Conquista do Alentejo
A conquista do Alentejo pelos portugueses demorou 91 anos e começou quando a vila de Almada, na margem do sul do Tejo, foi tomada durante a conquista de Lisboa, em 1147. A conquista definitiva da região começou em 1217, quando a cidade de Alcácer do Sal foi conquistada e decorreu até 1238. Deveu-se sobretudo à iniciativa do rei D. Sancho II e das Ordens militares.
Conquista do Alentejo | |||
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Reconquista | |||
"A Morte do Lidador", por Jorge Colaço. | |||
Data | 1147 – 1238 | ||
Local | Alentejo | ||
Desfecho | Vitória Portuguesa | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Contexto
editarO Alentejo foi palco de conflito entre os portugueses e muçulmanos pelo menos desde a Batalha de Ourique. No entanto, a ocupação de território só começou 8 anos mais tarde, depois de D. Afonso Henriques ter conquistado a região da Estremadura até ao Tejo.
Primeira conquista do Alentejo 1147-1161
editarA conquista das terras a sul do Tejo pelos portugueses começou em 1147, quando a vila de Almada foi tomada durante a conquista de Lisboa.
D. Afonso Henriques tentou em 1151 escalar Alcácer do Sal em pessoa à cabeça dos seus homens de surpresa como fizera quatro anos antes em Santarém porém os portugueses foram rechaçados e o rei ferido, pelo que regressou a Lisboa. Passados três anos de paz, em 1154 Alcácer do Sal foi cercada em peso por D. Afonso Henriques com o apoio de uma frota de cruzados, comandados pelo conde Teodorico de Alsácia, porém o castelo resistiu.[1] Terceira tentativa contra Alcácer foi feita em 1157 depois de ter escalado em Lisboa nova frota de cruzados a caminho da Terra Santa mas uma vez mais os cristãos foram obrigados a retroceder. Em Abril de 1158 Alcácer do Sal foi novamente cercada e passados sessenta dias a cidade caiu em poder de D. Afonso Henriques.[2][3] Com a queda de Alcácer do Sal, cai também em mãos dos portugueses a "vila do mouro Cacém", hoje Santiago do Cacém.[4][5]
Em Dezembro de 1159 Beja foi tomada.[6] No ano seguinte, o califa Almóada Abd Al-Mumin concluiu a conquista do Magrebe e deslocou-se à península com um grande exército de 18,000 homens.[7][8] Avisado do avanço português a sul do Tejo, o califa enviou para o ocidente peninsular um destacamento comandado por Abu Mohammed Abdallah Ben Hafs ou Benafece.[8]
D. Afonso Henriques saiu a campo à cabeça das suas tropas para defrontar os almóadas e em 1161 dá-se uma batalha campal nos arredores de Alcácer do Sal mas os portugueses foram derrotados.[8] Beja foi abandonada e todas as conquistas a sul do Tejo, menos Alcácer do Sal, recuperadas pelos almóadas.[9]
Segunda conquista do Alentejo, 1162-1191
editarLogo no ano seguinte à Batalha de Alcácer do Sal os portugueses retomaram a conquista de território aos mouros no Alentejo. Nestas campanhas distinguiram-se Geraldo Sem Pavor e Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador.
