Caryocaraceae

Família de plantas com flor, da ordem Malpighiales, com 2 géneros e cerca de 26 espécies, entre as quais a noz pequi.
(Redirecionado de Rhizobolaceae)

Caryocaraceae é uma pequena família de plantas com flor, pertencente à ordem Malpighiales, que agrupa dois géneros e cerca de 26 espécies,[3] com distribuição natural exclusivamente neotropical, ocorrendo nas regiões de clima tropical da América Central, América do Sul e Caraíbas.[4][5]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCaryocaraceae
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Caryocaraceae
Voigt[1]
Géneros
Sinónimos[2]
Anthodiscus obovatus (ilustração).
Caryocar nuciferum (gravura de Flore des serres et des jardins de l’Europe de Charles Lemaire).
Caryocar brasiliense (hábito).
Frutos de Caryocar brasiliense (pequi) à venda em Cuiabá, Mato Grosso.
Fruto de Caryocar villosum.

Descrição

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A maior parte dos membros da família Caryocariaceae são árvores (mesofanerófitos), mas algumas espécies são arbustos ou subarbustos. Estas plantas apresentam folhas perenes, comostas, coreáceas, pecioladas, ternadas ou bipinadas. As flores são hermafroditas agrupadas em inflorescências racemosas terminais. O fruto é uma drupa, que apesar de ser comestível em alguns casos pode ser noutros venenoso.

Morfologia

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Todas as espécies desta família são plantas lenhosas perenifólias, principalmente árvores, raramente arbustos, produzindo todas elas madeiras duras. Apresentam uma camada superficial de câmbio cortical, com o crescimento secundário do tronco baseado num anel de câmbio convencional. A filotaxia das folhas é raramente espiralada, por vezes alternada (em Anthodiscus), geralmente oposta (em Caryocar). As folhas são divididas em pecíolo e lâmina foliar, com a lâmina foliar coreácea geralmente trifoliolada, por vezes com 5 folíolos. As folhas apresentam nervação peninérvea, apresentam raramente bordos quase lisos, geralmente serrados ou dentados. A maioria das espécies não tem estípulas presentes.

As flores ocorrem geralmente em inflorescências racemosas, sem brácteas. As flores são grandes, de simetria radial (actinomórficas), hermafroditas, geralmente pentâmeras, raramente hexâmeras, com duplo perianto. As cinco ou seis sépalas são fundidos na base. As cinco ou seis pétalas são fundidas na base, formando uma curta estrutura tubular. As flores contêm 50 a 200 estames particularmente longos, que se desenvolvem centrifugamente, livres (não são fundidos com as pétalas). Algumas espécies têm os estames mais internos reduzidos a estaminódios. Os grãos de pólen geralmente têm três (duas a seis) aberturas e são colporados ou rugatos. Quatro a vinte carpelos ocorrem fundidos a um ovário sincárpico súpero, de quatro a vinte lóculos, com apenas um óvulo ortoprópico a anatrópico, bitegmático em cada lóculo. Existem quatro a vinte estiletes livres.

As espécies do género Caryocar são polinizadas por morcegos (Chiroptera) sendo por isso tipicamente quiropterofílicas.

O fruto é geralmente um esquizocarpo ou uma drupa carnosa ou coreácea. O mesocarpo por vezes é venenoso, mas muitas vezes é comestível. As sementes são em forma de rim. O embrião está bem desenvolvido. O hipocótilo é espiralado e muito rico em óleo e proteína.

O número cromossómico básico é x = 23.

Os frutos e sementes de pelo menos oito espécies do género Caryocar são utilizados para alimentação humana (crus ou apenas cozidos) ou para produção de óleos vegetais.

A madeira dura de várias espécies de Caryocar é muito apreciado, por exemplo, para construção de canoas e outras pequenas embarcações.

Os frutos de espécies de ambos os géneros são usados como veneno na captura de peixes. Este uso resulta da presença nesta família de teores elevados em triterpenos, nomeadamente em saponinas, compostos muito tóxicos para os peixes, mas também tóxicos para outros animais, incluindo os humanos.

Filogenia e sistemática

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A família Caryocaraceae foi publicada em 1845 na obra póstuma de Joachim Otto Voigt intitulada Hortus Suburbanus Calcuttensis. A retomada da família, em publicação feita por Ignaz von Szyszylowicz na obra de Engler e Prantl: Nat. Pflanzenfam. 3, 6, p. 153 ocorreu em 1893. O género tipo é Caryocar L.. Entre os sinónimos taxonómicos para Caryocaraceae Voigt contam-se Rhizobolaceae DC. e Simabaceae Horan..

