A Diocese de Angra, frequentemente referida incorretamente como Diocese de Angra e Ilhas dos Açores, foi criada pelo Papa Paulo III através da Bula Aequum Reputamus, de 5 de Novembro de 1534. A Diocese abrange todo o arquipélago dos Açores e tem a sua sede na cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. No dia 4 de novembro de 2022, o Papa Francisco nomeou D. Armando Esteves Domingues para suceder D. João Lavrador como bispo de Angra, tornando-se assim o 40º bispo de Angra.

Diocese de Angra
Angrensis
Diocese de Angra
Sé Catedral de Angra do Heroísmo
Localização
País Portugal
Território A Diocese de Angra engloba toda o território da Região Autónoma dos Açores
Arquidiocese metropolitana Patriarcado de Lisboa
Estatísticas
Área 2 243 km²
Informação
Denominação Católica Romana
Rito Romano
Criação 5 de novembro de 1534
Catedral Sé Catedral de Angra do Heroísmo
Padroeiro(a) São Salvador do Mundo
Beato João Baptista Machado
Governo da diocese
Bispo D. Armando Esteves Domingues
Jurisdição Diocese
Página oficial Diocese de Angra
dados em catholic-hierarchy.org

História editar

No que respeita à organização religiosa, os Açores, como as restantes terras do além-mar português, começaram por estar sujeitas à jurisdição espiritual da Ordem de Cristo, exercida pelo vigário nullius de Tomar, que mandava visitar as ilhas por representantes, os chamados bispos de anel. Ao ser criado o bispado do Funchal (1514), o arquipélago passou para a jurisdição deste.

A pedido de D. João III de Portugal, o papa Clemente VII criou o bispado de São Miguel (1533), mas faleceu antes da bula respectiva ter sido expedida. No ano seguinte, o recém-eleito papa Paulo III pela bula Aequum reputamus erigiu o bispado de São Salvador do Mundo, dando-lhe por catedral a igreja do mesmo nome na cidade de Angra.

A diocese de Angra ficou sé sufragânea do arcebispo do Funchal até 1550, data em que passou para a dependência da metrópole de Lisboa.

Em 2007 esta Diocese contava com 231 mil católicos num total de 242 mil açorianos. Deste total cerca de 56% dos católicos são praticantes. Possui um total de 172 paróquias ou equiparadas com 134 sacerdotes diocesanos. Possui 96 paróquias com pároco próprio. Conta com 10 religiosos professos não sacerdotes e 160 religiosas professas residentes.[1]

Lista dos bispos da Diocese de Angra editar

Desde a sua fundação, a Diocese de Angra foi governada pelos seguintes bispos:

