Copa João Havelange foi a denominação dada pelo Clube dos 13 ao Campeonato Brasileiro de Futebol de 2000, em homenagem ao ex-presidente da CBF e da FIFAJoão Havelange. Impossibilitada pela Justiça de organizar o campeonato, a CBF passou a responsabilidade ao Clube dos 13, mas como este não pôde aplicar os critérios de acesso e descenso do ano anterior, acabou gerando o maior Campeonato Brasileiro de todos os tempos, reunindo 116 clubes de três divisões em um único torneio, dividido em quatro módulos na sua primeira fase. Antes do início, o Clube dos 13 afirmou que não pretendia realizar uma segunda edição no ano seguinte, retomando à CBF o direito de organização.[1][2]
O campeão foi o Vasco da Gama, que conseguiu o seu quarto título nacional, repetindo os feitos de 1974, 1989 e 1997. O vice-campeão foi o São Caetano, que havia sido fundado há pouco mais de 10 anos e que começou a disputa no Módulo Amarelo, mas que chegou à final eliminando clubes tradicionais como Fluminense, Palmeiras e Grêmio.
Em sua quadragésima quarta, e última edição do século XX, o Campeonato Brasileiro confirmou seu histórico de desorganização institucional, mas também se consolidou como o campeonato de futebol mais disputado do mundo: 16 clubes diferentes conseguiram o título de campeão brasileiro em apenas 42 anos.
Logo na terceira rodada do Brasileirão de 1999 (no dia 4 de agosto), o São Paulo goleou o Botafogo por 6 a 1 e, poucos dias depois, o alvinegro entrou com um pedido de anulação dessa partida, alegando que, em razão do bloqueio de seu passe, o atacante Sandro Hiroshi (que esteve em campo naquela goleada) teria atuado irregularmente. Esse pedido só foi julgado pela Comissão Disciplinar do TJD em 19 de outubro. Com isso, a Comissão Disciplinar tirou do São Paulo os três pontos daquela goleada e entregou-os ao Botafogo.[3]
O time paulista ainda recorreu ao TJD, alegando que havia dezenas de outros jogadores com o passe bloqueado e, consequentemente, em situação tão irregular quanto a de Sandro Hiroshi. Em julgamento realizado no dia 3 de novembro, porém, o TJD apenas ratificou a decisão da primeira instância.[3]
Posteriormente, o Internacional também ganhou da Comissão Disciplinar os pontos do seu jogo contra o São Paulo, em virtude da escalação irregular de Sandro Hiroshi. Igualmente ao Botafogo, o Internacional ganhou dois pontos, pois havia empatado o jogo contra o São Paulo. Com esses pontos, o Botafogo terminou o campeonato com média de aproveitamento superior à do Gama e acabou salvo do rebaixamento à Série B. O Internacional se salvaria do rebaixamento à Série B, mesmo se não tivesse ganho os pontos da partida contra o São Paulo.[4]
Por sua vez, o Gama, que não estaria entre os rebaixados, se os resultados conquistados pelo São Paulo dentro de campo fossem mantidos, naturalmente não aceitou a situação e foi à Justiça Comum contra a CBF, que foi impedida de realizar o Campeonato Brasileiro do ano seguinte, sendo este organizado pelo Clube dos Treze e tendo o nome de Copa João Havelange.[5]
Por não ter aceitado o seu rebaixamento à Série B em 1999, o Gama, com apoio do Sindicato dos Técnicos de Futebol do Distrito Federal e do PFL, entrou com uma ação na Justiça comum exigindo sua reintegração à Série A.[6] Em junho de 2000, devido ao conflito de decisões entre STJD (contra o Gama) e a Justiça comum (a favor), com o processo ainda não tendo sido julgado em todas as instâncias, a CBF ficou impedida de publicar o regulamento do campeonato que deveria iniciar em seguida.
