Zé Ramalho

cantor, compositor e músico brasileiro

José Ramalho Neto, mais conhecido como Zé Ramalho (Brejo do Cruz, 3 de outubro de 1949), é um cantor, compositor e músico brasileiro. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Zé Ramalho na 41ª posição.[1] Pelo lado paterno, é primo legítimo da também cantora Elba Ramalho.[2][3][4]

Zé Ramalho
Zé Ramalho
Zé Ramalho em 2008, apresentando-se na Virada Cultural de São Paulo.
Nome completo José Ramalho Neto
Nascimento 3 de outubro de 1949 (74 anos)
Brejo do Cruz, PB
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge
Amelinha (c. 1978–83)
Ocupação
Carreira musical
Período musical 1973–presente
Gênero(s)
Extensão vocal baixo
Instrumento(s)
Afiliações
Página oficial
www.zeramalho.com.br

Juventude editar

 
Zé Ramalho (à direita), na casa dos vinte anos, e Geraldo Azevedo, em foto dos anos 1970.

José Ramalho Neto nasceu em 3 de outubro de 1949 na cidade de Brejo do Cruz, no sertão da Paraíba, no Brasil, a 380 quilômetros da capital, João Pessoa, filho de Estelita Torres Ramalho, uma professora do ensino fundamental, e Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, um seresteiro. Quando tinha dois anos de idade, seu pai se afogou em uma represa no município de Teixeira, sertão da Paraíba, e passou a ser criado por seu avô. A relação entre os dois seria mais tarde homenageada na canção "Avôhai". Após passar a maior parte da sua infância em Campina Grande, sua família se mudou para João Pessoa. Zé ingressou no curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba.[5]

Assim que a família se estabeleceu em João Pessoa, ele participou de algumas apresentações de Jovem Guarda, sendo influenciado por Renato Barros, Leno e Lílian, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd e Bob Dylan.

Em 1974, seu primeiro filho com Ízis, Christian, nasceu.

Antes de compor, ele escrevia versos de cordel.[6]

Carreira editar

1974–1975: Primeiros trabalhos editar

 
Zé Ramalho no começo dos anos 1970

Em 1974, ele tocou na trilha sonora do filme Nordeste: Cordel, Repente e Canção, de Tânia Quaresma. Na época, passou a misturar as suas influências: de Rock "n" Roll a forró. Um ano depois, gravou seu primeiro álbum, Paêbirú, com Lula Côrtes na gravadora Rozenblit. Hoje em dia, as cópias desse disco valem muito por serem raras.

1975–1984: Começo da carreira editar

Em 1976, deixou o curso de medicina e mudou-se para o Rio de Janeiro,[6] onde tentou encontrar uma gravadora para lançar seu primeiro disco. Depois de ser dispensado por vários produtores e executivos, encontrou uma oportunidade com Jairo Pires, na época da CBS.[5] Em 1977, gravou seu primeiro álbum solo, Zé Ramalho. No ano seguinte, seu segundo filho, Antônio Wilson, nasceu.

Em 1979, veio o terceiro filho, João, fruto de sua relação com a cantora Amelinha, e também o segundo álbum, A Peleja do Diabo com o Dono do Céu. Ainda neste ano, produz o álbum 20 Palavras ao redor do Sol, primeiro trabalho de Cátia de França. Mudou-se para Fortaleza em 1980, onde escreveu seu livro Carne de Pescoço. O terceiro álbum A Terceira Lâmina, foi lançado em 1981, ano em que nasceu sua primeira filha, Maria Maria; logo após, veio o quarto disco, Força Verde, em 1982.

Em 1983, após o lançamento do quinto álbum, Orquídea Negra, terminou sua relação com Amelinha Collares. Depois de gravar Pra Não Dizer que Não Falei de Rock (também conhecido como Por Aquelas que Foram Bem Amadas), no início do ano de 1984, casou com Roberta Ramalho prima de Amelinha, com quem é casado até hoje, com ela teve dois filhos: José e Linda.

Acusação de plágio editar

Zé Ramalho foi acusado na edição da revista Veja de 21 de julho de 1982 de plagiar na letra da canção "Força Verde",[7] um texto de William Butler Yeats utilizado como introdução pelo roteirista Roy Thomas numa revista em quadrinhos do Hulk publicada no Brasil 10 anos antes pela GEA.[8]

1985–1990: Queda na popularidade editar

Os anos 80 seriam palco de uma queda no sucesso de Zé Ramalho, com o lançamento dos álbuns De Gosto de Água e de Amigos (1985), Opus Visionário (1986) e Décimas de um Cantador (1987). Uma possível causa dessa fase ruim seria o uso de experimentalismo na música. Em 1990 e 1991, ele tocou nos Estados Unidos para um público brasileiro.

1991–2001: Volta ao sucesso editar

 
Foto retirada no show O Grande Encontro, em 1996.

