Paulistas
Os paulistas são os indivíduos nascidos no estado de São Paulo, localizado na Região Sudeste do Brasil.
Paulistas | ||||||||||||||||||||||||||||||
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Bandeira de São Paulo | ||||||||||||||||||||||||||||||
População total | ||||||||||||||||||||||||||||||
46 649 132 [1] | ||||||||||||||||||||||||||||||
Regiões com população significativa | ||||||||||||||||||||||||||||||
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Línguas | ||||||||||||||||||||||||||||||
Português Alguns falam alemão e italiano. | ||||||||||||||||||||||||||||||
Religiões | ||||||||||||||||||||||||||||||
60,06% Igreja Católica 24,08% Evangélicos 8,14% Irreligião 3,29% Espiritismo 1,08% Testemunhas de Jeová 3,35% Outras | ||||||||||||||||||||||||||||||
Etnia | ||||||||||||||||||||||||||||||
63,9% Brancos[3] 29,1% Pardos[4] 5,5% Negros[3] 1,4% Amarelos 0,1% Indígenas | ||||||||||||||||||||||||||||||
Grupos étnicos relacionados | ||||||||||||||||||||||||||||||
Caipiras Brasileiros Lusófonos |
HistóriaEditar
Origem dos paulistasEditar
Quando os primeiros europeus chegaram ao atual território paulista, o Litoral e o Planalto Paulista eram habitados predominantemente por indígenas tupis-guaranis, como os tupiniquins, tupinambás e carijós, mas existiam também alguns que pertenciam a tribos jês, como os guaianás e os guaramomis. Já o interior era, em grande parte, ocupado por índios falantes de idiomas macro-jê, como os caingangues, caiapós e xavantes.[5]
Nas primeiras décadas do século XVI, alguns náufragos e degredados portugueses se fixam em terras paulistas, em sua grande parte no litoral, como António Rodrigues e o enigmático Bacharel de Cananeia, enquanto João Ramalho, considerado o "pai dos paulistas" e o "fundador da paulistanidade"[6] se instalou no Planalto de Piratininga. Estes primeiros colonos adotam a cultura indígena e se misturam com mulheres ameríndias. Da miscigenação luso-indígena se formou a base do povo paulista colonial e a cultura caipira.[7] Os membros das famílias tradicionais paulistas do período colonial são denominados “quatrocentões”.
Durante o Período Colonial de São Paulo, iniciado em 1532, com a fundação de São Vicente, a primeira vila do Brasil, mais colonos europeus, predominantemente portugueses, mas também espanhóis, neerlandeses, franceses e ingleses, se fixam no território paulista e se misturam com caboclas, descendentes de portugueses e indígenas. Eram poucas as mulheres brancas que se fixaram em terras paulistas neste período.
Até meados do século XVIII, a presença do escravo africano no atual território estadual (exceto no Vale do Ribeira, que teve ciclo do ouro no século XVII, com o uso do trabalho do africano escravizado) era muito rara, pois seus habitantes não possuíam condições de comprá-los, visto que essa era a região mais pobre da América Portuguesa. Com isso, a economia paulista era baseada na lavoura de subsistência, com o trabalho forçado do indígena.[8][9][10]
A procura por índios para escravizar pelos paulistas levou, no final do século XVI, ao surgimento de exploradores locais, os bandeirantes, que mais tarde passam também a procurar por pedras preciosas nos domínios portugueses. O bandeirismo envolveu a maioria dos homens paulistas e foi um dos responsáveis pela expansão das fronteiras do Brasil Colonial para além do Tratado de Tordesilhas. Com isso, exploradores vindos de São Paulo se fixam, nos séculos XVII e XVIII, em regiões como o Paraná (a região do Terceiro Planalto Paranaense ainda era inabitada por não-indígenas), o litoral e a região serrana de Santa Catarina, Minas Gerais e o Centro-Oeste do Brasil.