O Califa almóada regressou ao norte de África com as suas tropas e Beja foi novamente conquistada num ataque nocturno a 30 de Novembro de 1162, em pleno Inverno, por cavaleiros-vilãos de Santarém comandados por Fernando Gonçalves.[10][11] Sesimbra foi conquistada por D. Afonso Henriques em 1165, por ter constado ao rei português que a vila se encontrava mal defendida.[12] O governador almóada de Badajoz acorreu à região com um corpo de tropas para recuperar Sesimbra, porém foi desbaratado na Batalha de Palmela, e Palmela rendeu-se depois ainda neste ano.[12]
As campanhas de Geraldo Sem-Pavor 1165-1173
editarAinda em 1165, Geraldo Geraldes, o Sem Pavor, conquistou Évora a meio da noite e depois ofereceu a cidade a D. Afonso Henriques, que o nomeou alcaide da mesma.[13] Em Évora instalou-se uma nova ordem de freires cavaleiros mas, por não serem autorizados pelo Papa foi integrada na Ordem de Calatrava.[14]
No ano seguinte Geraldo Sem Pavor conquistou Trujilho, Cáceres, Montánchez, Alconchel, Serpa e Juromenha, esta última tornando-se a sua base de ataque contra a cidade de Badajoz.[15][16] Neste ano, estabeleceram-se em Évora uma nova Ordem de freires cavaleiros mas, por não ser autorizada pelo Papa foi integrada na Ordem de Calatrava.[17] Ainda em 1166, D. Afonso Henriques conquistou Coruche, Arronches, Elvas, e Odemira, esta por via de um ataque anfíbio surpresa, subindo mansamente o rio Mira.[18][19] Em 1167 foi conquistada Monsaraz por homens de Geraldo Sem Pavor partidos de Évora, ao passo que Noudar foi tomado por Gonçalo Mendes da Maia.[20][21]
O pérfido galego Afonso Henriques, senhor de Coimbra - o maldito de Deus! - conhecia bem a valentia do cão do Giraldo. O pensamento constante deste era tomar à traição as cidades e os castelos, só com a sua gente: ele tinha os muçulmanos da fronteira com o terror das suas armas. Este cão procedia assim: avançava, sem ser apercebido, na noite chuvosa, escura, tenebrosa e, insensível ao vento e à neve, ia contra as cidades inimigas. Para isso levava escadas de madeira de grande comprimento, de modo que com elas subisse acima das muralhas da cidade que procurava surpreender; e quando a vigia muçulmana dormia, encostava as escadas à muralha e era o primeiro a subir ao castelo. E empolgando a vigia dizia-lhe:
- Grita como tens por costume de noite que não há novidade!
E então os seus homens de armas subiam acima dos muros da cidade, davam na sua língua um grito imenso e execrando, penetravam na cidade, matavam quantos encontravam, despojavam-nos e levavam todos os cativos e presa que estavam nela.[22]
Em 1169 deu-se o desastre de Badajoz, em que D. Afonso Henriques e Geraldo Sem Pavor foram aprisionados pelos leoneses aquando do malogrado cerco à cidade de Badajoz mas posteriormente libertados mediante o pagamento de um resgate avultado.
O desastere de Badajoz não desanimou os portugueses e no ano seguinte Geraldo Sem-Pavor retomou os ataques à região de Badajoz, combatendo a guarnição da cidade, atacando campos e caravanas. O príncipe D. Sancho depois impôs um novo cerco a Badajoz em Setembro de 1170 mas a cidade foi novamente socorrida, por um exército comandado por Abu Hafs Umar ibn Yahya al-Hintati e os portugueses obrigados a retirar, desta vez em boa-ordem.[23] Os ataques a Badajoz alarmaram os almóadas e Abu Hafs invadiu Portugal, tendo conseguido reconquistar Juromenha a Geraldo Sem Pavor. O Sem-Pavor deslocou-se então para Lobón, a última fortaleza que lhe restava, porém esta também ser-lhe-ia tomada. Os almóadas atacaram Beja e, em 1171 atacaram Santarém, entrando pelo Alentejo.[24]
Trégua 1173-1178
editarUma trégua foi assinada entre D. Afonso Henriques e os almóadas em 1173.[25][26] Entre os termos contava-se a devolução de Beja.[27] Assinada esta trégua, Geraldo Geraldes abandonou o serviço de D. Afonso Henriques e, com 350 homens, partiu para Sevilha para colocar-se ao serviço do califa almóada, que o deslocou mais aos seus companheiros para a região de Suz, em Marrocos.[28] Quando, porém, mais tarde foram interceptadas cartas suas para o rei português, o Sem-Pavor foi novamente deslocado, mais para o interior, para a região de Draa, cujo governador o executou.[28]
Conflitos Luso-Almóadas 1178-1184
editarTerminada esta trégua, em 1178 o infante D. Sancho levou a cabo um profundo ataque em terras andaluzas que lograram chegar às portas Sevilha e que ficou conhecido como o Fossado de Triana.[29]
As represálias pelo fossado de Triana não se fizeram esperar. No ano seguinte os almóadas invadiram Portugal e atacaram o castelo de Abrantes, que não conseguiram conquistar.[30] Em 1180, as milícias portuguesas devastavam novamente a região de Sevilha. Évora foi sitiada em 1181 por Mohammed Ibn Iusuf Ibn Wammudin e a região em redor devastada mas a cidade resistiu ao ataque.[31][32] Coruche foi destruída e os seus moradores levados para o cativeiro.[30] Novos contra a região de Sevilha pelas milícias de Lisboa e Santarém deram-se em 1183 e levaram muitos cativos.[33] Em 1184 o califa almóada Abu Yaqub Yusuf invadiu Portugal em pessoa. Santarém foi sitiada mas, com a ajuda do rei D. Fernando II de Leão, a cidade resistiu. O califa faleceu pouco depois do ataque a Santarém.
