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Humanismo[1] é a filosofia moral que coloca os humanos como os principais numa escala de importância, no centro do mundo. É uma perspectiva comum a uma grande variedade de posturas éticas que atribuem a maior importância à dignidade, aspirações e capacidades humanas, particularmente a racionalidade. Embora a palavra possa ter diversos sentidos, o significado filosófico essencial destaca-se por contraposição ao apelo ao sobrenatural ou a uma autoridade superior.[2][3]

Desde o século XIX, o humanismo tem sido erroneamente associado ao anticlericalismo, onde, na verdade se associa ao antropocentrismo renascentista e o laicismo dos filósofos iluministas. O termo abrange diversos tipos de pensadores não teístas, o humanismo secular e uma das posturas de vida humanista.[4]

A primeira organização humanista no Brasil é a Organização Humanista Internacional, fundada sob posturas iluministas, se tornando os herdeiros do iluminismo histórico no país e sendo os responsáveis por desenvolver tal herança, tanto para essa quanto para as gerações seguintes.[5]

Vertentes do humanismo editar

 
Marsílio Ficino (esq.), Cristoforo Landino, Angelo Poliziano e Demetrio Calcondila, Santa Maria Novella (Florença).

Os humanistas, como o nome indica, são mais empiristas e menos espirituais; são geralmente associados a cientistas e académicos, embora a filosofia não se limite a esses grupos. Têm preocupação com a ética e afirmam a dignidade do ser humano, recusando explicações transcendentais e preferindo o racionalismo. Geralmente são humanistas os deístas, panteístas, agnósticos, ignósticos ou ainda ateus.

  • Humanismo cristão: o humanismo cristão, também chamado de religiosismo, é uma corrente em que a liberdade e o individualismo humanos são partes intrínsecas (naturais), ou pelo menos compatíveis com, a doutrina e a prática cristãs. É uma união filosófica de princípios cristãos e humanistas.
  • Humanismo renascentista: o humanismo renascentista[6] propõe o antropocentrismo. O antropocentrismo era a ideia de "o homem ser o centro do pensamento filosófico", ao contrário do teocentrismo, a ideia de "Deus no centro do pensamento filosófico". O antropocentrismo surgiu a partir do renascimento cultural.
  • Humanismo positivista: o humanismo positivista comtiano afirma o ser humano e rejeita a teologia e a metafísica. A forma mais profunda e coerente do humanismo comtiano é sua vertente religiosa, ou seja, a Religião da Humanidade, que propõe a substituição moral, filosófica, política e epistemológica das entidades supranaturais (os deuses ou as entidades abstratas da metafísica) pela concepção de Humanidade. Além disso, afirma a historicidade do ser humano e a necessidade de uma percepção totalizante do homem, ou seja, que o perceba como afetivo, racional e prático ao mesmo tempo.
  • Humanismo logosófico: o humanismo logosófico propõe, ao ser humano, a realização de um processo de evolução que o leve a superar suas qualidades até alcançar a excelência de sua condição humana. González Pecotche afirma que o humanismo logosófico "parte do próprio ser sensível e pensante, que busca consumar, dentro de si, o processo evolutivo que toda a humanidade deve seguir. Sua realização nesse sentido haverá, depois, de fazer, dele, um exemplo real daquilo que cada integrante da grande família humana pode alcançar".[7]
  • Humanismo marxista: o humanismo marxista é a linha interpretativa de textos de Karl Marx, geralmente oposta ao materialismo dialético de Friedrich Engels e de outras linhas de interpretação que entendem o marxismo como ciência da economia e da história. É baseado nos manuscritos da adolescência de Marx, nos quais ele critica o idealismo hegeliano que apresenta a história da Humanidade como realização do espírito. Para Marx, o Homem é antes de tudo parte da Natureza mas, diferentemente de Feuerbach, considera que o ser humano possui uma característica que lhe é particular, a consciência - que se manifesta como saber. Segundo Salvatore Puledda, em Interpretaciones del Humanismo, "através de sua atividade consciente o ser humano se objetiva no mundo natural, aproximando-o sempre mais de si, fazendo-o cada vez mais parecido com ele: o que antes era simples natureza, agora se transforma em um produto humano. Portanto, se o homem é um ser natural, a natureza é, por sua vez, natureza humanizada, ou seja, transformada conscientemente pelo homem."
  • Humanismo universalista: o humanismo universalista do Movimento Humanista possui como um dos principais valores o de ser internacionalista, aspira uma nação humana universal, porém não quer um mundo uniforme, mas sim um mundo múltiplo, múltiplo em etnias, línguas e costumes; múltiplos nas crenças, no ateísmo e na religiosidade; o humanismo universalista não quer dirigentes nem chefes, nem ninguém que se sinta representante de nada. Outro valor de suma importância pertencente ao humanismo universalista é a não-violência ativa como meio de atuação no mundo. O fundador desta vertente humanista (Mario Rodrigues Luis Cobos) diz: "Nada acima do ser humano e nenhum humano abaixo de outro".

