Operação Primeira Milha

A Operação Primeira Milha refere-se às investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) diante das suspeitas do uso ilegal do software de espionagem FirstMile pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para espionar desafetos políticos de Jair Bolsonaro e de seus filhos, visando favorecê-los.[1] O uso indevido teria ocorrido durante a gestão de Alexandre Ramagem, que se elegeu como deputado federal em 2022.[1]

Sede da Abin.

Além da Abin, o Exército também comprou o aplicativo durante a intervenção militar no Rio de Janeiro.[2]

FirstMile editar

O programa de localização, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, foi adquirida por 5,7 milhões de reais, mediante dispensa de licitação, no final de 2018, ainda durante a administração de Michel Temer. Este programa permaneceu em utilização pelo governo Bolsonaro até meados de 2021. Ele possui a capacidade de identificar a localização aproximada de dispositivos que operam nas redes 2G, 3G e 4G. Para efetuar tal identificação, bastava inserir o número de contato telefônico e observar, em um mapa, a última localização conhecida do proprietário do dispositivo.[3][4] Os dados coletados eram armazenados em servidores em Israel, e a seus usuários eram proibidos de monitorar cidadãos israelenses ou americanos. Os dados podiam ser acessados através de login e senha.[5]

Membros da agência afirmam que o mecanismo era empregado dentro de um "limbo legal", sem a necessidade de documentação sobre quais pesquisas estavam sendo conduzidas. Na prática, os metadados de qualquer celular podiam ser monitorados sem uma justificativa oficial. A utilização desse programa suscitou questionamentos internos no órgão, inclusive com relatos de sua aplicação contra os próprios agentes. A polêmica resultou em um procedimento interno para investigar os critérios de utilização e a legalidade da contratação desta tecnologia de espionagem.[3][4]

Contexto editar

 
O presidente Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem durante a cerimônia de posse de Ramagem como diretor-geral da ABIN, em julho de 2019.

Antes desta operação, o governo de Bolsonaro já havia se destacado por estabelecer contratos com empresas de segurança. Em novembro de 2021, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas suspendeu temporariamente a contratação do sistema Harpia, utilizado para fins de espionagem, pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O objeto do processo foi uma licitação conduzida pela pasta destinada à contratação do programa de espionagem Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group.[6] Em 2022, o Ministério Público Federal encaminhou um ofício ao TCU a fim de investigar possíveis irregularidades no acordo de cooperação entre o Exército Brasileiro e a empresa israelense de cibersegurança CySource.[7] Ambos os acordos foram posteriormente autorizados pelo órgão de fiscalização.[8][9]

Outro caso notório ocorreu em 2020, no inquérito que investigou suposta interferência política do presidente Bolsonaro na PF. Durante uma reunião ministerial, Bolsonaro revelou possuir um sistema particular de informações.[10] Naquela ocasião, ele nomeou Alexandre Ramagem, que era diretor-geral da ABIN durante o período investigado da suposta espionagem, para o cargo de diretor da PF. No entanto, essa decisão foi posteriormente revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).[11]

Além disso, dois casos de favorecimento pela Abin a Flávio Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro foram listados. No caso do primeiro, a ABIN teria produzido relatórios que auxiliassem a defesa do político no caso de peculato envolvendo Fabrício Queiroz. Quanto ao segundo, teria sido favorecido em uma investigação por suposto tráfico de influência.[12]

Durante a gestão de Ramagem, a Tim, Vivo e Claro sabiam sobre os ataques, mas não notificaram a Anatel.[13]

Denúncia e Investigações editar

A primeira menção do programa sendo usada pelo governo Brasileiro foi em operação da PF que investigava suspeitas de vazamentos de informações por dois representantes comerciais do programa no Brasil. Uma mensagem de voz enviada por WhatsApp por um dos funcionários da empresa dizia que ele tinha acesso às localizações dos celulares.[14]

