Jaqueline Carvalho

Jaqueline Maria Pereira de Carvalho Endres (Recife, 31 de dezembro de 1983) é uma ex-voleibolista brasileira bicampeã olímpica. Atuava na posição de ponteira-passadora. Casou-se em 2009 com o também jogador de vôlei Murilo Endres.[1]

Jaqueline Carvalho
bicampeã olímpica
Jaqueline Carvalho
Voleibol
Nome completo Jaqueline Maria Pereira de Carvalho Endres
Apelido Jaque
Modalidade Voleibol indoor
Nascimento 31 de dezembro de 1983 (40 anos)
Recife, PE
Nacionalidade brasileira
Compleição Peso: 70 kg • Altura: 1,86 m
Clube Campinas Vôlei Brasil
Medalhas
Competidora do Brasil
Jogos Olímpicos
Ouro Pequim 2008 Equipe
Ouro Londres 2012 Equipe
Copa do Mundo
Prata Japão 2007 Equipe
Campeonatos Mundiais
Prata Japão 2006 Equipe
Prata Japão 2010 Equipe
Bronze Itália 2014 Equipe
Jogos Pan-Americanos
Ouro Guadalajara 2011 Equipe
Prata Toronto 2015 Equipe
Copa dos Campeões
Ouro Japão 2005 Equipe
Grand Prix
Ouro Sendai 2005 Equipe
Ouro Reggio Calabria 2006 Equipe
Ouro Yokohama 2008 Equipe
Ouro Tóquio 2014 Equipe
Ouro Bangkok 2016 Equipe
Prata Ningbo 2010 Equipe
Prata Ningbo 2012 Equipe
Campeonato Sul-Americano
Ouro Lima 2011 Equipe
Ouro Cartagena da Índias 2015 Equipe
Montreux Volley Masters
Ouro Montreux 2005 Equipe
Ouro Montreux 2006 Equipe
Campeonato Mundial de Voleibol Feminino Sub-20
Ouro Santo Domingo 2001 Equipe
Competidora de Osasco
Campeonato Paulista
Ouro Osasco 2001 Equipe
Ouro Osasco 2002 Equipe
Ouro Osasco 2003 Equipe
Ouro Osasco 2012 Equipe
Prata Osasco 2009 Equipe
Prata Osasco 2011 Equipe
Campeonatos Mundiais
Ouro Doha 2012 Equipe
Prata Doha 2010 Equipe
Campeonato Sul-Americano
Ouro Lima 2009 Equipe
Ouro Lima 2010 Equipe
Ouro Osasco 2011 Equipe
Ouro Osasco 2012 Equipe
Competidora de Rio de Janeiro
Campeonato Carioca
Ouro Rio de Janeiro 2004 Equipe
Ouro Rio de Janeiro 2005 Equipe
Competidora do Sesi-SP
Competidora de Murcia
Ouro Campeonato Espanhol 2007-08 Equipe

Carreira

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Criada no bairro Boa Vista de Recife, Jaqueline jogava, paralelamente, basquete - esporte que sua irmã Juliana jogava - e vôlei na escola, até que em 1994, aos 11 anos, optou somente pelo vôlei, pois estava difícil conciliar as duas modalidades com os estudos. Participando de campeonatos escolares, iniciou a sua carreira pelo Sport Club do Recife. Destaque no clube, com 13 anos (em 1996), "olheiros" vindos da cidade de São Paulo a chamaram para fazer um teste em um clube da cidade, o na época, BCN/Osasco. Jaque passou na "peneira" do BCN/Osasco, consequentemente teve que mudar-se de Recife para a cidade de São Paulo. Com pouco tempo, já estava na categoria adulta do BCN/Osasco.[2]

No fim de 2004, já recuperada, porém sem ritmo de jogo, Jaqueline transferiu-se para um clube no Rio de Janeiro, o Rexona/Ades. Depois de uma temporada jogando no clube, a ponteira, que por falta de ritmo estava no banco de reservas, terminou na titularidade do time e conseguiu a sua convocação para a seleção brasileira em abril de 2005.