Trégua, 1184-1189
editarMorto o califa Abu Yaqub Yusuf, o seu filho e sucessor, Abu Yusuf Yaqub negociou uma trégua com o infante D. Sancho. A 6 de dezembro de 1185 faleceu o rei D. Afonso Henriques e o seu herdeiro sucedeu-lhe no trono como D. Sancho I.[34]
Os primeiros quatro anos do reinado de D. Sancho foram pacíficos.[35] Confrontava o rei o problema das grandes extensões de território semi-abandonado, aldeias em ruínas e campos não cultivados devido à guerra.[35] O rei aproveitou para se focar na organização administrativa do seu reino e outorgou cartas de foral que regulavam as leis e privilégios de várias cidades portuguesas, como Gouveia e Covilhã em 1186, Viseu e Bragança em 1187 e Folgosinho e Valhelhas em 1188.[36] Na fronteira galega foi construído um novo castelo, em Valença, à data conhecida como Contrasta.[35] O Castelo de Alcanede foi doado pelo rei à Ordem de Calatrava em 1187.[37]
Perda do Alentejo 1189-1191
editarQuando em Outubro de 1187 Jerusalém foi conquistada por Saladino, foi grande o escândalo na Europa e o Papa Gregório VIII convocou a terceira cruzada. D. Sancho II compreendeu que novas armadas de cruzados passariam pela costa portuguesa a caminho da Terra Santa e, efectivamente, em Junho de 1189 escalaram em Lisboa os primeiros navios vindos do norte da Europa, da Dinamarca e Frísia. A convite de D. Sancho, os cruzados atacaram o castelo de Alvor, na costa algarvia, a caminho da Palestina. Nova frota de navios de cruzados escalou em Lisboa a 3 ou 4 de Julho e, desta vez, o rei D. Sancho logrou obter o seu apoio ao seu planeado ataque contra a grande cidade muçulmana de Silves, a mais importante no sudoeste peninsular.
A 20 de Julho de 1189 o exército português e os cruzados, que alcançaram Silves por mar, subindo o rio Arade, acamparam perto de Silves. A cidade foi atacada no dia seguinte e, após cerca de mês e meio de assédio, Silves rendeu-se. Renderam-se depois os castelos circundantes em Albufeira, Lagos, Alvor, Portimão, Monchique, Santo Estêvão, Carvoeiro, São Bartolomeu de Messines, Paderne e Sagres. A hoste régia partiu em Setembro e, de regresso, Beja foi tomada.
Desde 1188 que o califa Abu Yusuf Yaqub pretendia atravessar o estreito de Gibraltar à testa de um grande exército e reconquistar os reinos cristãos da península Ibérica. A tomada da prestigiada cidade de Silves causou escândalo no Magrebe e o califa almóada mandou pregar a guerra santa. Em Abril de 1190 atravessou o estreito à cabeça de um grande exército e, em Junho, cercou Silves. O califa, porém, deixou o seu primo Sayyid Yaḥyā ibn ʿUmar ao comando das operações e depois partiu para Córdova, cidade na qual se encontrou com embaixadores do rei Afonso VIII de Castela, que aceitou uma trégua, ficando assim livre para se focar num ataque em força contra Portugal. De Córdova, o califa almóada, procedeu contra Portugal entrando pelo Alentejo.[38] A cidade de Torres Novas foi arrasada mas foi concedida liberdade aos seus defensores.[39] O califa atacou em pessoa Tomar, poderoso castelo templário eficazmente defendido por Gualdim Pais, mestre dos templários em Portugal. O objectivo do califa, porém, era conquistar a importante cidade e fortaleza de Santarém.[38] Por acaso, a este tempo escalaram em Silves e em Lisboa navios de cruzados vindos do norte da Europa a caminho da Terra Santa, separados devido ao mau tempo. Encontrava-se em Lisboa o rei D. Sancho, que logrou obter o apoio de 500 cruzados para socorrer Santarém e assim recusou as propostas de paz do califa, que exigia a entrega de Silves.[40] O rei partiu então em socorro de Santarém e instalou-se na cidade com as suas tropas.[41] Tendo encontrado resistência mais tenaz do que antecipara, o califa mandou levantar o cerco a Tomar e partiu para sul.[38] Doente, descercou Silves e invernou com o seu exército em Sevilha.
