principal sagrante dos seguintes bispos

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Foi co-celebrante da sagração episcopal de

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Citação

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"O egoísmo dominante nos indivíduos e países impede uma justa distribuição dos recursos naturais. Cada um pensa em si e em sua nação, sem atender ao bem comum. Aqui se coloca o empobrecimento do Terceiro Mundo, em benefício dos mais ricos. E, no Brasil, a concentração de riquezas é crescente. Busca-se, em vez de justiça social, a diminuição dos que deveriam igualmente participar desses dons que Deus criou para todos os seus filhos". (Jornal do Brasil, 13/08/1994).

Bibliografia

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Colunas permanentes nos jornais

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Livros

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  • A Voz do Pastor
  • Viver a Fé em um Mundo a Construir

Referências

  1. Apostolicae Sedis Commentarium Officiale. An. et Vol. LXIII (em latim). Cidade do Vaticano: Typis Polyglottis Vaticanis. 1971. p. 313. 1036 páginas 
  2. FREIRE, José Ribamar Bessa. «Dom Eugênio Sales era, com todo o respeito, o cardeal da ditadura». ADITAL. Consultado em 20 de julho de 2012 
  3. Di Franco, Carlos Alberto (2008): Justiça ao Cardeal, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 10 de março de 2008.
  4. BRASIL, Decreto de 9 de agosto de 1990.

Ligações externas

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Wikiquote
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Precedido por
Dom Augusto Álvaro Cardeal da Silva
 
Arcebispo de São Salvador
da Bahia

1968-1971
Sucedido por
Dom Avelar Cardeal Brandão Vilela
Precedido por
Criação do título cardinalício
 
Cardeal-presbítero
de San Gregorio VII

1969 - 2012
Sucedido por
Moran Mor Baselios Cleemis Cardeal Thottunkal
Precedido por
Jaime Cardeal de Barros Câmara
 
Arcebispo de São Sebastião
do Rio de Janeiro

1971-2001
Sucedido por
Eusébio Oscar Cardeal Scheid, C.S.J.
Precedido por
Stephen Kim Cardeal Sou-hwan
 
Cardeal Protopresbítero

2009 - 2012
Sucedido por
Paulo Evaristo Cardeal Arns, O.F.M.