Estação Ferroviária de Nine

estação ferroviária em Portugal
(Redirecionado de Estação de Nine)

A estação ferroviária de Nine é uma infra-estrutura da Linha do Minho e do Ramal de Braga, que serve a localidade de Nine, no concelho de Vila Nova de Famalicão, em Portugal.

Nine
Estação Ferroviária de Nine
a estação de Nine, em 2016
Identificação: 06007 NIN (Nine)[1]
Denominação: Estação de Concentração de Nine
Administração: Infraestruturas de Portugal (norte)[2]
Classificação: EC (estação de concentração)[1]
Tipologia: B [2]
Linha(s):
Linha do Minho(PK 39+003)
Ramal de Braga(PK 39+003)
Altitude: 77 m (a.n.m)
Coordenadas: 41°27′17.85″N × 8°32′39.85″W

(=+41.45496;−8.5444)

Mapa

(mais mapas: 41° 27′ 17,85″ N, 8° 32′ 39,85″ O; IGeoE)
Município: Vila Nova de FamalicãoVila Nova de Famalicão
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
P-Campanhã
terminal
  Cel   Viana Castelo
Vigo
Famalicão
Lis-Apolónia
  AP   Braga
terminal
Famalicão
Lis-Apolónia
  IC   Barcelos
Valença
    Braga
terminal
Famalicão
P-Campanhã
  IR   Carreira
Valença
Famalicão
P-Campanhã
P-São Bento
Figueira Foz
    Barcelos
Valença
Terminal   R   Carreira
V.Castelo
Famalicão
P-Campanhã
P-São Bento
   
Louro
Famalicão
P-São Bento
  B   Cou.Cambeses
Braga
Famalicão
P-São Bento
   

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
🚌︎
Serviço de táxis
Serviço de táxis
VNF
Equipamentos: Bilheteiras Telefones públicos Sala de espera
Inauguração: 21 de maio de 1875 (há 149 anos)
Website:
Locomotiva a vapor preservada no anexo museológico da estação de Nine, em 2016.

Descrição

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Localização e acessos

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Situa-se no sudoeste da freguesia de Nine, no lugar da Estação; liga-se à EN304, a sudoeste, via Avenida da Estação, situada mormente no vizinho município de Barcelos; este arruamento tem a sua extremidade proximal no Largo da Estação, onde também desemboca a Rua da Estação, que segue para sudeste, bem como a Rua Padre Francisco Lima Novais (=EM562), que segue para noroeste; no lado oposto da via, a nascente, esta interface tem acesso pela Rua da Veiga e pela Rua Nova da Estação, por onde também se acede ao centro da freguesia (J.F.), distante pouco mais de um quilómetro.[3]

Infraestrutura

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Aspeto das plataformas, em 2016.

Esta interface apresenta sete vias de circulação, eletrificadas em toda a sua extensão, identificadas como I, II, IIA, II+IIA, III, IV, e V, com comprimento variando entre 162 e 595 m; as cinco vias de circulação com designações não incluindo "A" são acessíveis por plataformas de comprimentos entre 230 e 257 m, todas com alturas de 90 cm; existem ainda duas vias secundárias, identificadas como G1, G2, e G4, com comprimentos entre 60 e 272 m, das quais a última não se encontra eletrificada.[2][4] Esta configuração apresenta-se algo reduzida em comparação com a de décadas anteriores.[5][6]

Nesta estação o Ramal de Braga entronca na Linha do Minho no lado direito do seu enfiamento descendente, bifurcando-se a via para nordeste e possibilitando percusos diretos Porto-Braga e Porto-Viana, enquanto que o percurso Viana-Braga (desde a demolição da via de concordância) tem de infletir aqui. Fruto desse entroncamento, esta estação é um ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:

Nine enquanto limiar de tipologia ferroviária:[2]
característica Minho desc. Minho asc. Ramal
vias Lousado via dupla Valença via única Braga via dupla
compr. máx. Lousado 520 m Viana 750 m Tadim 520 m
reg. expl. Lousado RCAP Valença RCI Braga RCAP
comunicações Lousado GSM-R + RSC Valença GSM-P Braga rádio

Situa-se a norte desta interface, ao PK 41+460 da Linha do Minho, a zona neutra de Nine que isola os troços da rede alimentados respetivamente pelas subestações de tração de Vila Fria e do Ramal de Braga.[2] Imediatamente a sul da estação, a Linha do Minho transpõe o Rio Este em ponte ferroviária de via quíntupla.[3]

Serviços

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Em 2016, esta estação era utilizada por serviços regionais, InterRegionais, internacionais, e urbanos.[7][8]

História

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Comboio na estação em finais do século XIX, que inclui uma carruagem de dois pisos.