  1. D. Agostinho (I) Ribeiro (1534-1540)
  2. D. Rodrigo Gomes Pinheiro (1540-1552)
  3. D. Frei Jorge de Santiago, O.P. (1552-1561)
  4. D. Manuel (I) de Almada (1564-1567)
  5. D. Nuno Álvares Pereira (1568-1570)
  6. D. Gaspar de Faria (1571-1576)
  7. D. Pedro (I) de Castilho (1578-1583)
  8. D. Manuel (II) de Gouveia (1584-1596)
  9. D. Jerónimo Teixeira Cabral (1600-1612)
  10. D. Frei Agostinho (II) de São Gonçalo Ribeiro (1614-1621), antes bispo de Ceuta e bispo de Tânger
  11. D. Pedro (II) da Costa Leal (1623-1625)
  12. D. João (I) Pimenta de Abreu (1626-1632)
  13. D. Frei António (I) da Ressurreição, O.P. (1635-1637)
  14. D. Frei Lourenço de Castro, O.P. (1671-1678)
  15. D. Frei João (II) dos Prazeres, O.F.M. (1683-1685)
  16. D. Frei Clemente Vieira, O.A.D. (1688-1692)
  17. D. António (II) Vieira Leitão (1694-1714)
  18. D. João (III) de Brito e Vasconcelos (1718)
  19. D. Manuel (III) Álvares da Costa (1721-1733)
  20. D. Frei Valério do Sacramento, O.F.M. Cap. (1738-1757)
  21. D. António (III) Caetano da Rocha (1758-1772)
  22. D. Frei João (IV) Marcelino dos Santos Homem Aparício (1774-1782)
  23. D. Frei José (I) da Avé-Maria Leite da Costa e Silva (1783-1799)
  24. D. José (II) Pegado de Azevedo (1802-1812)
  25. D. Frei Alexandre da Sagrada Família, O.F.M. (1816-1818)
  26. D. Frei Manuel (IV) Nicolau de Almeida, O.C.D. (1820-1825)
  27. D. Frei Estêvão de Jesus Maria, O.F.M. (1827-1870)
  28. D. João (V) Maria Pereira de Amaral e Pimentel (1872-1889)
  29. D. Francisco (I) Maria do Prado Lacerda (1889-1891)
  30. D. Francisco (II) José Ribeiro de Vieira e Brito (1892-1902)
  31. D. José (III) Manuel de Carvalho (1902-1904)
  32. D. José (IV) Correia Cardoso Monteiro (1905-1910)
  33. D. Manuel (V) Damasceno da Costa (1915-1922)
  34. D. António (IV) Augusto de Castro Meireles (1924-1928)
  35. D. Guilherme Augusto Inácio da Cunha Guimarães (1928-1957)
  36. D. Manuel (VI) Afonso de Carvalho (1957-1978)
  37. D. Aurélio Granada Escudeiro (1979-1996)
  38. D. António (V) de Sousa Braga, S.C.I. (1996-2016)
  39. D. João (VI) Evangelista Pimentel Lavrador (2016–2021)
  40. D. Armando Esteves Domingues (2023-presente)

Arciprestados editar

  • Arciprestado de Angra
  • Arciprestado de Ponta Delgada
  • Arciprestado da Horta
  • Arciprestado de Capelas
  • Arciprestado do Corvo
  • Arciprestado de Fenais da Vera Cruz
  • Arciprestado das Flores
  • Arciprestado da Graciosa
  • Arciprestado da Lagoa
  • Arciprestado do Nordeste
  • Arciprestado do Pico
  • Arciprestado da Povoação
  • Arciprestado da Praia
  • Arciprestado da Ribeira Grande
  • Arciprestado de Santa Maria
  • Arciprestado de São Jorge
  • Arciprestado de Vila Franca do Campo

