Isa Penna

Ex-deputada estadual de São Paulo

Isadora Martinatti Penna (São Paulo, 28 de março de 1991) é uma advogada trabalhista, feminista, militante dos direitos LGBT e política brasileira filiada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).[1] Foi deputada estadual de São Paulo ente 2019 e 2023.

Isa Penna
Isa Penna
Isa Penna
Deputada Estadual de São Paulo
Período 15 de março de 2019
até 15 de março de 2023
Dados pessoais
Nome completo Isadora Martinatti Penna
Nascimento 28 de março de 1991 (33 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileira
Alma mater Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Partido PSOL (2010–2022)
PCdoB (2022–presente)
Profissão Advogada
Website isapenna.com.br

Carreira política editar

Ingressou no movimento estudantil em 2009, quando ingressou na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde se formou em 2018. Foi da gestão do Centro Acadêmico 22 de agosto nos anos de 2010 e 2013, com o grupo “Construção Coletiva”.[2]

Isa filiou-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em março de 2011.[3] Disputou as eleições de 2014 aos 23 anos, quando foi candidata a deputada estadual. Não foi eleita, pois recebeu apenas 6.915 votos. Em 2016, disputou a eleição para a Câmara Municipal de São Paulo e recebeu mais de 12 mil votos, tornando-se a primeira suplente do PSOL. Em março de 2017, Isa Penna assumiu a cadeira de vereadora por 30 dias, após licença de Toninho Vespoli, e com Sâmia Bomfim compôs uma bancada 100% feminina e feminista na Câmara de São Paulo durante o mês das mulheres.[2][4]

Em 2018, foi eleita deputada estadual com 53.838 votos, pela coligação PSOL/PCB. Assumiu o cargo de deputada estadual na Alesp em 2019 com outros três parlamentares eleitos pelo PSOL.[5][6]

Em março de 2022, anunciou sua filiação ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), visando concorrer a deputada federal pelo estado de São Paulo, porém não obteve êxito na eleição.[7]

Vida pessoal editar

Isa Penna se declara feminista, bissexual,[8] e ativista pelos direitos das minorias. É filha do médico Rui Penna e da professora de história Maria Arlete Martinatti Penna.[9]

Controvérsias editar

Em março de 2017, durante suposta discussão com o vereador Camilo Cristófaro (PSB) nas dependências da Câmara Municipal de São Paulo, Cristófaro chamou Isa de "vagabunda" e "terrorista" e disse para ela não se surpreender se tomasse "uns tapas na rua". Isa classificou o episódio como uma "agressão" e uma "tentativa de intimidação verbal e física". Cristófaro negou as acusações.[10] Em abril de 2017, Isa teve o número celular exposto por meio do WhatsApp, como uma forma de pressioná-la em favor do projeto Escola Sem Partido (que ela é contra). Uma das mensagens a rotulava como "a favor da doutrinação nas escolas". Isa classificou a situação como uma forma de “intimidação”.[11]

Em outubro de 2019, durante pronunciamento no plenário, ela foi acusada de quebra de decoro parlamentar, por recitar o poema sou puta, sou mulher, da poetisa Helena Ferreira.[12]

Assédio editar

Em dezembro de 2020, durante a votação do orçamento do estado para 2021, uma câmera de segurança da ALESP flagrou o momento em que o deputado Fernando Cury apalpou a parte lateral do seio da deputada Isa Penna.[13] Cury negou o assédio, alegou tratar-se de um abraço e pediu desculpas, porém Isa Penna o denunciou por importunação sexual e quebra de decoro parlamentar, demandando a cassação de seu mandato.[13] Cury teve seu mandato interrompido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) em 1.º de abril de 2021.[14]

Com o intuito de pressionar pela cassação do mandato de Fernando Cury, personalidades e organizações da sociedade civil realizaram uma campanha intitulada “Por uma Punição Exemplar”, cujo site permitia o envio de mensagens para pressionar os deputados da ALESP pela cassação do parlamentar. Integraram a campanha a escritora Beatriz Bracher, a gestora cultural Mari Stockler, a diretora Daniela Thomas, o advogado Rafael Poço, a designer Julia Mariani e a administradora Maísa Diniz, cofundadora do Vote Nelas, além das organizações 342 Artes, Update, Elas no Poder, Girl Up e Vamos Juntas.[15]

Também foram publicadas cartas abertas e abaixo-assinados demandando a cassação de Cury, um dos quais contou com signatários como as atrizes Patrícia Pillar, Alessandra Negrini e Letícia Sabatella, os escritores Milton Hatoum e Antonio Prata, a historiadora Lilia Moritz Schwarcz, os advogados Alberto Toron e Augusto Arruda Botelho, e os músicos Nando Reis e Tony Bellotto.[16]

Porém, no dia 5 de março de 2021, o Conselho de Ética da ALESP se dividiu em relação à pena a ser aplicada. O relator do caso, deputado Emídio de Souza (PT) defendeu a cassação do mandato, porém, o deputado Wellington Moura (Republicanos) propôs um voto em separado no qual defendeu uma pena mais branda: a suspensão do parlamentar por 119 dias com direito ao recebimento dos benefícios do mandato.

Votaram pela cassação de Cury o relator Emídio Souza (PT), a deputada Erica Malunguinho (PSOL), Barros Munhoz (PSDB) e a presidente do Conselho, Maria Lúcia Amaray (PSDB). Porém, venceu o grupo que defendeu a pena mais branda proposta por Moura, formado apenas por homens e integrado por Adalberto Freitas (PSL), Wellington Moura (autor do voto), Delegado Olim (PP), Alex Madureira (PSD) e Estevam Galvão (DEM).[17]

No dia 1º de abril de 2021, a decisão do Conselho de Ética foi submetida à votação dos deputados da Alesp, que optaram pela suspensão do mandato de Fernando Cury por seis meses sem o recebimento de quaisquer benefícios. Foram 86 votos a favor e nenhum contra — não houve abstenção, nem voto em branco.

