Partido Renovador Trabalhista Brasileiro
O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) é um partido político brasileiro fundado em 1994 e registrado definitivamente em 1997.[1][3] Conforme o programa divulgado no site do partido, a principal bandeira ideológica é o "trabalhismo participativo", no qual o capital possa interagir com o trabalho e estabelecer interesses mútuos, em vez de explorar o trabalho.[23] Apesar disso, o partido apresenta-se como conservador no aspecto cultural e liberal economicamente, sendo próximo à direita e à extrema-direita.[14] Em novembro de 2024 o partido possuía 147.626 filiados.[16]
Partido Renovador Trabalhista Brasileiro | |
---|---|
Sigla | PRTB |
Número eleitoral | 28[1] |
Presidente | Leonardo Araujo[2] |
Presidente de honra | Pablo Marçal |
Fundação | 27 de novembro de 1994 (30 anos)[3] |
Registro | 28 de março de 1995 (29 anos)[1] |
Sede | Brasília, Distrito Federal, Brasil |
Ideologia | |
Espectro político | Direita[11][12][13] à Extrema-direita[14][15] |
Ala de juventude | PRTB Jovem |
Ala feminina | PRTB Mulher |
Antecessor | PTRB (1993-1994) |
Membros (2024) | 147.626 filiados[16] |
Governadores (2024)[17] | 0 / 27 |
Prefeitos (2024)[18] | 1 / 5 569 |
Senadores (2024)[19] | 0 / 81 |
Deputados federais (2024)[20] | 0 / 513 |
Deputados estaduais (2022)[21] | 7 / 1 024 |
Vereadores (2024)[22] | 96 / 56 810 |
Cores | Verde Amarelo Azul Branco |
Slogan | "Pátria e Família em Primeiro Lugar." |
Página oficial | |
prtb | |
Política do Brasil |
História
editarO PRTB provém de membros do extinto PTR, partido que funcionou entre 1985 e 1993, que havia se fundido com o PST, originando o PP. Esse grupo, liderado por Levy Fidelix, já havia tentado organizar o PTRB, que somente disputou as eleições de 1994. Originalmente o PRTB reivindica também o legado e ideário político de Fernando Ferrari, fundador do MTR.[3]
Durante a eleição presidencial brasileira de 1998, Fernando Collor de Mello decidiu se candidatar novamente ao cargo de presidente do Brasil pelo mesmo partido que o elegeu em 1989: o Partido da Reconstrução Nacional, atual Agir. O PRTB, formou, com o PRN, a coligação Renova Brasil, em apoio ao ex-presidente da República. O TSE, no entanto, impediu que sua candidatura se concretizasse, devido ao período de oito anos em que este não podia se eleger à qualquer mandato eletivo.[24]
Alagoas é o único estado em que o PRTB teve importância eleitoral, única e exclusivamente pela presença de Fernando Collor de Mello na legenda. O partido abrigou, em 2000, o ex-presidente Fernando Collor de Mello em sua legenda, onde tentou se candidatar a prefeito de São Paulo nas eleições daquele ano, tendo sua candidatura impugnada às vésperas do dia da eleição, e em 2002, para governador de Alagoas, já em situação regular. Após ter recuperado seus direitos políticos, o ex-presidente tentou uma candidatura ao governo em 2002, numa coligação que lhe garantia bastante tempo no horário eleitoral, uma vez que era composta pelo PFL, PTB, PPS e PPB - o que, no entanto, não conseguiu fazê-lo vencer o governador reeleito Ronaldo Lessa. No mesmo ano, o então presidente do partido, Levy Fidelix, se candidatou ao cargo de governador do estado de São Paulo. Porém, acabou sendo derrotado.[25] Em 2004 apoiou a ex-prefeita Marta Suplicy na sua fracassada tentativa de reeleição na cidade de São Paulo.[carece de fontes]
Em 2006, Collor concorreu ao Senado, novamente pelo PRTB, sem o apoio oficial de nenhum grande partido, tendo entrado na disputa depois do início da propaganda eleitoral, substituindo o candidato anterior, Givaldi Silva (um desconhecido motorista das Organizações Arnon de Mello). Collor venceu a eleição e tomou posse em 1 de fevereiro de 2007, mesmo dia em que deixou o PRTB e ingressou no PTB.[carece de fontes]
Em 2010, o PRTB elegeu 2 deputados federais, um no estado do Rio de Janeiro, outro no Amapá - que no ano seguinte, deixaram o Partido para ingressar no novo PSD. Também em 2010, o PRTB lançou Levy Fidelix como candidato à Presidência da República sem coligação, obtendo 57.960 votos (0,06% do total) e ficando em 7º lugar. No segundo turno, Levy Fidelix declarou apoio à candidata Dilma Rousseff (PT) justificando ser necessário dar continuidade ao governo Lula.[26]
Por volta de 2011, o PRTB decide se vincular a figura de Jânio Quadros (presidente do país em 1961), afim de atrair possíveis votos dos seus admiradores.[27] Em maio de 2012, as investigações da Operação Monte Carlo da Polícia Federal mostraram que o bicheiro Carlinhos Cachoeira teria supostamente tentado comprar o PRTB ou outro partido.[28]