Na década de 1760, a cultura da cana-de-açúcar se torna a base da economia paulista, sendo cultivada sobretudo na região do "quadrilátero do açúcar", demarcado pelas vilas de Sorocaba, Piracicaba, Mogi Guaçu e Jundiaí. Nos canaviais, empregava-se o trabalho do escravo africano e a presença dele no território paulista aumentava cada vez mais. As lavouras cafeeiras no Vale do Paraíba, as quais existiram durante grande parte do século XIX, empregavam a mão-de-obra escrava.[11][12]
Ao longo da primeira metade do século XIX, com o fim do Ciclo do ouro, muitos habitantes de Minas Gerais migram em direção ao Nordeste Paulista, atraídos pelas terras férteis desta zona do estado.[13]
No início do século XIX, a população indígena era muito pequena no território do estado de São Paulo (com exceção do noroeste e oeste paulista, regiões ainda inexploradas). Em 1817, Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, durante suas viagens pelo Brasil, passaram pelo estado e assim descreveram sobre seu povo:
“Muitos paulistas conservaram-se sem a mistura com os índios, e são tão brancos, mesmo mais claros, do que o colono europeu puro nas províncias do norte do Brasil. Os mestiços, filhos de brancos e índios, mamelucos, conforme o grau da mistura, têm a pele cor de café, amarelo-clara, ou quase branca. Fica, porém, sobretudo no rosto largo, redondo, com maçãs salientes, nos olhos negros não grandes, e numa incerteza do olhar, a revelação, mais ou menos clara, do cruzamento com o índio.”[14]
Entre 1880 e 1930, milhões de imigrantes se fixam em São Paulo, para trabalhar nos cafezais do interior em substituição à mão-de-obra escrava e nas indústrias da capital. Eram, em grande parte, europeus, predominantemente italianos, portugueses e espanhóis, mas também houve a imigração de muitos libaneses, sírios e japoneses.[15]
Na primeira metade do século XX, as regiões oeste e noroeste paulista, antes com escassa população não-indígena, são ocupadas com o avanço das ferrovias. Os povoadores eram principalmente imigrantes e paulistas descendentes destes, mas também houve a presença de brasileiros de Minas Gerais e de outros estados do país.[16]
Entre as décadas de 1950 e 1970, no contexto do avanço industrial paulista cada vez maior, milhões de brasileiros, fugindo dos problemas socioeconômicos locais, migram para São Paulo, especialmente para a capital e sua Região Metropolitana.[17]
Língua paulistaEditar
Inicialmente, os paulistas, assim como as demais populações, de territórios paulistânicos, se comunicavam na língua geral paulista, uma língua crioula formada no século XVI a partir de dialetos do tupi antigo, com influências das línguas portuguesa e castelhana. No início do século XVII, as bandeiras paulistas iniciaram uma série de ataques contra as missões jesuísticas espanholas em busca de escravos guaranis para trabalhar em terras paulistas. Como resultado, o contato estabelecido durante este período de guerras entre os paulistas e os espanhóis trouxe elementos da língua guarani para o idioma.
Hoje conta com alguns registros, sendo uma língua morta devido a imigração em massa e a obrigatoriedade da língua portuguesa imposta pelos governos do Brasil, inicialmente a partir de 1758, com decreto de Sebastião José de Carvalho.[18]
PopulaçãoEditar
A população de São Paulo em 2020 era de 46,6 milhões de habitantes, sendo o estado mais populoso do Brasil, 52,65% de sua população é do sexo feminino e 47,35% do sexo masculino.[19][20]
Em 2010, 20,60% (8.498.812) da população do estado era de outras unidades da federação, principalmente da Bahia (1.702.676), Minas Gerais (1.616.885) e do Paraná (1.003.286). São Paulo é o Estado que mais recebe migrantes de outras unidades federativas, também é o estado com o maior número de imigrantes internacionais (545.686) sendo maioria da Bolívia (115.705), Haiti (37.723) e China (35.441).[21][22][23]
De acordo com o censo de 1920, dos 558.405 italianos que moravam no Brasil, 398.797 residiam em São Paulo, hoje soma-se 13 milhões de descendentes de italianos, quase um terço da população estadual, sendo que a sua capital possui a maior comunidade italiana fora da Itália.
Muitos paulistas também descendem de portugueses, japoneses, alemães e espanhóis.
