Eleições estaduais no Piauí em 1978

As eleições estaduais no Piauí em 1978 aconteceram sob as regras do Ato Institucional Número Três e do Pacote de Abril: em 1º de setembro ocorreu a via indireta e nela a ARENA elegeu o governador Lucídio Portela, o vice-governador Waldemar Macedo e reelegeu o senador Helvídio Nunes. A fase seguinte sobreveio em 15 de novembro tal como nos outros estados brasileiros e nesse dia o partido elegeu o senador Dirceu Arcoverde e obteve quase todas as cadeiras entre os oito deputados federais e vinte quatro estaduais que foram eleitos.[1][2][3][4][5][nota 1][nota 2]

1974 Brasil 1982
Eleições estaduais no  Piauí em 1978
1º de setembro de 1978
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1978
(Eleição direta)


Candidato Lucídio Portela


Partido ARENA


Natural de Valença do Piauí, PI


Vice Waldemar Macedo
Votos 239
Porcentagem 98,35%

O novo governador do Piauí é Lucídio Portela, nascido em Valença do Piauí e diplomado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com especialização em Pneumologia e pós-graduado em Radiologia junto à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e integra a Associação Piauiense de Medicina. Originário da UDN foi indicado devido à influência do irmão, Petrônio Portela, presidente do Senado Federal, e assim chegou ao Palácio de Karnak vinculado ao Regime Militar de 1964.[nota 3]

Nascido em São Raimundo Nonato, o funcionário público estadual Waldemar Macedo trabalhou como fiscal de tributos estaduais antes de ingressar na política. Eleito deputado estadual pela UDN em 1954, ficou na primeira suplência no pleito seguinte, embora tenha exercido o mandato sob convocação após a nomeação de parlamentares para o secretariado do governador Chagas Rodrigues.[6][7] Reeleito em 1962, migrou à ARENA quando o Regime Militar de 1964 impôs o bipartidarismo no ano seguinte,[8] renovando o mandato em 1966, 1970 e 1974, atingindo o cargo de vice-governador através de eleição indireta em 1978.[9]

Resultado da eleição para governador

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O Colégio Eleitoral do Piauí era integrado por ampla maioria da ARENA que sacramentou os nomes previamente escolhidos pelo presidente Ernesto Geisel em abril. Houve quatro abstenções na escolha do governador.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Lucídio Portela
ARENA
Waldemar Macedo
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
239
98,35%
Fontes:
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos

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Helvídio Nunes

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Graças às leis vigentes, a cadeira de senador biônico foi destinada ao advogado Helvídio Nunes. Nascido em Picos e graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi eleito prefeito de sua cidade natal via UDN em 1954 e deputado estadual em 1958 e 1962. Nomeado secretário de Viação e Obras Públicas e depois secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, no governo Petrônio Portela, filiou-se à ARENA e assumiu o governo do Piauí em 1966 por conta de uma eleição indireta e após deixar o Palácio de Karnak foi eleito senador em 1970 e reeleito por via indireta em 1978.[10][11]

Dirceu Arcoverde

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Médico nascido em Amarante e formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro com pós-graduação nos Estados Unidos, Dirceu Arcoverde foi professor do Instituto de Educação Antonino Freire e da Universidade Federal do Piauí e secretário de Saúde no governo Alberto Silva antes de ingressar na política ao ser eleito indiretamente governador do Piauí pela ARENA em 1974.[12] Alinhado a Petrônio Portela, rompeu com seu antecessor no Palácio de Karnak, elegendo-se senador numa sublegenda da ARENA ao derrotar Alberto Silva em 1978.[13] Seu mandato foi abreviado por um derrame cerebral, tendo falecido em 16 de março de 1979.[14]

