Cripta Imperial de Viena

A Cripta Imperial de Viena ou Cripta dos Capuchinhos (em alemão: Kaisergruft ou Kapuzinergruft) foi, a partir de 1633, o principal local de enterro dos Habsburgo austríacos, soberanos hereditários do Sacro Império Romano-Germânico e seus descendentes. Localizada nas proximidades do Palácio Imperial de Hofburg, em Viena, sob a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos (Kirche zur Heiligen Maria von den Engeln) ou Igreja dos Capuchinhos (Kapuzinerkirche), como é mais conhecida, a cripta tornou-se um dos principais pontos turísticos da capital austríaca.

Cripta Imperial de Viena
Cripta Imperial de Viena
Tipo cripta, burial vault
Inauguração 1633 (391 anos)
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 48° 12' 20" N 16° 22' 11" E
Mapa
Localização Viena, Innere Stadt - Áustria

O complexo abriga 142 corpos de membros da realeza e da aristocracia, além de quatro urnas contendo as cinzas de príncipes submetidos à cremação e outras urnas contendo os corações dos corpos submetidos ao embalsamamento. Ao todo, foram sepultados na cripta 12 imperadores e 18 imperatrizes. A sepultura mais recente data de 12 de janeiro de 2008.

História editar

A imperatriz Ana de Tirol, esposa do imperador Matias I, concebeu a ideia da construção de um monastério com uma cripta, nas cercanias do Palácio Imperial de Holfburg, que servisse para os sepultamentos dela e de seu marido; e para este fim deixou uma doação, em testamento datado de 10 de novembro de 1617, falecendo um ano depois.

 
A imperatriz Ana do Tirol, fundadora da Cripta dos Capuchinhos, em uma miniatura de Alessandro Abondio.

A pedra fundamental da construção foi assentada em 8 de setembro de 1622, na presença do imperador Fernando II, mas os eventos da Guerra dos Trinta Anos acabaram por atrasar bastante o andamento das obras e a igreja só foi consagrada em 25 de julho de 1632. Na Páscoa do ano seguinte os sarcófagos com os restos mortais de Matias I e Ana do Tirol foram trasladados com grande pompa para a hoje denominada Cripta dos Fundadores.

O imperador Leopoldo I ampliou a cripta em 1657, na área situada logo abaixo da nave central da igreja e seu filho, José I, fez uma nova ampliação (a ala oeste) em 1710, iniciando a câmara que seu irmão Carlos VI concluiu em1720 e que se estende sob o coro. Foi a primeira vez em que um renomado arquiteto, Lukas von Hildebrand, foi convidado a intervir numa ampliação daquela cripta.

Em 1754 a imperatriz María Teresa continuou ampliando a ala oeste da cripta, mas além dos limites da igreja, com uma cúpula abobadada que permite a entrada de luz natural. Essa ampliação, bem como a imponente cúpula, são obras do arquiteto Jean Jadot de Ville-Issey .

Durante o reinado de Francisco I, o arquiteto Johann Aman executou uma nova ampliação (a ala norte), em 1824.

O monastério que rodeia a igreja encontrava-se em péssimo estado de conservação após 200 anos de serviço e, durante o reinado de Fernando I, em 1840, o edifício (com exceção da igreja) foi demolido e reconstruído. Como parte do projeto, o arquiteto Johann Höhneconstruiu a Cripta Fernandina e a Cripta Toscana nos porões da nova estrutura.

Em 1908, como parte das celebrações pelo 60º aniversário de sua aclamação, o imperador Francisco José I encarregou o arquiteto Cajo Perisic de construir outra ala e uma capela a leste da de Francisco I e da Cripta Fernandina.