Planeamento

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Os primeiros planos para a construção de uma linha férrea ao longo do Minho surgiram na década de 1840, tendo o empresário britânico Hardy Hislop proposto a construção de uma linha do Porto a Valença.[9] Porém, estes planos foram suspensos, e só em 1857, um ano após a inauguração do primeiro lanço ferroviário em Portugal, é que foi renovada a ideia de construir um caminho de ferro ao longo do rio Minho, quando o Conde de Réus sugeriu uma linha entre o Porto e a cidade espanhola de Vigo.[9] O governo foi autorizado a construir a Linha do Minho em 1867, tendo o Conde de Réus contratado um engenheiro português de fazer o traçado da linha, que percorria o interior desde o Porto até Travagem, seguindo depois pela orla costeira.[9] Porém, o governo encarregou um outro engenheiro para fazer um novo traçado, mas incluindo desde logo um ramal para Braga; este novo traçado também passava por Travagem, seguindo depois por Balazar e Necessidades até Esposende, onde continuaria ao longo do oceano, enquanto que o Ramal de Braga acompanharia o Rio Este.[9] No entanto, este percurso passava demasiado longe de Famalicão e Barcelos, pelo que o governo ordenou a realização de um novo traçado, onde já se demarcava Nine como o princípio do ramal para Braga.[9]

 
Aviso de 1876, informando que nas viagens entre Lisboa e Vigo o percurso até Nine era feito de comboio, existindo depois um serviço de diligências até Vigo.

Entrada ao serviço e prolongomento até Midões

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O troço entre Nine e Porto-Campanhã da Linha do Minho abriu à exploração em 21 de Maio de 1875, em conjunto com o ramal entre Nine e Braga.[10][11] A estação de Nine teria um duplo propósito, sendo não só o ponto de entroncamento com o Ramal de Braga, mas também um importante entreposto de mercadorias, para a redistribuição dos diversos produtos do Minho.[12]

O segundo troço da Linha do Minho, até Midões, entrou ao serviço em 1 de Janeiro de 1877.[13]

Século XX

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Em 1936, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses realizou grandes obras de reparação na gare de Nine.[14] Em 1968, aquela empresa estava a planear um programa nacional para a renovação da via férrea, incluindo a remodelação integral do eixo entre Braga e Faro, e renovação parcial no troço entre Nine e Valença, a ser executado por um consórcio das empresas SOMAFEL, Somapre, A. Borie e A. Dehé.[15]

Na década de 1990, o Gabinete do Nó Ferroviário do Porto executou um plano para a instalação de sinalização electrónica em todas as estações e na plena via entre Porto - São Bento e Nine, e no Ramal de Braga.[16] Em 1996, previa-se que a sinalização também iria ser modernizada no troço seguinte da Linha do Minho, de Nine a Valença.[17] Em Janeiro desse ano, foi concluído o estudo prévio para a remodelação do troço entre Lousado e Nine.[18] Um dos principais fins deste programa de modernização era possibilitar a instalação de um serviço suburbano semi-rápido cadenciado entre São Bento e Braga, com paragem em várias estações pelo percurso, incluindo Nine.[18] O troço da Linha do Minho a Norte de Nine foi um dos alvos do Programa Operacional de Desenvolvimento das Acessibilidades (PRODAC), um fundo comunitário que esteve activo de 1989 a 1993, e que tinha como propósito melhorar as vias de comunicações no território português.[19]

CP Urbanos do Porto

(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Serviços:   Aveiro  Braga
  Marco de Canaveses  Guimarães


(b) Ferreiros 
         
 Braga (b)
(b) Mazagão 
         
 Guimarães (g)
(b) Aveleda 
         
 Covas (g)
(b) Tadim 
         
 Nespereira (g)
(b) Ruilhe 
         
 Vizela
(b) Arentim 
         
 Pereirinhas (g)
(b) Cou.Cambeses 
         
 Cuca (g)
(m)(b) Nine 
         
 Lordelo (g)
(m) Louro 
         
 Giesteira (g)
(m) Mouquim 
         
 Vila das Aves (g)
(m) Famalicão 
         
 Caniços (g)
(m) Barrimau 
           
 Santo Tirso (g)
(m) Esmeriz 
 
   
 
 
 