Humanismo Renascentista editar

Os humanistas editar

Os humanistas eram intelectuais que estabeleciam uma ligação cultural entre sua própria era e a saudosa época da Antiguidade. Tais indivíduos presumiam que representavam um novo elemento na sociedade em que estavam inseridos. Diante disso, é possível considerar os humanistas como sucessores dos clerici vagantes, estudantes letrados do século XII que caminhavam pelas cidades em busca de novos conhecimentos, já que ambos possuíam motivações semelhantes e escreviam textos que resgatavam aspectos pagãos. Logo, contrastando com a Idade Média, um período predominantemente eclesiástico e liderado pela Igreja Católica, surgiu uma outra civilização, cujo intuito não seria confrontar os princípios da religiosidade, mas sim recuperar a essência da cultura greco-romana. Nesse contexto, as principais figuras do Humanismo adquiriram prestígio, porque estudavam os assuntos de interesse dos antigos, tentavam reproduzir seus estilos de escrita e buscavam pensar da maneira que eles pensavam[8].

Durante o século XIV, na cidade de Florença, que foi considerada o berço do Renascimento, já havia vários intelectuais humanistas que se dedicavam às artes. Além disso, existiam pessoas das camadas mais baixas da sociedade que sabiam ler e importantes manuscritos italianos pertenciam a artesãos de Florença. Em face desse desenvolvimento, os florentinos passaram a ser vistos com admiração na Europa e conquistaram o respeito do Papa Bonifácio VIII[8].

A partir da ascensão do Humanismo no século XV, o indivíduo começou a buscar na Antiguidade a solução dos problemas e, por conseguinte, possibilitou que os textos literários estivessem repletos de referências à cultura clássica. Dessa forma, a civilização do século XIV foi responsável por iniciar o processo que desencadeou o posterior êxito desse movimento cultural e algumas das principais figuras da memória nacional italiana abriram as portas para a devoção ao período antigo.

Entre essas figuras, encontra-se Dante Alighieri, um escritor, poeta e político de Florença. Ele foi um dos primeiros a utilizar os traços da Antiguidade como diretriz intelectual. Em sua célebre obra, A Divina Comédia, Dante enxerga os mundos antigo e cristão como universos paralelos. O poeta oferece ao leitor interpretações cristãs e pagãs para eventos semelhantes, o que era feito em uma época que precedeu a Idade Média, quando se buscava tipos e antítipos no Novo e Velho Testamentos. É importante destacar que, pelo fato de Dante estar inserido em uma época de domínio da Igreja Católica, enquanto a versão cristã das lendas era bastante conhecida pela sociedade, a antiga era praticamente ignorada, porém repleta de revelações.[8]

Outro representante dessa época foi Francesco Petrarca, um poeta e humanista italiano. Ele conquistou o prestígio entre seus coetâneos por parecer um personagem vivo da Antiguidade, porquanto se dedicava a imitar o estilo da poesia latina e pretendia não superar os feitos dos poetas antigos, mas sim disseminá-los na sociedade. Ademais, Petrarca também escreveu cartas que, por serem importantes tratados sobre temas da Antiguidade, adquiriram grande fama em um tempo no qual não havia manuais impressos.