Em 1960 ficou óbvio que a deterioração das tumbas ocorria em virtude da umidade e da falta de ventilação na cripta e as instalações foram aparelhadas para sanar o problema e conservar os sarcófagos para as gerações futuras. O arquiteto Karl Schwanzer construiu a chamada Cripta Nova (ao norte das Criptas Toscana, Fernandina e de Francisco José) com portas metálicas, obra do escultor Rudolf Hoflehner. Esta obra acrescentou, aproximadamente, 20% de espaço à cripta, que foi utilizado para a redistribuição dos sarcófagos nas câmaras.

A pequena câmara original abrigava, junto às tumbas dos fundadores, outra que continha uma dezena de sarcófagos de crianças, chamada Cripta dos Anjos. Essas tumbas foram trasladadas para nichos recém construídos na parede dianteira da Cripta Leopoldina.

Sarcófagos selecionados de várias outras câmaras foram trasladados para a Cripta Nova e agrupados por temas: bispos, antepassados diretos do último imperador e familiares diretos do arquiduque Carlos de Áustria-Teschen, vencedor da Batalha de Aspern-Essling e herói da Áustria. Outras 37 tumbas de menores e de membros secundários da família foram sepultados em nichos criados na Cripta Fernandina. Assim, aproximadamente metade de todos os sarcófagos foram trasladados dos locais originais para áreas melhor situadas e organizadas.

Em 2003 foram feitas adaptações para tornar a cripta acessível aos portadores de necessidades especiais e portas cerradas por séculos foram reabertas para facilitar o deslocamento dos visitantes. Também foi instalado um sistema de ar condicionado para prevenir a deterioração dos sarcófagos.

Sarcófagos editar

 
Detalhe do sarcófago do imperador Carlos VI

Os sarcófagos são, no geral, variações dos caixões comuns, com decoração bastante simples.

Até 1700, o material mais comum utilizado na confecção de sarcófagos era uma liga metálica semelhante ao bronze e recoberta por laca. As magníficas tumbas em estilo barroco e rococó são de bronze verdadeiro, um artigo muito mais caro. O imperador reformista José II decretou que as tumbas da Cripta Imperial deveriam ser confeccionadas em cobre, material mais leve e muito mais barato. Nos anos posteriores também se utilizou uma liga de cobre e bronze, além de prata.

Somente um sarcófago foi feito em pedra ao invés de metal: o do imperador Francisco José I.

Várias técnicas de trabalho em metal foram utilizadas para a decoração superficial dos sarcófagos, como escultura, fundição e gravuras em alto e baixo relevo. As tampas eram rebitadas, enquanto os ornamentos e figuras decorativas eram parafusadas.

O escultor responsável pelas tumbas mais elaboradas foi Balthasar Ferdinand Moll.

Para garantir a estabilidade dos sarcófagos maiores eles foram reforçados com ferro e madeira. Este procedimento previne o afundamento da estrutura e o abaulamento das paredes laterais pelo peso da cobertura.

Dentro do sarcófago externo, os corpos se encontram em ataúdes de madeira recobertos por seda. Os caixões, em geral, tem duas fechaduras: uma chave fica em custódia do guarda capuchinho da cripta, enquanto a outra fica guardada na tesouraria do Palácio Imperial de Hofburg.

No interior do ataúde o corpo, geralmente, se encontra sem os órgãos internos, extirpados para o processo de embalsamamento e posterior exibição pública do morto. Em aproximadamente um terço dos corpos, o coração foi retirado, acondicionado em uma urna de prata e enviado, na maioria dos casos, para a Herzgruft na Augustinerkirche; em alguns casos os intestinos e outros órgãos foram acondicionados em urnas de cobre e depositados na Cripta dos Duques, na Catedral de Santo Estêvão de Viena (Stephansdom).

Conservação das tumbas editar

Ao longo dos séculos, a umidade constante, as variações de temperatura e o afluxo de visitantes provocaram uma importante deterioração nos sarcófagos, resultando em rachaduras e buracos causados pela corrosão. As coberturas das paredes laterais foram lascadas, muitos elementos decorativos foram quebrados ou roubados por visitantes, as madeiras absorveram muita umidade e incharam e as pesadas coberturas acabaram entortando algumas cantoneiras.