Nova campanha contra Portugal foi lançada pelo califa Almançor em Abril de 1191, de maior envergadura do que a do ano anterior e melhor preparada. Alcácer do Sal foi tomada após terem os seus defensores capitulado em troca das suas vidas. Uma guarnição muçulmana foi então instalada na cidade, ficando esta sob a supervisão de Maomé Ibn Sidray Ibn Wazir. Certas receitas de Ceuta e Sevilha foram destacadas para pagar a manutenção deste castelo.[42] Seguiu-se a tomada de Palmela, Coina e Almada pelos almóadas. Leiria foi arrasada e a região de Coimbra invadida. No Algarve, Alvor foi perdido.[43] Novo cerco foi imposto a Silves e desta vez o califa dispunha de quatro vezes mais máquinas de cerco do que os defensores.[44] A almedina foi invadida e a guarnição recuou para a alcáçova, alta cidadela.[45] Mediante autorização do rei, renderam-se a 25 de Julho, sendo-lhes permitido partir vivos.
Assinada uma nova trégua por cinco anos, o califa regressou a Marrocos. Todas as conquistas portuguesas a sul do Tejo foram, assim, perdidas, excepção feita à cidade de Évora, que se manteve, isolada, em mãos cristãs.[46]
Conquista definitiva do Alentejo, 1217-1238
editarDesde a reconquista almóada em 1191 que Alcácer do Sal era a principal base naval muçulmana na costa ocidental da península e a principal ameaça sobre Lisboa.[47]
O rei D. Afonso II pretendia manter-se em paz com os muçulmanos, porém, quando aportou a Lisboa uma armada de cruzados a caminho da Terra Santa, o bispo de Lisboa D. Soeiro Viegas chamou a si a iniciativa de organizar uma expedição para reconquistar a bem-defendida cidade portuária de Alcácer do Sal, à revelia da vontade do rei.
A reconquista de Alcácer do Sal
editarO bispo D. Soeiro pregou a cruzada por todo o reino, investiu nela o seu próprio dinheiro e obteve a colaboração do bispo de Évora, do abade de Alcobaça, das Ordens militares e dos cruzados flamengos, saxões, e frísios cuja frota aportara a Lisboa.[47] O grosso do exército seria composto por infantaria das milícias concelhias, mas incluiria também alguns cavaleiros, cerca de 300, bem como contingentes templários, liderados pelo mestre D. Pedro Alvites, espadatários, liderados pelo comendador Martim Pais Barregão e hospitalários, liderados pelo prior D. Mem Gonçalves de Cerveira.[47]
Partida a hoste e frota cristã de Lisboa para Alcácer do Sal nos últimos dias de Junho de 1217 a cidade foi cercada e atacada com recurso a minas, mantas, aríetes, trabucos, bastidas ou torres de assalto.[47] À aproximação das forças cristãs, o alcaide de Alcácer, Abdallah Ben Wazir lançara um pedido de socorro às guarnições muçulmanas da região e na manhã de 11 de Setembro dá-se a Batalha de Ribeira de Sítimos, em que os portugueses desbarataram um exército almóada de socorro, vindo de Jaén, Córdova, Sevilha e Badajoz, ao passo que os cruzados haviam ficado a bloquear Alcácer, junto dos seus navios.[47] Já muito debilitados, os defensores de Alcácer rendem-se em 18 de Outubro, tendo-lhes sido permitido partir somente com as vidas.[47] O alcaide de Alcácer do Sal, Abdallah Ben Wazir foi capturado e converteu-se ao cristianismo mas fugiu alguns dias mais tarde.[48]
A reconquista de Alcácer do Sal subtraiu aos muçulmanos uma importante base naval da qual eram lançados ataques piratas contra a costa portuguesa ao mesmo tempo que abriu as planícies alentejanas aos portugueses. No mesmo ano em que foi conquistada Alcácer do Sal, foi conquistado o castelo de Santiago do Cacém e, nos arredores de Elvas, os castelos de Veiros, Borba, Monforte e Vila Viçosa.[49][50][51]
Trégua 1219-1225
editarO rei D. Afonso II envolveu-se em conflitos com a nobreza, o clero e o vizinho reino de Leão, por isso em 1219 assinou tréguas com os muçulmanos para se focar na gestão interna do reino. Faleceu em 1223 e sucedeu-lhe no trono D. Sancho II.