Em 2006/2007, Jaqueline mudou-se para Itália defendendo Monte Schiavo/Jesi. Em julho de 2007, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos de 2007 do Rio de Janeiro, Jaqueline, titular da seleção brasileira, foi pega no exame anti-doping. A acusação tinha origem de um exame feito durante as finais dos campeonato italiano, no mês anterior. Jaqueline foi suspensa preventivamente durante 60 dias. Nesse período, houve audiências para se esclarecer o fato, e a atleta usou como defesa o fato de ter tomado um chá para celulite, que tinha a substância sibutramina, proibida para atletas. Na primeira decisão do julgamento, foi dada uma punição de 9 meses para Jaqueline, o que significava a ausência da atleta em grande parte das competições de 2008 e a volta às vésperas dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. Em 18 de setembro de 2007, após ser investigado tudo que a atleta utilizava, Jaqueline mudou sua defesa sobre o caso. O argumento foi que o produto que tinha como componente a sibutramina era o CLA da IntegralMed, remédio que a atleta tomava com receita médica para queimar gordura (o chá, usando como argumento inicial, era realmente natural). Em junho (mesmo mês em que a atleta fez o exame que acusou o doping), o Comitê Olímpico Brasileiro foi informado sobre a suspensão das atividades da empresa Integralmédica S/A, fabricante do CLA, por contaminação de produtos pela substância. Como Jaqueline estava na Itália e não recebeu a informação, continuou a utilizar o remédio. Com isso, foi feita uma nova avaliação sobre a pena a ser aplicada e houve uma redução de 9 meses para 3 meses, e como Jaqueline já estava suspensa desde julho (a suspensão prévia contou como punição oficial), foi liberada para jogar.

Assim, Jaqueline transferiu-se para o Murcia na Espanha para jogar a temporada 2007/2008, onde conquistou o campeonato espanhol.

Ainda em 2008, Jaqueline retorna à Itália, dessa vez para jogar pelo Scavolini/Pesaro na temporada 2008/2009, sob o comando de José Roberto Guimarães, consagrando-se campeã italiana e melhor jogadora da final do campeonato. No ano seguinte (2009), retorna ao Brasil para defender o Sollys/Osasco, onde tornou-se penta campeã brasileira. Permaneceu em Osasco por mais 3 temporadas, onde conquistou mais um título Brasileiro como Capitã da equipe na temporada 2011/2012, sendo uma das principais jogadoras e pontuadoras da equipe Paulista.

Logo após o vice-campeonato brasileiro em abril de 2013 pelo time do Osasco, Jaqueline anunciou que estava grávida. Arthur, fruto do relacionamento de 12 anos com o também jogador de vôlei Murilo Endres, nasceu em dezembro. A partir do seu nascimento, Jaqueline retomou às atividades físicas, com o objetivo de ainda jogar a fase final da Superliga Brasileira de Voleibol Feminino de 2013–14 - Série A pelo próprio time de Osasco, conforme acordo feito pós anúncio da gravidez. Entretanto, o time alegou entrosamento com as atletas contratadas para aquela temporada, iniciando uma verdadeira saga da atleta por um novo time. O principal empecilho era o ranking de atletas elaborado pela CBV, onde cada jogadora recebe uma pontuação, sendo 7 o teto para as mais valiosas, caso de Jaqueline. Os principais times em São Paulo já tinham duas jogadoras com 7 pontos em seu elenco, e essa quantidade é o limite estabelecido. Jaqueline e outras atletas chegaram a protestar pelo ranking, alegando que essas restrições fazem com que jogadoras importantes saiam do país, caso de Fernanda Garay e Sheilla Castro.

Sem opções para a sua carreira no vôlei em clubes no estado de São Paulo, e desejando ficar pelo Brasil para não separar a família recém-formada com a chegada do filho Arthur, Jaqueline optou por aceitar a proposta do Minas Tênis Clube, onde jogava ex-seleção Carol Gattaz.[3]

Em 2015/2016 foi contratada pela equipe do SESI-SP por ter realizado uma ótima temporada jogando pelo Minas no ano anterior.

Em 2016/2017, a ponteira foi recontratada pelo Minas, onde ao lado de Destinee Hooker e Rosamaria Montibeller levou a equipe a mais uma semi-final emocionante, só sendo definida no último jogo, com a vitória da equipe do Rio.

Na temporada 2017/2018, Jaque foi peça fundamental na recepção, defesa e ataque do time treinado pelo técnico tricampeão olímpico José Roberto Guimarães, o Hinode Barueri, de São Paulo, Vice Campeão paulista e 5º colocado na Superliga.

Logo após um ano sem jogar, Jaque assinou contrato para a temporada 2019/2020 com o Osasco, retornando ao clube após seis anos e sendo assim uma das contratações mais comentadas da temporada. Permanece em Osasco na temporada 2020/2021, após se destacar no ano anterior não só no passe, como também no ataque, sendo a bola de segurança da levantadora Roberta Ratzke. Sagrou-se Campeã Paulista em 2020 e Terceiro Lugar na Superliga, ao lado de suas companheiras em Osasco.