O mesmo processo ocorreu com Giovanni Boccaccio. Durante dois séculos, ele já era renomado entre as nações europeias por conta de suas compilações latinas sobre mitologia, geografia e biografia. Em um de seus livros, “De genealogia deorum gentilium”, há um apêndice em que o autor aborda o papel exercido pelo Humanismo sobre a sua época. Os oponentes que ele diz combater são os homens ignorantes, preocupados apenas com os prazeres carnais; os juristas ambiciosos, segundos os quais a poesia era inútil, pois não trazia dinheiro; e os frades mendicantes, os quais espalhavam acusações de paganismo e indecência[8]. Após isso, Boccaccio faz um elogio à poesia e à definição que o homem deve aplicar a ela.

Além disso, Boccaccio esclarece a nova relação que a sua era tinha com o paganismo. Dessa maneira, a conjuntura era completamente diferente durante o início do Cristianismo, momento em que a Igreja queria se fortalecer como instituição e tinha de se esforçar para afastar os pagãos. No contexto do século XIV, a verdadeira religião estava consolidada, o paganismo instinto e a Igreja Católica já havia alcançado o poder[8]. Portanto, era possível estudar e discutir sobre o paganismo sem riscos. Tal justificativa acabou sendo utilizada em situações posteriores para defender a existência do Renascimento.

Por fim, iniciava-se um novo interesse na sociedade e aparecia um grupo de intelectuais para defendê-lo. Com isso, a principal certeza da consciência popular era que o esplendor da Antiguidade se tornara um dos principais símbolos da glória italiana.[8]

Humanistas notórios: Giannozzo Manetti, Marsílio Ficino, Erasmo de Roterdão, Guilherme de Ockham, Carlos Bernardo González Pecotche, Francesco Petrarca, François Rabelais, Giovanni Pico della Mirandola, Thomas More, Andrea Alciato, Auguste Comte.

Humanistas contemporâneos: Sanderson Jones, Pippa Evans, Henrique Tabalipa, Greg Epstein, Phillip Kalmanson.

As visões sobre o homem editar

Um aspecto fundamental do Humanismo renascentista foi a dedicação em compreender uma "natureza humana". A princípio, o foco não foi buscar construir uma teoria estruturada acerca dessa natureza, mas sim observá-la e descrevê-la. Dessa maneira, tanto intelectuais como poetas deram um mergulho em direção à introspecção.

Os sonetos italianos do século XIV de poetas como Petrarca e Dante Alighieri dedicam muitas de suas estrofes ao trabalho de descrever os sentimentos e as sensações do eu-lírico. As tragédias de Shakespeare exploram as contradições e as aflições de seus protagonistas. As pinturas com auto-representação e inclusão dos próprios artistas também eram presentes na Renascença italiana. Em obras como a Escola de Atenas de Rafael Sânzio e Anunciação de Pinturicchio, é possível observar o autorretrato destes artistas.[9]

A construção desta nova maneira de enxergar a sociedade nasce na elite da Florença renascentista, onde a autoconsciência e individualismo começam a se afirmar, opondo-se a visão de mundo presente durante todo o período da Idade Média, em que o indivíduo se enxergava como parte de um grupo ou povo, pertencente sempre a alguma categoria geral. [10]

As autobiografias, ou mais precisamente diários em primeira pessoa, deste período confirmam esta autoconsciência[10]. Os livros de conduta também auxiliavam na estruturação da compressão do eu, contribuindo para a autoconsciência do leitor na arte de desempenhar o seu papel social.[10]

Educação Humanista editar

Transição do modelo de educação:

Entre as novas descobertas feitas com relação ao homem, temos que considerar, em conclusão, o interesse pela descrição da vida cotidiana [11]. E de fato, no período renascentista, o humanismo cumpriu com o papel de apresentar uma nova visão de mundo, decretando uma mudança e renovação no padrão de estudo ministrado nas universidades tradicionais.[12]  Os centros de informação pré-humanistas estavam empenhados em ensinar apenas as três carreiras tradicionais: medicina, direito e teologia. Esse empenho transmitia uma concepção estática, hierárquica e dogmática da sociedade e natureza. Entretanto, as transformações históricas responsáveis pelas quebra das condições de existência da época (feudalismo) criaram uma nova base educacional inspirada em uma nova visão do mundo.