Filogenia

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Um estudo de filogenética molecular, realizado em 2012, usou dados resultantes da análise de um número alargado de genes e por essa via obteve uma árvore filogenética com maior resolução que a disponível nos estudos anteriormente realizados.[6] Nesse estudo foram analisados 82 genes de plastídeos de 58 espécies (a problemática família Rafflesiaceae não foi incluída), usando partições identificadas a posteriori pela aplicação de um modelo de mistura com recurso a inferência bayesiana. Esse estudo identificou 12 clados adicionais e 3 clados basais de maior significância.[6][7] A posição da família Caryocaraceae no contexto da ordem Malpighiales é a que consta do seguinte cladograma:

Oxalidales (grupo externo)

Malpighiales
euphorbioides

Peraceae

  

Rafflesiaceae

  

Euphorbiaceae

phyllanthoides

Picrodendraceae

Phyllanthaceae

linoides

Linaceae

Ixonanthaceae

clado parietal 
salicoides

Salicaceae

Scyphostegiaceae

Samydaceae

Lacistemataceae

Passifloraceae

Turneraceae

Malesherbiaceae

Violaceae

Goupiaceae

Achariaceae

Humiriaceae

clusioides

Hypericaceae

Podostemaceae

Calophyllaceae

Clusiaceae

Bonnetiaceae

ochnoides

Ochnaceae

Quiinaceae

Medusagynaceae

Rhizophoraceae

Erythroxylaceae

Ctenolophonaceae

Pandaceae

Irvingiaceae

chrysobalanoides

Chrysobalanaceae

Euphroniaceae

Dichapetalaceae

Trigoniaceae

Balanopaceae

malpighioides

Malpighiaceae

Elatinaceae

Centroplacaceae

Caryocaraceae

putranjivoides

Putranjivaceae

Lophopyxidaceae

Sistemática

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A família foi descrita por Joachim Otto Voigt e publicada em 1845 na obra Hortus Suburbanus Calcuttensis, p. 88. 1845.[8] O género tipo é Caryocar. O grupo taxonómico é exclusivo do Neotropis, com a sua maior expressão na bacia do Amazonas, onde tem centro de diversidade.

A família contém os seguintes géneros e espécies:[9][10][11]

Referências

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  1. Angiosperm Phylogeny Group (2009), «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III», Botanical Journal of the Linnean Society, 161 (2): 105–121, doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x, consultado em 10 de dezembro de 2010, arquivado do original em 25 de maio de 2017 
  2. USDA, ARS, National Genetic Resources Program. Germplasm Resources Information Network - (GRIN) [Online Database]. National Germplasm Resources Laboratory, Beltsville, Maryland. URL: «Copia archivada». Consultado em 24 de outubro de 2013. Cópia arquivada em 29 de outubro de 2013 .
  3. Christenhusz, M. J. M.; Byng, J. W. (2016). «The number of known plants species in the world and its annual increase». Magnolia Press. Phytotaxa. 261 (3): 201–217. doi:10.11646/phytotaxa.261.3.1 
  4. Kew World Checklist of Selected Plant Families, search for Caryocaraceae
  5. Tropicos, Caryocaraceae Voigt .
  6. a b Xi, Z.; Ruhfel, B. R.; Schaefer, H.; Amorim, A. M.; Sugumaran, M.; Wurdack, K. J.; Endress, P. K.; Matthews, M. L.; Stevens, P. F.; Mathews, S.; Davis, C. C. (2012). «Phylogenomics and a posteriori data partitioning resolve the Cretaceous angiosperm radiation Malpighiales». Proceedings of the National Academy of Sciences. 109 (43). 17519 páginas. PMC 3491498 . PMID 23045684. doi:10.1073/pnas.1205818109 
  7. Catalogue of Organisms: Malpighiales: A Glorious Mess of Flowering Plants
  8. «Caryocaraceae». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 24 de outubro de 2013 
  9. a b c Robert E. Woodson, Robert W. Schery, Ghillean T. Prance: Flora of Panama. Part VI. Family 120. Caryocaraceae. In: Annals of the Missouri Botanical Garden, Band 63, Nr. 3, 1976, S. 541–546.
  10. «Caryocaraceae». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN) 
  11. a b c d e f g h i j k Rafaël Govaerts (Hrsg.): Caryocaraceae - Datenblatt bei World Checklist of Selected Plant Families des Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew. Zuletzt eingesehen am 14. Mai 2017

Bibliografia

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  • Davidse, G., M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera. 2015. Erythroxylaceae a Icacinaceae. 3(2): ined. In G. Davidse, M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera (eds.) Fl. Mesoamer.. Universidad Nacional Autónoma de México, México.
  • Idárraga-Piedrahita, A., R. D. C. Ortiz, R. Callejas Posada & M. Merello. (eds.) 2011. Fl. Antioquia: Cat. 2: 9–939. Universidad de Antioquia, Medellín.
  • Nelson, C. H. 2008. Cat. Pl. Vasc. Honduras 1–1576.
  • Prance, G. 1976 [1977]. Flora of Panama, Part VI. Family 120. Caryocaraceae. Ann. Missouri Bot. Gard. 63(3): 541–546. View in BotanicusView in Biodiversity Heritage Library
  • Prance, G. T. 1987. An update on the taxonomy and distribution of the Caryocaraceae. Opera Bot. 92: 179–183.
  • Die Familie der Caryocaraceae bei der APWebsite. (Abschnitt Beschreibung)
  • Die Familie der Caryocaraceae bei DELTA von L. Watson & M. J. Dallwitz. (Abschnitt Beschreibung)

Ver também

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Ligações externas

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