Brasil na Copa do Mundo FIFA de 1958

desempenho em competição esportiva
Brasil
Campeão
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Uniforme
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Alternativo
Associação CBD
Confederação Conmebol
Participação
Melhor resultado Vice-campeão: 1950
Treinador Brasil Vicente Feola

Escalação da equipe na final com: Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Pelé, Vavá e Zagallo.

A edição de 1958 da Copa do Mundo FIFA marcou a sexta participação da Seleção Brasileira de Futebol nessa competição. Era o único país a participar de todas as edições do torneio da FIFA, fato que persiste até hoje. O Brasil chegava pela segunda vez em uma final e enfrentaria a anfitriã, Suécia. A seleção brasileira obteria seu primeiro título mundial.

Após chegar perto da conquista nas edições de 1938 (3º lugar) e de 1950 (vice-campeonato), além do fracasso no Mundial de 1954, a seleção brasileira montou para o campeonato mundial na Suécia um esquema que primava pela organização, comparado à completa bagunça dos anos anteriores. O empresário paulista Paulo Machado de Carvalho chefiou a delegação que viajou para a Suécia, que contava até mesmo com um psicólogo.[1]

O esquema tático do técnico brasileiro Vicente Feola fazia com que Zagallo atacasse e recuasse para marcar no meio-campo, dando origem ao 4-3-3. Com isso, o Brasil mostrou a mais sólida defesa do Mundial (quatro gols sofridos, ao lado do País de Gales). Na frente, o trio Pelé-Garrincha-Vavá fez história. O capitão foi Bellini.

Segundo Pelé, a equipe de 58 foi mais forte do que a seleção de 1970: "individualmente, acho que a de 58 tinha muito mais jogadores que a de 70. Se você for ver, Didi, Nilton Santos, Garrincha, Pelé, Bellini, excelente em bola alta, Zito no meio. Se comparar o número de jogadores, 58 tinha a melhor equipe.". [2]

Eliminatórias Editar

Na disputa de uma das três vagas destinadas a seleções sul-americanas para a Copa de 1958, o Brasil caiu no Grupo 1, ao lado das seleções do Peru e da Venezuela. Mas os venezuelanos desistiriam da disputa pouco antes dos duelos. Com isso, a decisão de uma das vagas da CONMEBOL ficou restrita a brasileiros e peruanos.

CONMEBOL - Grupo 1
Pos. Seleção P J V E D GP GC SG
1   Brasil 3 2 1 1 0 2 1 +1
2   Peru 1 2 0 1 1 1 2 –1

A   Venezuela desistiu.

13 de abril de 1957 Peru   1 – 1   Brasil Estádio Nacional do Peru, Lima

Terry   37' Relatório Índio   48' Público: 42 000
Árbitro:  URU Washington Rodríguez

21 de abril de 1957 Brasil   1 – 0   Peru Maracanã, Rio de Janeiro

Didi   11' Relatório Público: 120 000
Árbitro:  URU Esteban Marino
  • Classificado: Brasil

Preparação Editar

Vicente Feola, que inicialmente foi indicado para assistente-técnico, foi designado o treinador da equipe. Convocou 31 jogadores, sendo mais dois extras aos treinos (Almir Pernambuquinho e Roberto Belangero).

O grupo foi submetido a exames médicos e odontológicos na cidade do Rio de Janeiro e em 10 de abril de 1958 seguiram para Poços de Caldas para a primeira fase da preparação, permanecendo ali 11 dias. A seguir o grupo instalou-se em Araxá para uma semana de treinos. No retorno ao Rio de Janeiro, os primeiros cortes foram feitos: o goleiro Carlos Alberto Cavalheiro da Portuguesa, o lateral Cacá do Fluminense, o volante Chico Formiga do Palmeiras, o volante Pampolini do Botafogo e o meia Almir Pernambuquinho do Vasco da Gama.

Providenciados jogos treino no Pacaembu contra o Corinthians e no Maracanã contra o Flamengo, antes de duas partidas contra o Paraguai (5-1) e (0-0) e duas contra a Bulgária (3-0) e (3-1). Em seguida foi divulgado os nomes dos últimos cortes: o goleiro Ernani Ribeiro Guimarães do Bangu, Jadir do Flamengo, Altair do Fluminense, Gino do São Paulo e Canhoteiro do São Paulo.