Em 2014, ex-filiados acusaram Levy de controlar o partido como uma extensão de sua vida particular e de ter manipulado as três últimas eleições internas.[29] O PRTB também respondia na justiça por cobrar 12 salários como multa a filiados com mandato ou cargo comissionado que se desfiliassem da sigla no exercício do cargo.[29] Nesse mesmo ano, novamente Levy foi candidato a presidente da república. Desta vez, apresentando um discurso socialmente conservador e em defesa dos valores da família, com o slogan "Endireita Brasil". Sem coligação, aumentou sua votação para 446.878 votos (0,43%) mas continuando em 7º lugar, apoiando Aécio Neves, do PSDB, no segundo turno.[30] Nas eleições estaduais, entretanto, o PRTB esteve em coligações fisiológicas, apoiando tanto candidatos de partidos da base do Governo Dilma, quanto que faziam oposição a ele.[31]
Em outubro de 2015, Cícero Almeida, o único deputado federal do PRTB, se desfiliou.[32] O PRTB pediu no TSE pela cassação do mandato por infidelidade partidária, sendo atendido apenas em novembro de 2018.[33] Nas eleições municipais de 2016, o partido elegeu 9 prefeitos e 391 vereadores pelo país.[34][35]
Na eleição presidencial de 2018 o PRTB conseguiu emplacar o general da reserva Hamilton Mourão como vice na chapa do candidato Jair Bolsonaro (então filiado ao PSL), tendo sido a quarta opção ao cargo.[36] A chapa chegou ao segundo turno e venceu a eleição com 55% dos votos válidos.[36] Outra vitória partidária foi a eleição de Carlos Almeida como vice-governador do Amazonas.[17] Entretanto, ao contrário do PSL, o PRTB não deu um salto no seu número de parlamentares, pois não elegeu deputados federais e não aumentou significativamente o número de deputados estaduais.[17] Como o PRTB não superou a nova Cláusula de barreira ao não atingir 1,5% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos Deputados, passou a não ter acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.[37]
Em junho de 2019, o PRTB expulsou seus três vereadores de Recife por eles se negarem a fazer oposição ao então prefeito Geraldo Júlio (PSB).[38] Em março de 2020, o vice-governador do Amazonas se desfiliou do PRTB.[39]
Nas eleições municipais de 2020, o PRTB e o NOVO decidiram renunciar às verbas do Fundo Eleitoral, mas cerca de 230 candidatos do PRTB receberam recursos públicos por meio de outras candidaturas ou legendas.[40] O partido também apresentou a quarta maior variação percentual na quantidade de candidaturas a prefeito, com 240% de crescimento com relação a 2016;[41] mas apenas em 10 capitais houve candidatura do PRTB a prefeitura.[42] Os melhores resultados em capitais foram em Belo Horizonte (com 9,95% dos votos e a segunda colocação) e em Macapá (com 11,68% dos votos e a quarta colocação). Em Porto Alegre, um membro do PRTB ingressou com um recurso judicial contra uma irregularidade na chapa de um candidato competitivo; o recurso foi aceito pelo TRE, resultando na renúncia do candidato e beneficiando Sebastião Melo (MDB) — apoiado pelo PRTB — que acabou vencendo a eleição.[43] Já em Recife, foi o próprio candidato filiado ao PRTB, o deputado estadual Marco Aurélio, que renunciou no meio da eleição, após Jair Bolsonaro anunciar apoio a outra candidatura a prefeitura.[44] Em São Paulo, Levy Fidelix criticou o apoio que Bolsonaro deu ao candidato Celso Russomanno (do Republicanos).[45] Nacionalmente o PRTB elegeu apenas 6 prefeitos, todos em municípios pequenos,[46] além de 220 vereadores, tendo um resultado pior que em 2016.[35] Ao ter recebido apenas 0,81% dos votos válidos para prefeitos no primeiro turno, o PRTB ficou entre os partidos que podem tender a não atingir os 2,0% de votos válidos para deputados federais em 2022, esbarrando na segunda etapa da cláusula de barreira.[47]
Durante a campanha eleitoral, ocorrida em meio a pandemia de Covid-19, Levy Fidelix criticou medidas como lockdown e campanha de vacinação, além de defender que não haveria uma segunda onda de casos da doença.[48] Em 23 de abril de 2021, Levy morreu aos 69 anos, vítima de complicações da Covid-19.[49] O PRTB passou a ser presidido pela viúva de Levy, além de ter iniciado negociações para que Jair Bolsonaro se filie na sigla.[50] Uma das dificuldades na negociação é a exigência de Bolsonaro para ter o controle total dos 27 diretórios regionais.[51] O trato envolveria a mudança de nome do PRTB para Aliança 28.[52] O partido também trabalhou para que Mourão seguisse filiado, mas após receber convites de partidos como PL e Republicanos, o então vice-presidente decidiu ser candidato a senador representando o Rio Grande do Sul, sendo eleito pelo Republicanos em 2022.[50][53]