Reconquista do baixo Alentejo, 1225-1238
editarApós o assassinato do califa Abd al-Wahid e a usurpação do trono por um pretendente rival, em 1225 estalou a guerra-civil entre os almóadas no Andaluz. Neste mesmo ano, a região de Sevilha foi uma vez mais invadida por cavaleiros portugueses.[52][53] Como o governador almóada de Sevilha recusava-se a enfrentar os portugueses em batalha, os residentes armaram-se espontaneamente e saíram a campo mas foram massacrados não muito longe das muralhas da cidade.
Na Primavera de 1226, D. Sancho II cercou Elvas ao mesmo tempo que os leoneses atacavam a cidade vizinha de Badajoz.[54] Comandava a hoste real o arcebispo de Braga D. Estêvão Soares da Silva e o alferes real Martim Anes. Os campos circundantes foram pilhados e D. Sancho correu risco de vida no fosso da cidade durante o assédio, porém a campanha começara muito tarde e, ao verem que os leoneses falhavam a conquista da poderosa cidade de Badajoz, os portugueses retiraram-se de Elvas.
Novos fossados portugueses e leoneses devastaram a região de Sevilha em 1228. A falta de resposta às incursões cristãs precipitaram a revolta das populações andaluzas contra os almóadas. Um novo período de taifas iniciou-se à medida que os governadores almóadas eram depostos e substituídos por caudilhos locais. Em Outubro deste ano, o califa Idris al-Mamun abandonou Sevilha e regressou a Marrocos com as tropas que lhe restavam quando a península Ibérica era já dada por perdida.
Iniciado um novo período de taifas e fragmentado novamente o Andaluz em pequenos estados rivais entre si, as conquistas portuguesas seguiram-se a ritmo acelerado. Em 1230, freires cavaleiros portugueses que regressavam da campanha do rei de Leão contra Mérida constataram que Elvas e Juromenha tinham sido abandonadas pelas suas populações, por isso ocuparam-nas em nome do rei de Portugal a 1 de Março, no mesmo dia em que Mérida era conquistada pelos leoneses.[55] Naquele mesmo ano mais tarde, D. Sancho instalou guarnições nas duas cidades.[55] Em 1232, os hospitalários conquistaram a vila de Moura, que se rendeu ao fim de um breve ataque e, depois, Serpa. Neste mesmo ano os hospitalários fundaram também o Crato e Castelo de Vide, cujo território o rei lhes doara. É possível que Beja tenha sido conquistada neste ano.
Em 1234, os espadatários conquistaram Aljustrel e Alvito.[56][57] Seguiu-se, em 1235, a tomada de Arronches, cujo castelo o rei D. Sancho II doou ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.[58][59] Foi doado à Ordem de Santiago o castelo de Sesimbra, em 1236.[60] Mértola foi conquistada em 1238.
Rescaldo
editarA conquista definitiva do Alentejo pôs fim a 91 anos de disputa entre os portugueses e muçulmanos pelo domínio da região. A posse do Alentejo permitiu continuar a reconquista até ao Algarve, começada ainda em 1238. No mesmo ano em que foram conquistadas Arronches e Mértola, foram tomadas Alfajar da Pena, Alcoutim, Aiamonte, na margem esquerda do Guadiana, por D. Sancho II e Cacela.
A conquista do Alentejo deveu-se em grande medida à iniciativa das Ordens militares de freires cavaleiros, destacando-se, entre estes, os espadatários, os hospitalários e os calatravos. Vastos territórios passaram, assim, a ser administrados pela Igreja.
As fronteiras do território só seriam definidas em 1297 com a assinatura do Tratado de Alcanizes. Mediante este acordo, algumas vilas raianas passaram para a posse de Portugal.
Ver também
editarReferências
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