A seleção embarcou em 24 de maio e realizou duas partidas amistosas na Itália: em Florença contra a Fiorentina (4-0) e Internazionale (4-0). Chegou ao vilarejo de Hindås próximo a Gotemburgo, que foi o local de concentração da Seleção durante a Copa.[3]

Delegação brasileira Editar

 
Delegação brasileira da Copa de 1958
 
Gilmar, Vicente Feola e Belini com a taça da Copa do Mundo.
Jogadores
Nº Camisa Jogador Posição Idade Clube Jogos Gols
1 Castilho Goleiro 31 anos (27.04.1927)   Fluminense 0 0
2 Bellini   Zagueiro 28 anos (7.6.1930)   Vasco da Gama 6 0
3 Gilmar Goleiro 27 anos (22.8.1930)   Corinthians 6 0
4 Djalma Santos Lateral 29 anos (27.2.1929)   Portuguesa 1 0
5 Dino Sani Meia 26 anos (23.5.1932)   São Paulo 2 0
6 Didi Meia 28 anos (8.10.1929)   Botafogo 6 1
7 Zagallo Atacante 26 anos (9.8.1931)   Flamengo 6 1
8 Oreco Lateral 22 anos (18.5.1936)   Corinthians 0 0
9 Zózimo Zagueiro 25 anos (19.6.1932)   Bangu 0 0
10 Pelé Atacante 17 anos (23.10.1940)   Santos 4 6
11 Garrincha Atacante 24 anos (28.10.1933)   Botafogo 4 0
12 Nilton Santos Lateral 33 anos (16.5.1925)   Botafogo 6 1
13 Moacir Meia 22 anos (18.5.1936)   Flamengo 0 0
14 De Sordi Lateral 27 anos (14.2.1931)   São Paulo 5 0
15 Orlando Zagueiro 22 anos (20.9.1935)   Vasco da Gama 6 0
16 Mauro Lateral 25 anos (13.6.1932)   São Paulo 0 0
17 Joel Atacante 26 anos (23.11.1931)   Flamengo 2 0
18 Mazzola Atacante 19 anos (24.7.1938)   Palmeiras 3 2
19 Zito Meia 25 anos (8.8.1932)   Santos 4 0
20 Vavá Atacante 23 anos (12.12.1934)   Vasco da Gama 4 5
21 Dida Atacante 24 anos (26.3.1934)   Flamengo 1 0
22 Pepe Atacante 23 anos (25.2.1935)   Santos 0 0
  • Chefe: Paulo Machado de Carvalho
  • Secretário: Abílio de Almeida
  • Tesoureiro: Adolpho Marques Júnior
  • Delegado ao Congresso: Luiz Murgel
  • Supervisor técnico: Carlos Nascimento
  • Técnico: Vicente Feola
  • Preparador físico: Paulo Amaral
  • Observador técnico: José de Almeida
  • Psicólogo: João Carvalhaes
  • Médico: Hilton Gosling
  • Dentista: Mário Trigo Loureiro[4][5]
  • Massagista: Mário Américo
  • Auxiliar: Francisco de Assis (roupeiro)

A Copa Editar

 
Pelé, na final da Copa, driblando os jogadores suecos

Com um elenco fabuloso, a Seleção Brasileira enfim obteve o título de campeão mundial na Copa de 1958, após este lhe escapar em edições anteriores, e viu Pelé e Garrincha despontarem como grandes craques do futebol em todos os tempos.

A equipe dirigida pelo técnico Vicente Feola fez uma boa campanha na fase de grupos, como duas vitórias e um empate. O Brasil ficou no Grupo 4, ao lado de Áustria, Inglaterra e União Soviética. Para a Copa de 1958, o Brasil mudou a maneira tática de jogar, passando do 4-2-4 pra 4-3-3. A inovação tática foi o posicionamento de Zagallo como "ponta recuado". Conforme Zagallo: "Estávamos com sete jogadores atrás. Quando pegávamos a bola, eu entrava como se fosse um ponta esquerda ofensivo. Jogávamos ofensivamente com a posse de bola e nos fechávamos quando a perdíamos". [6]. A escolha de Zagallo para a função se deveu à preparação física: "Eu tive a felicidade de ser escolhido pelo Feola. Tinha outros bons pontas, como o Pepe, mas ele era um jogador de 50m. Eu era um jogador de 100m". [7]