O primeiro trabalho de restauração foi iniciado em 1852 , mas somente em 1956, quando foi criada a Gesellschaft zur Rettung der Kapuzinergruft (Associação para Salvação da Cripta dos Capuchinhos), é que foi possível informar ao público sobre os problemas de conservação e a necessidade de restauração das tumbas.

Inicialmente era preciso criar um espaço adicional e desumidificar a cripta. A conclusão da Cripta Nova, em 1960, e a transferência de 26 sarcófagos para a Cripta Toscana possibilitou o início dos trabalhos de desumidificação. Também foi montada uma oficina no final da Cripta Toscana onde artesãos experientes puderam trabalhar sobre urnas selecionadas e trasladadas temporariamente para o restauro.

"Criptas" da Cripta Imperial editar

As chamadas Criptas (Gruft) da Cripta Imperial são uma série de dez salas subterrâneas conectadas entre si que foram construídas ao longo do tempo para suprir as necessidades de espaço. Nessas câmaras se encontram sepultados a maior parte dos membros do ramo austríaco dos Habsburgo, os imperadores hereditários do Sacro Império Romano-Germânico e suas respectivas famílias desde 1632. Os 103 sarcófagos metálicos e as 5 urnas visíveis tem estilos que variam da simplicidade extrema ao rococó exuberante.

Cripta dos Fundadores editar

A Gründergruft é a parte mais antiga da Kaisergruft. Localiza-se abaixo da Capela do Imperador, na lateral esquerda da nave da igreja. O espaço é baixo, simples e sem janelas e pode ser vista a partir das portas barrocas da Cripta Leopoldina. Nesse local encontram-se os sarcófagos simples do casal de fundadores.

Olhando-se pela porta, da esquerda para a direita:

  • Imperador Matias I (1557-1619), terceiro filho do imperador Maximiliano II. Devido a incapacidade mental de seu irmão, foi governador da Áustria desde 1593, rei da Hungria desde 1608 e da Bohemia desde 1611, assumindo o título imperial em 1622. foi responsável pela construção do pavilhão de caça que deu origem ao Palácio de Schönbrunn. Morreu apenas três meses depois de sua esposa, a imperatriz Ana do Tirol. Seu coração está enterrado no Herzgruft (Augustinerkirche).
  • Imperatriz Ana do Tirol (1585-1618), filha de Fernando II da Áustria. Deixou determinações testamentárias sobre a construção da Igreja dos Capuchinhos e a Cripta Imperial, reservando parte de seus bens como doação para a concretização do projeto. Seu coração está enterrado no Herzgruft (Augustinerkirche).

Cripta Leopoldina editar

A Leopoldsgruft foi construída sob a nave da igreja. Iniciada em 1637 pelo imperador Leopoldo I, 37 anos após o édito de seu pai, Fernando III, onde este havia determinado o local para o sepultamento da família imperial. Levando-se em consideração o fato de Leopoldo ter "contribuído" com suas três esposas, seus 16 filhos e ele próprio para o notável aumento da "população" da cripta, seria inevitável que se construíssem prontamente outras câmaras.

Columbário editar

À esquerda das portas da Cripta dos Fundadores, na grossa parede leste da igreja, em doze nichos construídos nos anos 60, se encontram os sarcófagos de 12 crianças. Os ataúdes estavam anteriormente na Cripta dos Fundadores ou no salão principal desta cripta. Os corpos ocupavam ataúdes bastante simples e foram transferidos para caixões idênticos entre si. Não há marcas ou documentação que identifiquem qual criança está em cada caixão, mas sabe-se que são:

Quatro filhos do imperador Fernando III:

  • Arquiduque Maximiliano Tomás (1638-1639), filho do imperador com sua primeira esposa, Maria Ana da Espanha.
  • Arquiduque Felipe Augusto (1637-1639), filho do imperador com sua primeira esposa, Maria Ana da Espanha.
  • Arquiduquesa Teresa Maria (1652-1653), filha do imperador com sua terceira esposa, Leonor de Mântua.
  • Arquiduque Fernando José (1657-1658), filho do imperador com sua terceira esposa, Leonor de Mântua. Seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques, na Catedral de Santo Estêvão.

