Lúcio Publílio Celso

Lúcio Publílio Celso (em latim: Lucius Publilius Celsus; m. 118) foi um senador romano nomeado cônsul sufecto para o nundínio de maio a agosto de 102 com Tito Dídio Segundo e eleito cônsul em 113 com Caio Clódio Crispino. Depois de se envolver numa conspiração, foi executado em 118, logo no começo do reinado do imperador Adriano. Apesar dos dois consulados, pouco se sabe sobre sua vida.

Lúcio Publílio Celso
Cônsul do Império Romano
Consulado 102 d.C.
113 d.C.
Morte 118 d.C.

Carreira editar

Celso era amigo do imperador Trajano e participou da Guerra Dácia (101-102 e 105-106). Sabe-se que recebeu a honra de uma estátua de bronze no Fórum de Augusto ainda em vida, uma honra até então concedida a apenas dois outros consulares, Aulo Cornélio Palma Frontoniano por sua anexação da Arábia e Quinto Sósio Senécio, por seu papel decisivo na Dácia.[1] No caso de Celso, o motivo é desconhecido. Ronald Syme afirma que a estátua indica apenas que ele havia assumido um comando militar de status consular.[2]

Segundo a "História Augusta", Celso e Palma, que foi cônsul em 99 e 109, caíram em desgraça no final do reinado de Trajano "por sempre terem sido inimigos [de Adriano]".[3] Em seguida, Trajano nomeou Adriano seu sucessor, um processo que jamais foi formalizado.[4]

Em 117, Trajano, já muito doente, morreu em agosto e Adriano foi imediatamente aclamado pelas tropas como imperador. Porém, sua posição era delicada: rumores circulavam dando conta que Trajano não queria nomeá-lo sucessor e que a adoção era obra de Plotina, esposa de Trajano.[3][5] Adriano passou a temer um golpe dos que haviam até então gozado de influência, fama e riqueza por causa de Trajano.[6]

Por ordem do Senado Romano, Publílio Celso e outros supostos conspiradores foram executados, entre eles Cornélio Palma, Caio Avídio Nigrino, cônsul em 110 e governador da Dácia, e Lúsio Quieto, um dos principais generais de Trajano e legado imperial da Judeia[7][6][8] por suspeitas de atentado à vida do novo imperador[6] ou de aspirarem ao trono.[3] Adriano, que estava na Síria, negou ter ordenado as execuções[3][8] destes quatro influentes senadores da época de Trajano;[6][8] é possível que Públio Acílio Aciano, o prefeito pretoriano na época, tenha sido o mandante. O fato é que os assassinatos prejudicaram muito a popularidade de Adriano, que dispensou Aciano indiretamente admitindo-o no Senado sabendo que a posição de prefeito era reservada a equestres.[9] John D. Grainger sugere que os quatro foram mortos simplesmente porque eram inconvenientes.[10]

Celso foi executado na cidade de Baiae, na Campânia, em 118.[11][9]

Ver também editar

Cônsul do Império Romano
 
Precedido por:
Trajano IV

com Quinto Articuleio Peto II
com Sexto Ácio Suburano Emiliano (suf.)
com Caio Sertório Broco Quinto Serveu Inocente (suf.)
com Marco Mécio Céler (suf.)
com Lúcio Arrúncio Estela (suf.)
com Lúcio Júlio Marino Cecílio Simplex (suf.)

Lúcio Júlio Urso Serviano II
102

com Lúcio Licínio Sura II
com Lúcio Fábio Justo (suf.)
com Tito Dídio Segundo (suf.)
com Lúcio Publílio Celso (suf.)
com Lúcio Antônio Albo (suf.)
com Marco Júnio Hômulo (suf.)

Sucedido por:
Trajano V

com Mânio Labério Máximo II
com Quinto Glício Atílio Agrícola II (suf.)
com Públio Metílio Nepos (suf.)
com Quinto Bébio Mácer (suf.)
com Caio Trebônio Próculo Mécio Modesto (suf.)
com Públio Calpúrnio Mácer Cáulio Rufo (suf.)

Precedido por:
Trajano VI

com Tito Sêxtio Cornélio Africano
com Cneu Pinário Cornélio Severo (suf.)
com Lúcio Múmio Níger Quinto Valério Vegeto (suf.)
com Públio Estertínio Quarto (suf.)
com Tito Júlio Máximo Manliano Broco Serviliano (suf.)
com Caio Cláudio Severo (suf.)

Lúcio Publílio Celso II
113

com Caio Clódio Crispino
com Sérvio Cornélio Dolabela Metiliano Pompeu Marcelo (suf.)
com Lúcio Estertínio Nórico (suf.)
com Lúcio Fádio Rufino (suf.)
com Cneu Cornélio Úrbico (suf.)
com Tito Semprônio Rufo (suf.)
com Tito Setídio Firmo (suf.)

Sucedido por:
Quinto Nínio Hasta

com Públio Manílio Vopisco Viciniliano
com Caio Clódio Numo (suf.)
com Lúcio Cesênio Sospes (suf.)
com Lúcio Hédio Rufo Loliano Ávito (suf.)
com Lúcio Méssio Rústico (suf.)


Referências

  1. Dião Cássio, História Romana LXIX, 16.
  2. Ronald Syme, Tacitus (Oxford: Clarendon Press, 1958), p. 648
  3. a b c d História Augusta, Vida de Adriano 4
  4. Jean-Pierre Martin, Le Haut-Empire dans Histoire romaine, Armand Collin, coll. « U », p.230.
  5. Dião Cássio, História Romana LXX, 1.
  6. a b c d Dião Cássio, História Romana LXX, 2.
  7. Anthony Birley, Hadrian, Londinii 1997, pp.87-88.
  8. a b c Paul Petit, Histoire générale de l'Empire romain, tome 1 - Le Haut-Empire, éd. Seuil, 1978, p. 169.
  9. a b Françoise Des Boscs-Plateaux, Un parti hispanique à Rome ?, Casa de Velazquez, 2006, p. 611.
  10. John D. Grainger, Nerva and the Roman Succession Crisis of AD 96-99 (London: Routledge, 2004), pp. 127f
  11. História Augusta, Vida de Adriano 7

Bibliografia editar