Esta visão de mundo trouxe alguns pontos a serem debatidos pelos humanistas, estes pontos são: a inspiração na cultura antiga, que se baseia em uma forma diferente de ler o evangelho, procurando novos significados e interpretações e apoiando-se na Antiguidade; a crítica da cultura tradicional, que é a atividade crítica voltada para a percepção da mudança, criando um choque principalmente entre os teólogos; a perseguição às ideias opositoras, como aconteceu com Galileu Galilei, que foi obrigado a negar as descobertas referentes ao heliocentrismo; a diversidade, que é a interpretação de documentos da cultura antiga da forma que mais convém à pergunta de quem os lê, ou seja, o início do desenvolvimento de uma atitude científica, já que muitas vezes os documentos eram lidos com uma visão mais racional; a religião renovada e ordem política estável, mesclando o individualismo que os humanistas exigiam da religião (humanismo cristão) com as dúvidas existentes sobre o processo de formação dos povos e dos sistemas estáveis de ordem política; e os utopistas, que pensavam no tema da comunidade ideal, puramente imaginária, onde os homens viviam e trabalhavam felizes, estando fartos, em paz, sem se preocupar com o exterior.

Studia Humanitatis

O Studia Humanitatis foi o programa de estudos humanos utilizado como base pelos humanistas para atualizar os estudos tradicionais herdados da Idade Média. Eram incluídos, neste programa, os estudos sobre a filosofia, história, matemática, poesia e eloquência (fusão entre os estudos de retórica e filosofia) [12]. Pier Paolo Vergerio é um dos primeiros humanistas a identificar os Studia Humanitatis como o melhor método de estudo para uma elite não-clerical.[13]

A retórica neste modelo de educação teria sido utilizada pelos Humanistas para confrontar a filosofia escolástica.  O estudo de história é explícito no interesse dos humanistas em historiadores clássicos da Roma Antiga (Tácito, Sallustius, etc) e, posteriormente, com a migração vinda de Constantinopla, em manuscritos gregos. Para os humanistas, a história fazia parte da filosofia moral. No campo poético, os humanistas (em especial, Francesco Petrarca) teriam sido uma grande influência nos poetas renascentistas da Itália, França e Inglaterra durante o Renascimento.

A importância do estudo da filosofia moral, para os humanistas, cabia no sentido de refletir sobre questões morais da vivência humana. É neste período que são popularizadas as correntes filosóficas gregas do Estoicismo de Epiteto, Epicurismo de Lucrécio e o Ceticismo de Sexto Empírico na Europa Renascentista. [14]

O Humanismo do Norte editar

De acordo com o historiador Lewis Spitz, a ascensão do Humanismo do Norte aconteceu a partir de duas direções principais. A primeira acredita que esse movimento se originou da admissão do Renascimento italiano. A segunda visão enxerga que o Humanismo nórdico teve um diálogo com o passado medieval.[15][16]

O historiador Charles Nauert concorda com a primeira ideia, pois, apesar de julgar que a Devotio Moderna foi um fator que motivou a origem do Humanismo do Norte, a principal inspiração deste foi a influência italiana[17]. Logo, embora a Itália possuísse uma cultura e uma sociedade diferentes do norte durante os séculos XIV e XV, havia poucas discrepâncias na religião, política e rotas comerciais com outras regiões europeias. Diante disso, além de indivíduos, livros e concepções atravessavam os Alpes.[17][15]

