Estação Ferroviária de Alhandra
A Estação Ferroviária de Alhandra é uma interface da Linha do Norte, que serve a vila de Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira, em Portugal.
Alhandra | |||||||||||||||||
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Identificação:[1] | 31237 ALH (Alhandra) | ||||||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Alhandra | ||||||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[2] | ||||||||||||||||
Coordenadas: | |||||||||||||||||
38° 55′ 25,52″ N, 9° 00′ 41,44″ O | |||||||||||||||||
Concelho: | ![]() | ||||||||||||||||
Linha(s): | Linha do Norte (PK 26,014) | ||||||||||||||||
Coroa: | ![]() ![]() | ||||||||||||||||
Serviços: | |||||||||||||||||
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Conexões: | ![]() | ||||||||||||||||
Equipamentos: | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() | ||||||||||||||||
Inauguração: | 28 de outubro de 1856 | ||||||||||||||||
Website: |
DescriçãoEditar
Descrição físicaEditar
Em Janeiro de 2011, apresentava três vias de circulação, com 573, 251 e 304 m de comprimento, e duas plataformas com 136 e 188 m de extensão, e 90 cm de altura.[3]
Em 2006, um dos ramais da estação de Alhandra pertencia às instalações da empresa cimenteira Cimpor.[4]
LocalizaçãoEditar
Esta interface tem acesso pela Avenida Afonso Albuquerque, em Alhandra.[5]
HistóriaEditar
AntecedentesEditar
Em meados do Século XIX, as localidades do concelho de Vila Franca de Xira tinham grandes problemas de acessibilidade, devido a uma rede viária pouco desenvolvida, sendo o principal meio de comunicação a navegação fluvial, utilizando o Rio Tejo.[6]
Em 1845, uma empresa britânica apresentou uma proposta para a construção de várias linhas férreas, incluindo uma de Alhandra ao Porto, pelas Caldas da Rainha, Leiria e Coimbra.[7] No entanto, todos os planos para caminhos de ferro em território nacional foram abandonados devido à instabilidade política a partir de 1846.[7]
Inauguração e primeiros anosEditar
Esta interface situa-se no lanço entre Lisboa e Carregado da Linha do Norte, que foi inaugurado em 28 de Outubro de 1856.[8][9]
A instalação do caminho de ferro teve um grande impacto social e económico nas zonas ribeirinhas do concelho de Vila Franca de Xira, incluindo Alhandra, ao facilitar o transporte de pessoas e mercadorias, estimulando dessa forma as actividades industriais.[10] Quando se iniciou a construção das oficinas dos caminhos de ferro em Santa Apolónia, muitos dos operários vinham das povoações ao longo do Tejo, e durante algum tempo tornou-se um fenómeno habitual a deslocação diária de dezenas de pessoas até às estações de Vila Franca de Xira, Alhandra, Alverca e Póvoa, onde apanhavam os primeiros comboios até Braço de Prata e depois o “comboio operário” até Santa Apolónia, fazendo o percurso inverso no fim do dia.[10]
A via foi duplicada entre Olivais e o Carregado em 15 de Abril de 1890.[11]
Década de 1910Editar
Em 1913, a estação de Alhandra era servida por uma carreira de diligências até Arruda dos Vinhos e Monfalim.[12]
Década de 1950Editar
Em 1955, a estação de Alhandra tinha quatro ramais particulares de mercadorias.[13]
Em 28 de Abril de 1957, foi electrificado o lanço entre Lisboa e o Carregado.[14]
ModernizaçãoEditar
Nos finais dos anos 80, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses lançou um programa de modernização das suas linhas férreas, incluindo a Linha do Norte.[15] Neste sentido, em 1990 lançou os concurso para vários empreendimentos, como a instalação de equipamentos de sinalização electrónica do tipo ESTW L 90 no lanço entre Braço de Prata e Alhandra, em plena via e nas estações.[16] Em 1996, o projecto de ressinalização até Alhandra já estava em curso, prevendo-se que depois seria prolongado aos restantes lanços da Linha do Norte.[17]
Referências literáriasEditar
Na sua obra A Capital, Eça de Queirós faz uma descrição da Estação de Alhandra:
“ | Acordou com um estremeção... uma voz ia dizendo ao comprido do comboio parado: Alhandra! Alhandra! Um ar lívido de madrugada clareava através da neblina chuvosa. Saloios de varapaus, encolhidos nas mantas listradas, passavam; na plataforma, descarregavam-se caixotes; um comboio de mercadorias rolou ao lado, com vagões carregados de pipas, e outros, gradeados, de onde saíam cornos de bois. Depois, um criado de farda passou, correndo, com um ramo de flores na mão. O coração de Artur bateu, invadido de alegria daquela proximidade de Lisboa. | ” |
—Eça de Queirós, A Capital, p. 107-108 |
Ver tambémEditar
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Instrução de exploração técnica nº 2 : Índice dos textos regulamentares em vigor. IMTT, 2012.11.06
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ REIS et al, 2006:183
- ↑ «Alhandra». Comboios de Portugal. Consultado em 18 de Março de 2015
- ↑ LOURENÇO, 1995:46-47
- ↑ a b «80 Anos de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1173). 1 de Novembro de 1936. p. 507. Consultado em 16 de Maio de 2013
- ↑ MARTINS et al, 1996:11
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 9 de Fevereiro de 2014
- ↑ a b LOURENÇO, 1995:49
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 21 de Outubro de 2017
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 3 de Março de 2018
- ↑ VALENTE, Rogério Torroais (1 de Outubro de 1955). «Os ramais particulares da rede ferroviária portuguesa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 68 (1627). p. 341-344. Consultado em 21 de Outubro de 2017
- ↑ REIS et al, 2006:125
- ↑ MARTINS et al, 1996:158
- ↑ MARTINS et al, 1996:159
- ↑ MARTINS et al, 1996:166-167
BibliografiaEditar
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- QUEIRÓS, Eça de (1993) [1925]. A Capital. Col: Romances completos de Eça de Queirós. Lisboa: Círculo de Leitores. 396 páginas. ISBN 972-42-0673-4
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X