Em 2022 o partido ficou novamente próximo de ter seu primeiro governador, Capitão Contar recebeu o apoio do presidente Bolsonaro no debate da TV Globo poucos dias antes do primeiro turno, fazendo com que Capitão Contar subisse nas pesquisas.[54] Capitão Contar foi para o segundo turno no Mato Grosso do Sul, sendo o mais votado no primeiro turno, recebendo 384.275 votos (26,71%). Porém, sofreu a virada contra Eduardo Riedel (PSDB), também apoiador do presidente Bolsonaro, no segundo turno, que venceu Contar com 56,90% dos votos contra 43,10% de Contar.[55]
Em 14 de setembro de 2024, a Justiça de São Paulo determinou o despejo do PRTB de um prédio comercial na Zona Sul da capital do estado de São Paulo por dívida com aluguel.[56]
Ideologia
editarO partido defendia inicialmente o trabalhismo, ideologia historicamente associada à esquerda política e a Getúlio Vargas, porém no caso do PRTB, o partido reivindica seguir a linha janista do trabalhismo, conservadora em sua essência.[27]
O partido agora se define como conservador e nacionalista culturalmente e liberal economicamente. O partido também se posiciona abertamente contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o aborto, o ensino da identidade de gênero nas escolas e a legalização recreativa da cânabis; e defende a maior participação das Forças Armadas no governo e a substituição da Constituição de 1988 por uma nova.[57]
Organização
editar
Parlamentares atuaiseditar
|
Número de filiadoseditar
|
Desempenho eleitoral
editarLegislatura | Bancada | % | ± |
---|---|---|---|
50ª (1995–1999) | 0 / 513 |
0,00 | 0 |
51ª (1999–2003) | 0 / 513 |
0,00 | 0 |
52ª (2003–2007) | 0 / 513 |
0,00 | 0 |
53ª (2007–2011) | 0 / 513 |
0,00 | 0 |
54ª (2011–2015) | 2 / 513 |
0,38 | 2 |
55ª (2015–2019) | 1 / 513 |
0,19 | 1 |
56ª (2019–2023) | 0 / 513 |
0,00 | 1 |
57ª (2023–2027) | 0 / 513 |
0,27 | 0 |
Os números das bancadas representam o início de cada legislatura, desconsiderando, por exemplo, parlamentares que tenham mudado de partido posteriormente.
Eleições estaduais
editarParticipação e desempenho do PRTB nas eleições estaduais de 2022[31] | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Candidatos majoritários eleitos
Em negrito estão os candidatos filiados ao PRTB durante a eleição.
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Participação e desempenho do PRTB nas eleições estaduais de 2018[31] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Candidatos majoritários eleitos (5 governadores e 10 senadores).
Em negrito estão os candidatos filiados ao PRTB durante a eleição.
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Participação e desempenho do PRTB nas eleições estaduais de 2014[31] | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Candidatos majoritários eleitos (7 governadores e 4 senadores).
Em negrito estão os candidatos filiados ao PRTB durante a eleição.
|
Eleições presidenciais
editarAno | Imagem | Candidato a Presidente | Candidato a Vice-Presidente | Coligação | Votos | Posição |
---|---|---|---|---|---|---|
1998 | Fernando Collor
(PRN) |
não disponível | PRN-PRTB[59] | candidatura indeferida | ||
2010 | Levy Fidelix
(PRTB) |
Luiz Eduardo Ayres Duarte
(PRTB) |
Sem coligação | 57.960 (0,06%) |
7ª | |
Segundo turno: apoio à candidata vitoriosa Dilma Rousseff (PT)[26] | ||||||
2014 | Levy Fidelix
(PRTB) |
José Alves de Oliveira
(PRTB) |
Sem coligação | 446.878 (0,43%) |
7ª | |
Segundo turno: apoio ao candidato derrotado Aécio Neves (PSDB)[30] | ||||||
2018 | Jair Bolsonaro
(PSL) |
Hamilton Mourão
(PRTB) |
Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos
(PSL e PRTB) |
57.797.121 (55,13%) |
1ª |
Controvérsias
editarSeparar controvérsias numa se(c)ção específica pode não ser a melhor maneira de se estruturar um artigo, pois pode gerar peso indevido para pontos de vista negativos. (Setembro de 2024) |
Além de Levy Fidelix, o PRTB já teve membros polêmicos, involtos em controvérsias, como o ex-presidente da república Fernando Collor de Mello, que foi candidato a prefeito de São Paulo pelo partido em 2000.[carece de fontes]
O partido também é acusado de promover teorias da conspiração nas redes sociais, como teorias sobre os Illuminati, e notícias falsas. Em 2017, foi descoberto que o PRTB teria financiado o site de notícias com alinhamento político de direita Folha Política, considerado por alguns como produtor de notícias falsas, além das páginas do Facebook Movimento Contra Corrupção e TV Revolta. Segundo o partido, o que houve foi uma contratação de serviços da empresa que os administra.
O partido também é acusado de ter ligações com grupos de extrema-direita, tendo quase chegado a participar de um evento organizado por estes grupos, que posteriormente foi cancelado.[60]
Ver também
editarReferências
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