A suspensão ocorreu após consenso no Colégio de Líderes e foi inédita, pois nenhum deputado jamais havia sido suspenso na ALESP. A casa conta apenas com um único episódio de cassação, em 1999, do ex-deputado Hanna Garib, acusado de envolvimento na chamada Máfia dos Fiscais.

Além de ter sido suspenso da ALESP, Cury também foi expulso de seu então partido, o Cidadania, em virtude do ocorrido,[18] e hoje está filiado ao União Brasil. O deputado ainda enfrenta uma ação penal por parte do Ministério Público, por importunação sexual, que está em tramitação.[19]

Desempenho em eleições editar

Ano Eleição Candidata a Partido Coligação Votos Resultado
2014 Estadual de São Paulo Deputada estadual PSOL Frente de Esquerda
(PSOL, PSTU)
6.915 Não eleita[20]
2016 Municipal de São Paulo Vereadora Mudar É Possível
(PSOL, PCB)
12.439 Suplente[21]
2018 Estadual de São Paulo Deputada estadual Sem Medo de Mudar São Paulo
(PSOL, PCB)
53.838 Eleita por QP[22]
2022 Estadual de São Paulo Deputada Federal PCdoB Federação Brasil da Esperança

(PT, PCdoB, PV)

31.092 Suplente

Referências

  1. Weudson Ribeiro (16 de março de 2022). «Isa Penna troca PSOL por PCdoB e concorrerá à vaga de deputada federal». uol.com.br. Consultado em 20 de abril de 2022 
  2. a b «Trajetória de Isa Penna». isapenna.com.br. Consultado em 20 de abril de 2022 
  3. «Relação de filiados». TSE. Consultado em 7 de maio de 2020 
  4. «"Me chamou de vagabunda", diz Isa Penna (PSOL) sobre agressão». Carta Capital. 28 de novembro de 2018 
  5. «Apuração dos votos: Isa Penna». Gazeta do Povo. 28 de novembro de 2018 
  6. «Ativista Feminista, Isa Penna Quer Ocupar a Assembleia Legislativa de São Paulo». Modefica. 28 de novembro de 2018 
  7. Ribeiro, Weudson (16 de março de 2022). «Isa Penna troca PSOL por PCdoB e concorrerá à vaga de deputada federal». UOL. Consultado em 16 de março de 2022 
  8. «Bissexual e feminista, Isa Penna é aposta do Psol para vereadora - Guia Gay São Paulo». guiagaysaopaulo.com.br. Consultado em 20 de abril de 2022 
  9. «Isa Penna | #Provoca». youtube.com. 22 de junho de 2021. Consultado em 20 de abril de 2022 
  10. Vereador do PSB xingou colega do PSOL de 'vagabunda', diz testemunha
  11. Valor Econômico (7 de abril de 2017). «Vereadoras de São Paulo têm celular exposto e criticam 'intimidação'». valor.globo.com. Consultado em 20 de abril de 2022 
  12. «Deputada do Psol é ameaçada de cassação por recitar poema controverso na Alesp». Poder360. 3 de outubro de 2019. Consultado em 1 de abril de 2021 
  13. a b Conteúdo, Estadão (18 de dezembro de 2020). «'Me sinto enojada', diz Isa Penna sobre assédio sexual». CartaCapital. Consultado em 18 de maio de 2022. ‘Esses homens têm uma vivência de como se fossem deuses, autoridades inatingíveis pelo povo’, declarou a deputada 
  14. «Caso Isa Penna: em decisão inédita, Alesp suspende deputado Fernando Cury por seis meses por passar a mão na colega». G1. Consultado em 30 de maio de 2021 
  15. «'Punição exemplar de deputado assediador é uma questão civilizatória', dizem articuladoras de campanha». Folha de S.Paulo. 21 de março de 2021. Consultado em 20 de abril de 2022 
  16. «Personalidades pedem cassação do deputado estadual Fernando Cury». Poder360. 28 de março de 2021. Consultado em 20 de abril de 2022 
  17. «Conselho de Ética ameniza punição para deputado que apalpou colega na Alesp». Poder360. 5 de março de 2021. Consultado em 20 de abril de 2022 
  18. Léo Arcoverde e Vivian Ferraz (22 de novembro de 2021). «Cidadania expulsa Fernando Cury». GloboNews e g1 SP. Consultado em 18 de maio de 2022. Parlamentar, que apalpou seio da deputada Isa Penna em dezembro de 2020 durante sessão, classificou decisão como 'antidemocrática' e disse se tratar de 'manobra política'; Isa Penna afirmou que decisão é resposta a 'todas as mulheres que se sentiram assediadas junto comigo há quase um ano'. 
  19. Rodrigo Rodrigues (15 de dezembro de 2021). «Justiça de SP aceita denúncia contra deputado Fernando Cury por importunação sexual». G1. Consultado em 18 de maio de 2022. Será instaurada ação penal contra o deputado. A denúncia foi feita pelo MP em abril deste ano. Em dezembro de 2020, uma câmera da Alesp flagrou o deputado passando a mão no seio da deputada Isa Penna (PSOL). 
  20. «Apuração e resultado das Eleições 2014 SP». UOL. Consultado em 8 de maio de 2020 
  21. «UOL Eleições 2016 São Paulo/SP». UOL. Consultado em 7 de maio de 2020 
  22. «Isa Penna 50180 (Deputada Estadual)». Eleições 2018. Cópia arquivada em 8 de maio de 2020 

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