Em 20 de julho de 2023, Jaqueline anunciou sua volta às quadras. Ela assinou com o Campinas, novo clube do cenário nacional.[4] Jogou o último jogo da equipe no Campeonato Paulista antes de problemas financeiros levarem à sua dissolução em outubro.[5] Jaque eventualmente processou os donos do clube, que eram sua ex-companheira de seleção Tandara Caixeta e o marido Cléber de Oliveira, pelos direitos trabalhistas não pagos.[6]

Seleção Brasileira

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Em 2001, aos 17 anos, foi convocada para a Seleção Brasileira de Voleibol Feminino Juvenil e fora eleita a melhor jogadora do Campeonato Mundial de Vôlei Juvenil daquele ano. A adolescente jogadora foi apontada por diversos técnicos e pessoas envolvidas no meio do vôlei como grande promessa do esporte no Brasil, o que lhe rendeu a convocação para a Seleção Brasileira de Voleibol Feminino adulta, no mesmo ano de 2001. No auge de sua ascensão, no início de 2002, Jaqueline teve uma contratura no joelho, que acabou por deixar a pernambucana numa mesa de cirurgia para tratar a contusão. Ficou por volta de seis meses sem jogar, recuperando-se. Depois desse período, voltou a treinar e no 2º dia após sua volta, torceu novamente o mesmo joelho e mais uma vez foi submetida a uma cirurgia. Jaqueline também teve complicações com a circulação sanguínea de sua mão (uma trombose com possibilidade de amputação do braço), o que a afastou mais ainda das quadras, deixando-a, inclusive, de fora do Campeonato Mundial Adulto de 2002, dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (2003) e dos Jogos Olímpicos de Atenas (2004).

Em 2005, no Grand Prix, foi apontada como estrela da seleção de José Roberto Guimarães, se tornando a jogadora mais completa do time. No ano de 2006, Jaqueline conquistou a medalha de prata no Campeonato Mundial, sendo eleita pela crítica, a melhor brasileira do campeonato. Conquistou também pelo seu time mais uma Superliga Brasileira de Voleibol Feminino de 2006–07.

Em 2008, Jaqueline regressou à seleção brasileira, participando da conquista do Grand Prix de 2008, e da inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, que consagrou essa a turma do vôlei feminino como a segunda equipe na história a conseguir vencer todos os jogos na fase de classificação por 3 sets a zero (a primeira foi a equipe da Seleção Japonesa). Na semifinal, a equipe encarou as campeãs Olímpicas de 2004, a Seleção Chinesa, e com dois aces seguidos de Jaqueline, o Brasil venceu por 3 a 0 e chegou à sua primeira final olímpica. Na disputa pela medalha de ouro, o Brasil levou a melhor e venceu a equipe da Seleção Estadunidense, terminando a competição sem disputar nenhum tie-break, perdendo apenas um set, exatamente na final.

Em agosto de 2012, depois de uma campanha irregular na 1ªfase e impecável na 2ª fase, a Seleção Brasileira conquistou a segunda medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres. Jaqueline, ponteira titular, tornou-se bicampeã olímpica, entrando para a história do voleibol mundial.

Diante deste cenário, o técnico José Roberto Guimarães acolheu Jaqueline na seleção, visando a recuperação do seu ritmo de jogo. Recuperou-se rapidamente e, pela seleção, conquistou o décimo título durante o Grand Prix de Voleibol de 2014 (vencendo a final contra a Seleção Japonesa de Voleibol Feminino) e a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Voleibol Feminino de 2014 ocorrido na Itália, ambos como jogadora titular.

Em 2016, a jogadora foi convocada como reserva para os Jogos Olímpicos de Verão de 2016 no Rio de Janeiro, marcando essa a sua terceira convocação para uma olimpíada;[7] porém a seleção sofreu uma eliminação nas quartas pela China e terminou apenas no quinto lugar.[8] Em 13 de julho de 2018, a Jaque anunciou oficialmente através da sua pagina oficial no Instagram, a sua aposentadoria da seleção brasileira.[9][9]

Características

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Jaqueline tem como principal característica de jogo o seu fundo de quadra, ou seja, a excelência nos fundamentos de recepção e defesa. Na seleção e também no clube onde joga, a pernambucana é a principal jogadora nesses quesitos. Antes de suas contusões no joelho, Jaqueline atuava na posição de oposta, sendo um grande referencial de ataque nas equipes onde jogava. Quando se transferiu para o Rio de Janeiro, após as cirurgias, passou a jogar como ponteira-passadora (além de atacar, adquiriu as responsabilidades de recepção e defesa).