Sete filhos do imperador Leopoldo I:

  • Arquiduque Fernando Venceslau (1667-1668), filho do imperador com sua primeira esposa Margarida Teresa de Habsburgo, infanta de Espanha. Seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques, na Catedral de Santo Estêvão.
  • Arquiduque João Leopoldo (1670), filho do imperador com sua primeira esposa Margarida Teresa de Habsburgo, infanta de Espanha.
  • Arquiduquesa Maria Ana (1672), filha do imperador com sua primeira esposa Margarida Teresa de Habsburgo, infanta de Espanha. Seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques, na Catedral de Santo Estêvão.
  • Arquiduquesa Ana Maria Sofia (1674), filha do imperador com sua segunda esposa, Cláudia Felicitas do Tirol. Seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques, na Catedral de Santo Estêvão.
  • Arquiduquesa Maria Josefa (1675-1676), filha do imperador com sua segunda esposa, Cláudia Felicitas do Tirol. Seu coração encontra-se em uma urna de ouro e prata sobre o sarcófago de sua mãe, na Igreja dos Dominicanos.
  • Arquiduquesa Cristina (1679), filha do imperador com sua terceira esposa, Leonor Madalena de Neuburgo.
  • Arquiduquesa Maria Margarida (1690-1691), filha do imperador com sua terceira esposa, Leonor Madalena de Neuburgo. Seus intestinos foram enterrados na Catedral de Santo Estêvão.

Neto do imperador Fernando III:

Sala principal editar

Em frente ao Columbário:

Ao longo da parede norte, de leste a oeste:

Ao longo da parede sul, de leste a oeste:

 
O simples sarcófago do imperador Fernando III

Cripta Carolina editar

A primeira parte da Karlsgruft foi construída em 1710 pelo imperador José I. Em 1720 foi ampliada pelo arquiteto Lukas von Hildebrandt por ordem do imperador Carlos VI e abriga 8 sarcófagos:

Ao longo da parede sul, da esquerda para a direita:

 
Sarcófago do imperador Carlos VI
  • Imperador Carlos VI (1685-1740), o mais jovem filho varão do imperador Leopoldo I e de Leonor Madalena de Neuburgo. Com a morte do rei Carlos II de Espanha sem deixar descendentes, Carlos se converteu em pretendente Habsburgo ao trono espanhol (como Carlos III), contra o pretendente bourbônico Felipe d'Anjou. Carlos foi aclamado rei da Espanha em 12 de fevereiro de 1703, em Viena. O imperador Leopoldo I e seu filho mais velho, José, firmaram os atos de cessão de seus direitos à coroa espanhola em favor do arquiduque. Em 1705, o "rei Carlos III" chegou a Barcelona, iniciando formalmente seu reinado na Espanha e desencadeando abertamente a Guerra de Sucessão Espanhola. Sua permanência na Espanha chegou ao fim em 1711, com a morte repentina de seu irmão, José I, que o obrigou a retornar para Viena para ser coroado como o novo soberano do Sacro Império Romano-Germânico. Esse evento trouxe o fim do conflito sucessório espanhol, com a abdicação de Carlos em favor de Felipe d'Anjou em troca dos Países Baixos Espanhóis, o Ducado de Milão, Nápoles e Sardenha (Tratado de Ultrecht-Rastadt). Transferiu para Viena a Escola Espanhola de Equitação (Spanische Hofreitschule) e construiu o magnífico pavilhão que, ainda hoje, é a sede da instituição. Por não ter herdeiros varões, promulgou a Pragmática Sanção para assegurar a sucessão de sua filha Maria Teresa I (algo que desencadearia, mais tarde, a Guerra de Sucessão Austríaca). Sob seu reinado a monarquia austríaca alcançou sua máxima expansão. Morreu aos 55 anos de idade, após reinar por 29 anos. Seu coração está enterrado na Herzgruft da Augustinerkirche e seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques da Catedral de Santo Estêvão. Seu mausoléu é um dos mais elaborados, com uma caveira em cada um dos cantos adornadas com réplicas das coroas de seus principais reinos (Sacro Império Romano-Germânico, Bohemia, Hungria e Áustria).