Em 14 de março de 2023, o jornal O Globo obteve informações que sugeriam que a ABIN, durante a gestão de Bolsonaro, utilizou o programa denominado FirstMile com o propósito de monitorar dispositivos móveis pertencentes a cidadãos brasileiros, sem seguir quaisquer protocolos oficiais.[3][4] No dia seguinte, a informação foi confirmada pela agência e, em 18 de março, a PF instaurou um inquérito para investigar as denúncias.[15][16][17]

Após as revelações do jornal O Globo, o governo Lula prometeu investigar e punir os responsáveis por usar o programa. Os ministros Alexandre Padilha e Rui Costa reiteraram a gravidade do caso.[18][19] O Ministério Público Federal junto ao Tribunal de Contas da União anunciaram a abertura de investigações, e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que o Parlamento apuraria a aquisição do programa através de uma comissão parlamentar de inquérito.[20] Já a CGU anunciou que averiguaria o caso.[21] A Polícia Federal (PF) lançou a Operação Vigilância Aproximada e a Operação Última Milha para investigar o FirstMile.[22][23]

Em 25 de janeiro de 2024, a PF conduziu uma operação que teve como alvos Alexandre Ramagem, sete policiais federais e três servidores da ABIN.[24] Na Operação Vigilância Aproximada, um desdobramento da operação Última Milha, a PF confirmou a existência de uma "ABIN paralela" durante a gestão de Ramagem. Essa entidade era destinada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e de outras pessoas, por meio da utilização de sistemas internos, como o de monitoramento da localização de celulares, sem a devida autorização judicial. O programa FirstMile se aproveitou de uma vulnerabilidade no sistema de telecomunicações para obter a localização dos celulares; isto é, a cada uso, a rede de telefonia nacional era invadida pelo programa. De acordo com a investigação, um grupo de agentes vinculado a Ramagem utilizou as informações obtidas ilegalmente para gerar conteúdo com propósitos políticos e midiáticos, chegando até mesmo a interferir em investigações da Polícia Federal.[25] Durante a operação, a PF notificou o STF que a direção da Abin interferiu com as investigações. A chamada Nova Abin é chefiada por Luiz Fernando Corrêa.[26] Dois dos investigados, Afonso Coelho e Marcelo Bormevet, foram retirados de cargos de confiança da Abin por Alexandre de Moraes.[27]

Em 29 de janeiro de 2024, em continuidade da Operação Vigilância Aproximada, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em quatro estados[28]. Um dos alvos da operação foi o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, em uma residência em Angra dos Reis, bem como em seu gabinete.[29]

Monitorados editar

Não se sabe ao certo quem foi monitorado pelo programa, porém o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou que o First Mile foi usado 30 mil vezes.[30] O grupo de juristas Prerrogativas pediu ao STF a divulgação da lista de pessoas espionadas pela Abin.[31] A Controladoria-Geral da União (CGU) também pediu que a Cognyte informasse o nome das pessoas que foram monitoradas ilegalmente.[32] Entre as pessoas supostamente espionadas, estavam agenstes da própria Abin,[33] os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o então governador do Ceará Camilo Santana,[34] os deputados Jean Wyllys e David Miranda, o jornalista Glenn Greenwald, o servidor do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss, o dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística Carlos Alberto Litti Dahmer,[35] Nicole Giaberardino Fabre, membro da ONG Anjos da Liberdade, o então presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, a ex-deputada federal Joice Hasselmann, o advogado Roberto Bertholdo, a promotora que coordena da força-tarefa que apura o assassinato de Marielle Franco,[30] e Allan Lucena, ex-personal trainer e ex-assessor de negócios de Jair Renan.[36]

Repercussão editar

Legislativo federal editar

Integrantes do Partido Liberal, oposição ao Governo Lula, defenderam a existência de uma perseguição política. O presidente da sigla,Valdemar Costa Neto, afirmou que a operação de 25 de janeiro de 2024 era "mais uma perseguição ao partido e ao ex-presidente Jair Bolsonaro." Ele solicitou uma resposta institucional por parte do Congresso Nacional.[37] Em resposta, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, criticou as declarações de Valdemar.[38] Ramagem e Flávio Bolsonaro negaram as acusações.[39][40][41]

