Usuário(a):Letícia LF Neves/TestesRicardoAyres

Ricardo Ayres
Nascimento 9 de junho de 1990
Lomba do Pinheiro, Porto Alegre
Nacionalidade brasileira
Formação Artes Visuais

Ricardo Ayres

Ricardo Henrique Alves Ayres (Porto Alegre, 9 de junho de 1990), mais conhecido como Ricardo Ayres, é artista visual, professor e pesquisador de artes visuais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Tornou – se Doutor e Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais (PPGAV). De modo geral, seu trabalho artístico e teórico aborda temas como o corpo, o cotidiano, HIV/aids e a sexualidade. Participa de exposições coletivas, seminários, publicações, eventualmente atuando como curador.

Biografia

Ricardo Ayres nasceu em Porto Alegre no bairro de periferia Lomba do Pinheiro, no Rio Grande do Sul, Brasil. Em sua adolescência se mudou para a cidade de Viamão. Apenas ao ingressar no curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em 2009, foi quando o artista realmente entrou em contato com os estudos de artes de forma mais aprofundada. Com recursos da faculdade, participou de Mobilidade Acadêmica em Antropologia, em Lisboa, Portugal (2012) (ISCSP-UTL).Dando sequência a sua formação acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ricardo se tornou Mestre (2015) e Doutor (2020) em Artes Visuais (PPGAV). Trabalhou como docente de artes na Instituição de Letras e Artes FURG (20142015) e Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP/UNESPAR) e, por último, na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Principais Trabalhos

  • Colagem: Voadoras, Expo ‘Fora da Margem’ [1]
  • Ensaio Visual: Brasil 2018 – 2020: um exercício fotográfico em processo [2]
  • Artigo: A fotografia e a fotografias no projeto Lomba do Pinheiro [3]
  • Artigo: O queer e a AIDS na exposição Queermuseu [4]

A Fotografia e as Fotografias no Projeto Lomba do Pinheiro editar

Os trabalhos fotográfico que integram o Projeto Lomba do Pinheiro tem como base, a manifestação investigativa da mudança do nome de uma determinada rua em um bairro de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a Lomba do Pinheiro, sendo está o "Beco do Taquara” que teve seu nome modificado para Avenida Deputado Adão Pretto. A exposição dessas obras ocorreu na “exposição coletiva Notas de Subsolo”, realizadas na Pinacoteca Aldo Locatelli, em Porto Alegre.[5]

Utilizando autores teóricos como Juliana Gisi, Daniel Marzona, Geoffrey Batchen, Ronald Barths e Jean-François Chavrier o autor problematiza as condições de uma região periférica e como o estado, muitas vezes com poder autoritário, flexibiliza mudanças sem o consentimento da população local e sua memória coletiva.[5]

A instalação foi apresentada na exposição Notas de Subsolo, que ocorreu em 2017, teve sua realização no Porão do Paço Municipal, o qual faz parte da Pinacoteca Aldo Locateli, um espaço de artes dentro de um prédio que também funciona a Prefeitura de Porto Alegre. Este foi um dos fatores importantes para a exposição, pois, o trabalho tem como um dos seus maiores focos, justamente criticar uma instituição pública municipal.[5]

Outro fator importante discutido no artigo é a participação de alunos tanto da área prática quanto da teoria teórica (Poéticas Visuais e História Teoria e Crítica de Arte respectivamente) do Doutorado de Artes Visuais da Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS), que devido as especializações de suas áreas tendem a se distanciarem a partir de uma dicotomia entre teoria e prática, aspecto discutido nesse projeto e problematizado pelos artistas e pesquisadores.[5]

É na intersecção entre teoria e prática que Ricardo inscreve os trabalhos apresentados na mostra, discutindo, por exemplo, o deslocamento de seu corpo da Lomba do Pinheiro até o Instituto de Artes da UFRGS, uma de suas temáticas abordadas em seus trabalhos e pesquisas.[5]

Deste modo, a exposição abordou diversas linguagens, como fotografia, desenhos, áudios, mapas e textos, todos mostrando de forma abrangente as controvérsias do ato da distância física, econômica e também social, a partir de uma decisão que afeta o cotidiano de uma comunidade.[5]