Ao longo da parede norte, da esquerda para a direita:

  • Imperatriz Isabel Cristina de Brunswick (1691-1750), esposa de Carlos VI e mãe da imperatriz Maria Teresa I. Falecida aos 59 anos, seu túmulo é o mais antigo daqueles construídos por Balthasar Ferdinand Moll. Seu coração está enterrado na Herzgruft da Augustinerkirche e seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques da Catedral de Santo Estêvão.
 
Sarcófago do imperador José I
  • Imperador José I (1678-1711), filho de Leopoldo I e Leonor Madalena de Neuburgo. Morreu sem deixar herdeiros, após um reinado de 6 anos, sendo sucedido pelo seu irmão, Carlos VI. Seu coração está enterrado na Herzgruft da Augustinerkirche e seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques da Catedral de Santo Estêvão.
  • Urna com o coração da imperatriz Amália Guilhermina de Brunswick (1673-1742), esposa de José I. Fundou o Convento das Irmãs Salesianas de Viena em 1712, para instrução de moças, e passou a maior parte de seu tempo ali. Falecida aos 69 anos, seu corpo foi sepultado, vestindo um hábito de monja, num simples caixão de pedra sob o altar-mor do convento.
  • Arquiduque Leopoldo José (1700-1701), filho de José I e Amália de Brunswick. Seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques da Catedral de Santo Estêvão.

Cripta de Maria Teresa editar

Três câmaras da Cripta Imperial abrigavam 44 corpos e duas urnas contendo corações quando, em 1754, a imperatriz Maria Teresa I iniciou a construção da Maria Theresien Gruft. Esta câmara, que se estende sob o pátio do mosteiro, abriga os túmulos de 16 pessoas:

Arco de Entrada:

  • Imperador José II (1741–1790), filho da imperatriz Maria Teresa e do imperador Francisco I. Chamado o imperador do povo, implantou um programa de reformas para modernização e centralização do Império (inclusive adotando o alemão como língua oficial e obrigatória em todo o território). Representante do Despotismo Esclarecido, governou com o apoio e a influência do chanceler Wenzel Anton Kaunitz-Rietberg. Como parte das reformas, publicou um édito proibindo tanto o embalsamamento de corpos quanto os enterros pomposos. Segundo suas ordens, seu corpo não foi embalsamado e foi depositado num simples caixão de cobre. Suas duas esposas e dois de seus filhos também estão enterrados nessa cripta.

Pequena câmara ao lado da tumba de José II:

  • Condessa Karoline von Fuchs Mollard (1681–1754), foi preceptora da imperatriz Maria Teresa I, suas irmãs e seus filhos. As palavras de gratidão gravadas na cobertura de seu sarcófago estão assinadas pela imperatriz Maria Teresa, que ordenou que ela fosse sepultada entre os membros da família imperial (apesar de não possuir sangue real nem ter se casado com nenhum Habsburgo). Faleceu aos 73 anos de idade.

No centro da cripta, da esquerda para a direita:

Ficheiro:Wien-Kapuzinergruft, Maria-Theresia-Gruft (1).JPG
Sarcófago duplo da imperatriz Maria Teresa e seu marido, o imperador Francisco I, obra de Balthasar Ferdinand Moll

O sarcófago duplo da imperatriz Maria Teresa e seu marido (obra de Balthasar Ferdinand Moll) é, artisticamente falando, o mais importante de toda a Cripta Imperial.

