Estação Ferroviária de Caíde
A estação ferroviária de Caíde (nome anteriormente grafado como "Cahide"),[3] é uma interface da Linha do Douro, que serve a freguesia de Caíde de Rei, no concelho de Lousada, em Portugal. Foi inaugurada em 20 de Dezembro de 1875.[4]
Caíde | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
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vista da estação, em 2010 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Identificação: | 08383 CAI (Caíde)[1] | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Caíde | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (norte)[2] | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[1] | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Tipologia: | B [2] | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Linha(s): | Linha do Douro (PK 46+075) | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Altitude: | 250 m (a.n.m) | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 41°15′8.97″N × 8°13′36.83″W (=+41.25249;−8.2269) | |||||||||||||||||||||||||||||||||
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Município: | Lousada | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Serviços: | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Conexões: | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Equipamentos: | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Endereço: | Praça da Estação, s/n Estação PT-4620-051 Caíde de Rei LSD | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Inauguração: | 20 de dezembro de 1875 (há 148 anos) | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Website: |
Descrição
editarLocalização e acessos
editarA estação situa-se no Lugar da Estação dos Caminhos de Ferro,[5] distando quase dois quilómetros da localidade epónima.[6]
Infraestrutura
editarEsta interface apresenta sete vias de ciculação, identificadas como I, II, III, IV, II+A, e III+A, com comprimentos entre os 209 e 580 m; as três primeiras são acessíveis por plataforma, tendo estas 283 m e 219 m de comprimento e 90 cm de altura; existe ainda uma via secundária, identificada como G2, com apenas 78 m; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[2] O edifício de passageiros situa-se do lado nordeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Barca d’Alva).[7][8]
A estação de Caíde, situada que está imediatamente contígua ao portal poente do Túnel de Caíde,[9] é um importante ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:
característica | descendente | ascendente | ||
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vias | Ermesinde | via dupla | via única | Pocinho |
velocidade | Ermesinde | 90-120 km/h | 50-90 km/h | Pocinho |
circulação | Ermesinde | central | local | Pocinho |
reg. expl. | Ermesinde | RCAP | RCI | Marco de Canaveses |
carga máxima | Ermesinde | D4 | D2 | Régua |
compr. máx. | Ermesinde | 520 m | 335 m | Régua |
comunicações | Ermesinde | rádio | GSM-P | Marco de Canaveses |
Serviços
editarEm dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo urbano no serviço “Linha do Marco”, tipicamente com 19 circulações diárias em cada sentido entre Porto - São Bento e Marco de Canaveses, e de tipo regional, com uma circulação diária em cada sentido entre Porto - São Bento e Régua.[10]
História
editarSéculo XIX
editarO lanço da Linha do Douro entre Caíde e Penafiel entrou ao serviço em 20 de Dezembro de 1875.[11] O troço seguinte, até ao Juncal, foi inaugurado em 15 de Setembro de 1878.[12]
Em Janeiro de 1899, foi aberto um inquérito administrativo, para apresentar ao público os projectos ferroviários dos Planos das Redes Complementares ao Norte do Mondego e Sul do Tejo, tendo uma das novas linhas sido a do Tâmega, de via estreita, prevendo-se então que iria ter o seu início em Caíde.[13]
Século XX
editarEm 1913, a estação era servida por uma carreira de diligências até Felgueiras, Lixa e Celorico de Basto.[14]
Em 1 de Novembro de 1926, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que o governo já tinha aprovado um projecto para a ampliação da estação, orçado em 45.000$000.[15] Em 11 de Maio de 1927, os Caminhos de Ferro do Estado foram integrados na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que passou a explorar as antigas linhas do estado, incluindo a do Douro.[16]
Em 1933, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a realização de diversas obras nesta estação, como muros de vedação e cancelas.[17] Em 1 de Março de 1934, a Gazeta informou que a Direcção-Geral de Caminhos de Ferro tinha aberto um concurso para o calcetamento do pátio exterior,[18] e em 1 de Abril desse ano noticiou que a Comissão do Fundo Especial tinha autorizado a pavimentação da plataforma de parte do passeio exterior ao edifício da estação.[19] Também em 1934, estação foi alvo de obras de ampliação por parte da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[20]
Em 16 de Maio de 1935, a Gazeta reportou que a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses tinha concluído as obras de remodelação e ampliação, que consistiram na construção de um novo cais coberto e de um pequeno cais descoberto para descarga de viaturas, instalação de uma nova via férrea e remodelação das já existentes, e o calcetamento do pátio exterior.[21]