Os trabalhos apresentados foram: O problema do Brasil é que quem decide as coisas não anda de ônibus’ (2017), Dossiê Beco da Taquara (2017), Oroboro (2015), Sem título (Borba Gato) (2014),  Produtos Lomba do Pinheiro (2017),  entre outros.[5]

Ensaio Visual: Brasil 2018 – 2020: um exercício fotográfico em processo editar

Este ensaio foi organizado a partir da seleção de conjuntos de quatro fotografias do cotidiano ressignificando os acontecimentos do país dos anos de 2018 até 2020. A iniciativa veio após o golpe de estado que ocorreu na presidência de Dilma Rousself e as consequências dos ocorridos nos próximos mandatos, com uma forte presença de retrocessos em nossa sociedade.[6]

A primeira série de fotografias foi exposta em registro n. 2 não neutro / divida interna (2018), na Casa Baka, em Porto Alegre, RS, um período anterior à pandemia do COVID-19 e, em 2019, na exposição ser + 1 convidar + um, realizada na Alfaiataria, em Curitiba/PR, foi a mostra da série já em sua expansão, incorporando mais quatro fotos produzidas naquele ano. Em 2020, a revista Philia publicou os trabalhos anteriores e o seu novo acréscimo do ano.[6]

O queer e a AIDS na exposição Queermuseu editar

Neste artigo Ricardo tem como fim promover a discussão entre os temas do queer e a AIDS a partir da curadoria ocorrida na Quermuseu em 2017, analisando seu polêmico encerramento prematuro.[7]

Censura na arte não é algo novo. E o Brasil, em 2017, teve seu ano marcado por iniciativas de repressão e censura a obras artísticas que abordavam gênero, corpo e sexualidade e, infelizmente, esses setores conservadores obtiveram êxito em algumas delas. Como exemplo, temos um caso de opressão ocorrido em 27 de setembro, na abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde a performance La Bête foi acusada de pedofilia por, em sua proposta de um corpo nu poder ser modelado pelos espectadores, uma criança ter tocado o pé do performer, motivando a revolta de alguns.[7]

Mas, possivelmente o mais emblemático desses casos, foi o fechamento da exposição Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira, curada por Gaudêncio Fidelis (2017) em Porto Alegre no então Santander Cultural, atualmente Farol Santander. Em 10 de setembro a exposição é encerrada prematuramente pelos rumores articulados pela organização Movimento Brasil Livre (MBL) acusando de haver presença de atos de pedofilia e zoofilia no espaço expositivo.[7]

Após o encerramento desta, muitos protestos ocorreram contra este ato opressivo, inclusive em frente à instituição artística. No entanto, estas ações acabaram criando uma névoa ao redor de aspectos problemáticos dentro da proposta da exposição, ocultando assim, possíveis debates.[7]

As insatisfações que ocorreram na antes da intervenção que culminou no fechamento da exposição, vieram pelo fato de muitos acharem a mostra pouco representativa no universo Queer, de certos aspectos e contextos estarem amenizados e idealizados, como no caso da relação do queer com o HIV/aids. Um exemplo seria o silêncio sobreo fechamento do GAPA-RS, de uma das maiores e mais antigas ONGS de tratamento para HIV, sendo este tema uma temática muito ligada ao começo da luta pela visibilidade e justiça da comunidade das dissidências sexuais e de gênero, já que o queer como a resposta ao HIV/aids tem raízes nos anos 80, que foi um período fortemente agravado por este vírus e os preconceitos gerados a partir deste. Além destas, houve críticas em relação à curadoria, com foco na disposição física dos trabalhos no espaço mas, pela exposição ser fechada em um ato de censura, grande parte dos debates se voltou para o encerramento, deixando de lado outras questões.[7]

Voadoras editar

Voadoras é uma série de imagens que mescla colagem, apropriação e a ampliação destas composições, nas quais é possível observar uma forte presença do corpo, que tem como origem revistas eróticas gays de baixo orçamento, cujas texturas são ampliadas junto aos outros materiais adicionados à essas imagens.[8]

A colagem é feita com adesivos, que na realidade são etiquetas de bagagens aéreas, relacionando assim os corpos com sistemas de organização e controle, e também associando as ideias de deslocamento e de sexualidade. Por serem ampliadas, nas imagens temos uma espécie de distorção das imagens, que se distanciam da representação mimética, tornando visível aspectos de sua constituição física.[8]