Cronologia da Diocese de Angra editar

Século XV editar

Século XVI editar

  • 1517 – 23 de Março - Sagração da Igreja de Santa Cruz de vila da Praia, ilha Terceira.
  • 1525 – Fundação da Ermida de Santa Catarina, dos Altares [3], da família Pamplona, edificada em 1525 e em torno da qual cresceu o lugar da Arrochela;
  • 1526 – É erigida no povoado das Doze Ribeiras, ilha Terceira, uma pequena ermida tendo por orago São Jorge.
  • 1530 – Fundação da Ermida de São Mateus dos Altares [4], erecta por Margarida Valadão, filha de João Valadão, um dos primeiros povoadores da ilha Terceira;
  • 1533 – A pedido de D. João III de Portugal, o papa Clemente VII criou o bispado de São Miguel, mas faleceu antes da bula respectiva ter sido expedida. No ano seguinte, o recém-eleito papa Paulo III pela bula Aequum reputamus erigiu o bispado de São Salvador do Mundo, dando-lhe por catedral a igreja do mesmo nome na cidade de Angra do Heroísmo.
  • 1534 – 5 de Novembro – Criação do Bispado de Angra que viria a estender a sua jurisdição sobre todas as 9 ilhas dos Açores. A criação do bispado deve-se ao papa Paulo III através da bula Aequum reputamus.
  • 1534 – Câmara Municipal de Angra formula um pedido ao Papa e à coroa para a construção novo edifício para a Sé, viste que o existente não levava a população.
  • 1534 – Fundação da Capela-Mor da Sé Catedral de Angra, local onde se encontra a Câtedra do Bispo e o cadeiral do coro capitular.[5]
  • 1536 – A mando do Bispo de Angra e com o acordo da Câmara Municipal da ainda vila fez-se lembrar ao rei D. João III de Portugal a necessidade de cumprir o seu compromisso de instalar a sede da diocese.
  • 1545 – Bula do Papa Paulo III de autorização para a fundação do primeiro convento de freiras de Angra. O Convento de São Gonçalo em Angra do Heroísmo, fundado por Brás Pires do Canto.[6];
  • 1553 – Sagração de D. Jorge de Santiago, bispo de Angra.
  • 1556 – Com o falecimento de Pero Anes do Canto, nesta data, o seu corpo foi sepultado na Capela do Senhor Jesus Velho ou de Nossa Senhora de Lurdes, cuja construção se deve à família Canto e Castro.[5]
  • 1557 – A missiva envida em 1536 chega às mãos do rei D. João III de Portugal, que não deu seguimento ao pedido, tratando apenas dos aspectos organizativos. Facto que levou a Câmara da Cidade, neste ano a mandar nova mensagem ao rei a solicitar construção do novo templo, aproveitando para informá-lo, contudo, que os moradores de Angra não estavam em condições financeiras de contribuir para esse fim.
  • 1561 – 26 de Outubro – Falecimento de D. Jorge de Santiago, bispo de Angra.
  • 1568 – 10 de Janeiro - A decisão de construir o novo templo da Sé de Angra, solicitado desde 1534, só foi tomada no reinado do Cardeal D. Henrique. A coroa tomou a decisão de mandar construir a nova Sé a expensas suas.
  • 1570 – Falecimento do bispo de Angra, D. Nuno Álvares Pereira.
  • 1570 – 18 de Novembro – É lançada a pedra fundamental do novo templo da Sé de Angra, em cerimónia solene. Os seus trabalhos estenderam-se por meio século tal as proporções da construção para tão o então pequeno burgo. Levaria nada menos de 48 anos a construir.
  • 1570 – É iniciada a Capela de Santo Estêvão, instituída por Estêvão Cerveira Borges, homem da nobreza da cidade e doador dos terrenos para a construção deste templo.[5]
  • 1572 – Elevação a sede de paróquia da Igreja de São Pedro de Angra;
  • 1572 – Posse do bispo de Angra, D. Gaspar de Faria.
  • 1576 – Falecimento do bispo de Angra, D. Gaspar de Faria.
  • 1577 – Ida para Angra do bispo D. Pedro de Castilho.
  • 1595 – 10 de Maio – Lançamento da primeira pedra do novo Colégio dos jesuítas, actual Palácio dos Capitães Generais de Angra, ilha Terceira, Açores.

Século XVII editar

  • 1631 – Fundação da Capela de São Pedro ad Vincula pelo Cónego Luís de Almeida, falecido nesse ano, que a paramentou e embelezou e onde existe a pedra tumular do fundador.[5]
  • 1640 – É construído nesta Sé O Altar das Almas por iniciativa da Irmandade das Almas, pelo então cónego Leonardo de Sotto Mayor (falecido em 1653).[5]
  • 1641 - 31 de Março - Domingo de Páscoa, D. João IV de Portugal foi aclamado rei em Angra, sob o fogo cerrado das baterias espanholas, foi um dos acontecimentos mais “impressionantes” da Restauração segundo o Historiador José Manjardino: "a aclamação fez-se num ambiente dramático que já aqui em tempos se apontou como a mais espectacular e genuína restauração da independência havida em terras de Portugal. Uma procissão cívica percorria as ruas até à Praça, convergindo para a Sé, onde se cantou um Te Deum, tudo ao ritmo e sob a fumarada da artilharia castelhana que, do castelo de São Filipe, disparava sem cessar sobre a cidade."
  • 1651 – 24 de Agosto - nasce D. Manuel Álvares da Costa, o 19.º bispo da Diocese de Angra, onde exerceu entre 1721 e 1733. Morre em 1733 - 10 de janeiro.
  • 1684 – Fundação das Doze Ribeiras, ilha Terceira, por autonomização da parte norte da paróquia de Santa Bárbara das Nove Ribeiras.
  • 1684 – O povoado das Doze Ribeiras, ilha Terceira, torna-se paróquia independente da de Santa Bárbara das Nove Ribeiras, passando a Ermida de São Jorge a denominar-se Igreja Paroquial de São Jorge das Doze Ribeiras e tendo como primeiro vigário o padre Manuel Tristão de Melo.
  • 1684 – 16 de Dezembro – Data de registo do primeiro baptismo efectuado na Igreja Paroquial de São Jorge das Doze Ribeiras, ilha Terceira.
  • 1684 – Nesta data e por decisão do então bispo de Angra, D. frei João dos Prazeres, a Ermida da Madre de Deus do lugar dos Folhadais, concelho de Angra do Heroísmo passa a ter cura nomeado.