Um acordo com o Clube dos 13 foi a solução, e definiu que essa entidade organizaria um campeonato próprio, que mais tarde seria oficializado pela CBF, inclusive para definição das vagas brasileiras na Libertadores da América de 2001. Porém uma nova liminar obtida pelo Gama determinou sua inclusão no torneio.[7][8] Com o temor de uma série de liminares de outros clubes, optou-se pela unificação das três divisões em um único certame.
Mais tarde, o Gama desistiu de dar prosseguimento ao processo. A FIFA, que havia banido o Gama[9] (impedindo qualquer outro clube de disputar jogos oficiais contra o time brasiliense), também voltou atrás em sua decisão. Finalmente, a CBF ratificou oficialmente a Copa João Havelange como o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2000. Essa competição também foi marcada por queda de alambrado e de protesto do clube campeão contra o monopólio da grande mídia, esse que se questiona até os dias atuais.[10][11]
Citação: "Após a Copa União, o C13 só voltou a ter papel de protagonista como promotor de campeonatos nacionais em 2000, graças ao embate entre Gama-DF e CBF. O clube do Distrito Federal entrou na justiça comum para se assegurar na primeira divisão, colocando em xeque a realização do campeonato brasileiro daquele ano, que só foi realizado porque a CBF abriu mão da promoção em prol do C13."
A competição foi dividida em quatro módulos. Cada módulo teve um número diferente de participantes e também a sua fórmula de disputa. Os módulos foram divididos com base na divisão de escalão da edição anterior, porém foram compostos incluindo times de outras divisões, para que não representassem totalmente escalões inferiores, fazendo com que no ano de 2000 não existisse Séries A, B e C. A reunião dos 116 clubes formou uma única divisão e apesar de os módulos não terem o mesmo peso, todos eles faziam parte da Copa João Havelange.
No Módulo Azul os 25 clubes jogaram todos contra todos em turno único. Classificaram-se para a fase final da Copa João Havelange os 12 primeiros colocados.
Na primeira fase do Módulo Amarelo 36 clubes se dividiram em 2 grupos de 18, jogando todos contra todos dentro dos grupos, em turno único. Classificaram-se para a próxima fase os 8 primeiros de cada grupo. Na segunda fase os 16 clubes classificados da fase anterior entraram em disputa eliminatória, com confrontos de ida e volta, tendo o clube com melhor campanha o mando de campo do segundo jogo e a vantagem do duplo empate. Classificaram-se para a fase final da Copa João Havelange os 3 primeiros colocados, ou seja, o campeão e vice desta fase mais o vencedor da disputa entre os dois perdedores das semifinais. Na disputa do terceiro lugar o Remo ficou com a terceira vaga do Módulo Amarelo para a fase final da Copa João Havelange.
Na primeira fase do Módulo Verde 28 clubes se dividiram em 4 grupos de 7. Os jogos aconteceram dentro dos grupos, em dois turnos. Classificaram-se os 3 primeiros de cada grupo. Na segunda fase os 12 clubes classificados da fase anterior se dividiram em 3 grupos de 4 times. Os jogos aconteceram dentro dos grupos em 2 turnos. Classificaram-se para a terceira fase o primeiro de cada grupo, mais o melhor segundo lugar.
Na primeira fase do Módulo Branco 27 clubes se dividiram em 3 grupos de 7 e 1 grupo de 6. Os jogos aconteceram dentro dos grupos, em dois turnos. Classificaram-se os 3 primeiros de cada grupo. Na segunda fase os 12 clubes classificados da fase anterior se dividiram em 3 grupos de 4 times. Os jogos aconteceram dentro dos grupos em 2 turnos. Classificaram-se para a terceira fase o primeiro de cada grupo, mais o melhor segundo lugar.
Na terceira fase os dois módulos deixaram de existir e os 8 clubes classificados da fase anterior se dividiram em 2 grupos de 4. Os jogos aconteceram dentro dos grupos em 2 turnos. Classificou-se para a quarta fase apenas o primeiro de cada grupo.
Na quarta fase os 2 classificados da fase anterior enfrentaram-se em sistema de ida e volta. Apenas o vencedor foi para a fase final da Copa João Havelange. Nesta fase o Malutrom ficou com a vaga dos Módulos Verde e Branco para a fase final da Copa João Havelange.