Denúncia na Organização das Nações Unidas editar

Assim que o jornal O Globo divulgou a informação do uso do programa de espionagem em março de 2023, Bolsonaro foi denunciado na Organização das Nações Unidas (ONU) durante a 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos pelo uso indiscriminado de tecnologias digitais e sistemas de monitoramento. A denúncia foi formalizada pelas organizações não governamentais (ONGs) Conectas, Artigo 19, Data Privacy Brasil e Transparência Internacional Brasil, com o objetivo de que a ONU questionasse o Brasil sobre o uso dessas tecnologias.[42]

Ver também editar

Referências

  1. a b «Veja os principais pontos da operação que investiga espionagem ilegal da Abin». g1. 26 de janeiro de 2024. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  2. Fabio Serapião e Cézar Feitoza (22 de outubro de 2023). «Exército se nega a explicar uso de software espião sob investigação da PF». Folha de S.Paulo. Consultado em 1 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 1 de fevereiro de 2024 
  3. a b c Dantas, Dimitrius; Camporez, Patrik; Bronzatto, Thiago (14 de março de 2023). «Abin de Bolsonaro usou programa secreto para monitorar localização de pessoas por meio do celular». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  4. a b c «Abin de Bolsonaro usou programa secreto para rastrear localização de pessoas, afirma jornal». O Estado de S. Paulo. 14 de março de 2023. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  5. Patrik Camporez (25 de janeiro de 2024). «Operação First Mile: Programa espião usado pela Abin deixou expostos dados estratégicos em servidor em Israel». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  6. Mendes, Lucas (10 de novembro de 2021). «TCU suspende licitação de sistema espião pelo Ministério da Justiça». Poder360. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  7. Noberto, Cristiane (9 de maio de 2022). «MP denuncia desvio de finalidade em contrato do Exército com empresa israelense». Correio Braziliense. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  8. Motoryn, Paulo (3 de agosto de 2022). «TCU dá aval a acordo do Exército com empresa israelense: entenda possível ameaça às eleições». Brasil de Fato. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  9. Hirabahasi, Gabriel (8 de junho de 2022). «TCU libera contrato do Ministério da Justiça para sistema de inteligência». CNN Brasil. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  10. «Em reunião, Bolsonaro diz que tem 'sistema particular' de informações que funciona e que o sistema oficial desinforma». g1. 22 de maio de 2020. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  11. «Quem é Alexandre Ramagem, deputado bolsonarista alvo da PF por suposto uso da Abin para proteger aliados e vigiar opositores». BBC Brasil. 25 de janeiro de 2024. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  12. «Uso da Abin para espionagem ilegal: veja tudo que se sabe sobre a investigação da PF». Terra Networks. 25 de janeiro de 2024. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  13. Fabio Serapião (31 de janeiro de 2024). «Tim, Vivo e Claro sabiam de ataques por software espião, mas não alertaram Anatel». Folha de S.Paulo. Consultado em 1 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 1 de fevereiro de 2024 
  14. Dimitrius Dantas, Patrik Camporez e Thiago Bronzatto (14 de março de 2023). «Abin de Bolsonaro usou programa secreto para monitorar localização de pessoas por meio do celular». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2024 
  15. Lacerda, Pedro (16 de março de 2023). «PF abre inquérito para investigar denúncias de espionagem pela Abin». Agência Brasil. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  16. Maia, Elijonas (16 de março de 2023). «PF abre inquérito para apurar possível espionagem da Abin». CNN Brasil. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  17. Camargo, Isabela (16 de março de 2023). «Polícia Federal instaura inquérito para investigar sistema da Abin que monitorava celulares da população». g1. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  18. Patrik Camporez (15 de março de 2023). «MPF inicia investigação sobre ferramenta secreta da Abin que monitorava celulares». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  19. Fabio Murakawa, João Valadares, Matheus Schuch, Isadora Peron e Murillo Camarotto (14 de março de 2023). «Planalto classifica como 'muito grave' monitoramento da Abin». Valor Econômico. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  20. «Caso Abin: quem foi monitorado e outras perguntas sem respostas sobre o monitoramento de celulares». O Globo. 15 de março de 2023. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  21. Patrik Camporez e Dimitrius Dantas (14 de março de 2023). «CGU vai averiguar uso de programa secreto da Abin para monitorar localização de pessoas». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  22. «FirstMile: como funciona o software espião que teria sido usado pela Abin de Ramagem». CNN Brasil. 25 de janeiro de 2024. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2024 
