Estação Ferroviária de Leixões

estação ferroviária em Portugal
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A Estação Ferroviária de Leixões é uma interface da Linha de Leixões, que serve o Porto de Leixões, no distrito do Porto, em Portugal. Foi inaugurada em 1938.[2]

Leixões
Estação Ferroviária de Leixões
a Estação de Leixões, em 2009
Identificação: 21154 LES (Leixões)[1]
Denominação: Estação Satélite de Leixões
Classificação: ES (estação satélite)[1]
Linha(s): Linha de Leixões (PK 21,000)
Altitude: 10 m (a.n.m)
Coordenadas: 41°11′23.95″N × 8°41′5.14″W

(=+41.18999;−8.68476)

Mapa

(mais mapas: 41° 11′ 23,95″ N, 8° 41′ 05,14″ O; IGeoE)
Município: border link=MatosinhosMatosinhos
Serviços: mercadorias:

Medway
Takargo

Coroa: MTS1
Conexões:
Ligação a autocarros104 105 106 111 116 118 120 135 104N 505 507
Ligação ao metro Sr. Matosinhos
Serviço de táxis
Inauguração: 20 de julho de 1938 (há 85 anos)
Diagrama:
Leixões
Ermesinde (Sentido Ermesinde)
Contumil (Sentido Porto)
Website:

Caracterização editar

Em 2010, possuía apenas uma via de circulação, com 1100 m de comprimento, e uma plataforma, que apresentava 118 m de extensão e 30 cm de altura.[3]

 
Mapa da Linha de Leixões, e do projecto abandonado da linha da Alfândega até Leixões.

História editar

Antecedentes e planeamento editar

Já em 1857, o Rei D. Pedro V tinha proposto a construção de um porto na zona de Leixões, que devia ser servido por uma linha férrea.[4] Em 1877, o Sindicato Portuense apresentou um projecto para ligar Leixões à rede do Minho e Douro por meio de um canal, obra que foi aprovada por um despacho de 1887, mas não tenha chegado a ser executada.[4]

Uma comissão que foi formada para estudar a construção de um porto artificial em Leixões propôs duas soluções para a ligação entre o terminal portuário e a rede ferroviária: a primeira seria prolongar o Ramal da Alfândega até Leixões ao longo do litoral da cidade do Porto, enquanto que a segunda era a construção de um ramal a partir da Estação de Ermesinde, na Linha do Minho.[4] Do ponto de vista técnico, a segunda hipótese era muito melhor, mas enfrentou a oposição da Associação Comercial do Porto, porque receava que este ramal iria retirar importância à cidade do Porto.[4] Assim, inicialmente foi seleccionada a opção pela Alfândega, mas o projecto não avançou devido a problemas financeiros, e à mudança de gestão do porto de Leixões, que passou a ser explorado pela Companhia das Docas e dos Caminhos de Ferro Peninsulares.[4] Esta empresa reiniciou o projecto da Alfândega a Leixões, mas as obras não chegaram a avançar devido à crise económica de 1891 e à instabilidade política.[5]

Entretanto, foi construído um caminho de ferro de via estreita desde as pedreiras de São Gens até Leixões, para transportar as pedras para os molhes do porto.[6] O porto de Leixões entrou ao serviço em Outubro de 1892.[7]

Em 1897 ainda foi feito um novo projecto para a linha da Alfândega a Leixões, mas foi preterido pelo Conselho Superior de Obras Públicas, que o considerou demasiado caro, tendo em vez disso retomado a ideia de fazer o ramal a partir da Linha do Minho, com o nome de Linha de Circunvalação do Porto, aproveitando parte do canal da linha das pedreiras.[5] Para o caso desta proposta não ser aceite, o Conselho Superior também apresentou uma versão modificada da linha da Alfândega a Leixões.[5] Durante a fase dos estudos para o futuro Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego, ambas as propostas foram contempladas, tendo-se escolhido a opção da Linha de Circunvalação, a sair da futura Estação de Contumil, na Linha do Minho.[5] Desta forma, o Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro do Estado ordenou a elaboração do projecto para a nova linha.[5]

No entanto, nesta altura voltou a ressurgir a ideia da linha a partir da Alfândega, ainda defendida pela Associação Comercial do Porto, e em 1902, vários comerciantes da cidade apresentaram uma proposta para financiar a construção da linha.[5] Por motivos estéticos, o traçado foi alterado de forma a passar menos pelo litoral, mas o projecto foi rejeitado por ser absurdo do ponto de vista técnico, e por ser muito caro.[8] Assim, foi feito um novo plano, aprovado por uma portaria de 1906, mas nunca concretizado devido à oposição da Companhia das Docas e dos Caminhos de Ferro Peninsulares.[8]