Suplente efetivado

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Alberto Silva

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Natural de Parnaíba, o engenheiro civil, engenheiro eletricista e engenheiro mecânico Alberto Silva é graduado pela Universidade Federal de Itajubá e foi engenheiro-chefe dos Serviços de Transportes Elétricos da Estrada de Ferro Central do Brasil (1941-1947) no Rio de Janeiro. Membro da UDN, foi eleito prefeito de Parnaíba em 1948 e deputado estadual em 1950, mandato ao qual renunciou para assumir a Estrada de Ferro Central do Piauí. Ainda em sua cidade natal dirigiu a Companhia de Força e Luz, elegendo-se novamente prefeito em 1954. Assumiu a presidência da Companhia Energética do Ceará em 1962 onde permaneceu até ser escolhido governador do Piauí pelo presidente Emílio Garrastazu Médici em 1970,[15] liderando sua própria facção da ARENA, pela qual disputou a eleição direta para senador em 1978 contra Dirceu Arcoverde, apoiado pelo grupo de Petrônio Portela. Derrotado, foi reposto como primeiro suplente e com a morte do titular foi efetivado em 20 de março de 1979.[16][17]

Resultado da eleição para senador

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Mandato biônico de oito anos

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A eleição para senador biônico permitiu a recondução de Helvídio Nunes a um assento que ele ocupava desde a vitória em 1970. Houve seis abstenções.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Helvídio Nunes
ARENA
Nazareno Araújo
ARENA
Antônio Francisco Vale Mendes
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
237
97,53%
Fontes:[18][19][2][20][nota 4]
  Eleito

Mandato direto de oito anos

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Os registros do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí informam a ocorrência de 31.837 votos em branco (5,32%) e 16.191 votos nulos (2,71%), calculados sobre o comparecimento de 598.253 eleitores.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Dirceu Arcoverde
ARENA
Jesus Tajra
ARENA
[nota 5]
-
-
ARENA (sublegenda 1)
290.218
52,75%
Alberto Silva
ARENA
Ada Dias de Castro Ribeiro
ARENA
[nota 5]
-
-
ARENA (sublegenda 2)
260.007
47,25%
Fontes:[1][2][21]
  Eleito

Deputados federais eleitos

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São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.

Representação eleita

  ARENA: 8

Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Paulo Ferraz[nota 6] ARENA 56.108 10,07% Teresina   Piauí
Hugo Napoleão ARENA 52.763 9,47% Portland   Estados Unidos
Ludgero Raulino ARENA 48.248 8,66% Altos   Piauí
Pinheiro Machado[nota 7] ARENA 43.761 7,86% Parnaíba   Piauí
Milton Brandão ARENA 40.518 7,27% Pedro II   Piauí
Joel Ribeiro ARENA 40.270 7,23% Guadalupe   Piauí
Adalberto Correia Lima ARENA 40.125 7,20% Tauá   Ceará
Carlos Augusto de Oliveira ARENA 35.077 6,30% José de Freitas   Piauí
Fontes:[1][22][23][24]

Deputados estaduais eleitos

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Das vinte e quatro vagas em disputa a ARENA conquistou vinte e uma ante três do MDB.

Representação eleita

  ARENA: 21
  MDB: 3

Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Freitas Neto ARENA 18.575 3,34% Teresina   Piauí
José Lobão ARENA 18.222 3,27% União   Piauí
César Melo ARENA 17.736 3,19% Campo Maior   Piauí
Barros Araújo ARENA 17.559 3,15% Picos   Piauí
Sebastião Leal ARENA 16.331 2,93% Uruçuí   Piauí
Newton Macedo ARENA 16.266 2,92% São Raimundo Nonato   Piauí
Paes Landim ARENA 15.500 2,78% São João do Piauí   Piauí
Mão Santa ARENA 15.446 2,77% Parnaíba   Piauí
Afrânio Nunes ARENA 14.947 2,69% Amarante   Piauí
Juarez Tapety ARENA 14.010 2,52% Oeiras   Piauí
Deoclécio Dantas ARENA 13.941 2,50% Teresina   Piauí
Bona Medeiros ARENA 13.400 2,41% União   Piauí
Jesualdo Cavalcanti ARENA 12.449 2,24% Corrente   Piauí
Manoel Simplício ARENA 12.063 2,17% Vicência   Pernambuco
Humberto Silveira ARENA 11.992 2,15% Jaicós   Piauí
Wilson Parente ARENA 11.810 2,12% Cristino Castro   Piauí
Ribeiro Magalhães ARENA 11.687 2,10% Piracuruca   Piauí
Sabino Paulo ARENA 11.625 2,09% São João do Piauí   Piauí
Machado Melo ARENA 11.340 2,04% Batalha   Piauí
João Lobo ARENA 10.590 1,90% Floriano   Piauí
Wilson Brandão ARENA 10.393 1,87% Pedro II   Piauí
Themístocles Sampaio MDB 7.150 1,28% Esperantina   Piauí
Elias Ximenes do Prado MDB 6.956 1,25% Sobral   Ceará
Oscar Eulálio MDB 6.778 1,22% Picos   Piauí
Fontes:[1][23][nota 8]

