Estação Ferroviária de Famalicão
A Estação Ferroviária de Famalicão é uma interface da Linha do Minho, que serve a localidade de Vila Nova de Famalicão, em Portugal. Foi o terminal da Linha do Porto à Póvoa e Famalicão entre 1881[2] e 1995.
Famalicão | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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a estação de Famalicão, em 2007 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Identificação: | 05074 FAM (Famalicão)[1] | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Famalicão | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[1] | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Linha(s): |
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Altitude: | 110 m (a.n.m) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 41°24′19.58″N × 8°31′45.85″W (=+41.40544;−8.5294) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Município: | Vila Nova de Famalicão | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Serviços: | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Conexões: | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Equipamentos: | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Diagrama: | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Website: |
Descrição
editarEsta interface tem acesso rodoviário pelo Largo Heróis de Monsanto, na cidade de Vila Nova de Famalicão.[3] O edifício de passageiros situa-se do lado nascente da via (lado direito do sentido ascendente, a Monção).[4]
Em dados oficiais de 2010, a estação de Famalicão tinha três vias de circulação, com 601, 577 e 516 m de comprimento; as plataformas apresentavam 270 e 265 m de extensão, e uma altura de 90 cm.[5]
História
editarAntecedentes
editarAté aos meados do século XIX, a região do interior do Minho tinha grandes problemas de comunicações, com poucas vias terrestres, sendo os rios os principais meios de transporte.[6] Esta situação começou a mudar com os programas de obras públicas do governo, que se incidiram particularmente sobre as comunicações terrestres, tendo por exemplo sido construída em 1856 uma estrada macadamizada, que permitiu a criação de uma carreira de diligências entre o Porto e Viana do Castelo, passando por Famalicão e Barcelos.[7] Também se construiu uma estrada entre Famalicão e Viana do Castelo, que seria parte da futura Estrada Real 4, de Famalicão a Caminha.[8]
Planeamento, construção e inauguração
editarAs primeiras tentativas para a construção de caminhos de ferro na região do Minho datam ainda do governo de Costa Cabral, durante a Década de 1840, quando foi feita uma proposta pelo empresário inglês Hardy Hislop para uma linha entre o Porto e Valença.[9] Esta ideia seria retomada em 1857, um ano depois de ter sido construído o primeiro troço de via férrea em Portugal, entre Lisboa e o Carregado, quando o Conde de Réus propôs a instalação de uma linha entre o Porto e Vigo.[9] O projecto do Conde de Réus saía da futura Estação de Campanhã e seguia pelo interior até São Romão do Coronado, virando depois para a Vila do Conde, acompanhando depois a costa durante o resto do percurso até Caminha.[9]
Uma lei de 2 de Julho de 1867 autorizou o governo a construir a linha do Minho, tendo sido elaborado um novo projecto para aquela linha, incluindo desde logo um ramal para Braga.[9] Este novo percurso passava por Balazar e depois começava a seguir a linha costeira a partir da foz do Cávado, em Esposende.[9] O ramal para Braga seguiria o vale do Rio Este.[9] Como este projecto passava demasiado longe de Famalicão e Barcelos, o governo ordenou que fosse refeito de forma a que a linha servisse aquelas duas importantes vilas.[9] Desta forma, foi feito um novo projecto, que fazia a linha seguir por Barcelos, com o Ramal de Braga a sair de Nine.[9] Este documento foi posteriormente modificado para melhorar o traçado a Norte de Barcelos, até Viana do Castelo.[9]
Um decreto de 14 de Junho de 1872 ordenou o início das obras da linha do Minho,[9] tendo o lanço entre Campanhã e Nine entrado ao serviço em 21 de Maio de 1875, em conjunto com o Ramal de Braga.[10]
Ligação à Linha da Póvoa
editarEm 1 de Outubro de 1875, foi inaugurada uma linha férrea de via estreita entre o Porto e a Póvoa de Varzim, cujo prolongamento até Famalicão foi autorizado por um decreto de 19 de Dezembro de 1876.[11] Assim, em 12 de Junho de 1881, entrou ao serviço o lanço entre Famalicão e Fontaínhas, concluindo a linha.[12] A linha foi construída pela Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão, que também ampliou a estação de Famalicão com novas instalações, de forma a servir a sua linha.[13]
Continuação projectada até Guimarães e Santo Tirso
editarOriginalmente, a Linha da Póvoa estava planeada para continuar além de Famalicão, devendo passar por Guimarães e pelas Terras de Basto até entroncar com a Linha do Corgo.[14] Em 16 de Agosto de 1895, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que se estava a planear a linha entre Guimarães a Famalicão,[15] e em 1 de Setembro de 1899 reportou que se estava a fazer uma tentativa para construir aquela linha.[16] Em 16 de Fevereiro de 1901, noticiou que tinha sido pedida autorização para construir uma linha no sistema americano, com tracção a vapor,[16] pedido que foi recusado pelo ministro das Obras Públicas, uma vez que iria prejudicar o tráfego das linhas do Minho e de Guimarães.[17] Em 16 de Abril, a Gazeta relatou que a Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão tinha-se mostrado interessada em construir a linha, como via férrea pesada, que iria funcionar como um ramal da sua linha principal.[18] No entanto, estes planos também foram rejeitados pelo estado.[19]