Durante a transição da Idade Média para a Moderna, a Germânia não tinha uma corte poderosa. Contudo, muitos de seus estados independentes conquistaram uma educação autônoma e criaram as suas próprias universidades. Tendo isso em vista, regiões como Nuremberg, Augsburg e Strasbourg eram chefiadas por mercadores ricos e senhores de terras, os quais tinham algumas semelhanças com as famílias influentes na Itália. Tais indivíduos negociavam com as principais cidades italianas, mandavam seus filhos para estudar lá e, constantemente, consideravam a cultura humanista da Itália mais interessante que a educação escolástica das universidades.[17]Todavia, Spitz afirma que outros aspectos influenciaram tanto a formação dos humanistas nórdicos durante os séculos XV e XVI como a constituição de suas características principais, o que fez esse movimento ser chamado de “Humanismo cristão”. Entre as influências mais evidentes, Spitz apresenta a Devotio Moderna, o misticismo germânico e o platonismo. No entanto, a primeira foi a que exerceu o papel mais expressivo.[16]

Segundo o escritor, a Devotio Moderna fez parte de quase todos os humanistas do Norte direta ou indiretamente. Esse movimento foi iniciado pela “Irmandade da Vida Comum”, um grupo criado pelo teólogo Gerhard Groot que preconizava uma interiorização da fé, uma vida de devoção privada, a humildade e o papel do autoconhecimento no caráter dos fiéis. Em um primeiro momento, a irmandade se propagou pelos Países Baixos, mas depois chegou à Germânia e Saxônia, onde foram estabelecidas escolas e hospedarias para alunos pobres e prensas para a difusão de uma literatura fundamentada pela religiosidade.[16][15]

Ademais, tal qual os intelectuais italianos, a maneira usada pelos humanistas do Norte para interpretar os autores da Antiguidade foi se propor a descobrir o sentido que os textos e as palavras possuíam originalmente. Assim como na Itália, os humanistas nórdicos também estavam preocupados com a verdadeira relevância das obras antigas, e não unicamente com o estilo e a forma.[15]

Contudo, havia importantes diferenças entre o Humanismo dos dois locais. No norte, ele se destacou pelo foco nos estudos de filologia bíblica e pelo comprometimento com questões religiosas. Dessa forma, Lewis Spitz afirma que isso aconteceu pois, além da influência da Devotio Moderna, o Renascimento italiano não se espalhou com grande alcance no norte europeu.[16][15]

Adaptações do humanismo editar

Como se sabe, o Humanismo teve inúmeras vertentes. Por conta disso, deve-se afirmar que não há de fato uma queda do Humanismo, mas sim uma adaptação do mesmo, isto é, o Humanismo cristão se modificou para o renascentista, depois para o positivista, até que este chegasse ao universalista.  

Porém, de acordo com Peter Sloterdijk, filósofo e historiador alemão, partindo do princípio de que o Humanismo tinha como objetivo principal tornar os bárbaros mais humanos, menos brutos e melhores como seres humanos, essa corrente de pensamento, em principal o humanismo clássico ou tradicional, se perde a partir de novas formas de comunicação que surgiram na época moderna, essas que, por sua vez tinham o intuito de expandir o movimento humanista. Dessa forma, o declínio do movimento se dá a partir do conflito entre os instintos naturais humanos, que são ressaltados nessa corrente, e os interesses sociais que haviam sido deixados de lado. [18]

Além disso, alguns pensadores tratam a queda do humanismo, por assim dizer, como um evento de fato canônico. Entretanto, ao tratar o humanismo desta maneira, estaremos menosprezando a grandiosidade do evento histórico, pois este esteve por anos - e está até hoje - impregnado no pensamento das ciências humanas, estruturando as suas raízes por toda a construção intelectual.[19]

Em suma, às vezes o conceito de Humanismo é reduzido em grande parte à época do Renascimento, talvez por conta da sua forte influência nas artes e na filosofia, o que torna toda a questão de enxergar o Humanismo mais amplamente.