Em 29 de Junho de 1945, a locomotiva de um comboio de mercadorias entre Porto - Campanhã e Régua descarrilou em Caíde, tendo causado grandes estragos materiais.[22] A estação participou no XIII Concurso das Estações Floridas, em 1954, tendo recebido uma menção honrosa.[23]
Na década de 1990, o Gabinete do Nó Ferroviário do Porto executou um programa de modernização das linhas férreas suburbanas do Porto, incluindo a do Douro, onde foi instalada sinalização electrónica entre Caíde e Ermesinde.[24] Em Setembro de 1995, iniciou-se a elaboração do projecto de remodelação entre Cête e Caíde, e em Dezembro desse ano ficou concluído o estudo prévio para a remodelação do lanço entre o Porto e Marco de Canaveses, que contemplava a duplicação da via férrea de Ermesinde a Caíde.[25] No âmbito deste programa, também ficou previsto o prolongamento da sinalização electrónica até à Régua.[26]
Século XXI
editarEntre Março de 2000 e Setembro de 2002, esta interface foi alvo de profundas obras de remodelação, no âmbito do projecto de modernização do troço entre Caíde e Penafiel; esta intervenção, com o custo aproximado de 1 550 000 euros, contemplou a ampliação do edifício de passageiros e a construção de uma área técnica, uma passagem inferior para peões, vários muros de suporte, e coberturas nos cais de passageiros.[27] Em Janeiro de 2011, esta interface dispunha de quatro vias de circulação, com 958 a 244 m de comprimento; as plataformas tinham todas 230 m de extensão, e 90 cm de altura[28] — valores mais tarde[quando?] ampliados para os atuais.[2]
Foi o término provisório do serviço da CP Porto “Linha do Marco” até julho de 2019, quando a eletrificação foi expandida até Marco de Canaveses.[29]
Ver também
editar- História da Linha do Douro
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ a b c d Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ Augusto Cesar Justino Teixeira: “Caminho de ferro do Douro” Diario Illustrado 1468 (1877.02.15)
- ↑ NONO, Carlos (1 de Dezembro de 1948). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1463). p. 645-646. Consultado em 12 de Julho de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Caíde». Comboios de Portugal. Consultado em 15 de Novembro de 2014
- ↑ OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal (41.25279;−8.22688 → 41.26774;−8.22508)». Consultado em 12 de fevereiro de 2023: 1890 m: desnível acumulado de +27−26 m
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ REIS et al, 2006:233
- ↑ Comboios Urbanos : Porto ⇄ Marco de Canaveses («horário em vigor desde 2022.12.11»). Esta informação refere-se aos dias úteis.
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 17 de Abril de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 18 de Abril de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1466). 16 de Janeiro de 1949. p. 112. Consultado em 12 de Julho de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 4 de Março de 2018 – via Biblioteca Nacional Digital
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (933). 1 de Novembro de 1926. p. 321. Consultado em 27 de Setembro de 2011 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ REIS et al, 2006:63
- ↑ «Direcção-Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1102). 16 de Novembro de 1933. p. 601-602. Consultado em 27 de Setembro de 2011 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1109). 1 de Março de 1934. p. 133-134. Consultado em 27 de Setembro de 2011 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Notícias Ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1111). 1 de Abril de 1934. p. 190. Consultado em 12 de Julho de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 12 de Julho de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Caminhos de Ferro Nacionais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1138). 16 de Maio de 1935. p. 226. Consultado em 12 de Julho de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ NONO, Carlos (1 de Junho de 1948). «Efemérides Ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1451). p. 329-330. Consultado em 12 de Julho de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «XIII Concurso das Estações Floridas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 67 (1608). 16 de Dezembro de 1954. p. 365. Consultado em 11 de Fevereiro de 2024 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ MARTINS et al, 1996:159
- ↑ MARTINS et al, 1996:227
- ↑ MARTINS et al, 1996:167
- ↑ «Estação de comboios - Caíde». P & V Consult. Consultado em 29 de Outubro de 2010. Arquivado do original em 8 de Junho de 2010
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ Comboio-suburbano-chega-domingo ao Marco de Canaveses Jornal de Notícias (2019.07)[ligação inativa]
Bibliografia
editar- MARTINS, João; et al.; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; et al.; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X