Em 1991, sua única irmã, Goretti, morreu. Ainda assim, gravou seu décimo primeiro álbum, Brasil Nordeste (que continha regravações de músicas típicas nordestinas) e voltou ao seus tempos de sucesso. A canção "Entre a Serpente e a Estrela" foi utilizada na trilha sonora da novela Pedra Sobre Pedra. Em 1992, teve seu quinto filho, José, (o primeiro com Roberta), fato que foi seguido pelo lançamento do álbum Frevoador. Em 1995, nasceu a segunda filha: Linda.

Em 1996, gravou o álbum ao vivo O Grande Encontro com Elba Ramalho e os famosos nomes da MPB Alceu Valença e Geraldo Azevedo. No mesmo ano, lançou o álbum Cidades e Lendas.

O sucesso de O Grande Encontro foi grande o suficiente pra que Zé Ramalho decidisse gravar uma nova versão de estúdio em 1997, desta vez sem Alceu Valença. O álbum vendeu mais de 300.000 cópias, recebendo os certificados ouro e platina.

Para celebrar seus vinte anos de carreira, lançou o CD Antologia Acústica. A gravadora Sony Music também lançou uma box set com três discos: um de raridades, um de duetos e um de sucessos. A escritora brasileira Luciane Alves lançou o livro Zé Ramalho – um Visionário do século XX.

Antes do fim do milênio, um outro sucesso Admirável Gado Novo (primeiramente lançado no álbum A Peleja do Diabo com o Dono do Céu) foi usado como tema do líder sem terra Regino, personagem emblemático de Jackson Antunes na novela O Rei do Gado. Ele também lançou o álbum Eu Sou Todos Nós, seguido do Nação Nordestina, sendo que nesse último a música nordestina foi novamente explorada. O álbum foi indicado para o Latin GRAMMY Award de Melhor Álbum de Música Regional ou de Origem Brasileira.

2001–presente: O terceiro milênio editar

 
Zé Ramalho na Virada Cultural de São Paulo, em 2008.
 
Zé Ramalho, retratado em ilustração de 2003.

O primeiro trabalho do século XXI foi o álbum tributo Zé Ramalho Canta Raul Seixas, com regravações de canções do músico baiano. Dividiu o palco com Elba Ramalho no Rock in Rio III. Em 2002, a Som Livre lança um CD de grandes sucessos chamado Perfil, parte da série Perfil. Também em 2002, veio o décimo sétimo álbum, O Gosto da Criação.

Em 2003, Estação Brasil, um álbum com várias regravações de canções brasileiras e uma inédita foi lançado. Fez uma participação especial na faixa "Sinônimos" do álbum Aqui Sistema é Bruto, de Chitãozinho & Xororó.

Em 2005, gravou seu único álbum solo ao vivo, Zé Ramalho ao vivo. Seu mais recente álbum de inéditas Parceria dos Viajantes, foi lançado em 2007 e indicado para o Latin GRAMMY de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.[9][10]

Em 2008, um álbum de raridades chamado Zé Ramalho da Paraíba foi lançado pela Discoberta, seguido de um novo álbum de covers Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando, homenageando o músico americano.

Em 2009, um novo álbum de covers Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga foi lançado para homenagear o músico pernambucano.[11]

Em 2010, continuou homenageando suas influências com o álbum Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro.

Seu trabalho mais recente de covers é o álbum Zé Ramalho Canta Beatles, lançado em agosto de 2011, com regravações do Fab Four. É o seu quarto álbum de covers em três anos.

Em 2012, lançou o seu primeiro disco de inéditas em cinco anos, Sinais dos Tempos, por meio de sua nova gravadora própria, Avôhai Music.

No dia 22 de setembro de 2013, tocou ao lado da banda de metal Sepultura no palco Sunset do Rock in Rio 2013, no espetáculo que foi chamado de "Zépultura".[12] O show foi bastante elogiado pela crítica,[13][14][15][16][17] e agradou ao público presente.[18] Vale lembrar que essa parceria já havia acontecido anteriormente, quando eles gravaram juntos a canção "A Dança das Borboletas" que fez parte da trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro (2003).[19]

Em Novembro de 2014, Zé lançou um álbum ao vivo colaborativo com o cantor e violonista Fagner, intitulado Fagner & Zé Ramalho Ao Vivo.[20]

No ano de 2017, lança Atlântida, álbum que recupera um show de 1974, quatro anos antes de Zé Ramalho se tornar um sucesso. Em 2019, edita o CD Cine Show Madureira[21] (1979), em parceria com o selo Discobertas, de Marcelo Froés.