  23. Paolla Serra, Eduardo Gonçalves e Patrik Camporez (25 de janeiro de 2024). «Ramagem é alvo de operação da PF que investiga uso de programa secreto da Abin para monitorar celulares». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  24. «Operação First Mile: entenda investigação da PF que apura uso de programa espião pela Abin». Folha de Pernambuco. 25 de janeiro de 2024. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  25. Dantas, Dimitrius (25 de janeiro de 2024). «Operação First Mile: Investigação da Anatel concluiu que Abin usava rede de telefonia sem conhecimento das operadoras». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  26. José Marques e Fabio Serapião (25 de janeiro de 2024). «Direção da Abin sob Lula interferiu em investigação sobre software espião, diz PF». Folha de S.Paulo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2024 
  27. «Governo tira cargos de confiança de dois investigados no caso Abin». Folha de Pernambuco. 26 de janeiro de 2024. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 – via O Globo 
  28. «Polícia Federal cumpre novos mandados judiciais no âmbito da Operação Vigilância Aproximada». Polícia Federal. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  29. «PF fez buscas contra Carlos em casa onde Bolsonaro fez live; ex-presidente e filhos deixaram o local de barco». G1. 29 de janeiro de 2024. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  30. a b Leonardo Ribbeiro (26 de janeiro de 2024). «Abin: Quem foi alvo e quem se beneficiou com as supostas espionagens ilegais». CNN Brasil. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  31. «Grupo de juristas pede ao STF lista com nome de 30 mil espionados pela Abin». Brasil Online. 26 de janeiro de 2024. Consultado em 27 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 – via Estadão 
  32. José Roberto de Toledo (20 de outubro de 2023). «José Roberto de Toledo: CGU manda fabricante de software entregar nomes espionados pela Abin». UOL. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  33. Dimitrius Dantas, Patrik Camporez e Thiago Bronzatto (14 de março de 2023). «Abin de Bolsonaro usou programa secreto para monitorar localização de pessoas por meio do celular». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2024 
  34. Paolla Serra e Thiago Bronzatto (25 de janeiro de 2024). «Operação First Mile: PF investiga se Abin atuou contra Moraes, Gilmar Mendes e Camilo Santana». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  35. Paolla Serra (25 de janeiro de 2024). «Operação First Mile: PF investiga se Abin espionou Jean Wyllys, funcionário do TSE e servidor do Ibama; entenda». O Globo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  36. Elijonas Maia (26 de janeiro de 2024). «"Senti na pele", diz ex-assessor de Jair Renan Bolsonaro sobre espionagem da Abin». CNN Brasil. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  37. Rodrigues, Larissa; Soares, Jussara (25 de janeiro de 2024). «Lideranças do PL dizem que partido é alvo de "perseguição política" após operações da PF». CNN Brasil. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  38. Landim, Lucyenne (25 de janeiro de 2024). «Chamado de 'frouxo' após ação da PF contra Ramagem, Pacheco responde Valdemar». O Tempo. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  39. Souza, Renato; Éboli, Evandro (26 de janeiro de 2024). «Ex-diretor da Abin, Ramagem nega monitoramento ilegal». Correio Braziliense. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  40. «Ramagem nega que tivesse acesso indevido a software espião e investigações da Abin». Folha de S.Paulo. 25 de janeiro de 2024. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  41. Éboli, Evandro (25 de janeiro de 2024). «Flávio Bolsonaro nega ter sido beneficiado pela Abin». Correio Braziliense. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  42. «PF abre inquérito para investigar denúncias de espionagem pela Abin». Info Money. 17 de março de 2023. Consultado em 26 de janeiro de 2024