Pequena câmara imediatamente ao sul da tumba de José II:

Ao longo da parede sul, filhos de Maria Teresa e Francisco I. Da esquerda para a direita:

Curva sudoeste:

Ao longo da parede oeste, da esquerda para a direita:

Ao lado da entrada da cripta de Francisco, sobre a parede norte:

Cripta de Francisco II editar

Em 1824 as quatro Câmaras da Cripta Imperial abrigavam 78 corpos e duas urnas contendo corações. Nesse ano, o imperador Francisco II ordenou a construção de uma nova câmara octogonal, a Franzensgruft, unindo-a à ala direita da Cripta de Maria Teresa. A câmara, assim com as cinco sepulturas em seu interior, foram construídas ao estilo Biedermeier, em voga na época.

Nos vértices da câmara, no sentido horário, a partir da esquerda:

Até 1940 esta câmara também abrigava o corpo de um neto de Francisco I, o príncipe Francisco José Carlos Bonaparte, duque de Reichstadt, mais conhecido como Napoleão II de França. Nesse ano Adolf Hitler ordenou o traslado do corpo para o Hôtel des Invalides. Seu coração permanece enterrado na Herzgruft da Augustinerkirche.

Cripta Fernandina editar

A Ferdinandsgruft foi construída em 1842 juntamente com a Cripta Toscana, durante a reconstrução do mosteiro. Ainda que o visitante veja um espaço quase vazio, com apenas dois sarcófagos, esta câmara abriga, contudo, a quarta parte do total de corpos da Cripta Imperial, sepultados em colunas.

Sala principal editar

 
Sarcófago do imperador Fernando I

Muro sudoeste editar

Nove tumbas, sobretudo de jovens:

Muro sudeste editar

Muro noroeste editar

Oito tumbas com nove corpos:

Muro nordeste editar

Treze tumbas, principalmente de membros da Casa da Toscana:

Cripta Toscana editar

A Toscanagruft foi construída em 1842 juntamente com a Cripta Fernandina. Naquela época havia 85 corpos e duas urnas contendo corações distribuídos entre as cinco câmaras da Cripta.

A Cripta Toscana continha muito mais corpos que os 14 atuais, mas eles foram transferidos para a Cripta Nova durante a reforma de 1960. A câmara recebeu esse nome devido aos descendente de Fernando III, Grão-duque da Toscana, filho de Leopoldo II, Sacro Imperador Romano-Germânico, que também havia sido Grão-duque da Toscana antes de sua eleição para o Sacro Império Romano-Germânico.

No arco da Cripta Fernandina, da esquerda para a direita:

Atrás destes, da esquerda para a direita:

À direita do arco, ao longo da parede norte, da esquerda para a direita:

À esquerda do arco, ao longo da parede oeste, da esquerda para a direita:

À frente destes, ao longo da parede leste:

Cripta Nova editar

A Neue Gruft foi construída entre 1960 e 1962 sob o Mosteiro dos Capuchinhos. Com uma área de 280m², essa câmara foi construída com o objetivo de diminuir a superlotação existente nas outras nove câmaras, além de proporcionar um melhor controle climático para proteger os sarcófagos metálicos das ações da umidade e do tempo. Suas espessas paredes evocam a solenidade da morte. Nessa câmara encontram-se 26 sarcófagos:

Muro oeste editar

À esquerda da entrada, ao longo da parede oeste, do sul ao norte ("A parede dos Bispos"):