Era composto por times da Série A e da Série B: 25 clubes - os 17 que, pelos critérios esportivos deveriam permanecer na Série A, Santa Cruz e Goias (que ascenderam à Série A ao final de 1999), Botafogo (que não desceu para a Série B por decisão do STJD, caso Sandro Hiroshi), Gama e Juventude (que não desceram para a Série B), Fluminense (que ascendeu à Série B ao final de 1999), mais Bahia e América-MG (que jogaram a Série B em 1999).
Era composto por times da Série B e da Série C: 36 clubes - os 20 que, pelos critérios de acesso e descenso do ano anterior, deveriam disputar a Série B, menos os cinco últimos citados acima, mais 21 clubes convidados pelo Clube dos 13 de séries inferiores a B, com aval da CBF.
No Módulo Azul os 25 clubes jogam todos contra todos em turno único. Classificam-se para a fase final da Copa João Havelange os 12 primeiros colocados.
Na primeira fase 36 clubes estão divididos em 2 grupos de 18, jogando todos contra todos dentro dos grupos, em turno único. Classificam-se para a próxima fase os 8 primeiros de cada grupo.
Na segunda fase os 16 clubes classificados da fase anterior entram em disputa eliminatória, com confrontos de ida e volta, tendo o clube com melhor campanha o mando de campo do segundo jogo e a vantagem do duplo empate. Classificam-se para a fase final da Copa João Havelange os 3 primeiros colocados, ou seja, o campeão e vice desta fase mais o vencedor da disputa entre os dois perdedores das semifinais.
A final do módulo foi disputada por Paraná e São Caetano, com o time paranaense ganhando o título. Ambos se classificaram para as oitavas de final da competição.
Na disputa do terceiro lugar o Remo ficou com a terceira vaga do Módulo Amarelo para a fase final da Copa João Havelange.
Na primeira fase do Módulo Verde 28 clubes estão divididos em 4 grupos de 7. Os jogos acontecem dentro dos grupos, em dois turnos. Classificam-se os 3 primeiros de cada grupo.
Na primeira fase do Módulo Branco 27 clubes estão divididos em 3 grupos de 7 e 1 grupo de 6. Os jogos acontecem dentro dos grupos, em dois turnos. Classificam-se os 3 primeiros de cada grupo.
Na segunda fase os 24 clubes classificados da fase anterior se dividem em 6 grupos de 4 times. Os jogos acontecem dentro dos grupos em 2 turnos. Classifica-se para a terceira fase o primeiro de cada grupo, mais os dois melhores segundos colocados.
Na terceira fase os dois módulos deixam de existir e os 8 clubes classificados da fase anterior são divididos em 2 grupos de 4. Os jogos acontecem dentro dos grupos em 2 turnos. Classifica-se para a quarta fase apenas o primeiro de cada grupo.
Na quarta fase os 2 classificados da fase anterior enfrentam-se em sistema de ida e volta. Apenas o vencedor vai para a fase final da Copa João Havelange. Nesta fase o Malutrom ficou com a vaga dos Módulos Verde e Branco para a fase final da Copa João Havelange.
Disputada entre 16 clubes: os 12 classificados do Módulo Azul, mais os 3 primeiros do Módulo Amarelo, mais o ganhador da disputa entre os primeiros lugares dos Módulos Verde e Branco. Sistema eliminatório (oitavas de final, quartas de final, semifinais e final), com enfrentamentos em ida e volta, tendo o clube com melhor campanha o mando de campo do segundo jogo, e gol marcado na casa do adversário considerado como critério de desempate.
O jogo de volta, que começou a ser disputado no dia 30 de dezembro de 2000, ficou marcado pela queda de parte da grade de separação do Estádio São Januário, causando cerca de 150 feridos. Este jogo, inicialmente programado para o Maracanã, acabou sendo disputado no Estádio São Januário. Houve a suspensão do jogo e marcação de uma nova partida, para o dia 18 de janeiro de 2001.