A alegria com que joga e a personalidade absolutamente emotiva é o que a consagra como a jogadora mais carismática do grupo brasileiro atual. Sendo assim, a mais requisitada pela imprensa e pelo mercado publicitário brasileiro, além de ser a mais buscada para fotos e autógrafos pelos fãs após os jogos. Além disso, por sua beleza, feminilidade e sensualidade, é considerada a musa da Seleção Brasileira de Voleibol Feminino.

Vida pessoal

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Relacionamento

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Jaqueline e Murilo Endres se conheceram em 1998, quando ela jogava no BCN/Osasco e ele, no Banespa. Ele, com 16 anos, foi assistir a um treino dela, então com 14 anos, e se encantou. Através de amigos, obteve o número de telefone da jogadora. Desse dia ao início do namoro foram três meses. Depois de anos defendendo clubes na Europa, em 2009, os atletas, já noivos, regressaram ao Brasil para oficializar a relação que já durava cerca de dez anos.

Em 22 de outubro de 2009, casaram no civil, estabelecendo residência e jogando em clubes na cidade de São Paulo.

Em maio de 2011, teve uma gravidez interrompida devido a um aborto espontâneo. Superado o trauma, Jaqueline novamente engravidou; sendo anunciado oficialmente para a mídia e o público, quase na reta final da gestação já. O primeiro filho do casal, Paulo Arthur Carvalho Endres, nasceu em 20 de dezembro de 2013.[1]

Clubes

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Clube País De Até
Sport Club do Recife   Brasil 1994 1998
Finasa/Osasco   Brasil 1999 2004
Rexona/Ades   Brasil 2004 2006
Monte Schiavo Banca Marche Jesi   Itália 2006 2007
Grupo Murcia 2005   Espanha 2007 2008
Scavolini/Pesaro   Itália 2008 2009
Osasco/Nestlé   Brasil 2009 2013
Camponesa/Minas[3]   Brasil 2014 2015
Sesi-SP[10]   Brasil 2015 2016
Camponesa/Minas[11]   Brasil 2016 2017
Barueri Volleyball Club[12]   Brasil 2017 2018
Osasco Voleibol Clube[13]   Brasil 2019 2021
Campinas   Brasil 2023

Principais conquistas

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Clubes

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SESI-SP (São Paulo)

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Prêmios e títulos individuais

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Referências

  1. a b «Jaqueline dá à luz primeiro filho com Murilo: 'Arthur, nossa melhor jogada'». globoesporte.com. Grupo Globo. 20 de dezembro de 2013. Consultado em 29 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2016 
  2. Jaque herda lado guerreira da mãe e supera batalhas para ser estrela no Rio
  3. a b Abramvezt, David (17 de novembro de 2014). «Sem equipe há um ano e meio, Jaque fecha com Minas e disputará Superliga». globoesporte.com. Grupo Globo. Consultado em 10 de dezembro de 2016. Cópia arquivada em 10 de dezembro de 2016 
  4. «Jaqueline acerta com Campinas e volta às quadras após dois anos». GE. Consultado em 22 de julho de 2023 
  5. Demétrio Vecchioli (18 de outubro de 2023). «Jaqueline chora e diz que tem cabeça erguida; marido de Tandara se desculpa». UOL 
  6. Vôlei: campeã olímpica processa ex-companheira de Seleção por dívida milionária
  7. «Na reserva, Jaque se emociona com homenagem do público e da mãe na Rio-2016 - 11/08/2016 - UOL Olimpíadas». olimpiadas.uol.com.br. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  8. «Jaqueline fala sobre derrota e descarta deixar seleção». Lance!. 18 de agosto de 2016. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  9. a b ABCdoABC, Portal do. «Bicampeã olímpica, Jaqueline anuncia aposentadoria da seleção brasileira». www.abcdoabc.com.br. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  10. Abramvezt, David (30 de abril de 2015). «Jaque é do Sesi-SP, Murilo renova, e casal joga pelo mesmo clube: "Sonho"». globoesporte.com. Grupo Globo. Consultado em 29 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2016 
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Ligações externas

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