  • Arquiduque Leopoldo Guilherme (1614-1662), filho do imperador Fernando II e Maria Ana da Baviera e irmão do imperador Fernando III. Designado para a vida eclesiástica, foi bispo de Passau (1625), Estrasburgo (1626) e Halberstadt (1628), mas abandonou o cargo para assumir um posto no exército de seu irmão durante a Guerra dos 30 Anos. Combateu com êxito na Turíngia, Saxônia e Eleitorado do Palatinato. Com a derrota para os suecos de Lennart Torstenson na Batalha de Breitenfeld (1642), abandonou o seu cargo, retornando em 1645 e expulsando os suecos da Francônia. Foi nomeado governador dos Países Baixos Espanhóis em 1648. Entre 1649 e 1650 combateu no interior da França, em 1652 expulsou os franceses e restaurou a autoridade imperial em Flandres, Artois e Hainaut. Seu coração foi enterrado na Herzgruft da Augustinerkirche e seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques da Catedral de Santo Estêvão.
  • Arquiduque Carlos José (1649-1664), filho do imperador Fernando III e da arquiduquesa Maria Leopoldina (morta durante o parto). Foi bispo de Olomouc e Wrocław e grão mestre da Ordem Teutônica, como herdeiro de seu tio, Leopoldo Guilherme (de quem herdou também sua coleção de arte). Morreu aos 15 anos de idade. Seus intestinos foram enterrados na Cripta dos Duques da Catedral de Santo Estêvão.
  • Arquiduque Carlos José de Lorena (1680-1715), filho da arquiduquesa Eleonora Maria e Carlos V de Lorena e tio do imperador Francisco I. Foi arcebispo de Trier. Inicialmente foi sepultado na Minoritenkirche, mas foi trasladado para a Cripta Imperial no ano seguinte.
  • Urna com o coração do Arcebispo Carlos José de Lorena (depositada sobre o seu sarcófago).
  • Arquiduque Maximiliano Francisco (1756-1801), filho mais novo dos imperadores Maria Teresa I e Francisco I. Foi bispo de Colônia. Seu coração foi enterrado na Herzgruft da Augustinerkirche.
  • Arquiduque Rodolfo José (1788-1831), filho mais novo do imperador Leopoldo II e Maria Luísa da Espanha. Foi eleito arcebispo de Olomouc em 1819 e cardeal no mesmo ano. Em 1803 ou 1804 passou a ter aulas de piano e composição com Ludwig van Beethoven. Os dois se tornaram amigos e Rodolfo chegou a ser patrão de Beethoven. Mantiveram contato estreito até 1824. Beethoven dedicou 14 composições ao cardeal-arquiduque, incluindo Opus 97-7° Trio para violino, violoncelo e piano em mi bemol maior-"Arquiduque" (1811) e sua famosa Opus 123-Missa em Ré Maior-"Missa solemnis" (1818). Rodolfo também dedicou uma de suas próprias composições a Beethoven. As cartas trocadas entre os dois encontram-se naGesellchaft der Musikfreunde de Viena. Morreu em Baden e seu coração foi enterrado na catedral de Olomouc.

Muro sul editar

Ao longo da parede sul:

  • Imperatriz Maria Luísa (1791-1847), filha do imperador Francisco II e sua segunda esposa, Maria Teresa de Bourbon-Duas Sicílias. Como segunda esposa de Napoleão Bonaparte foi imperatriz dos franceses até a abdicação deste, em abril de 1814. Com esse evento, Maria Luísa e o seu filho, Napoleão II fugiram para Blois e depois, para Viena. O Tratado de Fontainebleau de 11 de abril de 1814 lhe permitiu conservar seu título imperial e o tratamento de "Sua Majestade Imperial a Imperatriz Maria Luísa", além de lhe outorgar a soberania sobre o Ducado de Parma, Piacenza e Guastalla, tendo seu filho como herdeiro. Para muitos historiadores, Maria Luísa foi uma governante capaz e inteligente, sendo responsável pela introdução de várias reformas em Parma (onde faleceu, em 1847).
  • Uma placa alusiva "às primeiras vítimas da Guerra Mundial de 1914-1918", o arquiduque Francisco Fernando (1863-1914) e sua esposa, a duquesa Sofia de Hohenberg (1868-1914). O casal foi sepultado na cripta do Castelo de Artstetten.