Discografia editar

Álbuns de estúdio editar

Coletâneas editar

  • 2002 - Perfil
  • 2007 - Zé Ramalho em foco

Cover editar

Ao vivo editar

Caixa editar

  • 1996 - 20 Anos de Carreira (Sony Music)
  • 2003 - Zé Ramalho (Sony Music)
  • 2010 - A Caixa de Pandora - (Sony Music)
  • 2016 - Voz e Violão - 40 Anos de Música - (Avôhai Music/Discobertas)[23]
  • 2017 - Zé Ramalho Anos 70 (Avôhai Music/Discobertas)

Participações editar

DVD editar

  • 2001 - Zé Ramalho Canta Raul Seixas: Ao Vivo
  • 2005 - Zé Ramalho ao Vivo
  • 2007 - Parceria dos Viajantes
  • 2008 - Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando
  • 2009 - Zé Ramalho - O Herdeiro de Avohai - documentário
  • 2014 - Fagner & Zé Ramalho Ao Vivo
  • 2018 - Zé Ramalho na Paraíba

Tele-temas editar

Referências

  1. «Os 100 Maiores Artistas da Música Brasileira». RollingStone. Arquivado do original em 1 de dezembro de 2017 
  2. https://www.buzzfeed.com/br/clarissapassos/celebridades-parentes
  3. https://gente.ig.com.br/2015-03-22/tudo-em-familia-famosos-que-sao-parentes.html
  4. https://www.bol.uol.com.br/fotos/2013/10/30/famosos-que-sao-parentes.htm?mode=list&foto=1
  5. a b Souza, Henrique Inglez de (5 de outubro de 2018). «Especial Zé Ramalho Parte I: Quando o brejo cruzou a poeira». Rolling Stone Brasil. Grupo Perfil. Consultado em 25 de janeiro de 2021 
  6. a b «Zé Ramalho relembra infância em passeio no Parque das Ruínas». Rede Globo. Rio de Janeiro: Grupo Globo. 20 de junho de 2015. Consultado em 23 de junho de 2015. Arquivado do original em 23 de junho de 2015 
  7. Marcus Ramone (16 de Julho de 2006). «Zé Ramalho e Hulk em: O plágio». Blog do Universo HQ 
  8. Marcus Ramone. «O Incrível Hulk #1». Universo HQ. Arquivado do original em 8 de novembro de 2010 
  9. «O Norte Online - Zé Ramalho disputa o Grammy 2007 de Melhor Álbum de MPB». Arquivado do original em 20 de junho de 2009 
  10. «Winners of the Latin Grammy Award» 
  11. Saura, Michele (20 de maio de 2009). «Zé Ramalho lança novo CD homenageando Luiz Gonzaga». Entretendo.com. Consultado em 31 de maio de 2009 
  12. Zé Ramalho ganha prestígio no dia do metal e toca com "Zépultura" no Sunset
  13. Em grande encontro, Sepultura e Zé Ramalho viram 'Zépultura'
  14. Dias, Tiago (22 de setembro de 2013). «Zé Ramalho ganha prestígio no dia do metal e toca com "Zépultura" no Sunset 28». UOL Música. Rio de Janeiro: Grupo Folha. Consultado em 30 de novembro de 2014 
  15. Albuquerque, Carlos (22 de setembro de 2013). «Crítica: Sepultura com Zé Ramalho dá certo e gera um fruto cantado pelo público: Zépultura». O Globo. Rio de Janeiro: Grupo Globo. Consultado em 30 de novembro de 2014 
  16. Canônico, Marco Aurélio (22 de setembro de 2013). «Rock in Rio 2013: 'Zépultura' domina o Palco Sunset». Veja. Rio de Janeiro: Grupo Abril. Consultado em 30 de novembro de 2014 
  17. de Castro, Yuri (22 de setembro de 2013). «Em grande encontro, Sepultura e Zé Ramalho viram 'Zépultura'». Folha de S. Paulo. Rio de Janeiro: Grupo Folha. Consultado em 30 de novembro de 2014 
  18. g1.globo.com/ Sepultura e Zé Ramalho fazem massa de metaleiros cantar MPB
  19. rollingstone.uol.com.br/ Andreas Kisser comenta parceria com Zé Ramalho: “Os estilos casaram perfeitamente”
  20. Franco, Luiza (25 de Novembro de 2014). «Fagner e Zé Ramalho lançam CD conjunto; assista a entrevista». TV Folha. Grupo Folha. Consultado em 30 de Novembro de 2014 
  21. Alexandre Sanches, Pedro (9 de outubro de 2019). «Admirável gado de novo | Farofafá Admirável gado de novo». Farofafá. Consultado em 3 de março de 2020  |nome2= sem |sobrenome2= em Authors list (ajuda)
  22. «Edição ruim compromete DVD de Zé Ramalho com Sinfônica da PB». Sílvio Osias. 8 de janeiro de 2018. Consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  23. Zé Ramalho comemora 40 anos de estrada com três CDs e um DVD

Ligações externas editar

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre Zé Ramalho:
  Citações no Wikiquote
  Categoria no Commons
  Base de dados no Wikidata