Além da continuação até Guimarães, também foi proposto o prolongamento da Linha da Póvoa até Santo Tirso, na Linha de Guimarães.[14] Esta obra foi defendida pelo jornalista José da Guerra Maio, num artigo publicado na Gazeta dos Caminhos de Ferro em 1949.[20]
Década de 1910
editarEm 1913, existiam serviços de diligências ligando a vila de Famalicão à estação ferroviária.[21]
Décadas de 1930 e 1940
editarOriginalmente, a linha da Póvoa utilizava uma bitola de 90 cm, que foi ampliada para via métrica em 1930, já pela Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal.[2]
Em 1 de Janeiro de 1947, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses começou a explorar as antigas linhas da Companhia do Norte.[22]
Em 1949, foi algaliado o lanço da Linha do Minho entre Lousado e Famalicão.[23] Esta obra permitiu o estabelecimento de comboios directos entre a Póvoa de Varzim e Guimarães, revitalizando a linha de via estreita até Famalicão, que tinha tão pouco movimento que em certos dias não chegava a ter comboios.[20] Após a abertura da via algaliada, passaram a ser feitos cinco comboios diários entre a Póvoa e Famalicão em cada sentido, dos quais três continuavam até Guimarães ou Fafe.[20]
Década de 1950
editarEm 4 de Janeiro de 1950, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses decidiu criar uma zona de comboios tranvias entre a Póvoa de Varzim e Famalicão, de forma a combater a concorrência do transporte rodoviário naquele percurso.[24]
Década de 1990
editarNa década de 1990, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses iniciou um programa de modernização das linhas suburbanas da cidade do Porto, incluindo a Linha do Minho e Ramal de Braga, tendo ficado concluído em Janeiro de 1996 um estudo prévio sobre a remodelação do lanço entre Lousado e Nine.[25] Previa-se que esta intervenção iria melhorar consideravelmente os serviços no eixo entre o Porto e Braga, através da redução dos tempos de percurso e da introdução de novos comboios, como um Intercidades, que teria uma só paragem em Famalicão.[25] Também se poderiam criar novos serviços suburbanos, como um semi-rápido cadenciado e outro expresso entre Porto - São Bento e Braga, ambos com várias paragens ao longo do percurso, incluindo em Famalicão.[25]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ a b REIS et al, 2006:28
- ↑ «Famalicão». Comboios de Portugal. Consultado em 19 de Novembro de 2014
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2011. Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 67-89
- ↑ FERNANDES, 1995:59
- ↑ FERNANDES, 1995:56
- ↑ FERNANDES, 1995:66
- ↑ a b c d e f g h i j FERNANDES, 1995:82-83
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 13 de Março de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ AGUILAR, Busquets de (1 de Junho de 1949). «A Evolução Histórica dos Transportes Terrestres em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1475). p. 383-393. Consultado em 11 de Novembro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ NONO, Carlos (1 de Junho de 1949). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1475). p. 381-382. Consultado em 13 de Março de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ REIS et al, 2006:26
- ↑ a b SOUSA, José Fernando de (1 de Setembro de 1935). «Linha Férrea do Ave» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1145). p. 373-374. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1226). 16 de Janeiro de 1939. p. 81-85. Consultado em 13 de Março de 2017
- ↑ a b «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1227). 1 de Fevereiro de 1939. p. 111-114. Consultado em 13 de Março de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 63 (1517). 1 de Março de 1951. p. 556. Consultado em 11 de Novembro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 64 (1520). 16 de Abril de 1951. p. 76. Consultado em 11 de Novembro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 64 (1525). 1 de Julho de 1951. p. 160-168. Consultado em 11 de Novembro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c MAIO, José (16 de Abril de 1949). «Porto-Póvoa-Famalicão-Guimarães-Fafe» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1472). p. 267-268. Consultado em 13 de Março de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 20 de Maio de 2018 – via Biblioteca Nacional de Portugal
- ↑ REIS et al, 2006:62, 83
- ↑ REIS et al, 2006:102
- ↑ MARTINS et al, 1996:264
- ↑ a b c MARTINS et al, 1996:226-227
Bibliografia
editar- FERNANDES, Mário Gonçalves (1995). Viana do Castelo: A Consolidação de uma Cidade (1855-1926). Lisboa: Edições Colibri. 185 páginas. ISBN 972-8288-06-9
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Ligações externas
editar- “Sinalização da Estação de Famalicão” (diagrama anexo à I.T. n.º 28)
- «Galeria de fotografias da Estação de Famalicão, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página da Estação de Famalicão, no sítio electrónico da empresa Infraestruturas de Portugal»
- «Página sobre a Estação de Famalicão, no sítio electrónico Wikimapia»