Século XVIII editar

Século XIX editar

Século XX editar

Século XXI editar

Referências

  1. Anuário de 2007 da Diocese de Angra
  2. DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira, Vol. I, Cap. V., Angra do Heroísmo, 1983.
  3. Para esta ermida foram trasladados os restos mortais do general Manuel Inácio Martins Pamplona, que chegou a Ministro Assistente ao Despacho num dos governos do rei D. João VI de Portugal.
  4. Manuel Francisco dos Santos Peixoto, Apontamentos para a História da Terceira, Angra do Heroísmo, p. 144.
  5. a b c d e f g h Desdobrável "Bem vindos à Catedral de Angra - ilha Terceira – Açores”. Ed. da Sé Catedral de Angra. Tip. Moderna - Angra do Heroísmo
  6. Angra do Heroísmo: Janela do Atlântico entre a Europa e o Novo Mundo. Horta (Faial): Governo Regional dos Açores; Direcção Regional do Turismo dos Açores. s.d.
  7. a b c d e f g h i j k Impérios da Terceira por ordem de antiguidade.
  8. [Padre Alfredo Lucas Sampaio, op. cit., p. 219.]
  9. Embora seja frequente encontrar como explicação do topónimo o ser a localidade atravessada por cinco ribeiras (supostamente as da Ponte, do Salto, do Mouro, das Cinco e da Praia), tal não corresponde à realidade, pois duas daquelas ribeiras não atravessam o povoado, quedando-se pela vizinha freguesia de São Bartolomeu dos Regatos. A raiz da designação encontra-se na expressão Às Cinco Ribeiras, nome que passou a designar o território em torno da quinta ribeira encontrada viajando de Angra em direcção ao oeste. Aliás esta mesma razão está por detrás dos nomes das freguesias de Santa Bárbara das Nove Ribeiras e de Doze Ribeiras, cujas igrejas se encontram nas imediações da Ribeira das Nove e da Ribeira das Doze, respectivamente. Este sistema de numeração das ribeiras prolonga-se até à Serreta, no extremo oeste da ilha.
  10. Genealogias da ilha Terceira de António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz. Vol. VI Pág. 506 Dislivro Histórica, 2007
  11. Genealogias da ilha Terceira de António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz. Vol. I Pág. 583 Dislivro Histórica, 2007
  12. Alfredo Lucas, As Ermidas da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo: Edições BLU, 2004 (pp. 2019-210).
  13. O denominado "órgão grande", localizado originalmente do lado da Epístola, fora doado por Maria I de Portugal, a pedido do Bispo D. Frei João Marcelino. O segundo, denominado como "órgão pequeno", encontrava-se do lado do Evangelho e foi o primeiro órgão construído pelos organeiros João Nicolau Ferreira e padre Silvestre Serrão, em 1850.
  14. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae Boletim Paroquial de São Salvador, Novembro de 2010, pág. 3. Ano XI nº 2
  15. Alfredo Lucas, As Ermidas da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo: Edições BLU, 2004 (pp. 2019-210);
  16. Jornal "A União", n.º 32.962, de 6 de Maio de 2006.

Bibliografia editar

  • Pereira, José Augusto (cónego), A Diocese de Angra na História dos seus Prelados, União Gráfica Angrense, Angra do Heroísmo, 1950.
  • Pereira, José Augusto (cónego), O Seminário de Angra, União Gráfica Angrense, Angra do Heroísmo, 1963.

Ver também editar

Ligações externas editar