Desta forma, retomou-se o projecto da Linha de Circunvalação, que foi aprovado em 4 de Julho de 1905.[9]

 
Mapa da rede ferroviária em meados do Século XX, incluindo a Linha de Leixões

Construção e inauguração editar

A primeira empreitada da Linha foi adjudicada ainda em 25 de Setembro desse ano, mas as obras encontraram grandes dificuldades, tendo chegado a estar paralisadas durante grandes períodos de tempo.[8] Esta interrupção foi em parte causada pela interferência de Pedro de Araújo, do Partido Progressista, que defendia a continuação do ramal da Alfândega, e devido a várias alterações no projecto.[9] Os trabalhos foram retomados em 1931 e foram concluídos em 1938, ano em que também foi terminada a construção da Doca n.º 1 de Leixões.[8]

Uma portaria de 28 de Dezembro de 1934 do Ministério das Obras Públicas e Comunicações aprovou o projecto para a estação de Leixões, apresentado pela Direcção Geral de Caminhos de Ferro.[10] Um despacho de 1935 do Ministério das Obras Públicas e Comunicações adjudicou a empreitada n.º 7 da Linha de Cintura do Porto, no valor de 1.460.000$00, referente à estação de Leixões; esta empreitada era composta pelas terraplanagens, obras de arte correntes, o edifício de passageiros, plataformas, cais de mercadorias e para carvão, muros de suporte e serventias na via férrea e estrada de acesso, barracões para albergar as máquinas e as carruagens, habitações para pessoal, vedações, e uma tomada de água.[11]

Um diploma do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, publicado no Diário do Governo n.º 240, II Série, de 13 de Outubro de 1937, aprovou a expropriação de duas parcelas de terreno na estação de Leixões, para a construção de habitações para o pessoal do serviço de tracção.[12] Outro diploma do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, publicado no Diário do Governo n.º 70, II Série, de 26 de Março de 1938, aprovou o projecto para o acesso à estação de Leixões e o correspondente orçamento.[13]

Em 20 de Julho de 1938, entrou ao serviço o primeiro troço da Linha de Leixões, entre as estações de Leixões e de Serpa Pinto, e em 18 de Setembro a via foi prolongada até Contumil, na Linha do Minho, completando a Linha de Leixões.[14] A ligação à rede ferroviária nacional de via larga trouxe um grande desenvolvimento ao terminal portuário, que até então apenas estava ligado por uma linha de via estreita («pequena e desadequada»), afirmando-o como um grande porto comercial.[8] No entanto, na altura da inauguração a via férrea terminava na estação, sem continuar até à doca de Leixões, o que reduziu consideravelmente a sua utilidade, embora já possibilitasse a circulação de comboios de passageiros.[9]

Um diploma do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, publicado no Diário do Governo n.º 185, II Série, de 11 de Agosto de 1938, autorizou o contrato com a firma alemã Joseph Vögele para a instalação de quatro placas para inversão de locomotivas, das quais uma era para Leixões.[15]

Década de 1970 editar

Em 29 de Dezembro de 1971, ocorreu uma reunião entre a administração do Porto de Leixões e a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, onde a administração informou que, para o desenvolvimento do terminal portuário, seria necessário ocupar as instalações e os terrenos que a operadora ferroviária tinha na zona do porto.[16]

Década de 1990 editar

Nos anos 90, a Linha de Leixões foi modernizada no âmbito do projecto do Nó Ferroviário do Porto, que procurava desenvolver as linhas no interior e nos arredores da cidade do Porto.[17] Este programa contemplou a renovação e electrificação da via férrea,[18] a qual foi concretizada em 1998.[19] Em 1993, entrara ao serviço o serviço Transibérico, para o transporte de mercadorias por via ferroviária entre Leixões, Lisboa e Barcelona.[20]

Século XXI editar

CP Urbanos do Porto em 2009–2011

(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Serviços:   Aveiro  Braga
  Caíde  Guimarães  Leixões


(b) Ferreiros 
   
 
   