Notas

  1. Nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais não havendo eleições em Fernando de Noronha.
  2. A Lei n.º 6.091 permitiu que os piauienses radicados no Distrito Federal votassem para senador, deputado federal e deputado estadual em 1978 remetendo às urnas ao estado de origem.
  3. Incluindo nesta contagem os interinos José Odon Maia Alencar e João Turíbio Monteiro de Santana além de Djalma Veloso, originalmente vice-governador.
  4. No caso de candidatura única a senador, dois serão os suplentes apontados em convenção partidária por ordem de votação.
  5. a b Quando um partido lançar dois candidatos a senador, cada sublegenda indicará o respectivo suplente. Neste caso, o mais votado será eleito, tendo como primeiro suplente o candidato que não foi eleito e como segundo suplente aquele registrado na chapa vitoriosa.
  6. Faleceu em Brasília vítima de aneurisma cerebral em 7 de novembro de 1981 e em seu lugar foi efetivado João Clímaco d'Almeida.
  7. Faleceu em Teresina em 21 de novembro de 1982 e em seu lugar foi efetivado Heráclito Fortes.
  8. Na composição de sua equipe, o governador Lucídio Portela nomeou Bona Medeiros prefeito de Teresina, Freitas Neto secretário de Governo e Wilson Brandão secretário de Cultura num arranjo que propiciou as convocações de Ildefonso Dias, Homero Castelo Branco e Carlos Augusto.

Referências

  1. a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1978». Consultado em 12 de dezembro de 2023 
  2. a b c BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. «Eleições Anteriores». Consultado em 27 de abril de 2013 
  3. BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Três». Consultado em 1º de junho de 2018 
  4. BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional Número Oito, de 14/04/1977». Consultado em 1º de junho de 2018 
  5. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.091 de 15/08/1974». Consultado em 1º de junho de 2018 
  6. BASTOS, Cláudio de Albuquerque. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí. Teresina; Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994.
  7. KRUEL, Kenard (2018). Chagas Rodrigues - grandes vultos que honraram o Senado. 1 ed. Brasília: Senado Federal. 412 páginas. ISBN 978-85-7018-966-0
  8. BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Dois de 27/10/1965». Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  9. SANTOS, José Lopes dos. Novo Tempo Chegou. Brasília: Senado Federal, 1983.
  10. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Helvídio Nunes no CPDOC». Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  11. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Helvídio Nunes». Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  12. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Dirceu Arcoverde no CPDOC». Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  13. SANTOS, José Lopes dos. A eleição de um líder (e a consolidação de um esquema político). 1ª edição. Rio de Janeiro, Artenova, 1978. Apêndice.
  14. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Dirceu Arcoverde». Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  15. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Alberto Silva no CPDOC». Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  16. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Alberto Silva». Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  17. BRASIL. Senado Federal. «Anais do Senado Federal». Consultado em 21 de fevereiro de 2011 
  18. BRASIL. Senado Federal. «Decreto-Lei n.º 1.541 de 14/04/1977». Consultado em 21 de fevereiro de 2023 
  19. BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.543 de 14/04/1977». Consultado em 21 de fevereiro de 2023 
  20. Redação (1 de setembro de 1978). «Menos de dez mil votos elegeram 22 senadores. Política e Governo – p. 04». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 4 de junho de 2018 
  21. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.534 de 23/05/1978». Consultado em 21 de fevereiro de 2023 
  22. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 13 de maio de 2024 
  23. a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 4 de novembro de 2014 
  24. Redação (22 de novembro de 1978). «Oposição não chega aos 70 mil votos no Piauí e não elege deputados. Eleições – p. 06». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 5 de maio de 2019 
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