       
 Cabeda (d)
(m)(g) Lousado 
               
 Suzão (d)
(m) Trofa 
               
 Valongo (d)
(m) Portela 
               
 S. Mart. Campo (d)
(m) São Romão 
               
 Terronhas (d)
(m) São Frutuoso 
               
 Trancoso (d)
(m) Leandro   Rec.-Sobreira (d)
(m) Travagem 
               
 Parada (d)
(m)(d) Ermesinde 
               
 Cête (d)
(m) Palmilheira 
 
 
 
 
       
 Irivo (d)
(m) Águas Santas 
 
 
 
 
         
 Oleiros (d)
(m) Rio Tinto 
               
 Paredes (d)
(m) Contumil 
               
 Penafiel (d)
(m)(n) P.-Campanhã 
       
 
   
 Bustelo (d)
 
         
 
 
 Meinedo (d)
(m) P.-São Bento   General Torres (n)
 
       
 
 
 Caíde (d)
(n) Gaia 
       
 
 
 Oliveira (d)
(n) Coimbrões 
     
 
   
 Vila Meã (d)
(n) Madalena 
 
 
       
 Livração (d)
(n) Valadares 
           
 Recesinhos (d)
(n) Francelos 
           
 M.Canaveses (d)
(n) Miramar 
         
 Aveiro (n)
(n) Aguda 
         
 Cacia (n)
(n) Granja 
         
 Canelas (n)
(n) Espinho 
         
 Salreu (n)
(n) Silvalde 
         
 Estarreja (n)
(n) Paramos 
         
 Avanca (n)
(n) Esmoriz 
         
 Válega (n)
(n) Cortegaça 
         
 Ovar (n)
 
         
 Carv.-Maceda (n)

Século XXI

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Em 2004, foi concluída a modernização e electrificação do troço entre Nine e Lousado, em conjunto com o Ramal de Braga, projecto que incluiu a ampliação e remodelação de todas as estações,[20] incluindo Nine,[carece de fontes?] onde foi eliminada a Concordância de Nine (via IX), que possibilitava circulações diretas entre Braga e Viana do Castelo.[5][6][4] Antes destas obras, o edifício de passageiros situava-se do lado poente da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Monção).[21][22]

Em 2010, esta interface possuía cinco vias de circulação, que apresentavam entre 165 a 595 m de comprimento; as plataformas tinham 250, 240, 230 e 165 m de extensão, e uma altura de 90 cm[23] — valores mais tarde[quando?] ligeiramente alterados para os atuais.[2]

 
Vagões tremonha transportando produtos cerealíferos no ramal particular Nine-Moagem, em 2010.

Ver também

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Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. a b c d e Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  3. a b «Cálculo de distância pedonal (41,45543; −8,54400 → 41,46477; −8,54605)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 10 de setembro de 2023 : 1470 m: desnível acumulado de +41−3 m
  4. a b D. Plantel: Gare de Nine en 2016 (2016)
  5. a b Sinalização da estação de Nine” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1985
  6. a b D. Plantel: Gare de Nine (PK. 39.03) (1990)
  7. «Horário dos Comboios Porto < > Valença < > Vigo» (PDF). Comboios de Portugal. 28 de Junho de 2020. Consultado em 22 de Julho de 2020 
  8. «Horário dos Comboios Urbanos do Porto < > Braga» (PDF). Comboios de Portugal. 28 de Junho de 2020. Consultado em 22 de Julho de 2020 
  9. a b c d e FERNANDES, 1995:82-83
  10. TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 5 de Outubro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  11. MARTINS et al, 1996:227
  12. VIEGAS, 1988:49
  13. «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 20 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  14. «O que se fez em Caminhos de Ferro durante o ano de 1936» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1179). 1 de Fevereiro de 1937. p. 86. Consultado em 12 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  15. «Vão melhorar os serviços da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 81 (1928). 16 de Agosto de 1968. p. 96. Consultado em 12 de Novembro de 2013 
  16. MARTINS et al, 1996:159
  17. MARTINS et al, 1996:167
  18. a b MARTINS et al, 1996:227
  19. REIS e AMARAL, 1991:137
  20. REIS et al, 2006:237
  21. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  22. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  23. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2011. Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 67-89 
 
Relógio da estação, em 2010.

Bibliografia

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  • FERNANDES, Mário (1995). Viana do Castelo: A Consolidação de uma Cidade (1855-1926). Lisboa: Edições Colibri. 185 páginas. ISBN 972-8288-06-9 
  • MARTINS, João, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
  • REIS, Sérgio; AMARAL, João, Lda. (1991). Portugal Moderno: Economia. Col: Enciclopédia Temática Portugal Moderno 1.ª ed. Lisboa: Pomo - Edições Portugal Moderno. 211 páginas 
  • VIEGAS, Francisco (1988). Comboios Portugueses: Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas 
 
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Ligações externas

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