Na estréia, uma vitória por 3 a 0 sobre os austríacos. Na partida seguinte, contra os ingleses, apenas um empate em 0 a 0 (incidentalmente, o primeiro jogo da história das Copas a terminar sem gols). Como não havia substituição durante os jogos, Vavá entrou no time titular no lugar de Dida. Devido à má apresentação da equipe, o treinador decidiu para o terceiro jogo substituir Joel, Mazzola e Dino Sani por Garrincha, Pelé e Zito. Na última rodada, os brasileiros eram obrigados a derrotar os soviéticos para garantir a classificação à próxima fase. Com Garrincha e Pelé enfim titulares, o Brasil começou arrasador a partida. Nos primeiros três minutos, a seleção colocou a bola na trave duas vezes e abriu o placar com Vavá. O correspondente do L'Équipe, Gabriel Hanot, denominou a atuação inicial do Brasil de "os três melhores minutos de futebol já jogados". O Brasil derrotou os soviéticos por apenas 2 a 0, mas a atuação foi considerada tão espetacular quanto a impressionante vitória sobre a Espanha na Copa de 1950 [8]

 
Jogadores da Seleção Brasileira comemoram o primeiro título mundial na Suécia

Nas quartas-de-final, com Mazzola no lugar de Vavá, o Brasil teve dificuldades para eliminar o País de Gales por 1 a 0, com um gol antológico de Pelé. Nas semifinais, os brasileiros (com Vavá de volta) mostraram um grande futebol diante da Seleção Francesa de Futebol (que contava com o artilheiro da competição Just Fontaine) e venceram o rival por 5 a 2. Na final, diante dos donos da casa, outra grande apresentação. Apesar dos suecos até começaram bem, abrindo o placar, o Brasil mostrou tranqüilidade e repetiu o placar diante dos franceses por 5 a 2, a maior goleada de uma seleção em uma final de Copa do Mundo. A única novidade no time para a final foi a entrada de Djalma Santos no lugar de De Sordi.


Grupo 4 Editar

Pos. Seleção P J V E D GP GC SG
1   Brasil 5 3 2 1 0 5 0 +5
2   União Soviética 5 4 2 1 1 5 4 +1
3   Inglaterra 3 4 0 3 1 4 5 –1
4   Áustria 1 3 0 1 2 2 7 –5
8 de junho Brasil   3 – 0   Áustria Rimnersvallen, Uddevalla
19:00
Mazzola   38',   89'
Nílton Santos   49'
Relatório Público: 17 788
Árbitro:  FRA Maurice Guigue

11 de junho Brasil   0 – 0   Inglaterra Nya Ullevi, Gotemburgo
19:00
Relatório Público: 40 895
Árbitro:  GER Albert Dusch

15 de junho Brasil   2 – 0   União Soviética Nya Ullevi, Gotemburgo
19:00
Vavá   3',   77' Relatório Público: 50 928
Árbitro:  FRA Maurice Guigue

Quartas de final Editar

19 de junho de 1958
19:00
  Brasil 1–0   País de Gales Gotemburgo, Estádio Ullevi
Árbitro: Seipelt (Áustria)
Público: 25000

Pelé   66' (Report)

Semifinal Editar

24 de junho Brasil   5 – 2   França Estádio Råsunda, Suécia
19:00
Vavá   2'
Didi   39'
Pelé   52',   64',   75'
Relatório Fontaine   9'
Piantoni   83'
Público: 27 100
Árbitro:  WAL Benjamin Griffiths

Final Editar

Detalhes da partida Editar

29 de junho de 1958 Brasil   5 – 2   Suécia Estádio Råsunda, Suécia
15:00
Vavá   9',   32'
Pelé   55',   90'
Zagallo   68'
Relatório Liedholm   4'
Simonsson   80'
Público: 49 737
Árbitro:  FRA Maurice Guigue
Brasil
Suécia
 
BRASIL:
G 3 Gilmar
LD 4 Djalma Santos
Z 15 Orlando
Z 2 Hideraldo Bellini  
LE 12 Nílton Santos
M 19 Zito
M 6 Didi
A 11 Garrincha
A 7 Mário Zagallo
A 20 Vavá
A 10 Pelé
Treinador:
  Vicente Feola
 
 
SUÉCIA:
G 1 Kalle Svensson
LD 2 Orvar Bergmark
Z 6 Sigge Parling
Z 14 Bengt Gustavsson
LE 3 Sven Axbom
V 15 Reino Börjesson
M 8 Gunnar Gren
M 4 Nils Liedholm  
A 7 Kurt Hamrin
A 11 Lennart Skoglund
A 9 Agne Simonsson
Técnico:
  George Raynor
Copa do Mundo FIFA de 1958
 
Brasil
Campeão
(1º título)

Ligações Externas Editar

 
Gilmar e Juscelino Kubitschek após a conquista da Copa do Mundo 1958.

Notas Editar