Escola literária editar

Também há a escola literária chamada humanismo,[20] que surgiu no século XIV, perdurando até o final do século XV, através do humanismo que surge o Renascimento. Nesse período, destacam-se as prosas doutrinárias, dirigidas à nobreza. Já as poesias, que eram cultivadas por fidalgos, utilizavam o verso de sete e de cinco silabas, respectivamente a redondilha maior e menor. Entre os autores dessa poesia palaciana,[21] reunida no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, destacam-se Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, Jorge de Aguiar, João Roiz de Castel-Branco, Jorge d' Aguiar, Aires Teles, Gil Vicente, entre outros.[22][23]

Referências editar

  1. Maurício Renner (10 de junho de 2016). «Gartner: é hora do humanismo digital». baguete. Consultado em 12 de junho de 2016. Cópia arquivada em 12 de junho de 2016 
  2. Compact Oxford English Dictionary. [S.l.]: Oxford University Press. 2007. humanism n. 1 a rationalistic system of thought movement that turned away from medieval scholasticism and revived interest in ancient Greek and Roman thought.  Typically, abridgments of this definition omit all senses except #1, such as in the Cambridge Advanced Learner's Dictionary, Collins Essential English Dictionary, and Webster's Concise Dictionary. New York: RHR Press. 2001. 177 páginas 
  3. «Definitions of humanism (subsection)». Institute for Humanist Studies. Consultado em 16 de janeiro de 2007. Arquivado do original em 18 de janeiro de 2007 
  4. Edwords, Fred (1989). «What Is Humanism?». American Humanist Association. Consultado em 19 de agosto de 2009. Arquivado do original em 30 de janeiro de 2010. Secular and Religious Humanists both share the same worldview and the same basic principles... From the standpoint of philosophy alone, there is no difference between the two. It is only in the definition of religion and in the practice of the philosophy that Religious and Secular Humanists effectively disagree. 
  5. «humanista». humanista. Consultado em 25 de março de 2017 
  6. «Humanismo». TodaMatéria. Consultado em 12 de junho de 2016. Cópia arquivada em 6 de maio de 2016 
  7. González Pecotche, Carlos Bernardo (2007). "O Mecanismo da Vida Consciente". Editora Logosófica, 14ª edição, Cap. 12.
  8. a b c d e f BURCKHARDT, Jacob (1991). A Cultura do Renascimento na Itália. Brasília: Editora UnB. pp. 121–125. ISBN 85-230-0266-9 
  9. BURCKHARDT, Jacob (1991). A cultura do renascimento da itália. Brasília: Editora Universidade de Brasília. pp. 184–211. ISBN 8523002669 
  10. a b c BURKE, Peter (2010). O renascimento italiano: Cultura e sociedade na Itália. São Paulo: Nova Alexandria. pp. 229–238. ISBN 9788574922447 
  11. BURCKHARDT, Jacob (1991). A Cultura do Renascimento na Itália. Um ensaio. Brasília: Universidade de Brasília. p. 211 
  12. a b SEVCENKO, Nicolau (1986). O Renascimento. São Paulo: Editora da Universidade Estadual de Campinas. p. 15-22. 8 páginas 
  13. VERGERIO, Pier Paolo (1402). De ingenuis moribus et liberalibus studiis. [S.l.: s.n.] 
  14. «Humanism - Renaissance - Development Of The Studia Humanitatis». science.jrank.org (em inglês). Consultado em 25 de junho de 2023 
  15. a b c d e AMARO, Rachel Jaccoud R (2010). «Formas de narrar o passado: o humanismo cristão do início do século XVI e Albrecht Dürer» (PDF). Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ars Historica. v. 1 (n. 1): 6-7. Consultado em 26 de junho de 2023  line feed character character in |título= at position 28 (ajuda)
  16. a b c d SPITZ, Lewis W. (1963). The Religious Renaissance of the German Humanist. Cambridge: Harvard University Press. pp. 4–8 
  17. a b c NAUERT, Charles G. (2006). Humanism and the Culture of Renaissance Europe. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 102–106 
  18. SLOTERDIJK, P. (2000). Regras para gerir o parque humano. São Paulo: Estação Liberdade 
  19. HEIDEGGER, M. (1987). Carta sobre o Humanismo. Lisboa: Guimarães Editores 
  20. «Resumo de Humanismo (Literatura Brasileira)». Resumos de Literatura. Março de 2014. Consultado em 12 de junho de 2016. Cópia arquivada em 2 de dezembro de 2015 
  21. Teoria literária - A Poesia palaciana.
  22. Humanismo - Literatura e Arte
  23. Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende (resenha).

Ligações externas editar