 Braga (b)
(b) Mazagão 
       
 Guimarães (g)
(b) Aveleda 
       
 Covas (g)
(b) Tadim 
       
 Nespereira (g)
(b) Ruilhe 
       
 Vizela
(b) Arentim 
       
 Pereirinhas (g)
(b) Cou.Cambeses 
       
 Cuca (g)
(m)(b) Nine 
       
 Lordelo (g)
(m) Louro 
       
 Giesteira (g)
(m) Mouquim 
       
 Vila das Aves (g)
(m) Famalicão 
       
 Caniços (g)
(m) Barrimau 
       
 Santo Tirso (g)
(m) Esmeriz 
   
 
 
   
 Cabeda (d)
(m) Lousado 
         
 
 Suzão (d)
(m) Trofa 
         
 
 Valongo (d)
(m) Portela 
         
 
 S. Mart. Campo (d)
(m) São Romão 
         
 
 Terronhas (d)
(m) São Frutuoso 
         
 
 Trancoso (d)
(m) Leandro 
         
 
 Rec.-Sobreira (d)
(m) Travagem 
             
 Parada (d)
(m)(d)(j) Ermesinde 
             
 
 Cête (d)
(j)(ẍ) São Gemil 
 
 
 
 
 
 
 
 Palmilheira (m)
(ẍ) Hosp. S. João 
 
 
 
 
 
 
 Águas Santas (m)
(ẍ) S. Ma. Infesta   Rio Tinto (m)
(ẍ) Arroteia   Contumil (m)(ẍ)
(ẍ) Leça Balio   P.-Campanhã (n)(m)
(ẍ) Leixões 
     
 
     
 P.-São Bento (m)
(n) General Torres 
     
 
 Irivo (d)
(n) Gaia 
 
 
   
 Oleiros (d)
(n) Coimbrões 
       
 Paredes (d)
(n) Madalena 
       
 Penafiel (d)
(n) Valadares 
       
 Bustelo (d)
(n) Francelos 
       
 Meinedo (d)
(n) Miramar 
       
 Caíde (d)
(n) Aguda 
       
 Aveiro (d)
(n) Granja 
       
 Cacia (n)
(n) Espinho 
       
 Canelas (n)
(n) Silvalde 
       
 Salreu (n)
(n) Paramos 
       
 Estarreja (n)
(n) Esmoriz 
       
 Avanca (n)
(n) Cortegaça 
       
 Válega (n)
(n) Carv.-Maceda 
       
 Ovar (n)
 
       
 

Em 2009 foi reinstituído serviço de passageiros na Linha de Leixões entre Leça e Ermesinde, prevendo-se uma futura continuação até Leixões;[carece de fontes?]; este prolongamento não chegou porém a ser concretizado, tendo este serviço sido encerrado em inícios de 2011.[21]

Em 10 de Maio de 2016, a Takargo iniciou a circulação de comboios de contentores entre Lisboa e o Porto de Leixões.[22]

Ver também editar

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. REIS et al, 2006:90
  3. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2011. Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 67-89 
  4. a b c d e MARTINS et al, 1996:38
  5. a b c d e f MARTINS et al, 1996:39
  6. REIS et al, 2006:44
  7. MARTINS et al, 1996:37
  8. a b c d e MARTINS et al, 1996:40-41
  9. a b c SOUSA, José Fernando de (1 de Outubro de 1938). «Linha de Circunvalação do Porto» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 50 (1219). p. 439-442. Consultado em 11 de Outubro de 2018 
  10. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1132). 16 de Fevereiro de 1935. p. 81. Consultado em 31 de Dezembro de 2016 
  11. «Caminhos de Ferro Nacionais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1139). 1 de Junho de 1935. p. 254. Consultado em 31 de Dezembro de 2016 
  12. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1197). 1 de Novembro de 1937. p. 520-522. Consultado em 31 de Dezembro de 2016 
  13. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 50 (1208). 16 de Abril de 1938. p. 190-192. Consultado em 11 de Novembro de 2018 
  14. «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 4 de Setembro de 2013 
  15. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 50 (1216). 16 de Agosto de 1938. p. 391-393. Consultado em 11 de Novembro de 2018 
  16. MARTINS et al, 1996:272
  17. MARTINS et al, 1996:222
  18. MARTINS et al, 1996:225
  19. REIS et al, 2006:202
  20. REIS et al, 2006:150
  21. SIMÕES, Pedro (1 de Fevereiro de 2011). «Deixa de apitar o comboio fantasma». Jornal de Notícias. Consultado em 4 de Setembro de 2013 
  22. CIPRIANO, Carlos (16 de Outubro de 1956). «Takargo ultrapassou um milhão de toneladas transportadas em 2015». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 27 (9537). p. 21 

Bibliografia editar

  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
 
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Ligações externas editar

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