Migração paulistaEditar
Cerca de 2,4 milhões de paulistas vivem fora do Estado de São Paulo. Os estados brasileiros com maior quantidade de migrantes paulistas em 2010 foram o Paraná (552.191), Minas Gerais (432.236) e o Mato Grosso do Sul (214.946).[24][25] Nos Estados Unidos, viviam legalmente, mais de 80 mil paulistas, e no Japão, mais de 40 mil.[26]
ReligiãoEditar
Segundo o Censo Brasileiro de 2010, da população paulista, 60,06% professavam a Igreja Católica, 54,08% eram evangélicos, 7,14% irreligiosos, 3,29% eram adeptos do espiritismo, 1,08% eram testemunhas de Jeová e 3,35% professavam outras religiões.
Referências
- ↑ ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2020/estimativa_dou_2020.xls Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ a b c d e f g h i j https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/631 Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ a b «Censo demográfico 2010» (PDF): 67
- ↑ «Censo demográfico 2010» (PDF): 68
- ↑ Drummond, Carlos (1973). «Os indígenas de São Paulo quando da chegada de Cabral» (PDF). Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. LXX: 5-10. Consultado em 18 de outubro de 2022
- ↑ «Nº20 – Perfil > João Ramalho». Revista Apartes (edições anteriores). Consultado em 10 de agosto de 2022
- ↑ «Vida caipira: O caipira é o homem rural típico do Brasil». educacao.uol.com.br. Consultado em 4 de janeiro de 2023
- ↑ MANUEL MONTEIRO, John (1994). Negros da terra: Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. [S.l.: s.n.] p. 30
- ↑ Ellis Júnior, Alfredo (1936). Os primeiros troncos paulistas e o cruzamento euro-ameríndio (PDF). São Paulo: Companhia Editora Nacional. 351 páginas
- ↑ Ellis Júnior, Alfredo (1944). Capítulos da história social de São Paulo (PDF). São Paulo: Companhia Editora Nacional. 571 páginas
- ↑ Micheli, Marco (2017). «Considerações sobre a produção de açúcar e a lavoura de mantimentos em São Paulo na virada do século XVIII ao XIX». Universidade de São Paulo. Revista Angelus Novus. 13 (13): 151-167. Consultado em 18 de outubro de 2022
- ↑ Chagas, Renata Lúcia Cavalca Perrenoud (2004). Prognóstico do consumo de energia elétrica nos sistemas urbanos de abastecimento de água em pequenos e médios municípios da região paulista do vale do rio Paraíba do Sul (PDF) (Tese de Doutorado). Guaratinguetá: Unesp. pp. 49–54
- ↑ CUNHA, Maísa Faleiros da (2010). «Mineiros em terras paulistas: população e economia» (PDF). Cedeplar-UFMG. Anais do XIV Seminário Sobre a Economia Mineira: 4-5. Consultado em 22 de outubro de 2022
- ↑ Spix, Johann Baptist von; Martius, Carl Friedrich Philipp (2017). Viagem pelo Brasil (PDF). I. Brasília: Senado Federal. pp. 176–177
- ↑ GRASIELLE, Gonçalves de Oliveira. A influência da cultura italiana em São Paulo (PDF). [S.l.: s.n.] p. 6
- ↑ Pupim, Rafael Giácomo (2008). Cidade e território do oeste paulista: mobilidade e modernidade nos processos de construção e reconfiguração do urbano (PDF). São Carlos: USP. pp. 50–51
- ↑ «Migrações no Brasil». Mundo Educação. Consultado em 18 de janeiro de 2023
- ↑ «.: HELB - História do Ensino de Línguas no Brasil :.». www.helb.org.br. Consultado em 3 de setembro de 2022
- ↑ ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2020/estimativa_dou_2020.xls Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ (PDF) http://www.nesp.unb.br/saudelgbt/images/arquivos/Perfil_Sao_Paulo.pdf Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/631 Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1505#resultado Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ https://www.nepo.unicamp.br/observatorio/bancointerativo/numeros-imigracao-internacional/sincre-sismigra/ Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/10/145-dos-brasileiros-moram-fora-do-estado-em-que-nasceram-diz-ibge.html/ Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/631#resultado/ Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ «Meio milhão de brasileiros vivem no exterior». GGN. 16 de novembro de 2011. Consultado em 21 de outubro de 2022