Muro norte editar

Ao longo da parede norte, de oeste a leste, a primeira prateleira está ocupada por familiares do arquiduque Carlos de Áustria-Teschen, herói da Batalha de Aspern:

Sobre seu próprio pedestal, imediatamente após o sarcófago da imperatriz Maria Luísa:

  • Imperador Maximiliano I do México (1832-1867), filho do arquiduque Francisco Carlos e da princesa Sofia da Baviera, e irmão do imperador Francisco José I. Casou-se em 27 de julho de 1857 com a princesa Carlota Amália da Bélgica, filha do rei Leopoldo I da Bélgica. Foi nomeado por seu irmão vice-rei do Reino Lombardo-Vêneto e passou a residir em Milão até 1859, quando Francisco José o destituiu do cargo, por considerar suas ideias excessivamente liberais em relação à guerra. Pouco após, a Áustria perdeu seus territórios na Itália e Maximiliano decidiu retirar-se da vida pública em seu Castelo de Miramare, próximo a Trieste. Nesse mesmo ano, Maximiliano foi contactado pela primeira vez pelos conservadores mexicanos, que procuravam um príncipe europeu para ocupar a coroa do Segundo Império Mexicano, com apoio da França e da Igreja Católica. Maximiliano não demonstrou interesse pela proposta e preferiu partir para uma expedição botânica nas florestas tropicais da América do Sul. Quando regressou, em 1863, Napoleão III de França o pressionou a aceitar o trono e o arquiduque finalmente cedeu. Durante seu governo, Maxilimiliano I procurou promover o desenvolvimento econômico e social do México. Os liberais tentaram de várias formas derrotar as forças do império, tendo à frente o revolucionário Benito Juárez que gozava do apoio dos Estados Unidos na empreitada. Com o tempo, as mudanças no cenário político internacional, começaram a repercutir no México. Os Estados Unidos, finalmente livres da Guerra Civil, passaram colaborar mais ativamente com o republicano Juárez. Napoleão III, enfrentava sérias ameaças na Europa e necessitava do regresso urgente das tropas estacionadas no México. Sem o apoio dos que o colocaram no trono, Maximiliano foi capturado em Querétaro, onde foi fuzilado (na localidade de Cerro de las Campanas, em 19 de junho de 1867, junto com seus generais.

A prateleira seguinte, ao longo da parede norte (da esquerda para a direita), está ocupada principalmente por familiares do arquiduque Alberto, filho de Carlos de Áustria-Teschen e grande comandante militar:

Muro leste editar

Ao longo da parede leste, de norte a sul, corpos dos antepassados diretos dos últimos imperadores:

Cripta de Francisco José editar

Em 1908 as sete câmaras da Cripta continham cerca de 129 corpos, além de urnas contendo os corações de 3 pessoas. Nesse ano foi construída a chamada Franz Josephs Gruft, adjacente à Capela da Cripta, como parte das comemorações pelo 60º aniversário de aclamação do imperador Francisco José I.

Da esquerda para a direita:

Ficheiro:Kaiser Franz Joseph tomb-Vienna.jpg
Sarcófago do imperador Francisco José I, ladeado pelos de sua esposa, Isabel da Baviera (Sissi), e de seu filho, arquiduque Rodolfo

Capela da cripta editar

A Gruftkapelle foi construída em 1908 e localiza-se adjacente à Cripta de Francisco José. O espaço abriga quatro sarcófagos que correspondem aos últimos membros da família Habsburgo sepultados na Cripta Imperial:

Em direção à parede oeste, da direita para a esquerda:

Nota editar

Referências editar

  • Water, M.H.: Die Kapuzinergruft. 2. Auflage. Herder, Wien 1993, ISBN 3-210-25151-7.
  • Beutler, G. : La Cripta Imperiale presso i Padri Cappuccini a Vienna (La Cripta dei Cappuccini). Guida. ebenda 2000, ISBN 3-9500584-2-7

Ligações externas editar

 
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