Publicações e Projetos editar

  • Residência Atelier Público, Casa de Cultura Mário Quintana(2014) [9]
  • Participação no livro: Evocações da Artes Performática (20102013), Performatus, Jundiaí (2015) [10]
  • Produtor e Cofundador, Festival ruído.gesto ação&performance (2011) [11]

Participações em Mostras e Exposições Coletivas editar

Curadoria editar

  • ruído.gesto/ação& performance: RG - em colaboração com Claudia Paim - ncorpoimagem, Rio Grande (2011, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017)
  • Mostra artística ABEH - ABEH, Rio Grande (2014) [14]
  • 2ª Exposição Coletiva - Acervo Independente, Porto Alegre (2014, 2016) [15]
  • Fora da Margem - Galeria do DMAE, Associação Chico Lisboa, Porto Alegre (2022) [16]

Referências

  1. «Ricardo Ayres – Fora da Margem». Consultado em 7 de junho de 2022 
  2. Selwood, P.W. (1975). «Magnetic Saturation Results for H2/Ni, H2/Ni–Cu, H2/Co, and H2/Fe». Elsevier: 55–65. Consultado em 7 de junho de 2022 
  3. Alves, Ricardo Henrique Ayres (25 de novembro de 2020). «A fotografia e as fotografias no projeto Lomba do Pinheiro». Revista Científica/FAP. ISSN 1980-5071. Consultado em 7 de junho de 2022 
  4. Alves, Ricardo Henrique Ayres (11 de abril de 2022). «O queer e a aids na exposição Queermuseu». Revista Estudos Feministas. ISSN 0104-026X. doi:10.1590/1806-9584-2022v30n175514. Consultado em 7 de junho de 2022 
  5. a b c d e f g Machado, Paulo Pinheiro; Motta, Márcia (25 de abril de 2013). «Apresentação». Mundos do Trabalho (8). ISSN 1984-9222. doi:10.5007/1984-9222.2012v4n8p6. Consultado em 18 de junho de 2022 
  6. a b «Ricardo Ayres – Fora da Margem». Consultado em 24 de junho de 2022 
  7. a b c d e Alves, Ricardo Henrique Ayres (11 de abril de 2022). «O queer e a aids na exposição Queermuseu». Revista Estudos Feministas. ISSN 0104-026X. doi:10.1590/1806-9584-2022v30n175514. Consultado em 28 de junho de 2022 
  8. a b «Ricardo Ayres – Fora da Margem». Consultado em 19 de junho de 2022 
  9. «Casa de Cultura Mario Quintana». Wikipédia, a enciclopédia livre. 22 de dezembro de 2021. Consultado em 7 de junho de 2022 
  10. «Publicação Impressa "Evocações da Arte Performática (2010 – 2013)" « eRevista Performatus». performatus.com.br. Consultado em 7 de junho de 2022 
  11. FURG (30 de setembro de 2016). «Mostra do projeto "ruído.gesto ação&performance" inicia na quinta-feira, 6». Universidade Federal do Rio Grande - FURG (em espanhol). Consultado em 7 de junho de 2022 
  12. «Inicio». Fundación Antonio Pérez (em espanhol). Consultado em 7 de junho de 2022 
  13. «audiovisual sem destino – grupo de pesquisa em artes visuais». Consultado em 7 de junho de 2022 
  14. Schmoldt, A.; Benthe, H. F.; Haberland, G. (1 de setembro de 1975). «Digitoxin metabolism by rat liver microsomes». Biochemical Pharmacology (17): 1639–1641. ISSN 1873-2968. PMID 10. Consultado em 7 de junho de 2022 
  15. Lefkowitz, R. J. (15 de setembro de 1975). «Identification of adenylate cyclase-coupled beta-adrenergic receptors with radiolabeled beta-adrenergic antagonists». Biochemical Pharmacology (18): 1651–1658. ISSN 0006-2952. PMID 11. doi:10.1016/0006-2952(75)90001-5. Consultado em 7 de junho de 2022 
  16. «Fora da Margem». Consultado em 7 de junho de 2022